quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

MUDANÇAS CLIMÁTICAS GERAM MIGRANTES CLIMÁTICOS




IHU

O lado humano das mudanças climáticas

A Environmental Justice Foundation produziu um relato sobre como as pessoas de Bangladesh já sofrem com os impactos do aquecimento global e destaca a importância de reconhecer o problema dos migrantes climáticos.

A reportagem é de Fabiano Ávila e publicada pelo Instituto CarbonoBrasil, 12-12-2012.

Muitas vezes ficamos centrados nos estudos científicos sobre o clima e em números de variação de temperatura ou nos bilhões de dólares em prejuízos que este ou aquele fenômeno causaram e perdemos um pouco a real noção dos impactos das mudanças climáticas na vida das pessoas.

É com a intenção de chamar a atenção para esta realidade que a ONG britânica Environmental Justice Foundation (EJF) lançou no Dia dos Direitos Humanos (10 de dezembro) o relatório "A Nation Under Threat" (Uma Nação Ameaçada), que detalha como milhões de pessoas em Bangladesh já sofrem com as consequências das mudanças climáticas.

O documento aponta, por exemplo, que depois de afetadas por desastres naturais, a recuperação nas áreas rurais demora muito para acontecer, sendo que as taxas de desemprego seguem altas por até 18 meses.

As mudanças climáticas também têm tornado cada vez mais difícil a sobrevivência pela agricultura, uma vez que a imensa maioria dos produtores de Bangladesh não possui acesso a tecnologias modernas de plantio. Assim, qualquer chuva ou seca um pouco mais intensa causa a perda total das lavouras.

Outro dilema, que, segundo a EJF, é o maior desafio atual para os direitos humanos e para o desenvolvimento econômico é a intrusão de água salgada nas fontes potáveis. Muitas comunidades rurais estariam se tornando insustentáveis porque não possuem mais acesso à água para o consumo e para irrigação.

Todos esses problemas se somam e são os principais fatores para a migração de pessoas das áreas rurais para as urbanas. A capital, Daca, apresenta uma taxa de crescimento populacional de 966% nos últimos 30 anos.

Para piorar, as pessoas que vão para as cidades acabam tendo que viver de forma marginal, em periferias perigosas do ponto de vista da criminalidade e da saúde pública. Também são geralmente áreas de risco para desastres naturais. Barracos que mal podem ser chamados de casas se amontoam perto de rios que enchem ou em morros que desmoronam na primeira chuva mais forte.

“Nós fomos para casa e vimos que não havia restado nada. Não havia uma única residência na qual as pessoas poderiam morar. Somente as casas construídas aproveitando a proteção de árvores ficaram de pé, porém não estavam habitáveis. Todas as casas de pau-a-pique se foram”, disse Ataur Rahman, descrevendo o cenário após mais um ciclone assolar o país.

COP 18

Apesar de na Conferência do Clima de Doha (COP 18), que terminou no último sábado (8), os países mais ricos terem concordado em incluir no texto final que é preciso começar a liberar recursos para os mais vulneráveis se recuperarem dos impactos das mudanças climáticas, pouco de concreto foi feito.

“As negociações não foram ambiciosas o suficiente. Os delegados falharam ao não criar um caminho para facilitar a ajuda para os países mais pobres que já sofrem com as mudanças climáticas”, declarou Steve Trent, diretor do EJF.

O relatório sobre Bangladesh destaca que uma resposta mais sofisticada e coordenada da comunidade internacional é necessária. Segundo o documento, seria fundamental passar a olhar as mudanças climáticas como um drama humano, com o mesmo interesse que é dado para questões envolvendo os direitos humanos.

“Nossas falhas para lidar com as mudanças climáticas possuem um grande impacto na segurança alimentar, saúde pública e bem-estar, que são direitos essenciais de todas as pessoas. Os refugiados climáticos não possuem nenhum tipo de reconhecimento ou proteção. Precisamos identificar áreas e populações em risco climático e estudar como as estruturas ligadas aos direitos humanos podem ajudar”, afirmou Trent.

Esta visão é compartilhada por Rizwana Hasan, da Associação dos Advogados de Direito Ambiental de Bangladesh. “A mudança climática é um fenômeno que vem agravar problemas já existentes. A comunidade internacional deve buscar um novo conjunto de leis para lidar com esse desafio e com os refugiados, que vão aumentar ainda mais no futuro.”

