quinta-feira, 26 de novembro de 2020

SURPRESA: AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA EM SP PODE ALIMENTAR 20 MILHÕES DE PESSOAS

 ESTE ESTUDO INDICA QUE SE DEVE LEVAR A SÉRIO O POTENCIAL DA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS EM GRANDES CIDADES, COMO SÃO PAULO. SEM QUE ISSO SIGNIFIQUE LIBERAR O AGRONEGÓCIO PARA A EXPORTAÇÃO, COM TODOS OS DESASTRES SOCIOAMBIENTAIS PROVOCADOS POR ELE...

 IHU, 26 de novembro de 2020

Agricultura urbana e periurbana em São Paulo pode alimentar 20 milhões de pessoas

 

Estudo do Escolhas mostra que agricultura urbana é opção para prover alimentos saudáveis para toda a população da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

A reportagem é publicada por EcoDebate, 25-11-2020.

A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) possui quase 22 milhões de habitantes, cerca de 10% do total da população brasileira. Para alimentar essa quantidade enorme de pessoas, todos os dias chegam à metrópole toneladas de insumos, de diferentes partes do país. Porém, novo estudo do Instituto Escolhas mostra que, com algumas medidas, é possível abastecer toda essa população com legumes e verduras produzidos localmente -o que diminui as perdas com o transporte e deixa a metrópole de São Paulo menos sujeita a problemas de oferta, como aconteceu durante a greve dos caminhoneiros de 2018 ou cogitou-se no início da pandemia de Covid-19.

Lançado nesta terça-feira (24/11), o estudo “Mais perto do que se imagina: os desafios da produção de alimentos na metrópole de São Paulo” traz dados de consumo, distribuição e comercialização de alimentos na RMSP hoje e, por meio de análises de caso, identifica entraves e traz recomendações do que pode ser feito para avançarmos nesse potencial de produção e abastecimento por meio da produção local. O estudo do Instituto Escolhas é realizado em parceria com o Urbem e tem o apoio da Porticus.

Entenda o estudo

Atualmente, a agricultura urbana e periurbana (dentro e nos arredores da cidade) já ocupa um lugar de relevância na região metropolitana de São Paulo. São mais de 5 mil estabelecimentos agropecuários ou 15,5% da área total da RMSP, sendo que os 39 municípios dessa região produzem 52% dos cogumelos e espinafre e cerca de 10% do repolho e alface de todo o país. O município com a maior participação é o de Mogi das Cruzes, com 35% do valor bruto da produção da região.

Em toda RMSP, mais de 1 milhão de pessoas, ou 13% da população local, estão diretamente ocupadas com alimentação, seja na produção, indústria e, principalmente, no comércio e serviços alimentares. O estudo partiu da análise desses dados secundários, que caracterizam o sistema alimentar da RMSP, para então analisar o potencial que essa produção local de alimentos tem para tornar esse sistema mais resiliente e sustentável.

Foram identificados diferentes tipos de agricultura existentes na metrópole, desde agriculturas comerciais (que têm maior capacidade de investimento e operam em pequena, média e grande escala), agriculturas multifuncionais (que, além da comercialização, também estão voltadas para o sustento da família), até mesmo iniciativas não voltadas à comercialização, como hortas institucionais, comunitárias e quintais produtivos. Em seguida, foi realizada uma avaliação da viabilidade econômico-financeira de alguns desses casos e uma simulação do seu potencial de abastecimento da metrópole.

Resultados

Os estudos de caso evidenciaram que o agricultor comercial de médio e grande porte na RMSP tem enfrentado altos custos de produção e baixos preços nos circuitos de comercialização convencional, com mais de um atravessador. Já o agricultor familiar que opta pela produção orgânica precisa garantir preços mais altos na comercialização, geralmente obtido por meio de circuitos curtos (venda direta ou com até um atravessador) e do acesso garantido à terra para se viabilizar economicamente.

Nas simulações realizadas pelo estudo, 200 hectares de áreas cultivadas por propriedades modelo em áreas urbanas da metrópole teriam o potencial de prover verduras e legumes para cerca de 80 mil pessoas e ocupar 1 mil trabalhadores. Essa extensão equivale à área de terrenos vagos no distrito de Sapopemba, no município de São Paulo, e o número de famílias que poderiam consumir os alimentos, 24 mil, corresponde a 1,5x o número de famílias beneficiárias do Bolsa Família naquele distrito. De forma mais expressiva, 60 mil hectares cultivados em propriedades modelo na área periurbana da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) teriam o potencial de abastecer com verduras e legumes 20 milhões de pessoas por ano e criar 180 mil novos postos de trabalho na metrópole. As duas simulações foram realizadas considerando a produção orgânica de alimentos.

“As simulações do estudo destacam o potencial da produção local de alimentos de abastecer a metrópole com alimentos saudáveis, como verduras e legumes, e de gerar emprego e renda para os seus moradores. Os números reforçam a importância dos gestores públicos passarem a considerar a agricultura no planejamento e políticas urbanas”, comenta Jaqueline Ferreira, Gerente do Instituto Escolhas e Coordenadora do estudo.

Link para o estudo: “Mais perto do que se imagina: os desafios da produção de alimentos na metrópole de São Paulo”, aqui.

Link para o relatório, aqui.

Link para a apresentação, aqui.

http://www.ihu.unisinos.br/605004-agricultura-urbana-e-periurbana-em-sao-paulo-pode-alimentar-20-milhoes-de-pessoas 

 

terça-feira, 24 de novembro de 2020

É O CAPITAL, E NÃO O SER HUMANO, QUE LEVA AO AQUECIMENTO DO PLANETA E A PANDEMIAS

 

 BOA SUGESTÃO DE CONCEITO - O CAPITALOCENO, EM LUGAR DO ANTROPOCENO. VEJAM AS RAZÕES NO ARTIGO QUE SEGUE.

