quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

MUDANÇAS CLIMÁTICAS GERAM MIGRANTES CLIMÁTICOS




IHU

O lado humano das mudanças climáticas

A Environmental Justice Foundation produziu um relato sobre como as pessoas de Bangladesh já sofrem com os impactos do aquecimento global e destaca a importância de reconhecer o problema dos migrantes climáticos.

A reportagem é de Fabiano Ávila e publicada pelo Instituto CarbonoBrasil, 12-12-2012.

Muitas vezes ficamos centrados nos estudos científicos sobre o clima e em números de variação de temperatura ou nos bilhões de dólares em prejuízos que este ou aquele fenômeno causaram e perdemos um pouco a real noção dos impactos das mudanças climáticas na vida das pessoas.

É com a intenção de chamar a atenção para esta realidade que a ONG britânica Environmental Justice Foundation (EJF) lançou no Dia dos Direitos Humanos (10 de dezembro) o relatório "A Nation Under Threat" (Uma Nação Ameaçada), que detalha como milhões de pessoas em Bangladesh já sofrem com as consequências das mudanças climáticas.

O documento aponta, por exemplo, que depois de afetadas por desastres naturais, a recuperação nas áreas rurais demora muito para acontecer, sendo que as taxas de desemprego seguem altas por até 18 meses.

As mudanças climáticas também têm tornado cada vez mais difícil a sobrevivência pela agricultura, uma vez que a imensa maioria dos produtores de Bangladesh não possui acesso a tecnologias modernas de plantio. Assim, qualquer chuva ou seca um pouco mais intensa causa a perda total das lavouras.

Outro dilema, que, segundo a EJF, é o maior desafio atual para os direitos humanos e para o desenvolvimento econômico é a intrusão de água salgada nas fontes potáveis. Muitas comunidades rurais estariam se tornando insustentáveis porque não possuem mais acesso à água para o consumo e para irrigação.

Todos esses problemas se somam e são os principais fatores para a migração de pessoas das áreas rurais para as urbanas. A capital, Daca, apresenta uma taxa de crescimento populacional de 966% nos últimos 30 anos.

Para piorar, as pessoas que vão para as cidades acabam tendo que viver de forma marginal, em periferias perigosas do ponto de vista da criminalidade e da saúde pública. Também são geralmente áreas de risco para desastres naturais. Barracos que mal podem ser chamados de casas se amontoam perto de rios que enchem ou em morros que desmoronam na primeira chuva mais forte.

“Nós fomos para casa e vimos que não havia restado nada. Não havia uma única residência na qual as pessoas poderiam morar. Somente as casas construídas aproveitando a proteção de árvores ficaram de pé, porém não estavam habitáveis. Todas as casas de pau-a-pique se foram”, disse Ataur Rahman, descrevendo o cenário após mais um ciclone assolar o país.

COP 18

Apesar de na Conferência do Clima de Doha (COP 18), que terminou no último sábado (8), os países mais ricos terem concordado em incluir no texto final que é preciso começar a liberar recursos para os mais vulneráveis se recuperarem dos impactos das mudanças climáticas, pouco de concreto foi feito.

“As negociações não foram ambiciosas o suficiente. Os delegados falharam ao não criar um caminho para facilitar a ajuda para os países mais pobres que já sofrem com as mudanças climáticas”, declarou Steve Trent, diretor do EJF.

O relatório sobre Bangladesh destaca que uma resposta mais sofisticada e coordenada da comunidade internacional é necessária. Segundo o documento, seria fundamental passar a olhar as mudanças climáticas como um drama humano, com o mesmo interesse que é dado para questões envolvendo os direitos humanos.

“Nossas falhas para lidar com as mudanças climáticas possuem um grande impacto na segurança alimentar, saúde pública e bem-estar, que são direitos essenciais de todas as pessoas. Os refugiados climáticos não possuem nenhum tipo de reconhecimento ou proteção. Precisamos identificar áreas e populações em risco climático e estudar como as estruturas ligadas aos direitos humanos podem ajudar”, afirmou Trent.

Esta visão é compartilhada por Rizwana Hasan, da Associação dos Advogados de Direito Ambiental de Bangladesh. “A mudança climática é um fenômeno que vem agravar problemas já existentes. A comunidade internacional deve buscar um novo conjunto de leis para lidar com esse desafio e com os refugiados, que vão aumentar ainda mais no futuro.”

“Acredito que toda a questão das mudanças climáticas costumava parecer algo difícil de entender, algo distante da realidade e por isso era ignorada. Mas estamos vendo sinais cada vez mais evidentes de seus impactos e temos que nos tornar mais conscientes e responsáveis pelo bem das futuras gerações”, concluiu a atriz Ashley Jensen, apoiadora da EFF.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

VÍDEO MOSTRA AQUECIMENTO DO PLANETA PREVISTO PELO BANCO MUNDIAL

INCRÉVEL: os dados utilizados no vídeo que pode ser acessado pelo link abaixo são de um estudo recente do Banco Mundial, mostrando que, se nada for feito para evitar o que já está em processo, haverá aquecimento médio da Terra de 4ºC até 2100.

