Dez anos de lutas, conquistas e histórias do Fórum
de Comunidades Tradicionais!
Novembro, 21, 2016
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Por: Comunicação FCT
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Campanha “FCT+10 - Em Defesa do Território
Tradicional” foi lançada no Quilombo do Campinho durante a 18ª Festa da Cultura
Negra.
Em
um território de lutas históricas e resistência, durante o final de semana da
comemoração da Consciência Negra, a campanha “FCT+10 - Em Defesa do Território
Tradicional”, foi lançada no dia 19 de novembro, no quilombo do Campinho em
Paraty (RJ). O evento representou o marco inicial dos dez anos do Fórum de
Comunidades Tradicionais (Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba), que no começo de
2017 completará uma década de lutas, conquistas e muita força junto aos povos e
comunidades tradicionais caiçaras, indígenas e quilombolas.
Fortalecendo
as raízes ancestrais, mestras e mestres, griôs e pajés de diversas comunidades
dos três municípios estiveram presentes e o começo da festividade se deu com a
apresentação do bloco afro das crianças do quilombo do Campinho, acompanhadas
do corpo de dança. Ao som dos tambores, com dança e alegria, estandartes com
bandeiras de luta se espalharam pelo local: defesa do território, educação
diferenciada, cultura, turismo de base comunitária (TBC), saneamento ecológico
e agroecologia.
O
ato comemorativo foi realizado também para marcar e reconhecer as lutas,
conquistas e histórias vividas durante os dez anos e projetar para o futuro, os
próximos, dez, vinte e tantos outros anos que virão. A abertura oficial foi
feita por Vagner do Nascimento (Vaguinho), coordenador do FCT e um dos
fundadores desse movimento junto às demais lideranças comunitárias que também
participaram dessa criação coletiva. Esse movimento social representa a
resistência de todas as comunidades desta região que lutam diariamente para
preservar seus modos de vida e garantir o território,
“Há
dezoito anos começamos essa festa para trabalhar com a identidade quilombola e
negra e hoje é uma honra fazer o lançamento do FCT +10, pois são dois
movimentos que se complementam”, destaca Vaguinho. Segundo ele, o momento
complexo vivido pelo país faz com que diversos retrocessos nas políticas
sociais afetem diretamente os povos e comunidades tradicionais, as mulheres, o
negro, os indígenas, a juventude no Brasil. “Nosso movimento pede a união das
pessoas, para seguir lutando por um país melhor, acredito muito nessa
construção que estamos fazendo”, completa.
Durante
o lançamento, diversas lideranças caiçaras, indígenas e quilombolas que fazem
parte do processo de fundação do Fórum (FCT), lutando por resistir no
território, todos falaram de maneira emocionada sobre a trajetória desses dez
anos e cada um pontuou a importância desse movimento continuar e transmitir aos
mais jovens a força para seguir em luta. O evento que foi construído também com
o apoio do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina
(OTSS), por meio da Fiocruz e da FUNASA, evidenciou, sobretudo, as
parcerias fundamentais durante a história do FCT. Instituições, projetos,
universidades e de tantos outros colaboradores que fizeram e fazem parte da
história dos primeiros anos.
O
marco inicial da campanha “FCT+10 Em Defesa do Território Tradicional” contou
com a participação do coral guarani da aldeia Itaxim de Paraty Mirim e com uma
dança apresentada pelo pataxós, que estão há alguns meses vivendo na região.
Celebrada também com um grande café da roça preparado pelas incríveis mulheres
do restaurante do Campinho, a festividade uniu povos e comunidades dos três
municípios numa tarde histórica e cheia de lembranças.
“Só a cultura pode dizer quem somos”
“O
FCT é um lugar de unir forças de luta e um lugar de aprendizado principalmente
para os nossos jovens, que possam entender a luta dos mais velhos. O nosso
movimento fortalece o território, a educação diferenciada e essa
comemoração é uma forma de agradecer também nossos parceiros e nossas
lideranças”, destaca Ivanildes Kerexu Pereira da Silva, da aldeia Itaxim de
Paraty Mirim. “Preservar a cultura é fundamental para nossa sobrevivência, sem
a cultura não sabemos de onde viemos nem para onde vamos. Só a cultura pode
dizer quem somos”, ressaltou Kerexu, que junto aos demais indígenas, continuam
lutando para preservar suas culturas ancestrais.
Defesa do território: a primeira
bandeira de luta
“A
necessidade de lutar contra o sistema fez com que nós, comunidades nos
uníssemos para criar essa organização, por consciência de que sozinho ninguém
consegue muita coisa. E, é preciso muita união para que possamos fazer os
enfrentamentos necessários para defesa dos nossos territórios”, destacou Laura
Maria, liderança do Campinho. Ela conta que as primeiras reuniões do FCT
começaram em 2007 e que a primeira bandeira de luta foi a defesa do
território. “Nós vimos a necessidade urgente de defender o território para que
fosse possível também defender nossos modos de vida, continuar a plantar, a
pescar, a fazer nossos artesanatos”, completa.
“Território: nosso santuário”
“Desde
a abertura da Rio Santos, a especulação imobiliária chegou de maneira avassaladora,
tirando as comunidades dos seus locais de origens, colocando-as para trabalhar
nas casas de veraneio, formando as periferias, e inviabilizando o modo de vida
dos caiçaras, pescadores, indígenas e quilombolas”, conta Rosbon Dias
Possidonio, caiçara de Trindade (Paraty-RJ). Ele faz parte da Associação de
Barqueiros de Trindade (Abat) e da Coordenação Nacional Caiçara. “Não tínhamos
valorização da cultura e o FCT veio para fortalecer isso, para mostrar que o
que somos, que o nosso território é o nosso santuário e que temos que estar
aqui. O Fórum vem ao longo dos anos fazendo esse trabalho”,
Após
esses primeiros dez anos de história, o Fórum das Comunidades Tradicionais
(Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba) segue na construção de uma luta digna em
busca de direitos e acesso às políticas públicas voltados aos povos
tradicionais. Território, cultura, educação diferenciada respeito por nossas
tradições e modos de vida. Com a sabedoria ancestral dos mestres de cada uma
das etnias, a força da juventude e o olhar e alegria das crianças que nascem
para dar continuidade ao movimento, seguimos em luta para preservar e
resistir.
"O
povo que planta e pesca,
Canta,
dança, faz festa, no seu pedaço de chão
Abastece
a sua mesa,
Agradece
a natureza em qualquer religião.
Seu
lugar seu oratório,
Tirar
o seu território é calar a tradição.”
Luis Perequê
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