terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

SEM DIREITO À AGUA NÃO HÁ OUTROS DIREITOS

Participei, nos dias 23 e 24, do Seminário Internacional sobre O Direito Humano à Água, iniciativa de uma instituição argentina que promove o Diálogo e a Cultura do Encontro e realizado na Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano. Contamos com a presença do Papa Francisco, que destacou: a água é o início de todas as formas de vida, e por isso, sem a garantia do direito à água não há outros direitos. E é inaceitável que mil crianças morram todos os dias por causa da falta ou da má qualidade da água, e que milhões de pessoas não tenham acesso a água tratada.

A presença de trabalhadores ligados à distribuição de água e ao saneamento fez que ligasse este trabalho com a necessária luta para que todos os países reconheçam a água como um bem comum e um direito para todas as pessoas e para a Terra.

Foi dedicado um tempo especial à Amazônia. Com a contribuição de pessoas da Rede Eclesial Panamazônica e outras iniciativas, ficou clara a necessidade da preservação da floresta amazônica existente e sua recriação nas áreas desmatadas para que as demais regiões do Brasil e da América do Sul contem com os rios voadores gerados neste bioma para receberem a umidade que garante as chuvas, isto é, a água para todos os seres vivos. 

Para os participantes brasileiros, foram dois dias de reflexão sobre a temática da Campanha da Fraternidade, que será iniciada no dia 1º de março. De fato, para que cultivemos e guardemos a Criação, precisamos dar-nos conta da ligação entre os biomas brasileiros e a defesa da vida. Seguindo o exemplo de São Francisco, dos povos indígenas e do Papa Francisco, precisamos aprender a amar todos os seres que constituem cada um dos seis diferentes berços de vida, os biomas, como nossos irmãos. A água é um dos seres indispensáveis para a vida, e por isso é preciso cultivar e guardar o que Deus criou, junto com a Terra, para que ela não falte para ninguém. E esse cuidado será diferente em cada bioma, já que, por exemplo, os desafios para garantir água na Caatinga semiárida são muito diferentes dos enfrentados na Amazônia.

Por isso, em defesa da vida da Terra e de todos os seres vivos, procuremos conhecer e escutar a voz de Deus que nos fala e convida a mudar nosso jeito de viver e conviver com cada um dos nossos biomas, e a apoiar o que os irmãos e irmãs estão fazendo nos seus biomas.

           Ivo Poletto, do FMCJS  


NOSSA SENHORA DAS GROTAS E APARECIDA NO SAMBA

Nossa Senhora das Grotas e Aparecida no samba.
Roberto Malvezzi (Gogó)
O sagrado e o profano não têm distinção no meio do povo. Conforme a famosa frase de Moraes Moreira “sagrado e profano o baiano é carnaval”. O que interessa é a festa. Os demais elementos vêm como auxiliares, inclusive se o enredo for sobre Nossa Senhora Aparecida ou Nossa Senhora das Grotas abrindo o desfile de Grande Rio em homenagem à Ivete Sangalo.
Mas, observando mais fundo, há elementos arquetípicos nessas Marias bem brasileiras. Eu conheço bem ambas, por ter estudado em Aparecida e por morar em Juazeiro, onde Nossa Senhora das Grotas é padroeira. Viajando o Brasil, acabei fazendo um CD chamado “Maria e Ecologia”.
Um detalhe, Nossa Senhora das Grotas é mais antiga que Nossa Senhora Aparecida. Encontrada em 1707 nas grotas do Rio São Francisco por um índio, que a entregou a um vaqueiro e esse a entregou ao missionário que pregava nos sertões. A festa de 300 anos dessa Maria foi em 2007.
A homenagem à Ivete levou para a avenida não só Nossa Senhora, mas as lendas e mitos do São Francisco, como o Nego D’Água – estranho, de amarelo -, a Mãe D’Água, as carrancas e até a serpente que está presa por três fios de cabelos de Nossa Senhora na Ilha do Fogo, que está justamente entre Juazeiro e Petrolina.
Já Nossa Senhora Aparecida, encontrada no rio Paraíba, completa 300 anos de sua história agora em 2017. O carnavalesco viu aí um tema importante para grande parte do povo brasileiro e fez dele um carnaval.
Entretanto, hoje o rio São Francisco é um fiapo de água e o rio Paraíba um esgoto a céu aberto. Pescadores e índios não encontrariam mais a Aparecida em suas redes, simplesmente porque nem é possível mais pescar naquelas águas. Nossos índios do São Francisco não têm muito mais que fazer procurando peixes nas grotas – buracos nas pedras – do rio São Francisco.
Aí que a figura arquetípica de Maria, encontrada sempre em rios, por pessoas simples como pescadores, índios, caboclos, vaqueiros, etc., mostra seu lado evangelizador e ecológico.
Nessa Campanha da Fraternidade de 2017, comemorando os 300 anos de Aparecida, que a Senhora das Grotas, de Aparecida, do Círio de Nazaré (encontrada num igarapé) e tantas outras manifestações marianas, nos ajudem a cuidar de nossos biomas, sem os quais não teremos mais rios.

