quarta-feira, 16 de novembro de 2016

TEMPERATURA MÁXIMA: OS POBRES PAGAM O PATO!

FINALMENTE UM DOCUMENTO DO BANCO MUNDIAL RECONHECE QUE OS POBRES SOFREM MUITO MAIS, PORQUE PERDEM SEU BEM-ESTAR, COM OS DESASTRES SOCIOAMBIENTAIS. QUE CONTINUAM SE AGRAVANDO CADA ANO MAIS - CADA DIA MAIS. 

JÁ NO CÁLCULO GERAL DO CUSTO PARA ENFRENTAR ESSES DESASTRES, CHEGOU-SE A 520 BILHÕES DE DÓLARES POR ANO. JÁ NO CÁLCULO DO DANO SOCIAL, SE NÃO HOUVESSE O AGRAVAMENTO DESSES DESASTRES, 26 MILHÕES DE PESSOAS ESCAPARIAM DA POBREZA. 

Temperatura máxima
Estudo apresentado na COP 22, em Marrocos, prevê que 2016 registrará um novo recorde mundial, com uma média de 1,2º C a mais em relação ao nível da era pré-industrial. Pesquisadores destacam ainda que catástrofes naturais custam US$ 520 bilhões ao planeta anualmente


Correio Braziliense 15/11/2016 04:00
Equipe de pesquisadores avalia o degelo na Groenlândia: períodos mais longos de derretimento  (Thomas Mote/Universidade da Geórgia
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Equipe de pesquisadores avalia o degelo na Groenlândia: períodos mais longos de derretimento


Na semana em que ministros e chefes de Estado começam a debater como colocar em prática o Acordo de Paris, que entrará em vigor daqui a quatro anos, dois estudos apresentados na Conferência das Nações Unidas sobre o Clima sediada em Marrakesh (COP 22) evidenciaram que não há tempo a perder. Um deles, da Organização Meteorológica Mundial (OMM), mostrou que 2016 baterá o recorde de temperatura registrado no ano passado, com uma média de 1,2ºC a mais em relação ao nível da era pré-industrial. O outro trabalho, do Banco Mundial, indicou que as catástrofes naturais, acentuadas pelo aquecimento do planeta, consomem US$ 520 bilhões ao ano, mergulhando na pobreza cerca de 26 milhões de pessoas, nesse período.

O informe da OMM, subordinada às Nações Unidas, destacou que, se, de fato, o recorde de temperatura for batido em 2016, o século 21 terá registrado 16 dos 17 anos mais quentes desde que tiveram início os registros de temperatura no mundo, no fim do século 19. A tendência de aquecimento aumentou em 2015 e 2016 devido ao El Niño, o fenômeno meteorológico que afeta o Pacífico. A cada cinco anos aproximadamente, o El Niño provoca um aumento das temperaturas, por meio de correntes de ar quente.

Ao mesmo tempo, os índices relativos às mudanças climáticas bateram recordes, alertou a instituição. O sinal mais evidente da aceleração do fenômeno é a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. A calota polar do Ártico encolheu até níveis desconhecidos, e regiões inteiras da Groenlândia sofrem longas épocas de degelo. “Em algumas regiões árticas da Federação Russa, a temperatura foi entre 6ºC e 7ºC acima do normal”, destacou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas. “E em muitas regiões árticas e subárticas da Rússia, Alasca e noroeste do Canadá, a temperatura ultrapassou o nível normal em ao menos 3ºC”, acrescentou o documento da OMM, que ressalta que “até agora, os recordes de calor eram expressados em frações de grau Celsius”. A única região continental onde a temperatura foi inferior à normal está situada na zona subtropical da América do Sul, no norte e centro da Argentina e em partes do Paraguai e da Bolívia.

Os eventos climáticos extremos provocam perdas que chegam a US$ 520 bilhões todos os anos, segundo o relatório do Banco Mundial (BM). A nova avaliação supera em 60% os cálculos habituais das Nações Unidas (US$ 300 bilhões). Os autores do informe calcularam tanto as perdas materiais (moradias, infraestruturas, meios de transporte), quanto as de bem-estar, o que inclui gastos com alimentação, educação, saúde etc. “As perdas materiais avaliadas durante as catástrofes não são um bom indicador porque não levam suficientemente em conta os mais pobres”, explica Stéphane Hallegatte, que coordenou o relatório.

Por isso, o BM acredita que se o planeta não sofresse catástrofes naturais durante um ano, mais de 26 milhões de pessoas escapariam da pobreza.

Perdas

Como exemplo, o economista cita o recente furacão Matthew. “Os danos foram avaliados em US$ 2 bilhões no Haiti e US$ 7 bilhões nos Estados Unidos, quando a gravidade do impacto foi muito mais poderosa no Haiti”, diz. Se, em compensação, forem levadas em conta as perdas de bem-estar, o relatório mostra que nesse tipo de desastre os mais pobres são muito mais afetados. “Vinte por cento dos mais pobres sofrem apenas 11% das perdas materiais, mas 47% das perdas de bem-estar”, afirma. “O tufão Nargis, que atingiu Mianmar em 2008, obrigou metade dos agricultores pobres afetados a vender seus bens — incluindo suas terras — para pagar suas dívidas”, destaca o relatório.

Além da reavaliação das perdas, o novo enfoque dos desastres naturais quer modificar a concepção dos projetos de ajuda do Banco Mundial. “Se selecionarmos projetos a partir das perdas materiais, favorecemos as zonas ricas e as populações com recursos”, alerta Stéphane Hallegatte.

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