É claro que o texto do vídeo não podia esquecer de referir que há outros estudos que não confirmam e acham exageradas estas previsões - tese preferida pelo jornal Folha de São Paulo. Há sempre o direito de preferir enganar-se, negando o óbvio e experimentado, mesmo quando isso pode continuar promovendo irresponsabilidades.

De toda forma, o que faltou referir é outra coisa, muito grave: é a informação de que o aquecimento do planeta, que já está em andamento e tem aumentado dramaticamente nos últimos 50 anos, e que se agravará nos próximos anos, tem tudo a ver com o que o Banco Mundial tem ajudado a implantar em nosso mundo, financiando empresas industriais, agrícolas, petrolíferas, mineradoras,energéticas, reflorestadoras e outras que emitem cada vez quantidade maior de gases que guardam calor na atmosfera e aumentam a temperatura.

Por isso, ao ver e ouvir a notícia dada neste vídeo, cada um pode perguntar-se: o que posso fazer para que o Banco Mundial - assim como as grandes empresas e os governos apoiados por ele - sejam coerentes e promovam as mudanças que devem ser feitas para evitar que o aquecimento se agrave e provoque mudanças climáticas que irão tornando nosso querido planeta quase inabitável?

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1198529-folhacoptero-mostra-impactos-do-aumento-no-aquecimento-global.shtml

SOLIDARIEDADE A DOM PEDRO CASALDÁLIGA E APOIO AO POVO XAVANTE

Na verdade esta solidariedade ao amigo e bispo Pedro Casaldáliga é uma denúncia de como os grandes grileiros de terras do Mato Grosso - que não são diferentes dos que atuam em outras regiões do país - querem manter o decreto de extermínio dos povos indígenas brasileiros. É um decreto que tem mais de 500 anos, teve cara de colonização europeia, de imperio, república, ditaduras e nova república brasileiros, e atualmente tem cara de capitalismo neoliberal globalizado.

Por isso, ao sermos solidários com os Xavante, em sua luta pelo seu território, e a dom Pedro, que sempre os apoiou como testemunho de seu seguimento de Jesus de Nazaré, precisamos questionar a política indigenista do governo federal, que praticamente nada faz em favor dos povos indígenas, e sua política econômica, que favovrece o desejo desesperado do grande capital financeiro globalizado de ter sob seu domínio e como mercadorias os bens naturais preservados pelos povos indígenas - através de sua "economia verde".

Que nossa denúnica e solidariedade sejam formas de viver autenticamente o Natal de Jesus de Nazaré.



Nota de solidariedade a Dom Pedro Casaldáliga


Ao se aproximar a desintrusão da Terra Indígena Marãiwatsèdè, após mais de 20 anos de invasão, quando os não indígenas estão para ser retirados desta área, multiplicam-se as manifestações de fazendeiros, políticos e dos próprios meios de comunicação contra a ação da justiça.

Neste momento de desespero, uma das pessoas mais visadas pelos invasores e pelos que os defendem é Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia, a quem estão querendo, irresponsável e inescrupulosamente, imputar a responsabilidade pela demarcação da área Xavante nas terras do Posto da Mata.

As entidades que assinam esta nota querem externar sua mais irrestrita solidariedade a Dom Pedro. Desde o momento em que pisou este chão do Araguaia e mais precisamente, desde a hora em que foi sagrado bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, sua ação sempre se pautou na defesa dos interesses dos mais pobres, os povos indígenas, os posseiros e os peões. Todos sabem que Dom Pedro e a Prelazia sempre deram apoio a todas as ocupações de terra pelos posseiros e sem terra e como estas ocupações foram o suporte que possibilitou a criação da maior parte dos municípios da região.

Em relação à terra indígena Marãiwatsèdè, dos Xavante, os primeiros moradores da região nas décadas de 1930, 40 e 50 são testemunhas da presença dos indígenas na região e como eles perambulavam por toda ela. Foi com a chegada das empresas agropecuárias, na década de 1960, com apoio do governo militar, que a Suiá Missu se estabeleceu nas proximidades de uma das aldeias e até mesmo conseguiu o apoio do Serviço de Proteção ao Indio para se ver livre da presença dos indígenas. A imprensa nacional noticiou a retirada de 289 xavante da região os quais foram transportados em aviões da FAB, em 1966, para a aldeia de São Marcos, no município de Barra do Garças.