 IHU, 24  de novembro de 2020

O Capitaloceno e as pandemias

“As crises sanitária, climática e ecológica estão intimamente relacionadas e se explicam em boa medida por um sistema capitalista que gira em torno do crescimento econômico constante, em um planeta com recursos finitos, encontrando os limites de suas próprias dinâmicas”, escreve Antón Fernández Piñero, biólogo, em artigo publicado por El Salto, 21-11-2020. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

A Peste Negra foi uma pandemia que marcou tanto física como espiritualmente o mundo ocidental, na Idade Média. Esta doença estava localizada nos vales do Afeganistão até que a rota da seda e as invasões mongóis favoreceram sua expansão por todo o mundo. As consequências são bem conhecidas. É que a história não só é escrita pelas quedas de impérios, conquistas de novos continentes e invenções tecnológicas, mas também por pandemias globais que atuam revolucionando a mentalidade das sociedades.

De modo análogo à Peste Negra, mas com sete séculos de distância, a pandemia provocada pelo SARS-CoV-2 está mudando o mundo, embora existam diferenças. O patógeno, por exemplo, não é uma bactéria, mas um vírus e enquanto a peste matou de um terço a metade da população europeia, no século XIV, a atual pandemia é muito menos mortífera, fundamentalmente pelas próprias características biológicas do vírus e pelo desenvolvimento da ciência e da medicina moderna.

No entanto, as duas doenças compartilham o fato de surgir e se expandir como resultado do aumento das interações humanas no globo. As razões estão em um conjunto de fatores derivados de uma economia que comercializa bens e serviços, sem se importar com os custos sociais e ecológicos, desde que seja lucrativo economicamente, mesmo que a longo prazo isto seja paradoxalmente negativo para os mercados.

O Capitaloceno e a urgência da estratégia preventiva

Neste mesmo ano, a IPBES (Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos) elaborou um relatório exaustivo com o trabalho de mais de 150 especialistas e outros 350 colaboradores alertando que futuras pandemias emergirão com maior frequência, proliferarão mais rápido, afetarão mais a economia e serão mais letais que a covid-19, a não ser que haja uma mudança transformadora de enfoque na luta contra as doenças infecciosas, passando da reação à prevenção.

Desde a mal denominada “gripe espanhola” de 1918, seis pandemias se espalharam pelo mundo: três do vírus da gripe, o SIDA, o SARS e o Covid-19. Sua frequência está aumentando. Estimam-se de 631.000 a 827.000 os vírus desconhecidos com capacidade de infectar os humanos. Ao mesmo tempo, os custos econômicos atuais são 100 vezes superiores aos estimados para a estratégia preventiva.

O relatório afirma que somente por meio de uma “mudança transformadora dos fatores econômicos, sociais, políticos e tecnológicos” é possível alcançar os objetivos e as metas de Aichi, fixadas para proteger a biodiversidade e os bens e serviços de importância capital que a natureza nos oferece. Uma das características citadas desta mudança, que se requer urgente, é “a evolução dos sistemas econômicos e financeiros para desenvolver uma economia sustentável em nível mundial, que se distancie das limitações do atual paradigma do crescimento econômico”. Uma mudança de paradigma que está na mesma base da filosofia do modo de produção capitalista.

O Capitaloceno é um conceito proposto para a era geológica atual que surge como resposta ao de Antropoceno, que aponta a atividade humana sem exceção e o crescimento demográfico como responsáveis pela alteração dos ciclos geoquímicos globais. Não obstante, por ser etnocêntrico e injusto, este enfoque foi reformulado por alguns autores que defendem que a responsabilidade na alteração dos ciclos geoquímicos é das atividades humanas sob o sistema de relações socioeconômicas dominante.

A conquista da América permitiu e favoreceu o comércio mundial, robustecendo a burguesia e sua influência econômica e política. As revoluções industriais que se sucederam, a partir de fins do século XVIII, basearam-se no aumento exponencial da demanda por energia fóssil, nas invenções tecnológicas e em uma atitude receptiva em relação à evolução da técnica. O desenvolvimento da civilização moderna acelerou o crescimento da economia global e os impactos do ser humano no meio ambiente, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, permitindo um auge demográfico sem precedentes.

Apesar da inegável importância do aumento da população total sobre os recursos limitados do planeta Terra, este não é o fator mais importante, mas a voracidade energética de uns poucos. A proporção do PIB por habitante quase multiplica por dois, nos últimos dois séculos, a proporção de crescimento da população, o que significa que a crise ambiental é consequência do aumento da produção e do consumo por habitante, em vez do aumento populacional.

Um relatório da OXFAM conclui que a mudança climática está indissoluvelmente ligada à desigualdade econômica, porque está baseada nas emissões dos ricos, que afetam e afetarão em maior medida os pobres. Por exemplo, os 10% mais ricos da população mundial emitem 49% das emissões totais de Gases do Efeito Estufa, ao passo que os 50% da população mundial mais pobres emitem apenas 10% do total.

A importância de se ter ecossistemas sadios

A causa-efeito entre a destruição dos ecossistemas e a propagação de novas doenças é evidente. É o que afirmam as principais organizações internacionais dedicadas a seu estudo. A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) publicou recentemente um relatório que avalia o estado das matas em nível global, a cada dez anos. Destaca que a extensão total das matas está diminuindo a um ritmo de 10 milhões de hectares por ano e que, desde 1990, desapareceram 420 milhões de hectares. Atualmente, ocupam 4,06 bilhões de hectares, ou seja, 31% da superfície terrestre.

Embora o ritmo de desmatamento esteja diminuindo desde 1990, são principalmente as matas nativas dos trópicos, que acumulam a maior parte da biodiversidade terrestre, que estão sendo dizimadas.

A agricultura industrial é o fator mais importante de tal desmatamento devido principalmente aos cultivos de alimentos para o gado, sintoma da necessidade de se mudar os sistemas alimentares atuais. A agricultura local de subsistência, a urbanização, a construção de infraestruturas e a mineração são as outras causas mais importantes do desmatamento.

Neste contexto, a conservação dos ecossistemas, e mais concretamente das matas nativas, se apresenta vital porque oferecem bens e serviços de um valor incalculável. Alguns de uso direto, como alimentos, fármacos e energia, e outros de uso indireto, talvez mais intangíveis, mas importantíssimos em nível global, como a purificação da água, o controle da erosão e o controle das pragas e doenças.

A biodiversidade atua controlando diversas pragas e doenças por meio de um efeito de diluição e de corta-fogo. Quando muitas espécies convivem em um ecossistema, a probabilidade de que um patógeno infecte uma espécie em concreto é menor. Além disso, o patógeno pode ver bloqueado seu desenvolvimento ao se hospedar em certas espécies onde não é capaz de se reproduzir.

