quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

O HIDRONEGÓCIO AVANÇA NO MERCADO FUTURO

 O Hidronegócio avança no Mercado Futuro

Roberto Malvezzi (Gogó)

Nada de novo sob o sol, o capitalismo tudo transforma em mercadoria, cuja mercadoria mais vil é o ser humano (Marx em algum lugar dos Manuscritos). Um dia chegaria também na água, como chegou na terra, na biodiversidade, na cultura, nas religiões, nas pessoas humanas, inclusive nos órgãos humanos. A notícia é que a água começou a ser cotizada como uma comoditie no mercado futuro de Wall Street, cujo preço flutuará “como fazem o petróleo, o outro e o trigo, tendo como base o índice Nasdaq Veles California Water (NQH2O) informou hoje CME Group” (El País).

O preço do metro cúbico da água terá como valor de mercado seu custo na Califórnia, onde o agro e hidronegócio escasseou a quantidade de água pelo uso intenso na irrigação. Portanto, em qualquer lugar do mundo, inclusive nos países pobres, o valor da água será referenciado no seu custo na Califórnia. Como toda comoditie, o valor da água será universal e único.

O mundo das ciências sociais define o capitalismo como uma forma organizada e racional de acumulação do capital. Baseado na propriedade privada intocável – por isso a reação ao Papa Francisco que disse na Fratelli Tutti não ser a propriedade privada uma deusa intocável -, na transformação de tudo e todos em mercadoria, na obsessão organizada de acumular bens e riquezas, na sacralidade do mercado, o capital avança agora para um bem essencial a todas as formas de vida: a água.

Como a água tem múltiplos usos – o capital só fala deles, mas não dos múltiplos valores -, ela pode ser privatizada em múltiplas atividades econômicas: agricultura, indústria, abastecimento doméstico, engarrafamento etc. A decisão do Congresso Brasileiro de privatizar o saneamento básico atende aos interesses de empresas privadas em se apossar do abastecimento doméstico de mega cidades como São Paulo e outras no mundo.

Até agora havia – e há – resistências da sociedade civil no mundo inteiro. Também de certos setores religiosos, como Francisco na Laudato Si’. Houve guerras contra a privatização da água em Cochabamba e outros lugares do mundo. Centenas de cidades, cujos serviços de água tinham sido privatizados, recuaram em favor de serviços públicos. A razão foi simples, os preços subiram de forma exorbitante e a qualidade do abastecimento piorou. Mas, essas resistências apenas fazem com que a Oligarquia Internacional da Água (Ricardo Petrella) mude e aperfeiçoe suas estratégias.

Um exemplo claro se dá na Doutrina Social da Igreja Católica. Enquanto Francisco condena a privatização da água na Laudato Si’ (LS 27-31), um dicastério escreve “Aqua fons vitae” e, nas entrelinhas, como diabo gosta, aceita a privatização da água (AFV 30). Aliás, um documento estranho, só encontrável em inglês e de responsabilidade do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. Mas, esse documento merece uma análise à parte.

Sabemos que estamos numa mudança de época, outros falam até numa mudança de era. A humanidade e a Terra serão completamente diferentes do que são hoje até o final desse século. O futuro que a humanidade lá encontrará, entretanto, ninguém sabe qual é, mas o capitalismo tem certeza que nele tudo estará privatizado. 

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

SURPRESA: AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA EM SP PODE ALIMENTAR 20 MILHÕES DE PESSOAS

 ESTE ESTUDO INDICA QUE SE DEVE LEVAR A SÉRIO O POTENCIAL DA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS EM GRANDES CIDADES, COMO SÃO PAULO. SEM QUE ISSO SIGNIFIQUE LIBERAR O AGRONEGÓCIO PARA A EXPORTAÇÃO, COM TODOS OS DESASTRES SOCIOAMBIENTAIS PROVOCADOS POR ELE...

 IHU, 26 de novembro de 2020

Agricultura urbana e periurbana em São Paulo pode alimentar 20 milhões de pessoas

 

Estudo do Escolhas mostra que agricultura urbana é opção para prover alimentos saudáveis para toda a população da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

A reportagem é publicada por EcoDebate, 25-11-2020.

A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) possui quase 22 milhões de habitantes, cerca de 10% do total da população brasileira. Para alimentar essa quantidade enorme de pessoas, todos os dias chegam à metrópole toneladas de insumos, de diferentes partes do país. Porém, novo estudo do Instituto Escolhas mostra que, com algumas medidas, é possível abastecer toda essa população com legumes e verduras produzidos localmente -o que diminui as perdas com o transporte e deixa a metrópole de São Paulo menos sujeita a problemas de oferta, como aconteceu durante a greve dos caminhoneiros de 2018 ou cogitou-se no início da pandemia de Covid-19.

Lançado nesta terça-feira (24/11), o estudo “Mais perto do que se imagina: os desafios da produção de alimentos na metrópole de São Paulo” traz dados de consumo, distribuição e comercialização de alimentos na RMSP hoje e, por meio de análises de caso, identifica entraves e traz recomendações do que pode ser feito para avançarmos nesse potencial de produção e abastecimento por meio da produção local. O estudo do Instituto Escolhas é realizado em parceria com o Urbem e tem o apoio da Porticus.

Entenda o estudo

Atualmente, a agricultura urbana e periurbana (dentro e nos arredores da cidade) já ocupa um lugar de relevância na região metropolitana de São Paulo. São mais de 5 mil estabelecimentos agropecuários ou 15,5% da área total da RMSP, sendo que os 39 municípios dessa região produzem 52% dos cogumelos e espinafre e cerca de 10% do repolho e alface de todo o país. O município com a maior participação é o de Mogi das Cruzes, com 35% do valor bruto da produção da região.

Em toda RMSP, mais de 1 milhão de pessoas, ou 13% da população local, estão diretamente ocupadas com alimentação, seja na produção, indústria e, principalmente, no comércio e serviços alimentares. O estudo partiu da análise desses dados secundários, que caracterizam o sistema alimentar da RMSP, para então analisar o potencial que essa produção local de alimentos tem para tornar esse sistema mais resiliente e sustentável.

Foram identificados diferentes tipos de agricultura existentes na metrópole, desde agriculturas comerciais (que têm maior capacidade de investimento e operam em pequena, média e grande escala), agriculturas multifuncionais (que, além da comercialização, também estão voltadas para o sustento da família), até mesmo iniciativas não voltadas à comercialização, como hortas institucionais, comunitárias e quintais produtivos. Em seguida, foi realizada uma avaliação da viabilidade econômico-financeira de alguns desses casos e uma simulação do seu potencial de abastecimento da metrópole.

Resultados

Os estudos de caso evidenciaram que o agricultor comercial de médio e grande porte na RMSP tem enfrentado altos custos de produção e baixos preços nos circuitos de comercialização convencional, com mais de um atravessador. Já o agricultor familiar que opta pela produção orgânica precisa garantir preços mais altos na comercialização, geralmente obtido por meio de circuitos curtos (venda direta ou com até um atravessador) e do acesso garantido à terra para se viabilizar economicamente.

Nas simulações realizadas pelo estudo, 200 hectares de áreas cultivadas por propriedades modelo em áreas urbanas da metrópole teriam o potencial de prover verduras e legumes para cerca de 80 mil pessoas e ocupar 1 mil trabalhadores. Essa extensão equivale à área de terrenos vagos no distrito de Sapopemba, no município de São Paulo, e o número de famílias que poderiam consumir os alimentos, 24 mil, corresponde a 1,5x o número de famílias beneficiárias do Bolsa Família naquele distrito. De forma mais expressiva, 60 mil hectares cultivados em propriedades modelo na área periurbana da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) teriam o potencial de abastecer com verduras e legumes 20 milhões de pessoas por ano e criar 180 mil novos postos de trabalho na metrópole. As duas simulações foram realizadas considerando a produção orgânica de alimentos.

“As simulações do estudo destacam o potencial da produção local de alimentos de abastecer a metrópole com alimentos saudáveis, como verduras e legumes, e de gerar emprego e renda para os seus moradores. Os números reforçam a importância dos gestores públicos passarem a considerar a agricultura no planejamento e políticas urbanas”, comenta Jaqueline Ferreira, Gerente do Instituto Escolhas e Coordenadora do estudo.

Link para o estudo: “Mais perto do que se imagina: os desafios da produção de alimentos na metrópole de São Paulo”, aqui.

Link para o relatório, aqui.

Link para a apresentação, aqui.

http://www.ihu.unisinos.br/605004-agricultura-urbana-e-periurbana-em-sao-paulo-pode-alimentar-20-milhoes-de-pessoas 

 

terça-feira, 24 de novembro de 2020

É O CAPITAL, E NÃO O SER HUMANO, QUE LEVA AO AQUECIMENTO DO PLANETA E A PANDEMIAS

 

 BOA SUGESTÃO DE CONCEITO - O CAPITALOCENO, EM LUGAR DO ANTROPOCENO. VEJAM AS RAZÕES NO ARTIGO QUE SEGUE.