Em 1992, a AGIP, empresa italiana que tinha comprado a Suiá Missu das mãos da família Ometto, quis se desfazer destas terras. Por ocasião da ECO-92, sob pressão inclusive internacional, a empresa destinou 165.000 hectares para os Xavante que, durante todo este tempo, sonhavam em voltar à terra de onde tinham sido arrancados. Imediatamente fazendeiros e políticos da região fizeram uma grande campanha para ocupar a área que fora reservada aos Xavante, precisamente para impedir que os mesmos retornassem. Já no dia 20 de junho de 1992, algumas áreas tinham sido ocupadas e foi feita uma reunião no Posto da Mata, da qual participaram políticos de São Félix do Araguaia e de Alto Boa Vista e também havia repórteres. A reunião foi toda gravada. As falas deixam mais do que claro que a invasão da área era exatamente para impedir a volta dos Xavante. “Se a população achou por bem tomar conta dessa terra em vez de dá-la para os índios, nós temos que dar esse respaldo para o povo” (José Antônio de Almeida – Bau, prefeito de São Félix do Araguaia). “A finalidade dessa reunião é tentarmos organizar mais os posseiros que estão dentro da área... Se for colocar índio no seu habitat natural, tem que mandar índio lá para Jacareacanga, ou Amazonas, ou Pará...” (Osmar Kalil – Mazim, candidato a prefeito do Alto Boa Vista). “Nós ajudamos até todos os posseiros daqui serem localizados... Chegou a um ponto, ou nós ou eles (os Xavante)porque nós temos o direito... Dizer que aqui tem muito índio? Aqueles que estão preocupados com os índios que tem que assentar. Tem um monte de país que não tem índio. Pode levar a metade... Na Itália tem índio? Não, não tem! Leva! Leva pra lá! Carrega pra lá! Agora, não vem jogar em nós, não... ( Filemon Costa Limoeiro, à época funcionário do Fórum de São Félix do Araguaia)

A área reservada aos Xavante foi toda ocupada por fazendeiros, políticos e comerciantes. Muitos pequenos foram incentivados e apoiados a ocupar algumas pequenas áreas para dar cobertura aos grandes. O governo da República, porém estava agindo e logo, em 1993, declarou a área como Terra Indígena que foi demarcada e, em 1998 homologada pelo presidente FHC. Só agora é que a justiça está reconhecendo de maneira definitiva o direito maior dos índios. O que D. Pedro sempre pediu, em relação a esta terra, foi que os pequenos que entraram enganados, fossem assentados em outras terras da Reformas Agrária. Mas o que se vê é que, ontem como hoje, os pequenos continuam sendo massa de manobra nas mãos dos grandes e dos políticos na tentativa de não se garantir aos povos indígenas um direito que lhes é reconhecido pela Constituição Brasileira.

Mais uma vez, queremos manifestar nossa solidariedade a Dom Pedro e denunciar mais esta mentira de parte daqueles que tentam eximir-se da sua responsabilidade sobre a situação de sofrimento, tensão e ameaça de violência que eles mesmos criaram, jogando esta responsabilidade sobre os ombros de nosso bispo emérito.

5 de dezembro de 2012

Conselho Indigenista Missionário – CIMI - Brasilia
Comissão Pastoral da Terra – CPT - Goiânia
Escritório de Direitos Humanos da Prelazia de São Félix do Araguaia – São Félix do Araguaia
Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção – ANSA – São Félix do Araguaia
Instituto Humana Raça Fêmina – Inhurafe – São Félix do Araguaia
Associação Terra Viva – Porto Alegre do Norte
Associação Alvorada – Vila Rica
Associação de Artesanato Arte Nossa – São Félix do Araguaia
Grupo de Pesquisa Movimentos Sociais e Educação - GPMSE - Cuiabá
Associação Brasileira de Homeopatia Popular – ABHP - Cuiabá
Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso - FDHT - Cuiabá
Centro Burnier Fé e Justiça – CBFJ - Cuiabá
Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento – FORMAD - Cuiabá
Instituto Caracol – ICARACOL - Cuiabá
Rede de Educação Ambiental de Mato Grosso – REMTEA - Cuiabá




quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A DÍVIDA EXTERNA E INTERNA NÃO ACABOU

Segue o link do vídeo que mostra que a dívida interna e externa brasileira não acabou. Pelo contrário: como no resto do mundo, ela continua crescendo. Nos últimos anos, a demonstração mais forte de como o capital financeiro usa a dívida como cabresto para levar governos e sociedades humanas a fazerem o que ele quer está na chamada crise europeia e estadunidense. Ele está conseguindo quebrar os Estados e empobrecer rapidamente a população para manter a reprodução do "seu" capital especulativo.

Qual será a saída desse desastre político e social? Alguém dizia ontem, num diálogo, que talvez uma guerra venha a ser necessária. Se for esse o caminho, servirá para demonstrar como avançamos na imbecilidade, confirmando que o ser humano está cada vez mais demens do que sapiens - mais demente do que sábio. Agora, se a saída acontecer pelo caminho da radicalização da democracia, seu fruto será a redistribuição da riqueza, absurdamente concentrada em mãos e bolsas de 0,01% - e isso depois de estourar balões meramente especulativos - por decisão da cidadania; e caberá a ela igualmente definir de que forma se deverá viver e conviver, diminuindo o consumismo para que haja o necessário para todas as pessoas e povos e para que a Terra recupere o equilíbrio necessário para a vida, gravemente afetado pelo produtivismo e consumismo capitalista.