OBS: Tenho uma música contando a história de Aparecida e outra contando a história de N. S. das Grotas. Seguem os links abaixo para os interessados.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

10 COISAS A SABER ANTES DE COMEÇAR HORTA URBANA


10 COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER ANTES DE COMEÇAR UMA HORTA


Ao longo desses quase 10 anos trabalhando com agricultura urbana, conheci pessoas que traziam as mais variadas motivações para se cultivar uma horta: saúde, ecologia, organização comunitária, razões políticas, econômicas, ambientais, e um grande etcétera.
E realmente: horta é tudo isso e um pouco mais. Desconheço outras práticas que sejam tão agregadoras, plurais e transversais como a agricultura, principalmente a urbana, orgânica e em grupo.
Felizmente, cada vez mais pessoas tem nos procurado pedindo orientações de como começar uma horta nas mais distintas condições. Por conta disso, resolvi fazer esse pequeno texto com orientações básicas e iniciais para quem se interessar pelo assunto. Obviamente não se trata de um manual, mas de questões a serem consideradas e indicações de aprofundamento.
1) COMO COMEÇAR?
item 1 planejando
Em geral, estudando e acompanhando quem já faz. Não existe caminho mais seguro que a observação. Se você quer começar uma horta, minha primeira dica é: procure alguém que tenha uma, vá até essa pessoa e converse. Observe como ela trabalha, quais são os desafios, as tarefas e os principais procedimentos. E disponha-se a ajudar. O voluntariado é uma das principais e mais sólidas portas de entrada nesse universo! Depois de estudar e observar, ponha-se a planejar a sua própria horta, de acordo com o espaço e as condições que tiver à disposição. Desenhe, escreva e pesquise: com essas três atitudes, suas chances de sucesso aumentam demais!
2) QUAL ESPAÇO PRECISO TER?
item 2 - horta pequena
Qualquer um. Uma horta pode ser um conjunto de vasos em uma sacada, um terreno de 100 m² ou dois hectares cultivados. Em se tratando de horta, tamanho não é documento. No entanto, seja qual for o tamanho disponível para começar, o espaço precisa atender a algumas condições básicas: é preciso que haja insolação direta (ainda que em apenas uma parte do dia), que exista solo ou substrato (seja em um vaso, canteiro ou cano para aquaponia), e que se tenha água a disposição. Ar também é um requisito, mas achei que era óbvio demais pra precisar citar (em outras palavras, não faça experiências de produção vegetal no vácuo, rs).
3) O QUE PLANTAR?
item 3 consorciação
Existem inúmeros métodos de plantio, mas vou te contar uma máxima da biologia: quanto mais vida, mais vida. Em outras palavras, prefira os métodos de plantio que agreguem a maior biodiversidade possível à sua horta. Quanto mais vida no solo, no ar e nas plantas, mais resistentes e saudáveis elas serão. Quando for iniciar um plantio você deve primeiro observar ao redor: quais são as plantas presentes na sua região? As mais resistentes, mais adaptadas? A horta não irá produzir tudo o que queremos, mas aquilo que as condições dadas permitirem que seja produzido. É preciso estudar o clima e as características gerais da sua região para escolher os melhores cultivos. Não adianta plantar 100 pés de mamão formosa em uma região fria, alta e montanhosa, pois o fruto não irá se desenvolver adequadamente. Além disso, as plantas interagem entre si, química e fisicamente, por isso, quando colocadas em locais próximos, precisamos conhecer um pouco de sua fisiologia e observar como reagem. O plantio pode ser feito através de mudas, sementes, estacas e pedaços de outras plantas: cada uma tem seu processo reprodutivo e o método de plantio recomendado. Em resumo: o que você irá plantar, depende da área que tem à disposição e das condições climáticas e estruturais. No máximo com 3 ou 4 dias de estudo você já estará pronto para fazer algumas escolhas. E lembre-se: nada melhor do que a prática – tentativa e erro 😉
4) E AS SEMENTES? AS MUDAS?
item 4 sementes
Como falei, cada tipo de planta exige um método de plantio, que, em termos gerais, pode ser direto (através de sementes) ou por mudas já crescidas. Em geral, raízes como cenoura e rabanete, que não gostam de ser movimentadas uma vez germinadas, devem ser plantadas direto no solo, usando sementes. Já algumas folhosas e solanáceas (como tomate ou pimentão), preferem que se faça a muda em local reservado para, posteriormente, organizá-las nos canteiros ou vasos maiores. Um pouco de estudo irá te mostrar sobre a preferência de cada uma, e nada como uma pesquisa prévia no google antes de qualquer plantio. As mudas e sementes podem ser compradas, trocadas ou conseguidas. Sementes compradas, em geral produzidas por grandes empresas, além da possibilidade de serem geneticamente modificadas, trazem venenos (por isso várias delas são de cor rosa) para evitar que sejam comidas durante o período em que estiverem armazenadas. Por essas (e várias outras) razões, prefira conseguir as chamadas sementes crioulas com amigos e amigas, e pessoas próximas. São sementes naturais, reproduzidas ao e mantidas ao longo do tempos por muita gente. Além disso, prefira também sementes adaptadas à sua região, pois elas já trazem consigo uma certa ‘memória’ genética que irá facilitar seu desenvolvimento. Se você plantar no Pará sementes de milho vindas do Rio Grande do Sul, por exemplo, elas irão demorar algumas gerações de plantio para se adaptar à nova realidade, sendo que sua produção nos primeiros 3 ou 4 anos será menor do que o esperado. Felizmente, são cada vez mais comuns as feiras de trocas de mudas e sementes, e muita gente vai poder te ajudar se você fizer uma postagem no facebook do tipo: “galera, alguém tem sementes de abóbora para me arrumar?”.
