segunda-feira, 21 de novembro de 2016

POVOS DO VALE DO RIBEIRA DERROTAM VOTORANTIM

Foi um privilégio estar em Registro, no Vale do Ribeira de São Paulo, no dia 19, em que os quilombolas celebraram a vitória sobre a poderosa Companhia Brasileira de Alumínio, do poderoso grupo econômico Votorantim.

Qual foi o jogo ou a aposta? 

A CBA quis teimosamente construir a hidrelétrica Tijuco Alto, para garantir energia para os seus projetos de mineração. Pois bem, povos quilombolas, indígenas, caiçaras, pescadores e outros habitantes do Vale do Ribeira se uniram e disseram não ao projeto da Votorantim durante 28 anos – isso mesmo, 28 anos – e agora, finalmente, o IBAMA desautorizou a construção da Tijuco Alto, acatando o que os povos sempre afirmaram: ela afetaria gravemente o ambiente vital do Vale do Ribeira. Assim sendo, os povos sempre tiveram razão; as autoridades é que estavam no lado errado da luta: submetidas às mentiras dos laudos ambientais pagos pela CBA.

Foi uma manhã maravilhosa de festa, mística e alegria vivida pelos quilombolas, com quem partilhei, no dia 18, informações e reflexões críticas sobre as ameaças aos seus direitos a partir da PEC 215 e da 241, que já foi aprovada na Câmara Federal, e está por ser votada no Senado como PEC 55. Começou com a celebração do fogo, física e simbolicamente presente na tocha, espiritualmente presente em todas as pessoas, na firmeza e na esperança desses 28 anos de luta - e que devem alimentar a luta contra as pequenas centrais hidrelétricas, tão ameaçadoras como a grande, e os projetos de mineração, que acabariam com a vida do Vale.

Os gigantes também tombam, declarou uma senhora quilombola. E tombam pela ação dos povos que decidiram agir unidos e organizados no MOAB, o Movimento dos Ameaçados por Barragens. A palavra de ordem mobilizadora, que foi e continuará sendo TERRA SIM, BARRAGEM NÃO, se desdobrará em TERRA SIM, MINERAÇÃO NÃO – TERRA SIM, PCHs NÃO. E outras também continuarão a ser bradadas, como:  TERRA TITULADA, LIBERDADE CONQUISTADA – exigindo a titulação de todos os territórios quilombolas, indígenas, caiçaras, de pescadores artesanais; PRIVATIZAÇÃO NÃO – exigindo que o governo de São Paulo abandone o projeto de privatizar os Parques Estaduais, em que estão diversos territórios indígenas e quilombolas.

E com certeza, a cabeça erguida, o coração e o sangue aquecidos, e os pés e mãos em luta acolherão a energia espiritual, a mística que vem do amor de Deus e da amorosa Mãe Terra, e a teimosia e coragem virão da inspiração de Zumbi e dos que dedicaram sua vida a esta causa e agora estão entre os Encantados.
          
                 Ivo Poletto

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