Vejam, por isso, o vídeo. Examinem a realidade com senso crítico e vejam o que fazer para que se apresse o dia da virada, da grande transformação, urgentemente necessária.


Segue o link do vídeo da Campanha A Dívida não Acabou - http://www.youtube.com/watch?v=ZZ0VDjc8a5I

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

NOTA PÚBLICA

A Nota Pública que segue nos ajuda a acompanhar a análise crítica que lutadres pelos direitos humanos fazem da realidade brasileira, bom como seu posicionamento comprometido com a continuidade de sua militância;


Nós, membros da COMISSÃO DOMINICANA DE JUSTIÇA E PAZ DO BRASIL, reunidos em nosso 23º Encontro anual com participantes dos Estados do Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Amazonas, Pará, Tocantins, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Goiás procuramos novas e mais autênticas formas de seguir a Jesus Cristo.

Ao refletir sobre a realidade da vida das comunidades com quem convivemos e da nossa própria Família Dominicana, percebemos que ela está marcada por sentimentos de perplexidade e indignação. Por um lado, as ainda frágeis políticas sociais em favor dos mais empobrecidos e miseráveis mostram como seria possível criar condições dignas de vida para e com todas as pessoas. Por outro, a ganância dos já muito ricos e a continuidade de políticas de crescimento econômico através de Grandes Projetos concentra de forma escandalosa e criminosa a riqueza produzida por todos e pela Mãe Terra. Nosso país continua um dos campeões de desigualdade.

Com grande teimosia e criatividade, nosso povo luta por uma economia que cuide da natureza e esteja a serviço da vida através da economia solidária, e faz avançar a qualidade da Política através da aplicação da Ficha Limpa, da participação cidadã na defesa dos direitos sociais e no controle do uso dos recursos públicos, da luta por uma reforma política democratizadora. Assim mesmo, persiste em nossa sociedade, e perpassando os diversos níveis das instituições estatais, a prática da corrupção; ela revela relações espúrias e criminosas entre grupos econômicos e o Estado, desviando recursos que deveriam ter destino social; ela cria um clima de “vale tudo”, de violência e de impunidade.

Essas e tantas outras situações de injustiças e violação dos Direitos Humanos e da Democracia nos causam indignação e nos levam, uma vez mais, a convocar maior empenho e pressão popular em favor das seguintes medidas:

a) exigir que toda prática de corrupção seja banida através de processos que apliquem as leis e evitem espetacularização do Judiciário e sua submissão a interesses da grande mídia, levando corruptores e corrompidos a devolver os recursos desviados de sua finalidade pública e a responder por suas práticas criminosas;

b) avançar na construção de sociedades do Bem Viver, propostas a partir de práticas milenares dos povos originários e indígenas, do oriente e do ocidente. Para sermos realmente mulheres e homens com a dignidade de filhas e filhos de Deus, apoiamos e participamos de todas as iniciativas que vão construindo relações de cooperação e de participação política democrática entre as pessoas, nas comunidades e em toda a sociedade nacional. Como parte da Natureza, apoiamos e participamos de todas as iniciativas que promovem a convivência carinhosa e harmônica dos seres humanos com as energias e a biodiversidade da Mãe Terra.

c) avançar na conquista de um Estado realmente democratizado, a serviço da vida das pessoas, comunidades, povos e nações que o constituem. Um Estado que tenha no poder soberano da cidadania sua fonte perene de legitimidade, de definição das Políticas Públicas e das prioridades, de controle do uso dos recursos públicos. Um Estado que promova o fim da violência e da discriminação que atinge especialmente os povos indígenas, as mulheres, as crianças e os jovens negros, o fim do domínio de poucas e poderosas empresas de comunicação social e o fim da concentração da riqueza.

Goiânia, 18 de novembro de 2012.
Os/as participantes do 23º Encontro da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

CORRUPÇÃO LEGALIZADA


Ótimo artigo. Um alerta que vale tanto para os corruptores quanto para os corrompidos. Ou melhor, referindo-se aos processos eleitorais: um alerta tanto para os corruptores quanto para o corrutíveis, já que empenham de forma traiçoeira e criminosa sua atividade futura, que deveria ser pública e fiel aos seus eleitores, que, entre outros, têm o direito de pedir de volta o cargo público que confiaram a legisladores ou membros do Executivo. 
 
Estamos num país em que, ou encontramos formas de fazer valer o poder popular soberano para sanear e impedir a continuidade dessa "Corrupção legalizada", ou não haverá futuro diferente, uma vez que caberá exclusivamente aos corruptíveis e corrompidos - que os dados indicam ser maioria - tomar decisões sobre mudanças drásticas na qualidade da representação democrática! 
 
Quando será que os movimentos sociais, as entidades da sociedade civil, as pastorais e demais organizações sociais que compõem o chamado "campo democrático" se convencerão que este é o caminho da verdadeira democratização da sociedade e do Estado e deixarão de temer a cunsulta à soberania popular?