5) QUANTAS PESSOAS EU PRECISO JUNTAR PRA COMEÇAR?
item 5 pessoas mandala
Quantas quiserem e puderem. Não há limite mínimo ou máximo. Quanto mais gente, mais capacidade de trabalho, é claro. Mas uma pessoa é mais do que capaz de cuidar de uma horta pequena sozinha. Cada espaço tem suas características: temos hortas domésticas, comerciais, comunitárias… tudo depende do contexto em que nos encontramos. O mais importante é ter alguém ou algum grupo responsável por manter o espaço, regar as plantas, combater as pragas e, é claro, colher os frutos <3 p="">
6) E ÁGUA? COMO CONSEGUIR? QUANTO USAR?
item 6 água
Uma horta precisa de água a disposição. Seja água de chuva armazenada ou do tratamento de sua cidade. Seja usando balde ou mangueira. O importante é que as plantas precisam de água quase diariamente. Cada planta terá sua necessidade mas, em geral, uma rega diária é o recomendado para uma horta. A água da chuva é mais indicada, por não possuir cloro, flúor e outros tantos produtos químicos usados no tratamento, além de ser gratuita. Água de poços, quando estes não afetam a disponibilidade local de água, também é interessante. Prefira essas fontes à água tratada que, além do mais, é cara.
7) QUAL É O MELHOR FORMATO? CANTEIROS? VASOS? MANDALA?
item 7 mandala
O melhor formato é aquele que melhor aproveita o seu espaço e que se adequa às suas prioridades. O que é principal pra você? Produção? Estética? Funcionalidade? Essa questão será importante na hora de escolher o formato, e uma combinação equilibrada de todos esses fatores é um bom caminho. Na permacultura, preferimos utilizar formas curvas e circulares sempre que possível porque, além de mais agradáveis, criam mais bordas, aumentando nossa área produtiva e facilitando o manejo. O ideal é fazer vários desenhos antes de colocar a mão na massa, pra poder visualizar da melhor forma possível qual será o resultado final. Falando de espaço urbano, sempre vale levar em consideração toda verticalização possível, usando paredes, desníveis e relevos à nosso favor.
8) E SE EU QUISER FAZER UMA HORTA COMUNITÁRIA?
item 5 pessoas
Uma horta comunitária é uma das maneiras mais interessante de aprofundar a sociabilidade entre grupos, pessoas e vizinhos, e pode ser um ótimo tema gerador para organizar uma comunidade. Existem milhares de modelos de hortas comunitárias possíveis, e tudo isso depende da comunidade em questão, seus membros e seu propósito. O principal é encontrar qual é a motivação que unifica a todos os participantes. Oferecer ao bairro uma alimentação alimentar a preços populares? Garantir a soberania alimentar do entorno? Utilizar a horta como ferramenta pedagógica pra crianças e adolescentes? Combater o desperdício de lixo? Auxiliar uma ONG? Enfim, são muitas as possibilidades, e se você quer organizar uma horta comunitária, sua primeira e principal função será encontrar a ‘cola’ entre a horta e as pessoas que você quer engajar, e para isso não existe receita que não a conversa, o diálogo, e a observação. Chame reuniões em seu grupo, exponha sua vontade para as pessoas, escute-as, e planeje coletivamente.
9) PODE SER EM ESPAÇO PÚBLICO?
item 9 espaço publico
Sim! A horta pode ser também realizada em uma praça, terreno ou espaço público, desde que haja autorização do órgão competente (prefeitura, governo ou união), proprietário do imóvel. Claro que também é possível plantar seu autorização o que agrada ainda mais algumas pessoas, mas, nesse caso, você estará sujeito a ter seu trabalho perdido e, eventualmente, até mesmo ser notificado ou multado por sua ação. Então, estude bem as consequências e possibilidades, e escolha o melhor caminho. O ideal é que você procure a administração responsável e leve até ela um projeto para área, pedindo sua cessão de uso para uma Organização local, como uma ONG, por exemplo. Isso pode ser facilmente conseguido com boa vontade política e já acontece em milhares de situação Brasil a fora.
10) MAS AFINAL, POR QUE FAZER UMA HORTA?
item 10 veracidade
Como dissemos no início, razões para fazer uma horta não faltam. Eu vou elencar algumas:
– Horta é um jeito da gente se conectar com os ritmos naturais e com o mundo vegetal, elementos dos quais o ritmo urbano nos afasta e aliena;
– A produção de alimentos é encantadora e estimula hábitos físicos e alimentares mais saudáveis;
– Hortas trazem vida para as cidades, com animais, pássaros e muitos outros seres associados aos vegetais cultivados;
– Horta organiza e junta gente. Não tem quem não goste de falar do assunto, e é algo muito agregador;
– Horta é resistência. Mostra que nós podemos buscar mais autonomia, determinar os rumos das nossas próprias vidas, e que não precisamos ser reféns do mercado e das grandes corporações para conseguir existir no mundo.
Espero que esse esforço possa ser útil e estimule as pessoas a darem os primeiros passos nesse universo incrível que é a agricultura! Não tenha dúvida: tendo 1 m² quadrado de sol na sua garagem ou quintal, plante um pé de alface, uma cebolinha, um pouco de salsinha, e seja feliz! Se quiser conversar sobre o assunto, tirar mais dúvidas ou começar algo com nosso apoio, é só entrar em contato.
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=443926518258259368#editor/target=post;postID=766179191634366248 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