 IHU, 24  de novembro de 2020

O Capitaloceno e as pandemias

“As crises sanitária, climática e ecológica estão intimamente relacionadas e se explicam em boa medida por um sistema capitalista que gira em torno do crescimento econômico constante, em um planeta com recursos finitos, encontrando os limites de suas próprias dinâmicas”, escreve Antón Fernández Piñero, biólogo, em artigo publicado por El Salto, 21-11-2020. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

A Peste Negra foi uma pandemia que marcou tanto física como espiritualmente o mundo ocidental, na Idade Média. Esta doença estava localizada nos vales do Afeganistão até que a rota da seda e as invasões mongóis favoreceram sua expansão por todo o mundo. As consequências são bem conhecidas. É que a história não só é escrita pelas quedas de impérios, conquistas de novos continentes e invenções tecnológicas, mas também por pandemias globais que atuam revolucionando a mentalidade das sociedades.

De modo análogo à Peste Negra, mas com sete séculos de distância, a pandemia provocada pelo SARS-CoV-2 está mudando o mundo, embora existam diferenças. O patógeno, por exemplo, não é uma bactéria, mas um vírus e enquanto a peste matou de um terço a metade da população europeia, no século XIV, a atual pandemia é muito menos mortífera, fundamentalmente pelas próprias características biológicas do vírus e pelo desenvolvimento da ciência e da medicina moderna.

No entanto, as duas doenças compartilham o fato de surgir e se expandir como resultado do aumento das interações humanas no globo. As razões estão em um conjunto de fatores derivados de uma economia que comercializa bens e serviços, sem se importar com os custos sociais e ecológicos, desde que seja lucrativo economicamente, mesmo que a longo prazo isto seja paradoxalmente negativo para os mercados.

O Capitaloceno e a urgência da estratégia preventiva

Neste mesmo ano, a IPBES (Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos) elaborou um relatório exaustivo com o trabalho de mais de 150 especialistas e outros 350 colaboradores alertando que futuras pandemias emergirão com maior frequência, proliferarão mais rápido, afetarão mais a economia e serão mais letais que a covid-19, a não ser que haja uma mudança transformadora de enfoque na luta contra as doenças infecciosas, passando da reação à prevenção.

Desde a mal denominada “gripe espanhola” de 1918, seis pandemias se espalharam pelo mundo: três do vírus da gripe, o SIDA, o SARS e o Covid-19. Sua frequência está aumentando. Estimam-se de 631.000 a 827.000 os vírus desconhecidos com capacidade de infectar os humanos. Ao mesmo tempo, os custos econômicos atuais são 100 vezes superiores aos estimados para a estratégia preventiva.

O relatório afirma que somente por meio de uma “mudança transformadora dos fatores econômicos, sociais, políticos e tecnológicos” é possível alcançar os objetivos e as metas de Aichi, fixadas para proteger a biodiversidade e os bens e serviços de importância capital que a natureza nos oferece. Uma das características citadas desta mudança, que se requer urgente, é “a evolução dos sistemas econômicos e financeiros para desenvolver uma economia sustentável em nível mundial, que se distancie das limitações do atual paradigma do crescimento econômico”. Uma mudança de paradigma que está na mesma base da filosofia do modo de produção capitalista.

O Capitaloceno é um conceito proposto para a era geológica atual que surge como resposta ao de Antropoceno, que aponta a atividade humana sem exceção e o crescimento demográfico como responsáveis pela alteração dos ciclos geoquímicos globais. Não obstante, por ser etnocêntrico e injusto, este enfoque foi reformulado por alguns autores que defendem que a responsabilidade na alteração dos ciclos geoquímicos é das atividades humanas sob o sistema de relações socioeconômicas dominante.

A conquista da América permitiu e favoreceu o comércio mundial, robustecendo a burguesia e sua influência econômica e política. As revoluções industriais que se sucederam, a partir de fins do século XVIII, basearam-se no aumento exponencial da demanda por energia fóssil, nas invenções tecnológicas e em uma atitude receptiva em relação à evolução da técnica. O desenvolvimento da civilização moderna acelerou o crescimento da economia global e os impactos do ser humano no meio ambiente, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, permitindo um auge demográfico sem precedentes.

Apesar da inegável importância do aumento da população total sobre os recursos limitados do planeta Terra, este não é o fator mais importante, mas a voracidade energética de uns poucos. A proporção do PIB por habitante quase multiplica por dois, nos últimos dois séculos, a proporção de crescimento da população, o que significa que a crise ambiental é consequência do aumento da produção e do consumo por habitante, em vez do aumento populacional.

Um relatório da OXFAM conclui que a mudança climática está indissoluvelmente ligada à desigualdade econômica, porque está baseada nas emissões dos ricos, que afetam e afetarão em maior medida os pobres. Por exemplo, os 10% mais ricos da população mundial emitem 49% das emissões totais de Gases do Efeito Estufa, ao passo que os 50% da população mundial mais pobres emitem apenas 10% do total.

A importância de se ter ecossistemas sadios

A causa-efeito entre a destruição dos ecossistemas e a propagação de novas doenças é evidente. É o que afirmam as principais organizações internacionais dedicadas a seu estudo. A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) publicou recentemente um relatório que avalia o estado das matas em nível global, a cada dez anos. Destaca que a extensão total das matas está diminuindo a um ritmo de 10 milhões de hectares por ano e que, desde 1990, desapareceram 420 milhões de hectares. Atualmente, ocupam 4,06 bilhões de hectares, ou seja, 31% da superfície terrestre.

Embora o ritmo de desmatamento esteja diminuindo desde 1990, são principalmente as matas nativas dos trópicos, que acumulam a maior parte da biodiversidade terrestre, que estão sendo dizimadas.

A agricultura industrial é o fator mais importante de tal desmatamento devido principalmente aos cultivos de alimentos para o gado, sintoma da necessidade de se mudar os sistemas alimentares atuais. A agricultura local de subsistência, a urbanização, a construção de infraestruturas e a mineração são as outras causas mais importantes do desmatamento.

Neste contexto, a conservação dos ecossistemas, e mais concretamente das matas nativas, se apresenta vital porque oferecem bens e serviços de um valor incalculável. Alguns de uso direto, como alimentos, fármacos e energia, e outros de uso indireto, talvez mais intangíveis, mas importantíssimos em nível global, como a purificação da água, o controle da erosão e o controle das pragas e doenças.

A biodiversidade atua controlando diversas pragas e doenças por meio de um efeito de diluição e de corta-fogo. Quando muitas espécies convivem em um ecossistema, a probabilidade de que um patógeno infecte uma espécie em concreto é menor. Além disso, o patógeno pode ver bloqueado seu desenvolvimento ao se hospedar em certas espécies onde não é capaz de se reproduzir.

As redes tróficas também equilibram a expansão exagerada de certas espécies. Ou seja, quando há muitos indivíduos de uma espécie, outras equilibram a balança, depredando-a ou parasitando-a. Isto é especialmente importante quando uma determinada espécie possui uma alta carga viral (quantidade de partícula viral que pode estar presente no sangue de uma espécie) que varia de uma espécie para outra.

Outro fator muito importante é que muitas vezes as espécies que atuam como reservatórios de vírus são generalistas, podendo se desenvolver e sobreviver em diversas condições ambientais. Desta maneira, os patógenos são regulados por um complexo equilíbrio de interações entre diferentes espécies.

No entanto, a transmissão de uma doença animal a um humano (zoonose) é favorecida quando um ecossistema é afetado por algum tipo de perturbação, como o corte de uma mata ou um incêndio, porque este equilíbrio se vê alterado. A consequência direta é o surgimento de doenças emergentes e reemergentes, em sua maioria de origem animal e potencialmente zoonóticas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que 75% das novas doenças humanas são de origem animal. Exemplos disto são a covid-19, a febre do Nilo Ocidental, a SARS de 2002 e uma longa lista de outras doenças.

A globalização provocou um enorme aumento na velocidade e no volume do tráfego de mercadorias e de viajantes, mas também de patógenos e de seus hóspedes animais. O contrabando de animais é um negócio que movimentou, em 2019, 107 bilhões de euros e 24% das espécies de vertebrados, representando uma das principais causas da perda de biodiversidade em nível global, já que este mercado se retroalimenta com o desmatamento. A tendência global de urbanização, assim como sua expansão em detrimento das matas, aumenta não só a probabilidade de contagiar e ser contagiado, como também a exposição aos animais selvagens. A receita perfeita para uma pandemia global.

Longe de teorias conspiratórias sobre a criação artificial de uma arma biológica em forma de vírus, que não se sustentam, no sudeste asiático, todos estes fatores seguem atuando conjuntamente, há muito tempo, e posicionam um mercado de animais vivos como o cenário mais provável onde ocorreu a primeira infecção por SARS-CoV-2. Por que estas teorias não se sustentam? Dito de um modo popular, porque a natureza é mais velha que a ciência, o que significa que também é mais inteligente.

Segundo um estudo científico que discute as diferentes hipóteses sobre a origem do vírus, “é improvável que o SARS-CoV-2 tenha nascido de uma manipulação, em um laboratório, de um coronavírus causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave”, porque a proteína do vírus que se une a um receptor celular humano está otimizada de tal modo que nem sequer pode ser prevista pelas simulações informáticas que recriam todas as possíveis modificações genéticas que poderiam ser realizadas para fabricá-la.

Sendo assim, as hipóteses mais plausíveis se baseiam na seleção natural do vírus. De um ou de vários hóspedes animais prévios à zoonose ou da seleção natural do vírus em humanos. Existe evidência de que seus hospedeiros primários são morcegos, já que estes constituem um reservatório natural de uma grande variedade de coronavírus. Ao sequenciar o genoma do morcego Rhinolophus affinis, descobriu-se um coronavírus que é 96,2% semelhante geneticamente ao SARS-CoV-2 (causador da Covid-19) e 80% semelhante ao SARS-CoV que provocou a epidemia de 2002 na China.