IHU - Segunda, 19 de novembro de 2012

Corrupção legalizada.

Artigo de Oded Grajew

"Só 1% das empresas doadoras fizeram 41% das doações nas eleições de 2010. O que quase todas elas esperam? Contratos e legislações em seu benefício", constata Oded Grajew, empresário, coordenador-geral da secretaria executiva da Rede Nossa São Paulo e presidente emérito do Instituto Ethos, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 18-11-2012.
Segundo ele, "está na hora da sociedade e de todos aqueles que, com razão, se indignam com a corrupção, com a compra de votos de parlamentares e com o desvio de dinheiro público se mobilizarem para acabar não só com a ilegalidade, mas também com a "legalidade" dessas práticas".
Eis o artigo.
O STF já condenou vários políticos, dirigentes partidários e empresários por estarem envolvidos em desvio de recursos públicos, corrompendo políticos para que votem a favor de determinados interesses.

Todos os juízes, em suas argumentações, foram unânimes em condenar esse desvio, a corrupção e a compra de votos de parlamentares, atos altamente lesivos à sociedade brasileira. O desvio de dinheiro público retira recursos da saúde, da educação, dos serviços e investimentos públicos, tão necessários para a população, especialmente para os mais necessitados.

A compra de votos de parlamentares para que votem a favor dos interesses dos corruptores desvirtua e desmoraliza a democracia, abala a confiança e afasta gente de bem da política. Como o comportamento dos políticos, que deveriam ser os guardiões das leis e da ética, serve de referência para muita gente, a corrupção e o descrédito na política contaminam a sociedade.

Infelizmente, atos disfarçados de corrupção, desvio de dinheiro público e compra de votos são amplamente praticados no Brasil com respaldo das leis e das legislações.

O financiamento das campanhas é feito majoritariamente por empresas. Nas eleições de 2010, empresas doaram R$ 2,3 bilhões e foram responsáveis por 70% dos recursos para as campanhas dos deputados federais, 88% dos recursos dos senadores, 90% para os candidatos a governadores e 91% para os candidatos a presidente. Só 1% das empresas doadoras (479) fizeram 41% das doações e 10% das empresas foram responsáveis por 77% das doações.

A quase totalidade dessas empresas tem negócios com governos e dependem muito dos políticos para realizar suas atividades. O que quase todas estas empresas esperam dos eleitos? Contratos e legislações em seus benefícios.

Colocam dinheiro nas mãos dos políticos para que estes favoreçam seus negócios. É ou não é uma forma, absolutamente "legal", de corromper comprando votos (no caso de parlamentares) e decisões (no Executivo) para colocar dinheiro público a serviço de interesse privado?

Outra forma largamente usada para corromper e comprar votos com uso de dinheiro público é a prática dos parlamentares apresentarem emendas ao orçamento, buscando canalizar recursos públicos para projetos do seu interesse.

Um estudo da Confederação Nacional de Municípios, que prega o fim das emendas parlamentares e a distribuição destes recursos de forma equitativa, mostra que de 2003 a 2007 foram aprovados pelo Congresso R$ 65 bilhões de emendas e foram desembolsados apenas R$ 25 bilhões. O desembolso fica a critério exclusivo do Poder Executivo.

Todos temos notícias da liberação dos recursos de emendas na véspera de importantes votações para que parlamentares votem com o governo. É ou não é uma forma de corromper parlamentares e o uso do dinheiro público para comprar votos?

Está na hora da sociedade e de todos aqueles que, com razão, se indignam com a corrupção, com a compra de votos de parlamentares e com o desvio de dinheiro público se mobilizarem para acabar não só com a ilegalidade, mas também com a "legalidade" dessas práticas.



quinta-feira, 1 de novembro de 2012

PELA CONVIVÊNCIA HUMANA COM A AMAZÔNIA

Estou novamente na Amazônia, em atividades realizadas em Manaus e Ji-Paraná, em Rondônia. Em Ji-Paraná estarei com pessoas que buscam aprofundar sua capacitação para a prática da cidadania, na Escola Fé e Política. Querem ser cristãos, e para isso, descobriram que precisam ser cidadãos mais ativos. A prática política, quando não reduzida aos jogos partidários e ao prazer do poder de dominação, pode ser, e deve ser, segundo o papa Paulo VI, a melhor forma da vivência da caridade - isto é, do amor humano movido pelo espírito divino na relação com as pessoas, a começar das mais empobrecidas e excluídas de oportunidades, e na relação com todos os demais seres vivos e com a própria Mãe Terra.