As redes tróficas também equilibram a expansão exagerada de certas espécies. Ou seja, quando há muitos indivíduos de uma espécie, outras equilibram a balança, depredando-a ou parasitando-a. Isto é especialmente importante quando uma determinada espécie possui uma alta carga viral (quantidade de partícula viral que pode estar presente no sangue de uma espécie) que varia de uma espécie para outra.

Outro fator muito importante é que muitas vezes as espécies que atuam como reservatórios de vírus são generalistas, podendo se desenvolver e sobreviver em diversas condições ambientais. Desta maneira, os patógenos são regulados por um complexo equilíbrio de interações entre diferentes espécies.

No entanto, a transmissão de uma doença animal a um humano (zoonose) é favorecida quando um ecossistema é afetado por algum tipo de perturbação, como o corte de uma mata ou um incêndio, porque este equilíbrio se vê alterado. A consequência direta é o surgimento de doenças emergentes e reemergentes, em sua maioria de origem animal e potencialmente zoonóticas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que 75% das novas doenças humanas são de origem animal. Exemplos disto são a covid-19, a febre do Nilo Ocidental, a SARS de 2002 e uma longa lista de outras doenças.

A globalização provocou um enorme aumento na velocidade e no volume do tráfego de mercadorias e de viajantes, mas também de patógenos e de seus hóspedes animais. O contrabando de animais é um negócio que movimentou, em 2019, 107 bilhões de euros e 24% das espécies de vertebrados, representando uma das principais causas da perda de biodiversidade em nível global, já que este mercado se retroalimenta com o desmatamento. A tendência global de urbanização, assim como sua expansão em detrimento das matas, aumenta não só a probabilidade de contagiar e ser contagiado, como também a exposição aos animais selvagens. A receita perfeita para uma pandemia global.

Longe de teorias conspiratórias sobre a criação artificial de uma arma biológica em forma de vírus, que não se sustentam, no sudeste asiático, todos estes fatores seguem atuando conjuntamente, há muito tempo, e posicionam um mercado de animais vivos como o cenário mais provável onde ocorreu a primeira infecção por SARS-CoV-2. Por que estas teorias não se sustentam? Dito de um modo popular, porque a natureza é mais velha que a ciência, o que significa que também é mais inteligente.

Segundo um estudo científico que discute as diferentes hipóteses sobre a origem do vírus, “é improvável que o SARS-CoV-2 tenha nascido de uma manipulação, em um laboratório, de um coronavírus causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave”, porque a proteína do vírus que se une a um receptor celular humano está otimizada de tal modo que nem sequer pode ser prevista pelas simulações informáticas que recriam todas as possíveis modificações genéticas que poderiam ser realizadas para fabricá-la.

Sendo assim, as hipóteses mais plausíveis se baseiam na seleção natural do vírus. De um ou de vários hóspedes animais prévios à zoonose ou da seleção natural do vírus em humanos. Existe evidência de que seus hospedeiros primários são morcegos, já que estes constituem um reservatório natural de uma grande variedade de coronavírus. Ao sequenciar o genoma do morcego Rhinolophus affinis, descobriu-se um coronavírus que é 96,2% semelhante geneticamente ao SARS-CoV-2 (causador da Covid-19) e 80% semelhante ao SARS-CoV que provocou a epidemia de 2002 na China.

No Mercado de Huanan, em Wuhan (China), eram vendidos animais selvagens vivos (entre eles os morcegos) e em alguns casos exóticos, razão pela qual é muito provável que pudessem afetar outros animais no processo para acabar saltando aos humanos.

Outro fato que apoia esta hipótese é que o estresse sofrido por estes animais aumenta a probabilidade de adoecer e transmitir a doença, ao se fragilizar seu sistema imune. Até agora não é possível reconstruir 100% a história, mas entre os hóspedes intermediários estimados como possibilidades estão as serpentes e os pangolins.

Em definitivo, as crises sanitária, climática e ecológica estão intimamente relacionadas e se explicam em boa medida por um sistema capitalista que gira em torno do crescimento econômico constante, em um planeta com recursos finitos, encontrando os limites de suas próprias dinâmicas.

Parece existir um paralelismo com a pandemia da Peste Negra, mas, neste caso, a mudança de mentalidade deve resultar em um maior respeito à natureza. A Terra está enviando sinais para mudar nossa maneira de nos relacionarmos com ela.

 

http://www.ihu.unisinos.br/604930-o-capitaloceno-e-as-pandemias 

 

domingo, 22 de novembro de 2020

CARTA DE MOCOA - 9º FÓRUM SOCIAL PAN-AMAZÔNICO

 CARTA DE MOCOA

9º FÓRUM SOCIAL PAN-AMAZÔNICO

12 a 15 de novembro de 2020

Compartilhamos a carta de Mocoa, um documento que reúne as reflexões e apostas pela defesa e cuidado da Amazônia que temos tecido, mapeado e construído coletivamente com comunidades, povos, processos sociais e organizações dos 9 países da Bacia Amazônica, nesta caminhada coletiva desde Tarapoto no ano 2017 até nosso recente IX Encontro Virtual Internacional.

A Carta de Mocoa reúne os sentimentos expressos nos 14 pré-fóruns nacionais e locais realizados na Bacia como prelúdio ao IX Fospa, assim como o trabalho realizado com amor e compromisso durante os dias 12, 13, 14 e 15 de novembro deste ano, em 23 grupos de trabalho e 7 sessões plenárias onde centenas de pessoas da Amazônia e de outros lugares do mundo convergiram e participaram ativamente.

BAIXE AQUI A CARTA MOCOA EM PORTUGUÊS

http://www.forosocialpanamazonico.com/wp-content/uploads/2020/11/CARTA%CC%83O-MOCOA.pdf

 

 

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

VEJA A HISTÓRIA PROFÉTICA DE GRETA THUMBERG

COMO NO ARTIGO APARECE MUITO FORTE A LINGUAGEM BÍBLICA, VALE A PERGUNTA: QUANTOS CRISTÃOS E CRISTÃS ACOLHERAM SUA PROFECIA DE AMOR À MÃE TERRA, À VIDA?