No Mercado de Huanan, em Wuhan (China), eram vendidos animais selvagens vivos (entre eles os morcegos) e em alguns casos exóticos, razão pela qual é muito provável que pudessem afetar outros animais no processo para acabar saltando aos humanos.

Outro fato que apoia esta hipótese é que o estresse sofrido por estes animais aumenta a probabilidade de adoecer e transmitir a doença, ao se fragilizar seu sistema imune. Até agora não é possível reconstruir 100% a história, mas entre os hóspedes intermediários estimados como possibilidades estão as serpentes e os pangolins.

Em definitivo, as crises sanitária, climática e ecológica estão intimamente relacionadas e se explicam em boa medida por um sistema capitalista que gira em torno do crescimento econômico constante, em um planeta com recursos finitos, encontrando os limites de suas próprias dinâmicas.

Parece existir um paralelismo com a pandemia da Peste Negra, mas, neste caso, a mudança de mentalidade deve resultar em um maior respeito à natureza. A Terra está enviando sinais para mudar nossa maneira de nos relacionarmos com ela.

 

http://www.ihu.unisinos.br/604930-o-capitaloceno-e-as-pandemias 

 

domingo, 22 de novembro de 2020

CARTA DE MOCOA - 9º FÓRUM SOCIAL PAN-AMAZÔNICO

 CARTA DE MOCOA

9º FÓRUM SOCIAL PAN-AMAZÔNICO

12 a 15 de novembro de 2020

Compartilhamos a carta de Mocoa, um documento que reúne as reflexões e apostas pela defesa e cuidado da Amazônia que temos tecido, mapeado e construído coletivamente com comunidades, povos, processos sociais e organizações dos 9 países da Bacia Amazônica, nesta caminhada coletiva desde Tarapoto no ano 2017 até nosso recente IX Encontro Virtual Internacional.

A Carta de Mocoa reúne os sentimentos expressos nos 14 pré-fóruns nacionais e locais realizados na Bacia como prelúdio ao IX Fospa, assim como o trabalho realizado com amor e compromisso durante os dias 12, 13, 14 e 15 de novembro deste ano, em 23 grupos de trabalho e 7 sessões plenárias onde centenas de pessoas da Amazônia e de outros lugares do mundo convergiram e participaram ativamente.

BAIXE AQUI A CARTA MOCOA EM PORTUGUÊS

http://www.forosocialpanamazonico.com/wp-content/uploads/2020/11/CARTA%CC%83O-MOCOA.pdf

 

 

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

VEJA A HISTÓRIA PROFÉTICA DE GRETA THUMBERG

COMO NO ARTIGO APARECE MUITO FORTE A LINGUAGEM BÍBLICA, VALE A PERGUNTA: QUANTOS CRISTÃOS E CRISTÃS ACOLHERAM SUA PROFECIA DE AMOR À MÃE TERRA, À VIDA?

MINHA PRECE: QUE DEUS MOVA OS CORAÇÕES DAS PESSOAS E IGREJAS QUE USAM SEU NOME E DIZEM QUE O AMAM !

IHU, 18 de novembro de 2020

 “Eu sou Greta” é o grito de guerra dos ativistas pela justiça climática

 As frias águas do Atlântico batem contra o barco à vela durante seu caminho do Reino Unido para a Cidade de Nova Iorque. Isso não é simples, nem uma jornada fácil, mas isso ocorre devido ao que afeta a vida de todos no planeta. Uma jovem, de então 16 anos de idade, Greta Thunberg, senta-se entre as anteparas do barco enquanto a água bate nas vigias. Ela chora. “Isso é tanta responsabilidade. Eu não quero ter que fazer tudo assim. Isso é muito para mim”, ela diz. Mas ela fez isso. Até a crise climática não existir mais, ela continuará lutando.

O documentário da plataforma Hulu, “I am Greta” (2020) é vital porque o compromisso a todo vapor de Greta Thunberg em defender o clima e a justiça ambiental é vital. Greta é quem ela é e faz o que ela faz porque ela sabe disso. “Eu não devo ser o foco, porque o que há de tão bom neste movimento, é que todos estão contribuindo igualmente”, explica ela. “Juntos podemos fazer a diferença”.

A reportagem é publicada por America, 16-11-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

I am Greta”, então, é sobre Greta ao mesmo tempo que não é. As filmagens a seguem desde sua postagem inicial aos pés do Riksdag sueco, o parlamento nacional da Suécia, onde seu famoso cartaz “Skolstrejk för Klimatet” (“Greve escolar pelo clima”) declara uma campanha contra as emissões de carbono e a destruição ecológica, até várias aparições perante as Nações Unidas, vários encontros com parlamentos europeus e um aperto de mão com o papa Francisco. A equipe de filmagem participa de momentos íntimos; especialmente cativantes são as muitas risadas e intensas trocas diretas que ela compartilha com seu pai, Svante, que embala latas de feijão e banana, sabe quando ela está se sentindo mal, coloca o lençol em seu beliche do trem e fica ao seu lado – cruzando fronteiras e oceanos em uma manifestação viva de acompanhamento.

Como os profetas do Antigo Testamento que se enfurecem contra os poderes opressores e a injustiça apenas para encontrar um silêncio relativo, Greta perguntou: “Como vocês ousam?”, na Cúpula das Nações Unidas para a Ação Climática de 2019. “Como vocês ousam continuar desviando o olhar?”. Para uma jovem que observa em desespero e indignação como as potências mundiais e estilos de vida continuam a causar consequências desastrosas no presente e no futuro de nosso planeta, suas palavras e sua determinação na Cúpula para a Ação Climática da ONU são vivificantes. Seu trabalho por justiça climática ecoa uma certa essência de Jesus que cuidou da vida da terra; o Jesus que curou e alimentou a muitos; o Jesus que reverenciou as Escrituras que revelam que Deus ama sua criação “porque é muito boa”; e o Jesus que protestou contra a ganância e o poder que prejudicam a vida:

As pessoas estão sofrendo. Pessoas estão morrendo. Ecossistemas inteiros estão entrando em colapso. Estamos no início de uma extinção em massa e tudo o que você pode falar é sobre dinheiro e contos de fadas de crescimento econômico eterno. Como você ousa!

O Papa quer conhecê-la”, contam à Greta no filme. “Todo o mundo católico apoia Greta”. Ela responde a essa afirmação com uma expressão muito cética – o mundo católico inteiro apoia Greta? As autoridades do Vaticano a chamaram de “grande testemunha” do ensino da Igreja sobre o meio ambiente e o cuidado com os outros. Mas existe outro sentimento: “O que isso faz para ajudar na salvação das almas?”, alguém perguntou em um tuíte recente quando a diocese de Richmond investiu em energia solar.

Quando ela era criança, Greta Thunberg aprendeu sobre a crise climática, e a ansiedade e depressão que se seguiram foram quase catastróficas. Ela parou de comer. Ela parou de falar. Ela quase morreu de fome, como explica no documentário. A destruição que os humanos estavam causando à terra e ao futuro a devastou. E então, como uma adolescente, ela começou a trabalhar. O que a ativista Greta Thunberg tem a ver com amor? O que cuidar de nosso lar comum tem a ver com a salvação?

É o mesmo Deus “que fez o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há; quem mantém a fé para sempre; quem faz justiça pelos oprimidos; que dá alimento aos famintos” (Sl 146, 6-7). É o mesmo Deus. O Deus que dá a vida, o Deus que a sustenta. O Deus que se preocupa com o que acontece aqui.

Eu Sou Greta” é um choro forte, um choro bom, um choro de coração partido, um grito de guerra. O que acontece aqui, nesta terra, importa, e Greta abriu a vida e os braços para receber os tantos que lutarão ao seu lado. Venha sentir o balançar do barco, o quão necessárias são as ondas.

Acesse o filme com este link:

 https://youtu.be/xDdEWkA15Rg

 

http://www.ihu.unisinos.br/604758-eu-sou-greta-e-o-grito-de-guerra-dos-ativistas-pela-justica-climatica 

 

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

VITÓRIA: 50 QUILOMBOLAS ELEITOS

 

PARABÉNS, POVO DO CONAQ, É ASSIM QUE SE AVANÇA PARA QUE A REPRESENTAÇÃO SEJA MAIS VERDADEIRA E DEMOCRÁTICA. SUCESSO ESPECIAL AO NOVO PREFEITO DE CAVALCANTE, GO, VILMAR KALUNGA. É PRA FRENE QUE SE CAMINHA!

 CONAQ - 16 nov

Eleições 2020: Conaq comemora vitória de mais de 50 quilombolas eleitos para o executivo e legislativo em  nove estados

Por Maryellen Crisóstomo

Pela primeira vez a população quilombola participou de maneira expressiva das disputas eleitorais, na maioria dos Estados em que a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) atua, cerca de 500 quilombolas se dispuseram a lutar por uma vaga tanto no executivo quanto no legislativo. O resultado preliminar aponta 50 quilombolas eleitos, sendo: 1 prefeito, 1 vice-prefeito e 54 vereadores.  