A outra atividade, em Manaus, tem a ver com a disposição de uma articulação voluntária e informal de entidades pastorais e sociais de atuar em conjunto em favor da Convivência com a Amazônia. Esta decisão se assenta em dois fundamentos:
- a convicção de que o projeto político dominante no bioma Amazônia está voltado exlusivamente para a promoção do crescimento econômico capitalista, e ele tem a ver com o processo acelerado de espoliação dos bens naturais existentes na região e de destruição do equilíbrio do bioma criado pela Terra;
- a certeza de que já existem neste mesmo bioma povos, comunidades tradicionais e setores populares da sociedade que estão construindo outro projeto de vida humana na região, que pode ser caracterizado como Projeto de Convivência com a Amazônia.

O que une estas entidades é o desejo de contribuir com tudo que são capazes para que este Projeto dos povos amazônidas seja mais conhecido e reconhecido como adequado para a continuidade da vida no bioma Amazônia. Para todos que desejam que não se repitam na Amazônia os processos destruidores que afetaram os demais biomas brasileiros, é urgente que os povos da Amazônia tenham condições de disputar politicamente com o projeto econômico dominante. Para isso, é necessário reforçar, na pratica e na consciência, o Projeto de Convivência com a Amazônia, e possibilitar que a organização destes povos tenha força política para convocar a maioria da população regional a apoiá-lo, libertando-se da dominação do corpo e da alma realizada pelo projeto capitalista.

Trata-se de uma utopia? Certamente. Mas ela é necessária para que se caminhe em sua direção, mesmo sabendo que nunca se alcançará sua realização plena. Como nos ensina o mestre Eduardo Galeano,
"a utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar." Para quem procura seguir com fidelidade a Jesus de Nazaré, esta prática esperançosa é essencial, pois a meta sociopolítica de sua prática e de seu Evangelho, e a que mais aproxima a realidade histórica ao Reino de Deus, é esta: que todas as pessoas tenham vida e vida em abundância. Isso já é tecnicamente possível, mas depende de indiganação organizada e de vontade política majoritária para exigir uma distribuição justa do que é produzido pelo trabalho humano, bem como a reconstrução de relações de Convivência adequada com cada bioma da Terra.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

PRECISAMOS SER TODOS E TODAS GUARANI-KAIOWA

REPRESENTANTES DO POVO GUARANI-KAIOWA ESTÃO EM BRASÍLIA, LUTANDO PELOS SEUS DIREITOS. PRECISAMOS ENTENDER E APOIAR SUA LUTA. PARA ISSO, ENTREM NO LINCK QUE SEGUE E, SE PUDEREM, REFORCEM OS ATOS DE APOIO QUE VÃO SENDO REALIZADOS EM MUITAS CIDADES BRASILEIRAS. E SE DESEJAREM FAZER MAIS, ORGANIZEM ATOS EM SUA COMUNIDADE, MUNICÍPIO, REGIÃO.

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/515088-somos-todos-guarani-kaiowa

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

TODO APOIO À 2ª MARCHA DO SEMIÁRIDO NO PIAUÍ



SE NÃO PUDER ESTAR PRESENTE, ENVIE SEU APOIO AOS CAMPONESES DO PIAU. ELES ENFRENTAM UM LONGO PERÍODO DE ESTIAGEM E AS POLÍTICAS PÚBLICAS SÃO INSIFICIENTES E, COMO SEMPRE, POUCO OU NADA APIOAM MEDIDAS ESTRUTURANTES, NECESSÁRIAS PARA A CONVIVÊNCIA COM O BIOMA CAATINGA.
 
Insatisfeitos com as medidas emergenciais tomadas por órgãos que atuam no enfrentamento da seca no Piauí, agricultores e agricultoras e entidades da sociedade civil vão às ruas no dia 31 de outubro de 2012, no município de Picos, para exigir do Governo medidas estruturantes para a convivência com o semiárido.

Além da caminhada, haverá uma audiência pública com os gestores do Estado, no Centro Diocesano de Picos. O objetivo é encaminhar ações de enfrentamento aos efeitos da seca, já propostas na primeira audiência realizada em São Raimundo Nonato, em agosto deste ano.

São aguardadas cerca de 1500 pessoas para o ato público. Os manifestantes irão se concentrar na Praça Félix Pacheco, a partir das 6h da manhã. De lá a marcha segue para o Centro de Treinamento Diocesano, onde será realizada a audiência pública às 10h.

Cerca de um milhão de pessoas vive no semiárido piauiense. Dados da Defesa Civil apontam que 184 dos 224 municípios do Estado estão em situação de emergência. “As cidades mais atingidas foram Oeiras, São Raimundo Nonato, Picos, Simões, Simplício Mendes. A perda da produção de alimentos é estimada em 85%”, afirma Carlos Humberto Campos, coordenador do Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido..

I Grito do Semiárido

No dia 03 de agosto, no município de São Raimundo Nonato, mais de mil pessoas de 22 municípios da região sul do Estado participaram da I Marcha do Grito do Semiárido.  Além da insatisfação com a falta de apoio governamental após longos meses de seca, os trabalhadores e trabalhadoras rurais trouxeram no peito a marca da indignação.