MINHA PRECE: QUE DEUS MOVA OS CORAÇÕES DAS PESSOAS E IGREJAS QUE USAM SEU NOME E DIZEM QUE O AMAM !

IHU, 18 de novembro de 2020

 “Eu sou Greta” é o grito de guerra dos ativistas pela justiça climática

 As frias águas do Atlântico batem contra o barco à vela durante seu caminho do Reino Unido para a Cidade de Nova Iorque. Isso não é simples, nem uma jornada fácil, mas isso ocorre devido ao que afeta a vida de todos no planeta. Uma jovem, de então 16 anos de idade, Greta Thunberg, senta-se entre as anteparas do barco enquanto a água bate nas vigias. Ela chora. “Isso é tanta responsabilidade. Eu não quero ter que fazer tudo assim. Isso é muito para mim”, ela diz. Mas ela fez isso. Até a crise climática não existir mais, ela continuará lutando.

O documentário da plataforma Hulu, “I am Greta” (2020) é vital porque o compromisso a todo vapor de Greta Thunberg em defender o clima e a justiça ambiental é vital. Greta é quem ela é e faz o que ela faz porque ela sabe disso. “Eu não devo ser o foco, porque o que há de tão bom neste movimento, é que todos estão contribuindo igualmente”, explica ela. “Juntos podemos fazer a diferença”.

A reportagem é publicada por America, 16-11-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

I am Greta”, então, é sobre Greta ao mesmo tempo que não é. As filmagens a seguem desde sua postagem inicial aos pés do Riksdag sueco, o parlamento nacional da Suécia, onde seu famoso cartaz “Skolstrejk för Klimatet” (“Greve escolar pelo clima”) declara uma campanha contra as emissões de carbono e a destruição ecológica, até várias aparições perante as Nações Unidas, vários encontros com parlamentos europeus e um aperto de mão com o papa Francisco. A equipe de filmagem participa de momentos íntimos; especialmente cativantes são as muitas risadas e intensas trocas diretas que ela compartilha com seu pai, Svante, que embala latas de feijão e banana, sabe quando ela está se sentindo mal, coloca o lençol em seu beliche do trem e fica ao seu lado – cruzando fronteiras e oceanos em uma manifestação viva de acompanhamento.

Como os profetas do Antigo Testamento que se enfurecem contra os poderes opressores e a injustiça apenas para encontrar um silêncio relativo, Greta perguntou: “Como vocês ousam?”, na Cúpula das Nações Unidas para a Ação Climática de 2019. “Como vocês ousam continuar desviando o olhar?”. Para uma jovem que observa em desespero e indignação como as potências mundiais e estilos de vida continuam a causar consequências desastrosas no presente e no futuro de nosso planeta, suas palavras e sua determinação na Cúpula para a Ação Climática da ONU são vivificantes. Seu trabalho por justiça climática ecoa uma certa essência de Jesus que cuidou da vida da terra; o Jesus que curou e alimentou a muitos; o Jesus que reverenciou as Escrituras que revelam que Deus ama sua criação “porque é muito boa”; e o Jesus que protestou contra a ganância e o poder que prejudicam a vida:

As pessoas estão sofrendo. Pessoas estão morrendo. Ecossistemas inteiros estão entrando em colapso. Estamos no início de uma extinção em massa e tudo o que você pode falar é sobre dinheiro e contos de fadas de crescimento econômico eterno. Como você ousa!

O Papa quer conhecê-la”, contam à Greta no filme. “Todo o mundo católico apoia Greta”. Ela responde a essa afirmação com uma expressão muito cética – o mundo católico inteiro apoia Greta? As autoridades do Vaticano a chamaram de “grande testemunha” do ensino da Igreja sobre o meio ambiente e o cuidado com os outros. Mas existe outro sentimento: “O que isso faz para ajudar na salvação das almas?”, alguém perguntou em um tuíte recente quando a diocese de Richmond investiu em energia solar.

Quando ela era criança, Greta Thunberg aprendeu sobre a crise climática, e a ansiedade e depressão que se seguiram foram quase catastróficas. Ela parou de comer. Ela parou de falar. Ela quase morreu de fome, como explica no documentário. A destruição que os humanos estavam causando à terra e ao futuro a devastou. E então, como uma adolescente, ela começou a trabalhar. O que a ativista Greta Thunberg tem a ver com amor? O que cuidar de nosso lar comum tem a ver com a salvação?

É o mesmo Deus “que fez o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há; quem mantém a fé para sempre; quem faz justiça pelos oprimidos; que dá alimento aos famintos” (Sl 146, 6-7). É o mesmo Deus. O Deus que dá a vida, o Deus que a sustenta. O Deus que se preocupa com o que acontece aqui.

Eu Sou Greta” é um choro forte, um choro bom, um choro de coração partido, um grito de guerra. O que acontece aqui, nesta terra, importa, e Greta abriu a vida e os braços para receber os tantos que lutarão ao seu lado. Venha sentir o balançar do barco, o quão necessárias são as ondas.

Acesse o filme com este link:

 https://youtu.be/xDdEWkA15Rg

 

http://www.ihu.unisinos.br/604758-eu-sou-greta-e-o-grito-de-guerra-dos-ativistas-pela-justica-climatica 

 

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

VITÓRIA: 50 QUILOMBOLAS ELEITOS

 

PARABÉNS, POVO DO CONAQ, É ASSIM QUE SE AVANÇA PARA QUE A REPRESENTAÇÃO SEJA MAIS VERDADEIRA E DEMOCRÁTICA. SUCESSO ESPECIAL AO NOVO PREFEITO DE CAVALCANTE, GO, VILMAR KALUNGA. É PRA FRENE QUE SE CAMINHA!

 CONAQ - 16 nov

Eleições 2020: Conaq comemora vitória de mais de 50 quilombolas eleitos para o executivo e legislativo em  nove estados

Por Maryellen Crisóstomo

Pela primeira vez a população quilombola participou de maneira expressiva das disputas eleitorais, na maioria dos Estados em que a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) atua, cerca de 500 quilombolas se dispuseram a lutar por uma vaga tanto no executivo quanto no legislativo. O resultado preliminar aponta 50 quilombolas eleitos, sendo: 1 prefeito, 1 vice-prefeito e 54 vereadores.  