Sobre os resultados alcançado: “é uma grande revolução”, avalia a Coordenadora Sandra Pereira Braga, do Estado de Goiás, onde foi eleito o prefeito Vilmar Kalunga, em Cavalcante. “É muito importante para a CONAQ ter esses representantes porque reforça que nós precisamos ocupar esse espaço de poder. Esse resultado também é importante para o empoderamento do território e da comunidade e isso vai servir de modelo para todo o Brasil”, ressalta Braga.

Contudo, para o Coordenador Antônio Crioulo que acompanhou de perto a pauta das candidaturas quilombolas, realizando reuniões de mobilização com lideranças de todos os 23 Estados em que a Conaq atua, avalia os resultados como fortalecimento da pauta quilombola. “Esse resultado representa acima de tudo o reconhecimento da luta incansável dessas lideranças pelos seus territórios”, destaca Crioulo.

O trabalho continua

Segundo Crioulo a Conaq agora deve criar um grupo de trabalho com os representantes eleitos para construir planos de trabalhos alinhados com a pauta nacional quilombola. “Vamos construir com eles as pautas referentes à educação, à saúde, acesso ao território e ao fortalecimento da identidade quilombola. Acreditamos que fortalecendo esses eixos como pauta prioritária, nós estaremos fortalecendo as comunidades, mas, também lembrando de sub-eixos importantes como a questão do acesso a emprego e renda, à sustentabilidade, à  agricultura, todas essas serão pautas que nós vamos construir com esse povo quilombola eleito”, explica.

Dessa forma, a Coordenadora Sandra Braga também aponta essas vitórias como oportunidade de potencializar a pauta quilombola nos espaços políticos. “Como a questão do território e da luta, tendo nesse pleito a participação de vereadores e prefeito quilombola”, ressalta.

 De olho em 2022

Os resultados dessas eleições são um termômetro para a Conaq avançar na discussão em prol de candidaturas para a representação quilombola nas assembleias legislativas e no Congresso, e até para o executivo. 

Por isso, “nosso objetivo quando apoiamos essas candidaturas foi possibilitar uma estrutura que dialogasse com a pauta nacional quilombola. E também pensando no futuro, pautar isso a nível de Estado, além de avaliar a maneira como a CONAQ vai atuar para garantir que tenhamos representantes a nível estadual fortalecendo a pauta do movimento”, ressalta Crioulo.

Em consonância, Sandra também aponta que esses resultados servem para nortear a mobilização da Conaq no sentido de potencializar as candidaturas quilombolas nos próximos pleitos. “Que possamos trabalhar para fortalecer e empoderar mais as candidaturas quilombolas. Que nas próximas eleições tenhamos mais e mais quilombolas por esse Brasil afora no pleito, defendendo e fazendo valer nossos direitos”, pondera.

A presença de quilombolas no legislativo e executivo assegura a visibilidade da pauta e garantia dos direitos.

 

 http://conaq.org.br/noticias/mais-de-50-quilombolas-eleitos-para-o-executivo-e-legislativo-em-nove-estados/

 

domingo, 15 de novembro de 2020

LÍDER ESPIRITUAL DALI LAMA DEFENDE AÇÃO URGENTE CONTRA CAUSAS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

 CLIMAINFO, 13 de novembro de 2020

 Dalai Lama defende ação climática urgente

Mais um líder espiritual global fala em favor da ação climática. Desta vez foi o Dalai Lama, que apelou aos líderes mundiais para que tomem medidas urgentes contra a mudança climática, alertando sobre a destruição ambiental que afeta a vida de bilhões de pessoas e está arruinando o planeta, incluindo seu país natal, o Tibete. Como um apelo à ação, ele lançou um livro declarando que se voltasse a este mundo, “Buda seria verde”. O líder budista, que tem mais de 500 milhões de seguidores em todo o mundo, elogiou Greta Thunberg e outros jovens ativistas do clima por liderarem a luta por medidas mais duras para combater o aquecimento global. Em seu livro, ele também escreve que Buda “certamente estaria conectado à campanha para proteger o meio ambiente”.

As palavras do Dalai Lama foram repercutidas pelos Guardian, Independent, Ecowatch e The Hill.

 

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

POVO DO PERU CONTRA O GOLPE DE ESTADO

 

 SOLIDARIEDADE COM O POVO PERUANO MOBILIZADO CONTRA MAIS UM GOLPE DE ESTADO. QUE A CIDADANIA SEJA VITORIOSA E A LEGALIDADE CONSTITUCIONAL SEJA RENOVADA.

NO AL GOLPE DE ESTADO

Las instituciones y organizaciones sociales abajo firmantes expresamos lo siguiente:

  • Rechazamos el golpe de Estado y esta vacancia presidencial que distorsiona el artículo 113 de la Constitución, referido a la “incapacidad moral permanente”, y deja al país en una situación de incertidumbre, en el preciso momento que enfrentamos la mayor crisis sanitaria, económica y social.
  • La decisión del Congreso pone en cuestión el Estado de Derecho, el equilibrio entre poderes del Estado, los avances en la lucha contra la corrupción y la independencia del sistema de justicia, como es la elección de las y los magistrados del Tribunal Constitucional, entre otras importantes autoridades judiciales y fiscales.

Ante las actuales circunstancias, exigimos:

  • Al Congreso de la República respetar el Estado de Derecho y reconsiderar la votación que aprobó una vacancia inconstitucional, y que adolece de nulidad.
  • Asimismo, suspenda el proceso de elección de las y los miembros del Tribunal Constitucional por no contar con las garantías de imparcialidad ni transparencia. Y se separe de las comisiones parlamentarias a las y los congresistas que tengan sentencias judiciales firmes y/o investigaciones por delitos de corrupción.
  • Al Pleno del Congreso, se garantice el cumplimiento del calendario electoral de las elecciones generales del 11 de abril y el respeto de la autonomía de los organismos electorales.
  • Al Tribunal Constitucional resuelva con carácter de urgencia la demanda competencial presentada por el Poder Ejecutivo, especificando los parámetros que evite el uso arbitrario de la causal de incapacidad moral permanente a fin de impedir su uso en beneficio de intereses subalternos.
  • A todos los poderes y autoridades del Estado, defender y garantizar el orden constitucional, el respeto a las instituciones, la democracia y la transparencia.
  • Asimismo, se garantice el derecho a la libertad de expresión y el derecho a la protesta de las movilizaciones ciudadanas en rechazo al golpe de Estado.

Recordamos al Congreso de la República y al país que la Constitución, en su artículo 46, dispone que: “Nadie debe obediencia a un gobierno usurpador, ni a quienes asumen funciones públicas en violación de la Constitución y de las leyes. La población civil tiene el derecho de insurgencia en defensa del orden constitucional…”.

Solicitamos a la OEA la aplicación de la Carta Democrática, y a la comunidad internacional a expresar su rechazo al golpe de Estado.

Finalmente, convocamos a las organizaciones sociales y gremiales, y a la ciudadanía en general, a mantenernos vigilantes y en movilización permanente a nivel nacional hasta el restablecimiento del orden democrático.

Perú, 10 de noviembre del 2020

 