“Acredito que toda a questão das mudanças climáticas costumava parecer algo difícil de entender, algo distante da realidade e por isso era ignorada. Mas estamos vendo sinais cada vez mais evidentes de seus impactos e temos que nos tornar mais conscientes e responsáveis pelo bem das futuras gerações”, concluiu a atriz Ashley Jensen, apoiadora da EFF.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

VÍDEO MOSTRA AQUECIMENTO DO PLANETA PREVISTO PELO BANCO MUNDIAL

INCRÉVEL: os dados utilizados no vídeo que pode ser acessado pelo link abaixo são de um estudo recente do Banco Mundial, mostrando que, se nada for feito para evitar o que já está em processo, haverá aquecimento médio da Terra de 4ºC até 2100.

É claro que o texto do vídeo não podia esquecer de referir que há outros estudos que não confirmam e acham exageradas estas previsões - tese preferida pelo jornal Folha de São Paulo. Há sempre o direito de preferir enganar-se, negando o óbvio e experimentado, mesmo quando isso pode continuar promovendo irresponsabilidades.

De toda forma, o que faltou referir é outra coisa, muito grave: é a informação de que o aquecimento do planeta, que já está em andamento e tem aumentado dramaticamente nos últimos 50 anos, e que se agravará nos próximos anos, tem tudo a ver com o que o Banco Mundial tem ajudado a implantar em nosso mundo, financiando empresas industriais, agrícolas, petrolíferas, mineradoras,energéticas, reflorestadoras e outras que emitem cada vez quantidade maior de gases que guardam calor na atmosfera e aumentam a temperatura.

Por isso, ao ver e ouvir a notícia dada neste vídeo, cada um pode perguntar-se: o que posso fazer para que o Banco Mundial - assim como as grandes empresas e os governos apoiados por ele - sejam coerentes e promovam as mudanças que devem ser feitas para evitar que o aquecimento se agrave e provoque mudanças climáticas que irão tornando nosso querido planeta quase inabitável?

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1198529-folhacoptero-mostra-impactos-do-aumento-no-aquecimento-global.shtml

SOLIDARIEDADE A DOM PEDRO CASALDÁLIGA E APOIO AO POVO XAVANTE

Na verdade esta solidariedade ao amigo e bispo Pedro Casaldáliga é uma denúncia de como os grandes grileiros de terras do Mato Grosso - que não são diferentes dos que atuam em outras regiões do país - querem manter o decreto de extermínio dos povos indígenas brasileiros. É um decreto que tem mais de 500 anos, teve cara de colonização europeia, de imperio, república, ditaduras e nova república brasileiros, e atualmente tem cara de capitalismo neoliberal globalizado.

Por isso, ao sermos solidários com os Xavante, em sua luta pelo seu território, e a dom Pedro, que sempre os apoiou como testemunho de seu seguimento de Jesus de Nazaré, precisamos questionar a política indigenista do governo federal, que praticamente nada faz em favor dos povos indígenas, e sua política econômica, que favovrece o desejo desesperado do grande capital financeiro globalizado de ter sob seu domínio e como mercadorias os bens naturais preservados pelos povos indígenas - através de sua "economia verde".

Que nossa denúnica e solidariedade sejam formas de viver autenticamente o Natal de Jesus de Nazaré.



Nota de solidariedade a Dom Pedro Casaldáliga


Ao se aproximar a desintrusão da Terra Indígena Marãiwatsèdè, após mais de 20 anos de invasão, quando os não indígenas estão para ser retirados desta área, multiplicam-se as manifestações de fazendeiros, políticos e dos próprios meios de comunicação contra a ação da justiça.

Neste momento de desespero, uma das pessoas mais visadas pelos invasores e pelos que os defendem é Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia, a quem estão querendo, irresponsável e inescrupulosamente, imputar a responsabilidade pela demarcação da área Xavante nas terras do Posto da Mata.

As entidades que assinam esta nota querem externar sua mais irrestrita solidariedade a Dom Pedro. Desde o momento em que pisou este chão do Araguaia e mais precisamente, desde a hora em que foi sagrado bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, sua ação sempre se pautou na defesa dos interesses dos mais pobres, os povos indígenas, os posseiros e os peões. Todos sabem que Dom Pedro e a Prelazia sempre deram apoio a todas as ocupações de terra pelos posseiros e sem terra e como estas ocupações foram o suporte que possibilitou a criação da maior parte dos municípios da região.