Sobre os resultados alcançado: “é uma grande revolução”, avalia a Coordenadora Sandra Pereira Braga, do Estado de Goiás, onde foi eleito o prefeito Vilmar Kalunga, em Cavalcante. “É muito importante para a CONAQ ter esses representantes porque reforça que nós precisamos ocupar esse espaço de poder. Esse resultado também é importante para o empoderamento do território e da comunidade e isso vai servir de modelo para todo o Brasil”, ressalta Braga.

Contudo, para o Coordenador Antônio Crioulo que acompanhou de perto a pauta das candidaturas quilombolas, realizando reuniões de mobilização com lideranças de todos os 23 Estados em que a Conaq atua, avalia os resultados como fortalecimento da pauta quilombola. “Esse resultado representa acima de tudo o reconhecimento da luta incansável dessas lideranças pelos seus territórios”, destaca Crioulo.

O trabalho continua

Segundo Crioulo a Conaq agora deve criar um grupo de trabalho com os representantes eleitos para construir planos de trabalhos alinhados com a pauta nacional quilombola. “Vamos construir com eles as pautas referentes à educação, à saúde, acesso ao território e ao fortalecimento da identidade quilombola. Acreditamos que fortalecendo esses eixos como pauta prioritária, nós estaremos fortalecendo as comunidades, mas, também lembrando de sub-eixos importantes como a questão do acesso a emprego e renda, à sustentabilidade, à  agricultura, todas essas serão pautas que nós vamos construir com esse povo quilombola eleito”, explica.

Dessa forma, a Coordenadora Sandra Braga também aponta essas vitórias como oportunidade de potencializar a pauta quilombola nos espaços políticos. “Como a questão do território e da luta, tendo nesse pleito a participação de vereadores e prefeito quilombola”, ressalta.

 De olho em 2022

Os resultados dessas eleições são um termômetro para a Conaq avançar na discussão em prol de candidaturas para a representação quilombola nas assembleias legislativas e no Congresso, e até para o executivo. 

Por isso, “nosso objetivo quando apoiamos essas candidaturas foi possibilitar uma estrutura que dialogasse com a pauta nacional quilombola. E também pensando no futuro, pautar isso a nível de Estado, além de avaliar a maneira como a CONAQ vai atuar para garantir que tenhamos representantes a nível estadual fortalecendo a pauta do movimento”, ressalta Crioulo.

Em consonância, Sandra também aponta que esses resultados servem para nortear a mobilização da Conaq no sentido de potencializar as candidaturas quilombolas nos próximos pleitos. “Que possamos trabalhar para fortalecer e empoderar mais as candidaturas quilombolas. Que nas próximas eleições tenhamos mais e mais quilombolas por esse Brasil afora no pleito, defendendo e fazendo valer nossos direitos”, pondera.

A presença de quilombolas no legislativo e executivo assegura a visibilidade da pauta e garantia dos direitos.

 

 http://conaq.org.br/noticias/mais-de-50-quilombolas-eleitos-para-o-executivo-e-legislativo-em-nove-estados/

 

domingo, 15 de novembro de 2020

LÍDER ESPIRITUAL DALI LAMA DEFENDE AÇÃO URGENTE CONTRA CAUSAS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

 CLIMAINFO, 13 de novembro de 2020

 Dalai Lama defende ação climática urgente

Mais um líder espiritual global fala em favor da ação climática. Desta vez foi o Dalai Lama, que apelou aos líderes mundiais para que tomem medidas urgentes contra a mudança climática, alertando sobre a destruição ambiental que afeta a vida de bilhões de pessoas e está arruinando o planeta, incluindo seu país natal, o Tibete. Como um apelo à ação, ele lançou um livro declarando que se voltasse a este mundo, “Buda seria verde”. O líder budista, que tem mais de 500 milhões de seguidores em todo o mundo, elogiou Greta Thunberg e outros jovens ativistas do clima por liderarem a luta por medidas mais duras para combater o aquecimento global. Em seu livro, ele também escreve que Buda “certamente estaria conectado à campanha para proteger o meio ambiente”.

As palavras do Dalai Lama foram repercutidas pelos Guardian, Independent, Ecowatch e The Hill.

 

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

POVO DO PERU CONTRA O GOLPE DE ESTADO

 

 SOLIDARIEDADE COM O POVO PERUANO MOBILIZADO CONTRA MAIS UM GOLPE DE ESTADO. QUE A CIDADANIA SEJA VITORIOSA E A LEGALIDADE CONSTITUCIONAL SEJA RENOVADA.

NO AL GOLPE DE ESTADO

Las instituciones y organizaciones sociales abajo firmantes expresamos lo siguiente:

  • Rechazamos el golpe de Estado y esta vacancia presidencial que distorsiona el artículo 113 de la Constitución, referido a la “incapacidad moral permanente”, y deja al país en una situación de incertidumbre, en el preciso momento que enfrentamos la mayor crisis sanitaria, económica y social.
  • La decisión del Congreso pone en cuestión el Estado de Derecho, el equilibrio entre poderes del Estado, los avances en la lucha contra la corrupción y la independencia del sistema de justicia, como es la elección de las y los magistrados del Tribunal Constitucional, entre otras importantes autoridades judiciales y fiscales.

Ante las actuales circunstancias, exigimos:

  • Al Congreso de la República respetar el Estado de Derecho y reconsiderar la votación que aprobó una vacancia inconstitucional, y que adolece de nulidad.
  • Asimismo, suspenda el proceso de elección de las y los miembros del Tribunal Constitucional por no contar con las garantías de imparcialidad ni transparencia. Y se separe de las comisiones parlamentarias a las y los congresistas que tengan sentencias judiciales firmes y/o investigaciones por delitos de corrupción.
  • Al Pleno del Congreso, se garantice el cumplimiento del calendario electoral de las elecciones generales del 11 de abril y el respeto de la autonomía de los organismos electorales.
  • Al Tribunal Constitucional resuelva con carácter de urgencia la demanda competencial presentada por el Poder Ejecutivo, especificando los parámetros que evite el uso arbitrario de la causal de incapacidad moral permanente a fin de impedir su uso en beneficio de intereses subalternos.
  • A todos los poderes y autoridades del Estado, defender y garantizar el orden constitucional, el respeto a las instituciones, la democracia y la transparencia.
  • Asimismo, se garantice el derecho a la libertad de expresión y el derecho a la protesta de las movilizaciones ciudadanas en rechazo al golpe de Estado.