  1. 13 Brujas
  2. Acción por los Niños
  3. Aldeas Infantiles SOS Perú
  4. Alsakuy Agroecológica
  5. AMAS Marianistas
  6. Articulación de Lesbianas Feministas de Lima
  7. ASAP
  8. Asociación Ágape
  9. Asociación Agenda Mujeres
  10. Asociación Amar C
  11. Asociación Arariwa
  12. Asociación Civil Centro de Cultura Popular Labor
  13. Asociación Civil Centro de Desarrollo Andino – Sisay
  14. Asociación Civil JAPIQAY, Memoria y Ciudadanía
  15. Asociación de jóvenes indígenas amazónicos del Megantoni
  16. Asociación Nacional de Familiares de Desaparecidos, Ejecutados Extrajudicialmente y Torturados – ANFADET
  17. Asociación Nacional de Familiares de Secuestrados, Detenidos y Desaparecidos del Perú – ANFASEP
  18. Asociación Pro Derechos Humanos – APRODEH
  19. Asociación PRODEMU
  20. Asociación Servicios Educativos Rurales
  21. Asociación WAYRA
  22. CAPAZ PERÚ
  23. Casa Bagre
  24. Centro Amazónico de Antropología y Aplicación Práctica
  25. Centro Cristo Rey
  26. Centro de Desarrollo Andino Amazónico
  27. Centro de Políticas Públicas y Derechos Humanos- Perú EQUIDAD
  28. Centro de Promoción y Desarrollo Poblacional- CEPRODEP
  29. CISMA Pukara EIRL
  30. Colectiva 8M
  31. Colectivo Por La Igualdad de Género
  32. Colectivo por la Igualdad Huancavelica
  33. Colectivo Sonqo Warmi Cusco
  34. Colectivo Yuyananchis
  35. Colegio de Sociólogos de Piura
  36. Comité de América Latina y el Caribe para la defensa de los derechos de las mujeres-CLADEM Perú
  37. Comunidad Nativa Arizona Portillo
  38. Conectar para Actuar
  39. CooperAcción
  40. Coordinadora Nacional de Derechos Humanos – CNDDHH
  41. CPM Micaela Bastidas
  42. Demus
  43. Derecho Ambiente y Recursos Naturales
  44. Derecho, Interculturalidad y Ambiente
  45. DIACONIA
  46. Ecomenstruantes Perú
  47. Emma y Yo
  48. Epicentro Trujillo
  49. Esclavas de Corazón de Jesús
  50. FEDECMA
  51. FENUPETROL
  52. Foro Ecológico del Perú
  53. Forum Solidaridad Perú
  54. FOVIDA-Fomento de la vida
  55. GirlGov Perú
  56. GirlGov Perú en Acción
  57. GNRC-Perú
  58. Grupo de Justicia Fiscal
  59. Grupo de Seguimiento a las Esterilizaciones Forzadas
  60. Grupo de Trabajo de Salud Mental de la Coordinadora Nacional de Derechos Humanos-GTSM
  61. Grupo Impulsor de Mujeres y Cambio Climático GIMCC
  62. Iglesia Luterana del Perú
  63. Illa, Centro de Educación y Comunicación
  64. Industrias Creativas Tesla
  65. Instituto de Defensa Legal
  66. Instituto Promoviendo Desarrollo Social – IPRODES
  67. Jóvenes Peruanos frente al Cambio Climático
  68. Juntos Perú
  69. Juventud cristiana por la democracia
  70. Kachkaniraqmi
  71. Kusi Ayllu
  72. Lesbianas Independientes Feministas Socialistas – LIFS
  73. Madres en Acción
  74. Más Igualdad Perú
  75. Mesa de Salud Ambiental y Humana
  76. Movimiento Ciudadano frente al Cambio Climático – MOCICC
  77. Movimiento Ciudadano por la Igualdad de Género
  78. Movimiento de Promoción Por Los Derechos Humanos de las Mujeres AMHAUTA
  79. Movimiento Manuela Ramos
  80. Movimiento Tzuk Kim-pop
  81. Ni Una Menos Arequipa
  82. Observatorio de los Derechos Sexuales y Reproductivos de las personas con discapacidad
  83. Parió Paula Percusión
  84. Paz y Esperanza
  85. Plataforma de la Sociedad Civil sobre Empresas y Derechos Humanos
  86. Plataforma de Recursos Naturales y Desarrollo Sostenible – RENADES
  87. Plataforma para el Ordenamiento Territorial
  88. Plataforma para la Gobernanza Responsable de la Tierra
  89. ProgettoMondo Mlal
  90. Programa Laboral de Desarrollo
  91. Promotoras legales de Villa el Salvador
  92. PsicólogaMente Perú
  93. Quinta Ola
  94. Red Muqui
  95. Red para la infancia y la familia – Perú
  96. Red Peruana por una Globalización con Equidad (RedGE)
  97. Red Regional Agua Desarrollo y Democracia
  98. Renovemos
  99. I Girl Up
  100. SEDYS – Trujillo
  101. Smiles and Hope Peru
  102. Sostenibles – Colectivo Ciclista Feminista
  103. Sub Grupo sobre Derrames petroleros
  104. Tambora Resistencia
  105. Terre des Hommes Suisse
  106. Tránsito – Vías de Comunicación Escénica
  107. Tu y Yo activismo
  108. Voce en linea Perú

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

POVOS E RIO XINGU ESTÃO MORRENDO. QUEM RESPONDE PELO CRIME?

 E AGORA, GILBERTO CARVALHO, VOCÊ QUE NOS DECLAROU: "A HIDRELÉTRICA BELO MONTE VAI SER CONSTRUÍDA, É DECISÃO DE GOVERNO E VOCÊS VÃO TER ENGOLIR", VAI MOBILIZAR SEU EX-GOVERNO PARA ASSUMIR AS RESPONSABILIDADES PELAS AMEAÇAS À VIDA DOS POVOS E COMUNIDADES, DA FLORESTA, DOS PEIXES E DO PRÓPRIO XINGU?

AFINAL, QUEM SE FEZ DE SURDO E CEGO DIANTE DE TANTAS ADVERTÊNCIAS DOS POVOS, DOS CIENTISTAS E DO MINISTÉRIO PÚBLICO, IMPONDO UMA OBRA EVIDENTEMENTE INVIÁVEL EM NOME DA VAIDADE DE REALIZAR O QUE OUTROS NÃO CONSEGUIRAM, PRECISA ASSUMIR A RESPONSABILIDADE PELO CRIME COMETIDO, E QUE AGORA REVELA SEUS EFEITOS.

A ÚNICA MEDIDA QUE TERIA CARÁTER DE HUMANIDADE SERIA A DERRUBADA DA BARRAGEM E A DEVOLUÇÃO DA VIDA AO RIO E AOS SEUS POVOS. QUEM FARÁ ISSO?

AS OUTRAS ALTERNATIVAS: CONSTRUÇÃO DE MAIS BARRAGENS PARA GARANTIR ÁGUA ESTOCADA, CONSTRUÇÃO DE TERMELÉTRICAS A GÁS PARA SUPRIR O QUE A BELO MONTE SE COMPROMETEU ENTREGAR DE ENERGIA, SERÃO APENAS NOVOS CRIMES CONTRA A VIDA, NOVAS OBRAS QUE APRESSARÃO A CATÁSTROFE ECOLÓGICA E SOCIAL JÁ EM CONSTRUÇÃO POR TODAS AS INICIATIVAS ECONÔMCICAS CAPITALISTAS IRRACIONAIS QUE INSISTEM EM PROVOCAR O AQUECIMENTO DO PLANETA.    

TOTAL E IRRESTRITA SOLIDARIEDADE AOS POVOS DO XINGU REBELADOS!

 

 IHU - 11 de novembro de 2020

Comunidades de 5 municípios trancam a Transamazônica por liberação de água no Xingu

Em protesto contra vazão ineficiente para que ocorra a piracema - período em que os peixes migram para a cabeceira dos rios para se reproduzirem – 150 pessoas impediram o fluxo de automóveis no km 27 da BR-230. Nível do rio é controlado pela barragem da hidrelétrica de Belo Monte. Escassez de água, além de impedir a piracema, dificulta navegação no Rio Xingu e produção de alimentos pelas comunidades locais.

A reportagem[1] é publicada por Comissão Pastoral da Terra – CPT, 09-11-2020.

Na manhã desta segunda, 9, cerca de 150 pescadores, ribeirinhos, pequenos agricultores e indígenas Curuaya e Xipaya dos municípios de Altamira, Senador José Porfírio, Brasil Novo, Anapu e Vitória do Xingu ocuparam o KM 27 da Transamazônica em um protesto contra a Norte Energia, concessionária da hidrelétrica de Belo Monte no Pará. De acordo com os manifestantes, o ato exige a liberação, entre novembro de 2020 e março de 2021, de água suficiente para possibilitar a ocorrência da piracema (reprodução dos peixes) em 2021 na Volta Grande do Xingu.

A vazão normal da Volta Grande do Xingu, um trecho de cerca de 100 km do rio, foi alterada drasticamente desde o início do funcionamento de Belo Monte, uma vez que as águas são desviadas para as turbinas da usina. A Norte Energia propôs a liberação de um volume de água considerado de longe insuficiente para a reprodução da fauna por especialistas de cerca de 8 universidades brasileiras (o chamado Painel de Especialistas)[2], pelo Ministério Público Federal, pelo Ibama e pela Funai.

Lago de água podre e peixes doentes: conheça os impactos de megaprojetos no Rio Xingu

De acordo com os manifestantes, o baixo nível de água da Volta Grande impediu a ocorrência da piracema nos últimos dois anos, o que está provocando um vertiginoso despovoamento de peixes do rio e uma consequente crise na segurança alimentar e na renda de quem vive da pesca. Além disso, a navegação do Xingu está cada vez mais difícil, o que afeta todo o fluxo de mobilidade da população local, composta por pescadores, ribeirinhos, agricultores e comunidades indígenas. Esta situação atingiu níveis catastróficos desde o início da pandemia do Covid-19 em março deste ano.

Polícia Civil prende suspeito de participação em queimadas na região do Xingu

Em 2020, a região do Médio Xingu sofreu uma das mais severas secas dos últimos 50 anos. Muitos igarapés tributários do Xingu secaram, o que ocasionou uma mortandade de peixes e tem levado a uma perda acelerada das roças dos agricultores da Volta Grande. De acordo com eles, o stress hídrico potencializado por Belo Monte na região do Médio Xingu afetou a produção de alimentos e a atividade econômica também das famílias que vivem da agricultura.

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Ainda segundos os manifestantes, o protesto desta segunda exige que o Ibama suspenda a Licença de Operação de Belo Monte até que a Norte Energia garanta uma vazão mínima de 16.000 m³/s na Volta Grande do Xingu para que a reprodução da fauna e da flora seja garantida no período da piracema.

Na Justiça

A Norte Energia tem demandado um volume de água para uso de Belo Monte que chega a diminuir 80% da vazão normal da Volta Grande do Xingu. É o que a empresa chama de Hidrograma de Consenso, esquema que queria aplicar a partir de novembro de 2019. Em função da completa inviabilidade deste hidrograma, o Ibama soltou um despacho no início de 2020 no qual estipula um hidrograma alternativo, de longe insuficiente para garantir a reprodução da vida da fauna e das atividades econômicas das comunidades beradeiras, de acordo com os manifestantes. No início de outubro, a Norte Energia entrou na justiça com um recurso contra o despacho do Ibama, que foi indeferido em primeira instância. A empresa recorreu ao TRF1.

