Foi um privilégio estar em Registro, no Vale do Ribeira de
São Paulo, no dia 19, em que os quilombolas celebraram a vitória sobre a
poderosa Companhia Brasileira de Alumínio, do poderoso grupo econômico
Votorantim.
Qual foi o jogo ou a aposta?
A CBA quis teimosamente
construir a hidrelétrica Tijuco Alto, para garantir energia para os seus
projetos de mineração. Pois bem, povos quilombolas, indígenas, caiçaras,
pescadores e outros habitantes do Vale do Ribeira se uniram e disseram não ao
projeto da Votorantim durante 28 anos – isso mesmo, 28 anos – e agora,
finalmente, o IBAMA desautorizou a construção da Tijuco Alto, acatando o que os
povos sempre afirmaram: ela afetaria gravemente o ambiente vital do Vale do
Ribeira. Assim sendo, os povos sempre tiveram razão; as autoridades é que
estavam no lado errado da luta: submetidas às mentiras dos laudos ambientais
pagos pela CBA.
Foi uma manhã maravilhosa de festa, mística e alegria vivida
pelos quilombolas, com quem partilhei, no dia 18, informações e reflexões
críticas sobre as ameaças aos seus direitos a partir da PEC 215 e da 241, que
já foi aprovada na Câmara Federal, e está por ser votada no Senado como PEC 55.
Começou com a celebração do fogo, física e simbolicamente presente na tocha,
espiritualmente presente em todas as pessoas, na firmeza e na esperança desses
28 anos de luta - e que devem alimentar a luta contra as pequenas centrais
hidrelétricas, tão ameaçadoras como a grande, e os projetos de mineração, que
acabariam com a vida do Vale.
Os gigantes também tombam, declarou uma senhora quilombola. E
tombam pela ação dos povos que decidiram agir unidos e organizados no MOAB, o
Movimento dos Ameaçados por Barragens. A palavra de ordem mobilizadora, que foi
e continuará sendo TERRA SIM, BARRAGEM NÃO, se desdobrará em TERRA SIM,
MINERAÇÃO NÃO – TERRA SIM, PCHs NÃO. E outras também continuarão a ser
bradadas, como: TERRA TITULADA,
LIBERDADE CONQUISTADA – exigindo a titulação de todos os territórios
quilombolas, indígenas, caiçaras, de pescadores artesanais; PRIVATIZAÇÃO NÃO –
exigindo que o governo de São Paulo abandone o projeto de privatizar os Parques
Estaduais, em que estão diversos territórios indígenas e quilombolas.
E com certeza, a cabeça erguida, o coração e o sangue
aquecidos, e os pés e mãos em luta acolherão a energia espiritual, a mística
que vem do amor de Deus e da amorosa Mãe Terra, e a teimosia e coragem virão da
inspiração de Zumbi e dos que dedicaram sua vida a esta causa e agora estão
entre os Encantados.
Ivo Poletto
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