11º MANDAMENTO: CULTIVAR E GUARDAR A CRIAÇÃO

Roberto Malvezzi (Gogó)
A Quaresma continua a mesma e, com as Campanhas da Fraternidade, cada vez melhor. É um tempo que rememora os 40 anos do povo de Israel no deserto, ou 40 dias de Jesus no deserto, ou 40 dias que a Igreja delimitou como anteriores à celebração da Páscoa. Os sinais de “conversão”, no sentido de “rasgar os corações e não as vestes”, são o jejum, a oração e a esmola. Mas, o que importa é a conversão permanente.
Entretanto, ao trazer o tema da CF relacionando a fraternidade com o cuidado dos biomas brasileiros, a Igreja fala aos católicos, às outras Igrejas e a todo povo brasileiro. Agora nossa conversão adquire uma terceira dimensão. Se antes era um período de conversão a Deus e aos irmãos, agora inclui o 11º mandamento: cultivar e guardar a criação (Gênesis 2,15).
Bioma vem do grego. Bio é vida. Oma é conjunto, estrutura, etc. Portanto, bioma é um conjunto de vidas que ocupam um determinado espaço, sob um mesmo clima, um solo semelhantes e um relevo semelhante. Dai nossos 6 biomas oficiais: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa. Para os movimentos sociais os povos que ocupam esses espaços são parte integrante dos biomas.
Para alguns cientistas a zona costeira dos manguezais e restingas deveria ser um bioma especial. Para outros ainda, a zona marinha deveria ser outro bioma. Para Aziz Ab’Saber deveríamos falar em “domínios morfoclimáticos”, incluindo o domínio das araucárias. Porém, oficialmente estamos definidos como 6 biomas.
Dessa biota – conjunto de todas as vidas – dependemos para comer, beber, produzir fármacos, essências, ter um clima ameno, e tantos outros serviços ambientais. Lembrando Francisco, tudo está interligado, vivemos numa fraternidade universal, cada criatura tem sua mensagem e precisamos entendê-las e respeitá-las.  
Francisco nos mostra que precisamos de uma conversão ecológica. A Quaresma é um tempo propício. Que saibamos usufruir esse período numa verdadeira conversão ecológica, que exige o reconhecimento e agradecimento ao Criador por tudo que Ele nos deu, a gratidão aos irmãos e irmãs que fazem de sua vida um gesto de cuidado e à toda a criação pela abundância de bens – tão maltratados – que ela nos oferece.

CIDADE DO MÉXICO: O PREÇO DA AGRESSÃO

CUIDADO: OS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SÃO COMO FAGULHAS NUMA PILHA DE LENHA!

Quase todas as notas que soltamos sobre a Cidade do México falam de seu trânsito, de veículos a diesel e da baita poluição que é uma das características da cidade. 

Este artigo do New York Times mostra outro lado. A cidade foi construída pelos Astecas em uma ilha lacustre. A cidade cresceu em direção às montanhas que a cercam, drenando e soterrando o lago. A água foi sendo expulsa para dar mais espaço para as avenidas e construções. 

Resultado: uma cidade que mostra sinais de que está afundando. E que tem cada vez menos água para beber. O artigo, o primeiro de uma série sobre como as cidades enfrentam as mudanças do clima, diz “os efeitos da mudança do clima são variados e oportunistas, mas uma coisa é consistente: são como fagulhas numa pilha de lenha”.

  

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

NA ÍNDIA A SOLAR CADA VEZ MAIS BARATA E O CARVÃO CADA VEZ MAIS SUJO

 E NO BRASIL, POR QUE ESSAS VANTAGENS NÃO SÃO LEVADAS A SÉRIO? E HÁ AINDA QUEM RECLAMA QUANDO AFIRMAMOS QUE NOSSO PAÍS CONTINUA COLONIZADO, POR FORÇA DAS ELITES QUE NOS DOMINAM.

Num leilão reverso para uma planta solar de 750 MW, o preço da energia solar caiu para US$ 53,50/MWh (R$ 166 pelo câmbio de ontem). Duas das principais razões desta queda são específicas do mercado indiano: empréstimos com prazos maiores autorizados recentemente pelo governo (19 anos) e queda na taxa de juros (9,5%). A razão de ordem geral é a queda de 30% no preço dos módulos fotovoltaicos nos últimos 18 meses.

Um estudo publicado esta semana pelo indiano TERI (The Energy and Resources Institute) aponta para uma Índia sem carvão em 2050. Mostra que a atual capacidade instalada, somada à que já está em construção, aguenta a demanda até 2026 e que, até lá, nenhum novo investimento em usinas a carvão deverá ser feito. A partir de 2024, as renováveis já estarão mais baratas do que o carvão e, portanto, a capacidade a ser instalada a partir daí deverá ser eólica e solar.




AMAPÁ: A FRONTEIRA FINAL AMEAÇADA PELO PETRÓLEO E PELA SOJA

COMO ACABAR COM ESSE PROCESSO DESTRUIDOR DE OCUPAÇÃO DA AMAZÔNIA? JÁ SOFREM OS POVOS DA REGIÃO, JÁ SOFREM AS REGIÕES QUE DEPENDEM DA UMIDADE QUE É GERADA PELA AMAZÔNIA. MAS HÁ CEGOS E SURDOS, EXCLUSIVAMENTE VOLTADOS PARA O CULTO AO ÍDOLO RIQUEZA.


Os moradores do estado menos desenvolvido do Brasil temem que os planos governamentais para a soja e o petróleo destruam a floresta e seus meios de subsistência. A Comissão Pastoral da Terra levantou o registro por empresas e especuladores de mais de 828.000 hectares em apenas três anos. Estas áreas haviam sido destinadas pelo governo federal a pequenos proprietários, mas nunca registradas. A CPT teme que a violência e as disputas sigam a ocupação das terras, assim como ocorreu no vizinho estado do Pará quando as florestas foram derrubadas e o agronegócio avançou.