Leia abaixo a declaração da manifestação: 

Declaração

Manifestação pela garantia da Piracema 2021

Nós, pescadoras e pescadores, ribeirinhas e ribeirinhos, agricultoras e agricultores, e indígenas Curuaya e Xipaya, presentes nesta manifestação, declaramos que decidimos colocar em risco nossa segurança e a de nossas famílias, arriscando-nos nesta ação de desobediência civil pacífica e desesperada num momento de pandemia, porque não nos resta mais NENHUM recurso: o Xingu está morrendo, e não vemos NENHUMA saída para a nossa sobrevivência, a dos nossos idosos e de nossas crianças, caso não tenhamos, nós e as autoridades competentes, a determinação de mudar esta situação.

A seca do Xingu nesse ano de 2020 é uma das mais severas dos últimos tempos. Em relação ao ano passado, o volume de água do rio sofreu uma diminuição de quase 40% no mês de outubro, e muitos dos igarapés que alimentam o Xingu, como o Altamira, Ambé ou Trindade, entre outros, estão secando, formando lagos que vão se cobrindo de peixes mortos.

Para a população do Médio Xingu que depende do rio e dos igarapés para a pesca, a locomoção, o consumo de água e a irrigação das roças, esta situação está tomando proporções catastróficas. Centenas de famílias duramente impactadas pela Covid-19 em sua segurança alimentar não apenas estão passando fome, mas perdendo completamente seus meios de subsistência.

Por dois anos já, o desvio das águas da Volta Grande do Xingu para as turbinas de Belo Monte impossibilitou a piracema, o que despovoou o rio de peixes e quelônios e está matando a atividade pesqueira, tanto para o consumo quanto para a comercialização.

Mais além, este ano a seca está praticamente impossibilitando a navegação com o afloramento acima do normal de pedrais, que danificam as embarcações e os motores. As roças dos agricultores e ribeirinhos estão secando, e a água tanto do rio quanto dos igarapés é absolutamente imprópria para o consumo.

Apesar do agravamento da situação em função de fenômenos climáticos, intensificados pelos desmatamentos e queimadas - que, depois da construção de Belo Monte, colocaram Altamira no topo da lista dos municípios com maior índice de crimes ambientais no Pará -, o atual quadro de calamidade do Xingu não é uma surpresa.

Inúmeros estudos e avaliações técnicas de órgãos como Ibama, Funai, MPF e de instituições de pesquisa explicitam a catástrofe social e ambiental produzida pela intervenção da hidrelétrica no fluxo da Volta Grande do Xingu, cuja vazão é absolutamente insuficiente para a manutenção da vida da fauna, da flora e das comunidades ribeirinhas, pescadoras, indígenas e camponesas na região.

Ao analisar documentos produzidos por técnicos do Ibama em 2009, o Ministério Público Federal já havia concluído que não existia nenhuma garantia de que a fauna aquática e as florestas aluviais conseguiriam resistir, nos curto e médio prazos, ao estresse hídrico que Belo Monte está impondo ao Xingu.

Um grupo de pesquisadores e especialistas de oito universidades e institutos de renome de todo o país, que constituíram o chamado Painel de Especialistas, concluiu no final de 2019 que está comprovado cientificamente nos dados do próprio PBA e de estudos complementares que as vazões do hidrograma proposto no licenciamento de Belo Monte inviabilizarão a vida na Volta Grande do Xingu.

Em outubro, a Norte Energia deixou entrar na Volta Grande uma média de 800 metros cúbicos de água por segundo. O próprio EIA-Rima do empreendimento afirma, no entanto, que seriam necessários pelo menos 15.000 m3/s para que os locais de reprodução dos animais aquáticos sejam minimamente inundados e permitam a piracema. Sem a vazão média de 13.000m3/s, os quelônios aquáticos não poderão acessar as áreas de alimentação para onde sazonalmente se deslocam em busca de alimentos nos igapós, conclui o documento.

Já a FUNAI impôs como condição ao licenciamento da Usina a garantia de manutenção das condições ecológicas necessárias para a permanência física e a reprodução cultural dos povos indígenas Juruna e Arara da Volta Grande, e a estes somamos os Curuaya, Xipaya e demais moradores indígenas das ilhas do Xingu.

Diante disso, nos sentimos LEGITIMADOS e amparados LEGALMENTE para estarmos nesta manifestação exigindo medidas inadiáveis que garantam:

1. Uma vazão de pelo menos 16.000 m³/s na Volta Grande do Xingu nos meses de novembro de 2020 a março de 2021 para que seja garantida a piracema dos peixes, atualmente ameaçados de extinção.

2. A determinação definitiva de um hidrograma que garanta a sobrevivência do rio, da fauna, da flora e das comunidades beradeiras de acordo com dados científicos já existentes e, se necessário, estudos complementares e independentes.

3. A constituição de um Comitê de Bacia com participação paritária das populações indígenas e beradeiras e da comunidade científica independente para decidir as políticas para a região do Médio Xingu no que tange os cursos d’água superficiais e de subsolo.

4. O cumprimento de todas as condicionantes do licenciamento de Belo Monte, em especial a que determina o atendimento de pescadores e ribeirinhos de acordo com a Ação Civil Pública da Defensoria Pública do Estado (processo 0802669-16.2020.8.14.0005).

Como medida indutora do atendimento destas demandas, exigimos que o IBAMA suspenda a Licença de Operação de Belo Monte, responsável, em última instancia, pela violação dos direitos humanos e da natureza cometidas pela hidrelétrica, até que estas sejam definitiva e satisfatoriamente atendidas.

Altamira, 9 de novembro de 2020.

Pescadoras e pescadores, ribeirinhas e ribeirinhos, agricultoras e agricultores, e indígenas Curuaya e Xipaya

 

Notas:

[1] Texto e fotos por Pescadoras e pescadores, ribeirinhas e ribeirinhos, agricultoras e agricultores, e indígenas Curuaya e Xipaya.

[2] Paper do NAEA - Volume 28 - Condições para a manutenção da dinâmica sazonal de inundação, a conservação do ecossistema aquático e manutenção dos modos de vida dos povos da volta grande do Xingu. Disponível aqui.

 

http://www.ihu.unisinos.br/604525-comunidades-de-5-municipios-trancam-a-transamazonica-por-liberacao-de-agua-no-xingu

 

 

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS MAIS UMA VEZ AMEAÇADOS?

CUIDADO: O QUE ESTARIAM TRAMANDO OU TEMENDO OS MINISTROS DO STF AO TRANSFERIREM A DECISÃO SOBRE OS DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS? LEIA O ARTIGO E TOME SUA POSIÇÃO EM DEFESA DOS DIREITOS ORIGINÁRIOS INALIENÁVEIS DE CADA POVO ANCESTRAL.

CIMI, 23 outubro de 2020

Presidente do Supremo Tribunal Federal retirou da pauta de julgamento o processo de repercussão geral sobre demarcação de terras indígenas: possíveis razões para esse fato.

Por Roberto Antonio Liebgott
Cimi Sul Equipe Porto Alegre

Na noite de 22 de outubro de 2020, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Fux, decidiu retirar da pauta de julgamento, agendado para o dia 28 de outubro, o Recurso Extraordinário 1.017.365 relativo a um processo contra uma parcela da demarcação da terra Lá Klaño, do povo Xokleng, de Santa Catarina.
 
Esse processo foi caracterizado como sendo de repercussão geral já que, a partir dele, haverá um entendimento jurídico quanto a manutenção dos direitos indígenas, conforme estabelece a Constituição Federal de 1988, ou seja, que os povos indígenas têm  direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, direitos estes inalienáveis, indisponíveis e imprescritíveis. 
 
Os ministros do STF poderão também, a partir desse julgamento,  referendar o antidireito, mediante a tese política do marco temporal, que foi forjada para impor a prevalência dos interesses econômicos sobre os direitos indígenas, uma vez que se criou a versão de que povos indígenas podem requerer, tão somente, a demarcação de áreas de terras se nelas estivessem vivendo no dia 05 de outubro de 1988, data em que foi promulgada a atual Constituição Federal.
 
Há três razões que podem ter movido o Ministro Fux a retirar de pauta, ou seja, adiar o julgamento que vem sendo considerado o mais importante da história recente dos povos indígenas no Brasil. A primeira razão vincula-se ao número de ministros que compõem o pleno do STF, devem ser 11, mas com a aposentadoria de Celso de Mello houve a necessidade de indicação de um novo ministro, fato que ocorreu recentemente e tendo sido escolhido, pelo presidente Bolsonaro, o desembargador federal que atuava no TRF 1, em Brasília, Kassio Marques. Ele tomará posse nas próximas semanas e deverá, portanto, votar nesse processo.
 
A segunda razão, que pode ter influenciado o presidente do STF Luís Fux a adiar o julgamento, foram as pressões políticas de ruralistas, de empresários da mineração e do próprio governo federal, que desejam explorar as terras indígenas, mas, neste momento,  avaliaram  que a composição do STF apontava uma forte tendência de que se julgaria esse processo seguindo os balizamentos constitucionais e, portanto, diante desse contexto, optaram pelo recuo tático, até a posse do novo ministro.
 