Recordamos al Congreso de la República y al país que la Constitución, en su artículo 46, dispone que: “Nadie debe obediencia a un gobierno usurpador, ni a quienes asumen funciones públicas en violación de la Constitución y de las leyes. La población civil tiene el derecho de insurgencia en defensa del orden constitucional…”.

Solicitamos a la OEA la aplicación de la Carta Democrática, y a la comunidad internacional a expresar su rechazo al golpe de Estado.

Finalmente, convocamos a las organizaciones sociales y gremiales, y a la ciudadanía en general, a mantenernos vigilantes y en movilización permanente a nivel nacional hasta el restablecimiento del orden democrático.

Perú, 10 de noviembre del 2020

 

  1. 13 Brujas
  2. Acción por los Niños
  3. Aldeas Infantiles SOS Perú
  4. Alsakuy Agroecológica
  5. AMAS Marianistas
  6. Articulación de Lesbianas Feministas de Lima
  7. ASAP
  8. Asociación Ágape
  9. Asociación Agenda Mujeres
  10. Asociación Amar C
  11. Asociación Arariwa
  12. Asociación Civil Centro de Cultura Popular Labor
  13. Asociación Civil Centro de Desarrollo Andino – Sisay
  14. Asociación Civil JAPIQAY, Memoria y Ciudadanía
  15. Asociación de jóvenes indígenas amazónicos del Megantoni
  16. Asociación Nacional de Familiares de Desaparecidos, Ejecutados Extrajudicialmente y Torturados – ANFADET
  17. Asociación Nacional de Familiares de Secuestrados, Detenidos y Desaparecidos del Perú – ANFASEP
  18. Asociación Pro Derechos Humanos – APRODEH
  19. Asociación PRODEMU
  20. Asociación Servicios Educativos Rurales
  21. Asociación WAYRA
  22. CAPAZ PERÚ
  23. Casa Bagre
  24. Centro Amazónico de Antropología y Aplicación Práctica
  25. Centro Cristo Rey
  26. Centro de Desarrollo Andino Amazónico
  27. Centro de Políticas Públicas y Derechos Humanos- Perú EQUIDAD
  28. Centro de Promoción y Desarrollo Poblacional- CEPRODEP
  29. CISMA Pukara EIRL
  30. Colectiva 8M
  31. Colectivo Por La Igualdad de Género
  32. Colectivo por la Igualdad Huancavelica
  33. Colectivo Sonqo Warmi Cusco
  34. Colectivo Yuyananchis
  35. Colegio de Sociólogos de Piura
  36. Comité de América Latina y el Caribe para la defensa de los derechos de las mujeres-CLADEM Perú
  37. Comunidad Nativa Arizona Portillo
  38. Conectar para Actuar
  39. CooperAcción
  40. Coordinadora Nacional de Derechos Humanos – CNDDHH
  41. CPM Micaela Bastidas
  42. Demus
  43. Derecho Ambiente y Recursos Naturales
  44. Derecho, Interculturalidad y Ambiente
  45. DIACONIA
  46. Ecomenstruantes Perú
  47. Emma y Yo
  48. Epicentro Trujillo
  49. Esclavas de Corazón de Jesús
  50. FEDECMA
  51. FENUPETROL
  52. Foro Ecológico del Perú
  53. Forum Solidaridad Perú
  54. FOVIDA-Fomento de la vida
  55. GirlGov Perú
  56. GirlGov Perú en Acción
  57. GNRC-Perú
  58. Grupo de Justicia Fiscal
  59. Grupo de Seguimiento a las Esterilizaciones Forzadas
  60. Grupo de Trabajo de Salud Mental de la Coordinadora Nacional de Derechos Humanos-GTSM
  61. Grupo Impulsor de Mujeres y Cambio Climático GIMCC
  62. Iglesia Luterana del Perú
  63. Illa, Centro de Educación y Comunicación
  64. Industrias Creativas Tesla
  65. Instituto de Defensa Legal
  66. Instituto Promoviendo Desarrollo Social – IPRODES
  67. Jóvenes Peruanos frente al Cambio Climático
  68. Juntos Perú
  69. Juventud cristiana por la democracia
  70. Kachkaniraqmi
  71. Kusi Ayllu
  72. Lesbianas Independientes Feministas Socialistas – LIFS
  73. Madres en Acción
  74. Más Igualdad Perú
  75. Mesa de Salud Ambiental y Humana
  76. Movimiento Ciudadano frente al Cambio Climático – MOCICC
  77. Movimiento Ciudadano por la Igualdad de Género
  78. Movimiento de Promoción Por Los Derechos Humanos de las Mujeres AMHAUTA
  79. Movimiento Manuela Ramos
  80. Movimiento Tzuk Kim-pop
  81. Ni Una Menos Arequipa
  82. Observatorio de los Derechos Sexuales y Reproductivos de las personas con discapacidad
  83. Parió Paula Percusión
  84. Paz y Esperanza
  85. Plataforma de la Sociedad Civil sobre Empresas y Derechos Humanos
  86. Plataforma de Recursos Naturales y Desarrollo Sostenible – RENADES
  87. Plataforma para el Ordenamiento Territorial
  88. Plataforma para la Gobernanza Responsable de la Tierra
  89. ProgettoMondo Mlal
  90. Programa Laboral de Desarrollo
  91. Promotoras legales de Villa el Salvador
  92. PsicólogaMente Perú
  93. Quinta Ola
  94. Red Muqui
  95. Red para la infancia y la familia – Perú
  96. Red Peruana por una Globalización con Equidad (RedGE)
  97. Red Regional Agua Desarrollo y Democracia
  98. Renovemos
  99. I Girl Up
  100. SEDYS – Trujillo
  101. Smiles and Hope Peru
  102. Sostenibles – Colectivo Ciclista Feminista
  103. Sub Grupo sobre Derrames petroleros
  104. Tambora Resistencia
  105. Terre des Hommes Suisse
  106. Tránsito – Vías de Comunicación Escénica
  107. Tu y Yo activismo
  108. Voce en linea Perú

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

POVOS E RIO XINGU ESTÃO MORRENDO. QUEM RESPONDE PELO CRIME?