“Os últimos meses têm sido de muito sacrifico. Nós cobramos que o governo tenha bons olhos e enxergue as necessidades do povo, fazendo alguma coisa em benefício da população que está sofrendo”, ressalta o agricultor de São Raimundo, Nonato Félix Neres, 80 anos.

As entidades que compõem o Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido juntamente com as famílias agricultoras têm discutido soluções para o enfrentamento da seca. Por se tratar de um fenômeno climático natural da região, há a necessidade da efetivação de ações para a convivência com a região semiárida.

“O grito serve para dizer aos poderes instituídos do município, do Estado e também do governo federal que por mais que se estejam encaminhando ações emergenciais e compensatórias do problema da seca, há de haver ainda um relacionamento, uma interface das várias políticas e serviços públicos que se façam chegar às famílias em tempo hábil, com efetividade”, pontua o coordenador da Cáritas Diocesana de São 

Raimundo Nonato, Hildebrando Pires.

Mais informações:
Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido
Carlos Humberto Campos (86) 8823 6761 / Hildebrando Pires (89) 9973 2666
Assessoria do Fórum:
Bruna Coimbra (86) 9949 9355 / Maria Moura (89) 9930 0473

Programação:
06h - Concentração na Praça Félix Pacheco - Picos (PI)
07h - Café comunitário
08h - Saída da marcha
09h30 - Chegada ao Centro de Treinamento Diocesano
10h - AUDIÊNCIA PÚBLICA
 Convidados para a audiência: Governador do Estado, Prefeito de Picos, Bispo de Picos, MDA, CONAB, Ministério Público, Defesa Civil, SDR, FETAG.
Virão caravanas dos municípios de Vila Nova, Campo Grande, Francisco Macedo, Santa Cruz, Paquetá, São Luís, São João da Canabrava, Bocaina, Padre Marcos, Belém, Jaicós, Pio IX, Paulistana, Queimada Nova, Simplício Mendes, São Raimundo Nonato e uma caravana de Araripina (PE).

sábado, 27 de outubro de 2012

PROJETO DE CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO



Tive a alegria de participar em mais um seminário sobre a realidade do Semi-árido brasileiro. Como se sabe, essa é a característica do bioma Caatinga, único exclusivamente brasileiro. E como não podia deixar de ser, o assunto principal foi a situação de estiagem prolongada que afeta a vida nesta região.

Quero destacar que percebi claramente que estão em disputa política dois projetos diferentes de Semiárido. Um deles, ainda dominante, assenta-se no crescimento econômico, tendo como base a propriedade privada, a exploração dos recursos naturais e do trabalho humano, a implantação de grandes projetos de infraestrutura e de produção, em boa medida voltada para a exportação. 

O outro tem como objetivo a Convivência com o Semi-árido. Em vez de combater as estiagens, busca formas criativas para conviver com elas e com tudo que caracteriza esta região semi-árida. Ela não é seca, mesmo se aumenta a área desertificada. É um dos semiáridos mais chuvosos do mundo. O que o faz semi-árido é a imprevisibilidade das chuvas, e a existência periódicas de estiagens mais prolongadas. Por isso, a água de chuva é o segredo da convivência: se nos tempos bons, com chuvas regulares e intensas, houver o cuidado de colher e guardar parte dessa água, não haverá falta dela nos tempos de estiagem.

Foi possível perceber claramente que a vida humana na Caatinga está mudando para melhor. Como parte do avanço na implantação do projeto de Convivência com o Semi-árido, já foram construídas mais de 700 mil cisternas caseiras, em que as famílias guardam com cuidados a água para beber e cozinhar. São mais de 3 milhões e quinhentas mil pessoas que contam com esse “verdadeiro hospital”, como as definiu uma senhora: com a cisterna, eu e minhas filhas não precisamos mais caminhar quilômetros para buscar água barrenta, não há mais crianças e velhos adoentados em casa, e eu já tenho tempo para visitar amigas e trabalhar em favor da comunidade.

Na verdade, a cisterna é a porta de entrada no modo de vida que é a Convivência com o Semi-árido. A partir do processo participativo da sua construção e dos diálogos que ajudam a conhecer a natureza deste bioma, as comunidades estão avançando na construção da segunda cisterna, maior, mas que exige menos cuidados, porque a água é destinada à produção básica de alimentos. Os dois tipos de cisterna são promovidos pela ASA – Articulação do Semi-Árido -, de que fazem parte mais de mil diferentes tipos de movimentos, pastorais e organizações sociais. Ela tem como meta 1 milhão de cisternas para água de beber e cozinhar – é o seu P1MC - e sabe que há necessidade de 1 milhão e quinhentos mil dos dois tipos de cisterna.

Os dois projetos disputam a hegemonia e os recursos públicos. O projeto tradicional, oligárquico e capitalista, está perdendo, aos poucos, a credibilidade popular, seja porque concentra riqueza e poder, expulsando o povo e produzindo miséria, seja porque seu modo de produção explora os recursos naturais e desequilibra o meio ambiente. Assim mesmo, contudo, é ele que continua recebendo a maior quantidade dos recursos públicos, indicando que os governantes, mesmo sabendo que são minoria, os têm como aliados por força de seu poder econômico.