A terceira razão foi a intensa mobilização dos povos indígenas em torno do julgamento. Há muito tempo não se via tamanha comunicação e articulação dos indígenas, de modo espontâneo e virtual, desde lá, das longínquas aldeias, acampamentos, áreas improvisadas e até demarcadas, propagando suas opiniões, acerca do julgamento, para o Brasil e para o mundo. 
Foram incontáveis as manifestações pela manutenção da Constituição Federal, pela garantia dos direitos originários e em defesa da vida, da terra e da natureza. De todos os lugares, de quase todas as terras indígenas foram divulgadas mensagens de vídeos, áudios, cartas, documentos exigindo a manutenção dos direitos e contra o marco temporal. As falas, as rezas, os rituais, os apelos de líderes religiosos, de caciques, de homens e mulheres, de jovens, adolescentes e crianças indígenas percorrem o Brasil e o mundo, anunciando que, apesar da pandemia e dos desafios impostos pelo governo brasileiro, os povos fiscalizam, monitoram e lutam pelos seus direitos à terra. Talvez essa, dentre as demais razões pelo adiamento do julgamento, seja a mais relevante e expressiva. Os ministros estavam sendo alertados pelos povos de que o marco temporal é mais um instrumento para o genocídio. Os ministros, certamente acompanharam esse movimento de vida, luta e resistência dos povos.
 
Mas há também o outro lado, o da perversidade, da exploração e da aniquilação. O lado dos que desejam única e exclusivamente lucrar com as terras e seus recursos. Para estes setores a Constituição Federal é um empecilho e, portanto, querem a sua mudança. E a tese do marco temporal, compõem a antipolítica, o antidireito, a lógica da exclusão e da propagação da morte, constitui-se numa estratégia perversa criada pelos inimigos dos povos indígenas para destrui-los.
 
Mas há resistência e luta. Os povos e seus apoiadores manterão as articulações e fortalecerão as mobilizações internas, nas comunidades, e externas, na sociedade toda.
Neste momento os inimigos dos povos, ao que parece, decidiram dar um passo atrás e, com isso, ganharem tempo até que ocorra a recomposição do colegiado do STF para, a partir dela, buscar convencer os julgadores da nossa Corte  Suprema a olharem de costas para os direitos indígenas e referendarem a tese genocida.
 
Os povos indígenas não vão permitir que isso ocorra. Defenderão, como sempre fizeram, a terra mãe.
 
Seguiremos todos na luta e na esperança, em defesa da vida dos povos indígenas. NÃO ao marco temporal e SIM aos direitos originários.

Porto Alegre, RS, 23 de outubro de 2020

 

terça-feira, 20 de outubro de 2020

A POIESIS NA OBRA DO PAPA FRANCISCO

 Roberto Malvezzi (Gogó)

Muitas pessoas - como eu - ficam surpresas com a constante recorrência à poesia nas obras do Papa Francisco. Laudato Si’ já é uma obra também poética, até porque São Francisco era um santo, um místico e também um poeta. Porém, nas últimas obras, como a Querida Amazônia e Fratelli Tutti, essa recorrência não só é explícita, como ainda passa pela justificativa que esses poetas são profetas e que necessitamos de novas linguagens para escapar da sociedade tecnocrática e consumista (no. 46)

A poesia não é usual na linguagem oficial do Vaticano. Porém, esse gênero literário está na Bíblia, como nos salmos, no Cântico dos Cânticos, mas também na linguagem teológica profundamente poética de São João, ou da Escola Joanina. O capítulo I do Evangelho de São João é, para meu gosto, a mais bela página da bíblia, porque é a síntese do maravilhoso projeto de Deus para toda sua Criação, o lugar de Jesus como ponte entre a criação e o Criador, mas também porque recorre à metáforas lindas de luz e trevas, alfa e ômega, princípio e fim, assim por diante.

Então, na Fratelli Tutti Francisco mais uma vez recorre à poesia para escrever seus textos. A citação da frase de Vinícius de Moraes – “a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida” (215) -, não é uma citação a esmo, mas fundamenta toda a reflexão de vários tipos de encontro, com outras culturas, com a paz, com pessoas, com Deus, entre as religiões, outras civilizações, numa lista quase infinita.

Já na Querida Amazônia, Francisco se baseia na linguagem poética dos sonhos. Quando Francisco fala do “sonho ecológico”, ele cita longamente Vinícius de Moraes, Neruda, Thiago de Mello, Galeano (43-48) e – surpresas das surpresas para mim – Euclides da Cunha. Sim, o famoso jornalista não só escreveu sobre a guerra de Canudos, mas também sobre a Amazônia.

Nos discursos feitos aos Movimentos Populares, Francisco vai dizer que eles são “poetas sociais”, por arrancarem do nada vida digna para o povo. Talvez a forma mais precisa de elogiar a importância desses movimentos.

De resto, praticamente só os grandes místicos usaram da linguagem poética na história da Igreja, à exemplo de Teresa D’Ávida e João da Cruz. Veio deles a metáfora da “noite escura”, quando a alma humana não consegue enxergar um palmo diante do nariz, mesmo assim confia na escura luz da fé. Não podemos esquecer a poética popular, principalmente em regiões como o Nordeste do Brasil, onde o cordel sempre foi uma fantástica linguagem teológica também do povo. 

Foi Pedro Casaldáliga – se alguém souber de outro, me desminta – quem trouxe a metáfora da noite escura para o âmbito socio-ambiental-político, com sua frase “a longa noite escura do neoliberalismo”. Já não me lembro onde foi que ele disse ou escreveu isso. Pedro também foi poeta, místico, profeta e citado na Querida Amazônia.

Então, os sonhos de Francisco aparecem em linguagem poética e aberta. Ela pressupõe interpretação e discernimento. Também indica o ponto onde sonhamos chegar, como que escapando dos pesadelos atuais para um futuro mais digno da criação e, no conjunto das criaturas, o ser humano.

Mais uma vez, longa vida ao Papa Francisco, com muita poesia.

REALMAR A ECONOMIA PELA COMUNHÃO DOS POVOS

NA BUSCA DE CAMINHOS, É SEMPRE MELHOR ANDAR JUNTOS.

 http://www.ihu.unisinos.br/603815-realmar-a-economia-pela-comunhao-dos-povos 

Realmar a economia pela comunhão dos povos

1. A partilha

Ao fomentar a partilha e, assim, alimentar uma multidão cansada e incrédula, Jesus, por meio da multiplicação dos pães, mais que perpetuar um milagre, apresenta uma proposta. Quando caminha junto de milhares de pessoas que o seguem e acreditam nas palavras de paz e justiça que propõe, o Mestre indica o seguimento da humildadesolidariedade e fraternidade. Na vivência fiel aos ensinamentos que prega, olha o povo com compaixão, temendo que desfaleçam pelo caminho (Mt 15, 32).

A mesma realidade encontramos hoje. Uma multidão cansada de lutar para sobreviver em um sistema falido, que até aqui matou, excluiu e degradou, se encontra incrédula e com medo de deixar esvair pelas mãos a vida num futuro próximo. Mais uma vez, o Pastor olha com compaixão aos discípulos fatigados e chama a um momento novo: de partilha, comunhão e esperança. Convida a trilhar o caminho para a saciedade, a suficiência, a convivência entre irmãs e irmãos na busca da construção do Bem Comum.

Hoje, o Papa Francisco nos convida a realmar a Economia. Da mesma forma, como os apóstolos que olharam ao redor e questionaram com dúvidas como seria possível alimentar uma infinidade de pessoas no meio de um deserto, nós também nos deparamos com as incertezas. Deus nos mostra, de novo, que o milagre reside na partilha, na construção coletiva, na comunhão entre povos que escolhem acreditar no estabelecimento de novos paradigmas - por vezes tomados como radicais, mas que só assim são capazes de responder à radicalidade da normalização da morte, da exclusão e da desigualdade.

A partir da realidade posta, Jesus e seus discípulos organizam a multidão, reúnem as ofertas do povo, suscitam a partilha para todos comerem e saírem saciados. O chamado para a construção da Economia de Francisco e Clara busca dar uma nova perspectiva aos que hoje sofrem com a marginalização de um sistema voltado ao lucro. Com a certeza de uma origem comum, uma pertença recíproca e um futuro partilhado (LS 202), os pães são postos na mesa em uma comunhão entre os povos, para que, outra vez, todos comam e se sintam saciados, envoltos pela fraternidade universal.

Na mística da comunhão fraterna, da construção conjunta, mais uma vez o Papa Francisco nos indica os caminhos necessários para a superação do egoísmo, do individualismo, da ganância e da concentração de poderes e riquezas nas mãos de poucos. Como faz desde o início do seu pontificado, lembra que a mudança – de sistema e de mentalidades – não é só necessária, mas é urgente. Por meio da Encíclica Laudato Si’ fez evidenciar que as mudanças climáticas, a poluição, a perda da biodiversidade, a cultura do descarte, e tantos outros fatores fortalecidos pelo antropocentrismo, corroem a Mãe Terra, que sempre cuidou, mas que também precisa ser cuidada.

Em 2015, houve o alerta de que é preciso cuidar da Casa Comum. Em 2019, nos convocou a re-almar a Economia. Como complemento, lembra, em 2020, de que todo esse processo deve ser guiado pela fraternidade.