 E AGORA, GILBERTO CARVALHO, VOCÊ QUE NOS DECLAROU: "A HIDRELÉTRICA BELO MONTE VAI SER CONSTRUÍDA, É DECISÃO DE GOVERNO E VOCÊS VÃO TER ENGOLIR", VAI MOBILIZAR SEU EX-GOVERNO PARA ASSUMIR AS RESPONSABILIDADES PELAS AMEAÇAS À VIDA DOS POVOS E COMUNIDADES, DA FLORESTA, DOS PEIXES E DO PRÓPRIO XINGU?

AFINAL, QUEM SE FEZ DE SURDO E CEGO DIANTE DE TANTAS ADVERTÊNCIAS DOS POVOS, DOS CIENTISTAS E DO MINISTÉRIO PÚBLICO, IMPONDO UMA OBRA EVIDENTEMENTE INVIÁVEL EM NOME DA VAIDADE DE REALIZAR O QUE OUTROS NÃO CONSEGUIRAM, PRECISA ASSUMIR A RESPONSABILIDADE PELO CRIME COMETIDO, E QUE AGORA REVELA SEUS EFEITOS.

A ÚNICA MEDIDA QUE TERIA CARÁTER DE HUMANIDADE SERIA A DERRUBADA DA BARRAGEM E A DEVOLUÇÃO DA VIDA AO RIO E AOS SEUS POVOS. QUEM FARÁ ISSO?

AS OUTRAS ALTERNATIVAS: CONSTRUÇÃO DE MAIS BARRAGENS PARA GARANTIR ÁGUA ESTOCADA, CONSTRUÇÃO DE TERMELÉTRICAS A GÁS PARA SUPRIR O QUE A BELO MONTE SE COMPROMETEU ENTREGAR DE ENERGIA, SERÃO APENAS NOVOS CRIMES CONTRA A VIDA, NOVAS OBRAS QUE APRESSARÃO A CATÁSTROFE ECOLÓGICA E SOCIAL JÁ EM CONSTRUÇÃO POR TODAS AS INICIATIVAS ECONÔMCICAS CAPITALISTAS IRRACIONAIS QUE INSISTEM EM PROVOCAR O AQUECIMENTO DO PLANETA.    

TOTAL E IRRESTRITA SOLIDARIEDADE AOS POVOS DO XINGU REBELADOS!

 

 IHU - 11 de novembro de 2020

Comunidades de 5 municípios trancam a Transamazônica por liberação de água no Xingu

Em protesto contra vazão ineficiente para que ocorra a piracema - período em que os peixes migram para a cabeceira dos rios para se reproduzirem – 150 pessoas impediram o fluxo de automóveis no km 27 da BR-230. Nível do rio é controlado pela barragem da hidrelétrica de Belo Monte. Escassez de água, além de impedir a piracema, dificulta navegação no Rio Xingu e produção de alimentos pelas comunidades locais.

A reportagem[1] é publicada por Comissão Pastoral da Terra – CPT, 09-11-2020.

Na manhã desta segunda, 9, cerca de 150 pescadores, ribeirinhos, pequenos agricultores e indígenas Curuaya e Xipaya dos municípios de Altamira, Senador José Porfírio, Brasil Novo, Anapu e Vitória do Xingu ocuparam o KM 27 da Transamazônica em um protesto contra a Norte Energia, concessionária da hidrelétrica de Belo Monte no Pará. De acordo com os manifestantes, o ato exige a liberação, entre novembro de 2020 e março de 2021, de água suficiente para possibilitar a ocorrência da piracema (reprodução dos peixes) em 2021 na Volta Grande do Xingu.

A vazão normal da Volta Grande do Xingu, um trecho de cerca de 100 km do rio, foi alterada drasticamente desde o início do funcionamento de Belo Monte, uma vez que as águas são desviadas para as turbinas da usina. A Norte Energia propôs a liberação de um volume de água considerado de longe insuficiente para a reprodução da fauna por especialistas de cerca de 8 universidades brasileiras (o chamado Painel de Especialistas)[2], pelo Ministério Público Federal, pelo Ibama e pela Funai.

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De acordo com os manifestantes, o baixo nível de água da Volta Grande impediu a ocorrência da piracema nos últimos dois anos, o que está provocando um vertiginoso despovoamento de peixes do rio e uma consequente crise na segurança alimentar e na renda de quem vive da pesca. Além disso, a navegação do Xingu está cada vez mais difícil, o que afeta todo o fluxo de mobilidade da população local, composta por pescadores, ribeirinhos, agricultores e comunidades indígenas. Esta situação atingiu níveis catastróficos desde o início da pandemia do Covid-19 em março deste ano.

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Em 2020, a região do Médio Xingu sofreu uma das mais severas secas dos últimos 50 anos. Muitos igarapés tributários do Xingu secaram, o que ocasionou uma mortandade de peixes e tem levado a uma perda acelerada das roças dos agricultores da Volta Grande. De acordo com eles, o stress hídrico potencializado por Belo Monte na região do Médio Xingu afetou a produção de alimentos e a atividade econômica também das famílias que vivem da agricultura.

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Ainda segundos os manifestantes, o protesto desta segunda exige que o Ibama suspenda a Licença de Operação de Belo Monte até que a Norte Energia garanta uma vazão mínima de 16.000 m³/s na Volta Grande do Xingu para que a reprodução da fauna e da flora seja garantida no período da piracema.

Na Justiça

A Norte Energia tem demandado um volume de água para uso de Belo Monte que chega a diminuir 80% da vazão normal da Volta Grande do Xingu. É o que a empresa chama de Hidrograma de Consenso, esquema que queria aplicar a partir de novembro de 2019. Em função da completa inviabilidade deste hidrograma, o Ibama soltou um despacho no início de 2020 no qual estipula um hidrograma alternativo, de longe insuficiente para garantir a reprodução da vida da fauna e das atividades econômicas das comunidades beradeiras, de acordo com os manifestantes. No início de outubro, a Norte Energia entrou na justiça com um recurso contra o despacho do Ibama, que foi indeferido em primeira instância. A empresa recorreu ao TRF1.