Antropólogos e acadêmicos dizem que o Amapá enfrenta outras ameaças: embora 70% da sua área seja protegida por terras indígenas e unidades de conservação, as florestas estão sendo abertas a barragens, mineração de ouro e megaprojetos de desenvolvimento.

E tem mais: é possível que nos próximos 18 meses as petroleiras estrangeiras BP e Total, junto com empresas brasileiras, iniciem perfurações no litoral do Amapá. Lá foi identificado um novo e possivelmente vasto campo petrolífero, que pode conter entre 15 e 20 bilhões de barris. A perspectiva de exploração de petróleo assusta os 4 mil pescadores do Amapá e muitos grupos indígenas, que dependem da água limpa para sobrevivência e alimentação. 

As empresas afirmam que a perfuração não terá qualquer impacto sobre o estado, e que qualquer poluição será levada por correntes para mar aberto, mas os moradores discordam. O Greenpeace, que está neste momento desafiando as petroleiras, diz que "a perfuração de petróleo perto do recife de corais recém descoberto afetará todo o estado do Amapá e a própria região amazônica. Qualquer derramamento porá em perigo a pesca, as florestas e os povos indígenas. Usar o óleo aumentará a mudança do clima e ameaçará a floresta". 

Grupos sociais e ambientais alertam que o Amapá é extremamente vulnerável ao caos social. A pobreza já é alta: mais de 55 mil dos 750 mil moradores do Amapá vivem em extrema pobreza. "Se petróleo e soja forem desenvolvidos no estado, os problemas só crescerão. Esta é a nova fronteira do petróleo e do agronegócio. Ambas as indústrias ameaçam a vida, destroem o mundo natural e empobrecem as pessoas. Nenhum delas é sustentável". É o que diz Paulo Adário, do Greenpeace.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

A VOLTA DA MISÉRIA

Roberto Malvezzi (Gogó)
Quando debatíamos as fragilidades das conquistas sociais dos governos Lula-Dilma, um dos assombros era a possível volta da miséria. As reformas mais estruturais não tinham vindo e sempre achávamos que, com um governo regressista, o volta poderia acontecer.
O medo virou realidade antes de qualquer previsão. A estimativa do Banco Mundial é que 3,6 milhões de brasileiros regressem à miséria até o final desse ano.
Quem já viu tanta fome, sede, migração, saques, mortalidade infantil, se tiver um pingo restante de humanidade, não gostaria mais de ver essas cenas. Talvez menos aqui no Nordeste – já que a sociedade civil construiu uma infraestrutura mais sólida que os programas sociais -, mas, sobretudo nas periferias das grandes cidades.
Mesmo em crise, a sexta ou sétima economia do mundo não precisaria produzir miséria para se reajustar, se houvesse algum critério humanitário no reajuste.
O atual governo vai dizer que o retrocesso é uma herança da desorganização econômica oriunda dos governos anteriores. Jamais vai admitir que aprofundou a problemática econômica e que está tentando ajustar a economia às custas dos trabalhadores, aposentados e da miséria dos mais pobres.
Mas, a volta das crianças aos faróis, dos pedintes em mesas de bar e nas esquinas, no faz pensar que esse país realmente não tem jeito, que as forças reacionárias sempre vencem. É o pais dos “sangrados e ressangrados, capados e recapados”, como dizia Capistrano de Abreu.
Outro sinal é a anarquia social, o “mundo cão” das facções, quadrilhas, assassinatos, assaltos, assim por diante.
Não temos para onde ir, a não ser continuar combatendo, com o pouco que temos, as forças que produzem miséria para manter a acumulação do capital.  Mas, esse capital tem rosto e tem nome. Basta ver o noticiário de cada dia.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

MOVIMENTOS DE MULHERES CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

MANIFESTO - MOVIMENTOS DE MULHERES CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

CONVOCAM LUTAS PARA O MÊS DE MARÇO DE 2017

“Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida” (Simone de Beauvoir)

O Brasil vive hoje o aprofundamento do golpe parlamentar, midiático e jurídico que rompeu com a democracia em 2016, semeou ódio às mulheres e população LGBT e reforçou o racismo. Temos vivido uma conjuntura de avanço do conservadorismo e de perda de direitos sociais e trabalhistas historicamente conquistados, seguido do aumento da violência e do controle sobre a vida e o corpo das mulheres, além da repressão, criminalização aos movimentos sociais populares e da desqualificação e perseguição das esquerdas. Em que pese essa onda conservadora, o feminismo tem resistido nas ruas contra retirada de direitos, contra a violência e feminicídios, lutando por autonomia e por nossos direitos sexuais e reprodutivos.

Os desmontes dos direitos e das políticas sociais atingem de forma particular as mulheres. Quanto mais avançam a privatização e a precarização da saúde e da educação, por exemplo, mais se intensifica a sobrecarga de responsabilização e de trabalho das mulheres, aumentando desigualdades de gênero, classe, raça e de geração.

Na contramão do reconhecimento da sobrecarga de trabalho e responsabilidades historicamente imputadas às mulheres, foi apresentada pelo governo golpista de Michel Temer uma proposta de reforma da Previdência que propõe igualar a idade de homens e mulheres, trabalhadores (as) rurais e urbanos para 65 anos, com 25 anos de contribuição. Dessa forma, as trabalhadoras rurais, por exemplo, que até agora se aposentavam com 55 anos, precisarão trabalhar pelo menos 10 anos a mais. Equiparar a idade de homens e mulheres para aposentadoria é desconsiderar a tripla jornada de trabalho das mulheres, que garantem a realização do trabalho doméstico e de cuidados, além da reprodução da força de trabalho.