Encíclica Fratelli Tutti invoca o óbvio: “apesar de estarmos superconectados, verificou-se uma fragmentação que tornou mais difícil resolver os problemas que nos afetam a todos. Se alguém pensa que se tratava apenas de fazer funcionar melhor o que já fazíamos, ou que a única lição é que devemos melhorar os sistemas e regras já existentes, nega a realidade” (FT 7). O anseio mundial de fraternidade é essencial para colocar a vida no centro da discussão econômica. O olhar para o Sul Global, numa perspectiva universal, é olhar para a marginalização de um sistema que se construiu no norte do mundo, posicionando-se cartograficamente em cima para representar a diminuição e limitação do que coloca abaixo. Um convite que se estende a todas as nações, que ultrapassa muros eventualmente erguidos por religiões, que procura a riqueza de cada conhecimento e convicção, caminha neste mesmo rumo: somos todas irmãs e irmãos. Para que seja possível viver a plenitude dessa verdade, novas perspectivas são necessárias, um novo horizonte deve surgir.

 

2. O Encontro

No caminhar conjunto, Deus não o faz de cima, mas de dentro, para podermos encontrá-lo no chão da realidade. O Papa Francisco, em 2015, no encontro com os movimentos populares em Santa Cruz de La Sierra (Bolívia), nos deixou pistas para a construção das bases da fraternidade universal quando aclamou aos povos a se unirem em três grandes tarefas.

A primeira, uma economia a serviço dos povos, retoma o lugar da economia como cuidado da casa no desafiante contexto de encontrar na própria humanidade a possibilidade de recompor um sistema que gere vida e não exclua. Uma economia biocentrada, retoma o chamado da relação ampla com os seres e não fixada no lucro. A segunda, que é a união dos povos no caminho da paz e da justiça, provoca o lugar de poder na sociedade capturado pelos mercados, corporações e elites e o devolve ao povo, como “artífice do seu próprio destino”. A última tarefa apresentada pelo Papa Francisco nos convida a defender a nossa irmã, Mãe Terra. Substituindo a compreensão de dominação humana, nos coloca como elementos da Criação, subvertendo a lógica de apropriação e degradação das vidas.

encontro é um lugar da genuína alegria. Nele, a espiritualidade humana se descobre misturada aos diversos tons que compõem a fraternidade universal. Na pluralidade que, com sede de justiça e fome de paz, se descobre artesã do novo tempo em encontros coletivos, em formulações políticas, em incidência territorial, em potencialização de vozes silenciadas, para assim construir uma aldeia de justiça que é totalmente contra a sociedade marcada pelo medo, ódio e indiferença.

Nesse lugar, de comunhão e igualdade, é que Francisco(s) nos chama(m) a estar. Coloca numa mesma perspectiva todas e todos que foram afastadas e afastados de uma discussão econômica, porque sempre foi lucrativo e rentável afastar o povo da possibilidade de conseguir mudar, de vislumbrar as tantas possibilidades de revolução, de saber que tem influência e força. Esse lugar que a tantas mãos nos colocamos a formar, apresenta uma experiência frutuosa que reposiciona o lugar das relações econômicas. Há décadas o capitalismo vem se aprofundando por meio de uma metamorfose discursiva, de concentração dos fluxos financeiros e de deslocamento do poder (corporações acima dos Estados). Essas relações se maximizaram afastando todas as bandeiras da humanização, “partes da humanidade parecem sacrificáveis em benefício duma seleção que favorece a um setor humano digno de viver sem limites” (FT 18).

Na insistência própria de quem acredita no Amor, a espiritualidade presente no mutirão e a poesia das lutas comuns querem ser força colaborativa diante da realidade transcrita de morte. Com o abastecimento da utopia, se objetiva romper as muralhas do individualismo pela rebeldia presente na força mística do povo. Foi o que dom Oscar Romero, arcebispo de São Salvador, assassinado pelos militares em 1980, afirmou: “Se me matarem, ressuscito no meu povo”. Essa coerência impulsiona: encontrar nas causas que brotam da dor, o horizonte de outros mundos possíveis, que só assim possibilitam irromper o novo diante de uma globalização neoliberal.

 

3. O pacto

sociedade globalizada pela indiferença viu o projeto de poder estabelecido pelo neoliberalismo ruir o tecido que sustenta a humanidade. Fraturando o bem comum que estabelece a relação comunitária e de partilha privatizou todas as dimensões do nosso convívio. Estabelecendo a competição e o lucro como essência de governos, empresas e famílias, foram forjados homens e mulheres tomados pela mentalidade empresarial e afastados de suas relações com todas as outras formas de vida.

Portanto, mais que crises separadas, o que ocorre diante das crises atuais - com o trabalho, com a democracia, com a fome - faz parte do conjunto de iniciativas que destituíram do poder e exaurem diariamente a humanidade e a Terra. A Economia de Francisco e Clara nos convida a fiar o tecido de uma nova cultura e um/a novo/a homem e mulher. Esse contraponto exige a superação daquilo que o sociólogo coreano Byung-Chul Han apontou ser uma sociedade produtora de uma vida feliz que nega toda complexidade da vida humana e massacra a humanidade com um padrão: a ideologia de felicidade baseada exclusivamente no enriquecimento individual não contribuindo na afirmação de uma cultura e de instituições democráticas.

A afirmação de uma economia na complementaridade das relações toma fôlego por inúmeras iniciativas já existentes no mundo, presentes na Economia Solidária, por exemplo, que restitui o lugar da solidariedade como mote para as relações de troca e compra. O reconhecimento da economia pelo suficiente que considere as relações com a vida do Planeta, tirando a lógica do lucro e emergindo a lógica do ser. Uma economia pela proximidade que ambienta a necessidade de superação do modelo de finanças globais que produzem dinheiro para enriquecimento individual e passemos para modelos diversos que não unifiquem, mas que planificam a diversidade cultural e econômica do planeta.

Um novo humanismo é a emergência de uma sociedade em redes, que partilha e coopera no autocentramento comunitário. Assim, as comunidades se empoderam de uma espiritualidade capaz daquilo que diz a exortação do Papa Francisco, ‘Evangelii Gaudium’: “encurta as distâncias, abaixa-se – se for necessário – até à humilhação e assume a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo” (24), para construir o pacto global por novas economias.

Um pacto não nega as disposições da luta de classes. Pelo contrário, convida os empobrecidos a recomporem o fio de suas relações esgarçadas pelo avanço neoliberal. É fazer-se com os pobres e desse modo historicizar as lutas, reconhecer avanços, construir sínteses e avançar propostas que sejam duplamente anti-sistêmicas, como também promova boicotes e normativas mesmo sendo parcas possibilidades dentro da engrenagem capitalista.

Como diria Josué de Castro em “Geopolítica da fome”: “A humanidade se divide em dois grupos: o grupo dos que não comem e o grupo dos que não dormem com receito da revolta dos que não comem”. A narrativa historicamente (re)produzida está na restrição das forças produtivas (nunca antes tanta gente sem trabalho) e na suposta narrativa que há recursos escassos. A grande dinâmica insurgente é denunciar a fábula das corporações que não geram o valor que acumulam, mas apenas circulam suas riquezas de modo a terem mais super poderes, enquanto anunciamos que há possibilidades pela via da dissociação seletiva e temporal do mercado, de modo que fortaleça novamente os vínculos comuns que unem os pobres da Terra e compõem seu pacto.

 

4. O movimento

Muito tem se falado para que a Economia de Francisco e Clara seja assumida no seio do povo. Para isso, a partilha, o encontro e o compromisso de um pacto são chaves para um profundo enraizamento popular. Os movimentos populares nascem sempre como oportunidades de unificar uma luta, transformando a dor em sonho. Desse modo, uma economia com alma para a comunhão dos povos só ocorre no banquete da partilha, em que todas e todos colocam os bens à disposição na Mesa do Senhor, na construção da justiça social, do equilíbrio econômico e da paz entre os povos. O gesto de pôr a mesa, comer do mesmo pão e das mesmas ausências coletivas é fazer memória – gesto sagrado dos cristãos/ãs. Memorial que alimenta o servir tecido pela consciência planetária para um encontro amoroso com toda a Vida.

Portanto, após décadas de busca por narrativas que superem o governo do neoliberalismo (de)predador, mas que tenha capacidade de dizer mais do que fora capaz o socialismo estatista e a social-democracia, a consciência planetária ganha expressividade pelas lutas ecologistas, ecofeministas, negras, LGBTQI+, juvenis.

Movimento da Economia de Francisco e Clara tem chão quando misturado aos reais sujeitos da transformação: associações de moradores/as, observatórios comunitários, coletivos culturais, movimentos inter-religiosos, comunidades agroecológicas, e tantas outras experiências de comunidade e resistência que pisam o chão da vida real. São sinais presentes da superação da política econômica atual. A consciência planetária desloca todas as estruturas de poder postas, diminui sua magnanimidade e as coloca em relação com a vida, com o real e com as interpelações da vida concreta.

economia como mesa dos povos é ferramenta do encontro para nova relações, erigida a partir dos pequenos, pelos laços de solidariedade (FT 114), é o vínculo possível para dinamização de nova sociedade. Fraternidade, economia solidária, corpos e vozes, são mais que resistência, forjam em si e em suas relações o projeto emancipador. É assim que vamos construir a Economia de Francisco e Clara. Com o pé no chão do povo que sofre, com resistência, esperança e luta.

 

Autores

Eduardo Brasileiro, sociólogo do Instituto Cultiva, é jovem selecionado do evento em Assis The Economy Of Francesco e membro da Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara (ABEFC)

Gabriela Consolaro, formadora nacional da Juventude Franciscana (JUFRA) do Brasil, é jovem selecionada para o evento em Assis The Economy Of Francesco e membro da Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara (ABEFC)