Leia abaixo a declaração da manifestação: 

Declaração

Manifestação pela garantia da Piracema 2021

Nós, pescadoras e pescadores, ribeirinhas e ribeirinhos, agricultoras e agricultores, e indígenas Curuaya e Xipaya, presentes nesta manifestação, declaramos que decidimos colocar em risco nossa segurança e a de nossas famílias, arriscando-nos nesta ação de desobediência civil pacífica e desesperada num momento de pandemia, porque não nos resta mais NENHUM recurso: o Xingu está morrendo, e não vemos NENHUMA saída para a nossa sobrevivência, a dos nossos idosos e de nossas crianças, caso não tenhamos, nós e as autoridades competentes, a determinação de mudar esta situação.

A seca do Xingu nesse ano de 2020 é uma das mais severas dos últimos tempos. Em relação ao ano passado, o volume de água do rio sofreu uma diminuição de quase 40% no mês de outubro, e muitos dos igarapés que alimentam o Xingu, como o Altamira, Ambé ou Trindade, entre outros, estão secando, formando lagos que vão se cobrindo de peixes mortos.

Para a população do Médio Xingu que depende do rio e dos igarapés para a pesca, a locomoção, o consumo de água e a irrigação das roças, esta situação está tomando proporções catastróficas. Centenas de famílias duramente impactadas pela Covid-19 em sua segurança alimentar não apenas estão passando fome, mas perdendo completamente seus meios de subsistência.

Por dois anos já, o desvio das águas da Volta Grande do Xingu para as turbinas de Belo Monte impossibilitou a piracema, o que despovoou o rio de peixes e quelônios e está matando a atividade pesqueira, tanto para o consumo quanto para a comercialização.

Mais além, este ano a seca está praticamente impossibilitando a navegação com o afloramento acima do normal de pedrais, que danificam as embarcações e os motores. As roças dos agricultores e ribeirinhos estão secando, e a água tanto do rio quanto dos igarapés é absolutamente imprópria para o consumo.

Apesar do agravamento da situação em função de fenômenos climáticos, intensificados pelos desmatamentos e queimadas - que, depois da construção de Belo Monte, colocaram Altamira no topo da lista dos municípios com maior índice de crimes ambientais no Pará -, o atual quadro de calamidade do Xingu não é uma surpresa.

Inúmeros estudos e avaliações técnicas de órgãos como Ibama, Funai, MPF e de instituições de pesquisa explicitam a catástrofe social e ambiental produzida pela intervenção da hidrelétrica no fluxo da Volta Grande do Xingu, cuja vazão é absolutamente insuficiente para a manutenção da vida da fauna, da flora e das comunidades ribeirinhas, pescadoras, indígenas e camponesas na região.

Ao analisar documentos produzidos por técnicos do Ibama em 2009, o Ministério Público Federal já havia concluído que não existia nenhuma garantia de que a fauna aquática e as florestas aluviais conseguiriam resistir, nos curto e médio prazos, ao estresse hídrico que Belo Monte está impondo ao Xingu.

Um grupo de pesquisadores e especialistas de oito universidades e institutos de renome de todo o país, que constituíram o chamado Painel de Especialistas, concluiu no final de 2019 que está comprovado cientificamente nos dados do próprio PBA e de estudos complementares que as vazões do hidrograma proposto no licenciamento de Belo Monte inviabilizarão a vida na Volta Grande do Xingu.

Em outubro, a Norte Energia deixou entrar na Volta Grande uma média de 800 metros cúbicos de água por segundo. O próprio EIA-Rima do empreendimento afirma, no entanto, que seriam necessários pelo menos 15.000 m3/s para que os locais de reprodução dos animais aquáticos sejam minimamente inundados e permitam a piracema. Sem a vazão média de 13.000m3/s, os quelônios aquáticos não poderão acessar as áreas de alimentação para onde sazonalmente se deslocam em busca de alimentos nos igapós, conclui o documento.

Já a FUNAI impôs como condição ao licenciamento da Usina a garantia de manutenção das condições ecológicas necessárias para a permanência física e a reprodução cultural dos povos indígenas Juruna e Arara da Volta Grande, e a estes somamos os Curuaya, Xipaya e demais moradores indígenas das ilhas do Xingu.

Diante disso, nos sentimos LEGITIMADOS e amparados LEGALMENTE para estarmos nesta manifestação exigindo medidas inadiáveis que garantam:

1. Uma vazão de pelo menos 16.000 m³/s na Volta Grande do Xingu nos meses de novembro de 2020 a março de 2021 para que seja garantida a piracema dos peixes, atualmente ameaçados de extinção.

2. A determinação definitiva de um hidrograma que garanta a sobrevivência do rio, da fauna, da flora e das comunidades beradeiras de acordo com dados científicos já existentes e, se necessário, estudos complementares e independentes.

3. A constituição de um Comitê de Bacia com participação paritária das populações indígenas e beradeiras e da comunidade científica independente para decidir as políticas para a região do Médio Xingu no que tange os cursos d’água superficiais e de subsolo.

4. O cumprimento de todas as condicionantes do licenciamento de Belo Monte, em especial a que determina o atendimento de pescadores e ribeirinhos de acordo com a Ação Civil Pública da Defensoria Pública do Estado (processo 0802669-16.2020.8.14.0005).

Como medida indutora do atendimento destas demandas, exigimos que o IBAMA suspenda a Licença de Operação de Belo Monte, responsável, em última instancia, pela violação dos direitos humanos e da natureza cometidas pela hidrelétrica, até que estas sejam definitiva e satisfatoriamente atendidas.

Altamira, 9 de novembro de 2020.

Pescadoras e pescadores, ribeirinhas e ribeirinhos, agricultoras e agricultores, e indígenas Curuaya e Xipaya

 

Notas:

[1] Texto e fotos por Pescadoras e pescadores, ribeirinhas e ribeirinhos, agricultoras e agricultores, e indígenas Curuaya e Xipaya.

[2] Paper do NAEA - Volume 28 - Condições para a manutenção da dinâmica sazonal de inundação, a conservação do ecossistema aquático e manutenção dos modos de vida dos povos da volta grande do Xingu. Disponível aqui.

 

http://www.ihu.unisinos.br/604525-comunidades-de-5-municipios-trancam-a-transamazonica-por-liberacao-de-agua-no-xingu