Com as novas regras, as pensões por morte e os benefícios assistenciais definidos pela Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) deixam de ser vinculados ao salário mínimo e a idade de acesso do Benefício da Prestação Continuada (BPC) passará para 70 anos, retirando o acesso de milhares de pessoas ao benefício que, em diversas famílias, é a única fonte de renda.

Para trabalhadoras e trabalhadores rurais, a PEC 287/2016 propõe várias mudanças que dificultam significativamente o acesso aos direitos previdenciários. Um dos maiores problemas está na obrigatoriedade da contribuição individual em substituição à aplicação de alíquota sobre o resultado da comercialização da produção (art. 195, § 8º da Constituição Federal), conhecido como FUNRURAL. No contexto das relações desiguais na família, quando a família tiver que optar por um membro da família para contribuir, dificilmente será a mulher ou a/o jovem.

Outra alteração drástica será a desvinculação da aposentadoria do Salário Mínimo, que será 51% da média dos salários de contribuição, somados a 1% por ano de contribuição. Isto significa que, para se aposentar com um salário mínimo, um/a trabalhador/a rural necessitará ter contribuído por 49 anos e ter começado a contribuir aos 16 anos de idade.

Nós, mulheres trabalhadoras do campo, da floresta, das águas e da cidade, manifestamos nossa posição contrária à reforma da Previdência Social que impõe retirada de direitos adquiridos e aumento das desigualdades sociais; mas não mexe nos privilégios das classes dominantes, levando à privatização deste direito social e ao aumento do lucro dos bancos e das empresas de previdência privada. Defendemos o sistema de Seguridade Social e a Previdência Universal, Pública e Solidária, que contribua de forma justa com a distribuição de renda e a diminuição das desigualdades entre homens e mulheres, considerando as diferenças entre as/os trabalhadoras/es rurais e urbanos.

Só com uma ampla mobilização impediremos esses retrocessos. Nosso caminho e alternativa é resistir e lutar juntas!!!

Por isso, convocamos a todas as mulheres e organizações de mulheres a participar do processo de construção das ações do Dia Internacional de Luta das Mulheres, 08 de março: lutas em defesa dos nossos direitos contra a reforma da Previdência Social.

Para isso, sugerimos:

• Formação política sobre os impactos da reforma da Previdência na vida das mulheres;
• Participação em programas de rádio;
• Pressão sobre vereadoras/es, prefeitas/os e deputadas/os nos estados, propondo audiências públicas em Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas;
• Realização de grandes mobilizações, atos, paralisações e jornadas de lutas descentralizadas nos esta- dos, entre os dias 06 a 15 de março, de forma unitária com mulheres urbanas e rurais e em articulação com partidos de esquerda, movimentos populares e sindicais;
• Lutas contra o desmonte da reforma da Previdência, a retirada de nossos direitos e todos os tipos de violência contra as mulheres;
• Seguir presentes em todas as lutas deste mês de março contra a retirada dos direitos;
• Apoiar as lutas da “Parada Internacional de Mulheres” neste 08 de março.

Nossos Direitos, só a luta faz valer!!! Nenhum Direito A menos!!! Fora Temer!!!

Assinam:

Articulação Brasileira de Lésbicas - ABL Articulação de Agroecologia da Bahia - AABA Articulação de Mulheres Brasileiras - AMB Articulação Mineira de Agroecologia - AMA Casa da Mulher do Nordeste
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - CTB Central Única dos Trabalhadores - CUT
Centro da Agricultura Alternativa do Norte de Minas Coletivo Democracia Corinthiana - CDC
Coletivo Jaçanã Musa dos Santos - Poços de Caldas/MG
Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil - CONTRAF Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação - CNTE
Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares - CONTAG Conselho Indigenista Missionário - CIMI
Conselho Nacional das Populações Extrativistas - CNS
Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – CONAQ Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional - FASE
Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas - FENATRAD Frente Mulheres de Esquerda
GT Gênero da Articulação Brasileira de Agroecologia- ABA GT Gênero e Agroecologia
GT Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia - ANA GT Mulheres e Agroecologia da ASA Paraíba
Levante Popular da Juventude - LPJ Marcha Mundial das Mulheres – MMM
Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia - MAMA Movimento Camponês Popular – MCP
Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos / Movimento Organizado de Trabalhadores Urbanos - MTD/MOTU Movimento de Mulheres Camponesas – MMC
Movimento de Mulheres da Zona da Mata e Leste de Minas - MMZML Movimento de Mulheres do Nordeste Paraense – MMNEPA
Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste - MMTR-NE Movimento dos Atingidos por Barragem - MAB
Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra – MST Movimento dos(as) Pescadores(as) Artesanais - MPP
Movimento Graal/Brasil
Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu - MIQCB Movimento Nacional Contra a Corrupção e pela Democracia - MNCCD Movimento pela Soberania Popular na Mineração – MAM
Núcleo de Defesa da Democracia – NDD/DF
Núcleo de Estudos, Pesquisas e Práticas Agroecológicas do Semiárido - NEPPAS/UFRPE Rede de Mulheres Empreendedoras Rurais da Amazônia – RMERA
Rede Nacional de Negras e Negros LGBT
Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos Rosas pela democracia (DF)
União Brasileira de Mulheres - UBM
União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária – UNICAFES

PREVIDÊNCIA: REFORMAR PARA EXCLUIR?