O projeto da Convivência com o Semiárido avança e tem sua força no reconhecimento popular de que este é um caminho de desenvolvimento que favorece a população mais empobrecida e que recupera a vitalidade da Terra. Conta com apoio de recursos públicos e de iniciativas da sociedade civil. Os governos, contudo, resistem e só aprovam os projetos mediante insistente pressão; sempre que podem, criam dificuldades administrativas. Deixam claro, dessa forma, que este não o seu projeto nem aceitam que ele se torne o projeto estratégico de desenvolvimento social, cultural, econômico, político e espiritual do bioma Caatinga.

Mas o ditado popular diz: contra os fatos não há argumentos. Os fatos estão demonstrando que o projeto de Convivência com o Semi-árido é o que vai criando condições de vida digna para os sertanejos, promovendo diversificadas formas de produção solidária em cooperação com a natureza, contribuindo para que a vida, e não a desertificação, seja a marca da Caatinga. E os fatos demonstram, por outro lado, que o projeto capitalista tradicional, mesmo e especialmente quando modernizado, promove modos de produção cada vez mais agressivos e destruidores da vida da Caatinga, enriquecendo a poucos, muitos deles de fora do país.

Por isso tudo, procurem conhecer o projeto de Convivência com o Semi-árido e criem iniciativas de apoio a ele. Uma das formas desse apoio é a promoção da Convivência com o bioma em que cada leitor vive. Este é o caminho para ajudar a Terra a recuperar sua vitalidade e equilíbrio, evitando que o aquecimento, promovido pelo sistema capitalista, destrua o ambiente que torna possível a vida.


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

SALVEMOS OS ÍNDIOS GUARANI-KAIOWÁ!

DEPOIS DE LER A CARTA DA COMUNIDADE GUARANI-KAIUWÁ PUBLICADA EM SEGUIDA, CERTAMENTE TODOS E TODAS APOIARÃO A CAMPANHA E REFORÇARÃO O ABAIXO-ASSINADO ORGANIZADO PELA AVAAZ. JUNTOS SOMOS MAIS.


http://www.avaaz.org/po/petition/Salvemos_os_indios_GuaraniKaiowa_URGENTE/?tPbAKab

 


Salvemos os índios Guarani-Kaiowá - URGENTE!

Leia, abaixo, carta de socorro da comunidade Guarani-Kaiowá. Os índios da etnia Guarani-Kaiowá estão correndo sério risco de GENOCÍDIO, com total omissão da mídia local e nacional e permissão do governo. Se você tem consciência de que este sangue não pode ser derramado, assine esta petição. Exija conosco cobertura da mídia sobre o caso e ação urgente do governo DILMA e do governador ANDRÉ PUCCINELLI, para que impeçam tais matanças e junto com elas a extinção desse povo. CARTA:

"Nós (50 homens, 50 mulheres, 70 crianças) comunidades Guarani-Kaiowá originárias de tekoha Pyelito kue/Mbrakay, vimos através desta carta apresentar a nossa situação histórica e decisão definitiva diante de despacho/ordem de nossa expulsão/despejo expressado pela Justiça Federal de Navirai-MS, conforme o processo nº 0000032-87.2012.4.03.6006, em 29/09/2012.

Recebemos esta informação de que nós comunidades, logo seremos atacada, violentada e expulsa da margem do rio pela própria Justiça Federal de Navirai-MS. Assim, fica evidente para nós, que a própria ação da Justiça Federal gera e aumenta as violências contra as nossas vidas, ignorando os nossos direitos de sobreviver na margem de um rio e próximo de nosso território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay.

Assim, entendemos claramente que esta decisão da Justiça Federal de Navirai-MS é parte da ação de genocídio/extermínio histórico de povo indígena/nativo/autóctone do MS/Brasil, isto é, a própria ação da Justiça Federal está violentando e exterminado e as nossas vidas. Queremos deixar evidente ao Governo e Justiça Federal que por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo, não acreditamos mais na Justiça Brasileira.

A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas?? Para qual Justiça do Brasil?? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos mesmo em pouco tempo, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados 50 metros de rio Hovy onde já ocorreram 4 mortos, sendo 2 morreram por meio de suicídio, 2 morte em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas. Moramos na margem deste rio Hovy há mais de um (01) ano, estamos sem assistência nenhuma, isolada, cercado de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Tudo isso passamos dia-a-dia para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay.

De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários os nossos avôs e avós, bisavôs e bisavós, ali estão o cemitérios de todos nossos antepassados. Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser morto e enterrado junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao Governo e Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação/extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais.

Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal, Assim, é para decretar a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e para enterrar-nos todos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem morto e sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo de modo acelerado. Sabemos que seremos expulsas daqui da margem do rio pela justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo/indígena histórico, decidimos meramente em ser morto coletivamente aqui. Não temos outra opção, esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS.''