Em relação à terra indígena Marãiwatsèdè, dos Xavante, os primeiros moradores da região nas décadas de 1930, 40 e 50 são testemunhas da presença dos indígenas na região e como eles perambulavam por toda ela. Foi com a chegada das empresas agropecuárias, na década de 1960, com apoio do governo militar, que a Suiá Missu se estabeleceu nas proximidades de uma das aldeias e até mesmo conseguiu o apoio do Serviço de Proteção ao Indio para se ver livre da presença dos indígenas. A imprensa nacional noticiou a retirada de 289 xavante da região os quais foram transportados em aviões da FAB, em 1966, para a aldeia de São Marcos, no município de Barra do Garças.

Em 1992, a AGIP, empresa italiana que tinha comprado a Suiá Missu das mãos da família Ometto, quis se desfazer destas terras. Por ocasião da ECO-92, sob pressão inclusive internacional, a empresa destinou 165.000 hectares para os Xavante que, durante todo este tempo, sonhavam em voltar à terra de onde tinham sido arrancados. Imediatamente fazendeiros e políticos da região fizeram uma grande campanha para ocupar a área que fora reservada aos Xavante, precisamente para impedir que os mesmos retornassem. Já no dia 20 de junho de 1992, algumas áreas tinham sido ocupadas e foi feita uma reunião no Posto da Mata, da qual participaram políticos de São Félix do Araguaia e de Alto Boa Vista e também havia repórteres. A reunião foi toda gravada. As falas deixam mais do que claro que a invasão da área era exatamente para impedir a volta dos Xavante. “Se a população achou por bem tomar conta dessa terra em vez de dá-la para os índios, nós temos que dar esse respaldo para o povo” (José Antônio de Almeida – Bau, prefeito de São Félix do Araguaia). “A finalidade dessa reunião é tentarmos organizar mais os posseiros que estão dentro da área... Se for colocar índio no seu habitat natural, tem que mandar índio lá para Jacareacanga, ou Amazonas, ou Pará...” (Osmar Kalil – Mazim, candidato a prefeito do Alto Boa Vista). “Nós ajudamos até todos os posseiros daqui serem localizados... Chegou a um ponto, ou nós ou eles (os Xavante)porque nós temos o direito... Dizer que aqui tem muito índio? Aqueles que estão preocupados com os índios que tem que assentar. Tem um monte de país que não tem índio. Pode levar a metade... Na Itália tem índio? Não, não tem! Leva! Leva pra lá! Carrega pra lá! Agora, não vem jogar em nós, não... ( Filemon Costa Limoeiro, à época funcionário do Fórum de São Félix do Araguaia)

A área reservada aos Xavante foi toda ocupada por fazendeiros, políticos e comerciantes. Muitos pequenos foram incentivados e apoiados a ocupar algumas pequenas áreas para dar cobertura aos grandes. O governo da República, porém estava agindo e logo, em 1993, declarou a área como Terra Indígena que foi demarcada e, em 1998 homologada pelo presidente FHC. Só agora é que a justiça está reconhecendo de maneira definitiva o direito maior dos índios. O que D. Pedro sempre pediu, em relação a esta terra, foi que os pequenos que entraram enganados, fossem assentados em outras terras da Reformas Agrária. Mas o que se vê é que, ontem como hoje, os pequenos continuam sendo massa de manobra nas mãos dos grandes e dos políticos na tentativa de não se garantir aos povos indígenas um direito que lhes é reconhecido pela Constituição Brasileira.

Mais uma vez, queremos manifestar nossa solidariedade a Dom Pedro e denunciar mais esta mentira de parte daqueles que tentam eximir-se da sua responsabilidade sobre a situação de sofrimento, tensão e ameaça de violência que eles mesmos criaram, jogando esta responsabilidade sobre os ombros de nosso bispo emérito.

5 de dezembro de 2012

Conselho Indigenista Missionário – CIMI - Brasilia
Comissão Pastoral da Terra – CPT - Goiânia
Escritório de Direitos Humanos da Prelazia de São Félix do Araguaia – São Félix do Araguaia
Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção – ANSA – São Félix do Araguaia
Instituto Humana Raça Fêmina – Inhurafe – São Félix do Araguaia
Associação Terra Viva – Porto Alegre do Norte
Associação Alvorada – Vila Rica
Associação de Artesanato Arte Nossa – São Félix do Araguaia
Grupo de Pesquisa Movimentos Sociais e Educação - GPMSE - Cuiabá
Associação Brasileira de Homeopatia Popular – ABHP - Cuiabá
Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso - FDHT - Cuiabá
Centro Burnier Fé e Justiça – CBFJ - Cuiabá
Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento – FORMAD - Cuiabá
Instituto Caracol – ICARACOL - Cuiabá
Rede de Educação Ambiental de Mato Grosso – REMTEA - Cuiabá