PARA QUEM DESEJAR FUNDAMENTAR MELHOR SUAS CRÍTICAS AO QUE O GOVERNO PRETENDE COM A SUA PROPOSTA DE "REFORMA DA PREVIDÊNCIA", ACESSEM  O ESTUDO INTITULADO PREVIDÊNCIA: REFORMAR PARA EXLUIR? NO LINK http://plataformapoliticasocial.com.br/wp-content/uploads/2017/02/Previdencia_Doc_Sintese.pdf

VEJAM A APRSENTAÇÃO

Este documento apresenta uma contribuição ao debate sobre a reforma da Previdência Social brasileira. Sua elaboração se deu por iniciativa da Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (ANFIP) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) e contou com a colaboração de especialistas em proteção social e em mercado de trabalho. Ele se dirige a toda classe trabalhadora; aos sindicatos, associações e movimentos sociais que se mobilizam em defesa da Previdência e da Seguridade Social; às entidades de representação profissional e empresarial comprometidas com o aperfeiçoamento das regras da Previdência e Assistência Social; aos partidos e parlamentares que irão discutir a reforma da Previdência na sociedade e no Congresso Nacional; e por fim, ao governo que é autor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287, de sete de dezembro de 2016. O estudo é um convite dos autores para um debate amplo, plural e democrático, mobilizados em defesa da cidadania conquistada com a promulgação da Constituição de 1988.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

SERRA E TEMER: NÃO ENTREGUEM A BASE DE ALCÂNTARA AOS USA!

ERA SÓ O QUE FALTAVA: NA CALADA DA NOITE, SEM CONSULTAR NINGUÉM, SERRA VAI ENTREGANDO DE MÃO BEIJADA A BASE DE ALCÂNTARA AOS ESTADOS UNIDOS. A NOTA QUE SEGUE É A REAÇÃO DE MAIS DE 100 ENTIDADES A MAIS ESSA PRÁTICA ANTINACIONAL DESSE GOVERNO ILEGÍTIMO, FRUTO DE GOLPE À DEMOCRACIA. 

 Abaixo a nota atualizada com as assinaturas:
NOTA CONTRA A OFERTA DA BASE DE ALCÂNTARA AOS EUA
 Para:
Ministério das Relações Exteriores – Itamaraty
Congresso Nacional (Senado Federal e Câmara dos Deputados)
Comissão de Ciências e Tecnologia da Câmara dos Deputados
Comissão de Constituição e Justiça CCJ
À Sociedade em geral
Entre os absurdos políticos que o Brasil está enfrentando hoje, destaca-se a continuidade da submissão às imposições neoliberais do Consenso de Washington, aplicadas pelo Banco Mundial e FMI desde os anos 90 do século passado aos “países em desenvolvimento” da periferia do capitalismo, por parte do governo brasileiro ilegítimo e corrupto, que usurpou a Presidência da República através de um golpe implementado pelo Congresso Nacional, legitimado pelo Judiciário e pela grande mídia.
A notícia de que o Sr. José Serra, Ministro das Relações Exteriores, retomou contatos para “oferecer” o Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, é mais uma comprovação do DNA entreguista desse governo. Este acordo já se mostrou não apenas desvantajoso ao Brasil do ponto de vista econômico e tecnológico, mas completamente ofensivo à soberania nacional ao permitir controle total ou parcial dos EUA sobre parte do território nacional, o que por si só o torna inaceitável.
Frente a tantos absurdos, os movimentos sociais, entidades da sociedade civil, organizações sindicais, igrejas e membros de partidos políticos que promoveram o PLEBISCITO POPULAR CONTRA A ALCA na Semana da Pátria e 8º Grito dos Excluídos no ano de 2002, vêm a público, em nome dos mais de 10 milhões de brasileiros/as que votaram contra a ALCA e contra a entrega do Centro de Lançamento de Alcântara aos Estados Unidos da América, declarar que a decisão do governo ilegítimo de retomar “negociações” para a entrega do Centro será combatida novamente como uma prática de submissão neocolonial e uma traição ao povo brasileiro – como o está sendo também a política de entrega do petróleo brasileiro às corporações multinacionais.
Conclamamos a todas as pessoas e entidades que coroaram de êxito o Plebiscito Contra a Alca – e contra a entrega do Centro/Base de Lançamento de Alcântara – a se manifestarem publicamente contra a prática do ministro do governo ilegítimo, José Serra, de impor relações internacionais a partir de sua vontade individual, sem debate e consulta ao povo. Lutaremos e resistiremos contra essa prática com todas as forças.
Ao contrário das políticas autoritárias e entreguistas do governo usurpador, que enfraquecem a democracia e aprofundam as desigualdades, seguiremos lutando em favor da verdadeira democracia, que reforce e não debilite, a soberania da Nação brasileira e qualifique sempre mais suas relações sociopolíticas, socioeconômicas, socioambientais e socioculturais da sociedade brasileira, inclusive suas relações internacionais.
SOBERANIA NÃO SE NEGOCIA!
Janeiro de 2017.
Subscrevem:
  1. Agentes de Pastoral Negros do Brasil – APNs
  2. Amigos da Terra Brasil
  3. ANDES – Sindicato Nacional
  4. Articulação dos Empregados Rurais do Estado de Minas Gerais – ADERE/MG
  5. Associação Brasileira de Homeopatia Popular – ABHP/Cuiabá/MT
  6. Associação de Direitos Humanos
  7. Associação de Mulheres da Zona Leste – São Paulo/SP
  8. Associação de Saúde da Periferia do Maranhão – ASP/MA
  9. Associação dos Trabalhadores da Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo – ATDSESP
  10. Brigadas Populares
  11. Casa da Solidariedade do Ipiranga
  12. CEBRAPAZ
  13. Central de Movimentos Populares – CMP
  14. Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB
  15. Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB Estadual/São Paulo
  16. Central Única dos Trabalhadores – CUT
  17. Centro Burnier Fé e Justiça – CBFJ/Mato Grosso
  18. Centro de Defesa dos Direitos Humanos Marçal de Souza Tupã-i /MS
  19. Centro de Estudos Bíblicos – CEBI
  20. Centro de Estudos e Articulação da Cooperação Sul-Sul
  21. Centro de Pesquisa e Assessoria – ESPLAR/CEARÁ
  22. Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos
  23. Centro Popular de Defesa dos Direitos Humanos Frei Tito de Alencar Lima – CPDDH
  24. Coletivo de Advogados para a Democracia – COADE/São Paulo capital
  25. Coletivo de Mídia Memória Latina
  26. Comissão Brasileira de Justiça e Paz, organismo vinculado à CNBB
  27. Comitê de Energia Renovável do Semiárido – CERSA
  28. Comitê Pró-Haiti
  29. Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo – CLASP
  30. Conselho Indigenista Missionário – CIMI
  31. Conselho Nacional do Laicato do Brasil – CNLB
  32. Consulta Popular
  33. Cooperativa de Pescadores Artesanais do Bairro Prainha – Iguape/SP
  34. Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – CONAQ
  35. Coordenação Nacional de Entidades Negras – CONEN
  36. Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE
  37. CSP – Conlutas
  38. CSP – Conlutas Regional Roraima
  39. Escola Fé e Política Pe. Humberto Plummen – Setor Pastoral Social NE 2
  40. Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – FASE
  41. Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de Minas Gerais – FERAE/MG
  42. Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar da CUT no Estado de São Paulo
  43. Federação Sindical Mundial – FSM
  44. Fórum de Direitos Humanos e da Terra – FDHT/MT
  45. Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social
  46. Frente Povo Sem Medo
  47. Grito dos Excluídos Continental
  48. Grito dos Excluídos/as Brasil
  49. Grupo Carta de Belém
  50. Grupo Cidadania de Assis e Região – São Paulo/SP
  51. Grupo de Estudos Educação & Merleau-Ponty – GEMPO/UFMT
  52. Grupo de Pesquisa “Educação e Direito na Sociedade Brasileira Contemporânea”, da Universidade Federal de São Carlos/São Paulo
  53. Grupo de Pesquisa Movimentos Sociais e Educação – GPMSE/PPGE/UFMT
  54. Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte – GPEA
  55. Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE
  56. Instituto Caracol -iC
  57. Instituto de Estudos Socioeconômicos – INESC
  58. Instituto de Política Alternativas para Cone Sul – Pacs
  59. Intersindical Central da Classe Trabalhadora
  60. Iser Assessoria – Rio de Janeiro
  61. Jubileu Sul Brasil
  62. Justiça Global
  63. Justiça Sem Fronteiras – JSF
  64. Levante Popular da Juventude
  65. Marcha Mundial das Mulheres – MMM
  66. Movimento Camponês Popular – MCP
  67. Movimento de Moradia da Cidade de São Paulo
  68. Movimento de Mulheres Camponesas – MMC
  69. Movimento Democracia Direta – MDD
  70. Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
  71. Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
  72. Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais – MPP
  73. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
  74. Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST
  75. Movimento Nacional Contra Corrupção e pela Democracia – MNCCD
  76. Movimento Nacional da Bio Saúde/ ABRASP
  77. Movimento Nacional de Direitos Humanos – MNDH
  78. Movimento pela Soberania Popular na Mineração – MAM
  79. Movimento Sem Terra de Luta – MSTL
  80. Núcleo das Mulheres Negras de São Paulo
  81. Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania de Marília-NUDHUC
  82. Núcleo de Estudos e pesquisas Regionais e do Desenvolvimento-UFPE
  83. Organização Indígena Revolucionária
  84. Partido PSOL
  85. Pastorais Sociais – CNBB
  86. Pastorais Sociais da Arquidiocese de Manaus/AM
  87. Pastoral da Mulher Marginalizada
  88. Pastoral Operária Nacional – PO
  89. Rede Brasileira de Cidades Médias
  90. Rede Brasileira pela Integração dos Povos – REBRIP
  91. Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos
  92. Rede Internacional de Educação Ambiental e Justiça Climática (REAJA)
  93. Rede Mato-Grossense de Educação Ambiental – REMTEA
  94. Rede Social de Justiça e Direitos Humanos
  95. Sempreviva Organização Feminista
  96. Serviço Pastoral dos Migrantes – SPM
  97. Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo – SASP
  98. Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo – SASP
  99. Sindicato dos Empregados Rurais da Região do Sul de Minas Gerais – SERRS/MG
  100. Sindicato dos Empregados Rurais de Carmo da Cachoeira – SERCAC/MG
  101. Sindicato dos Empregados Rurais de Carmo de Minas – SINDERCAM/MG
  102. Sindicato dos Empregados Rurais de Conceição do Rio Verde MG – SINDERCRV/MG
  103. Sindicato dos Trabalhadores em Água Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo – SINTAEMA
  104. Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário de Roraima – SINTRACOMO
  105. Terra Sem Males – Jornalismo Independente
  106. Tribunal Popular
  107. Uneafro Brasil
  108. Universidade de Políticas do Movimento Popular – UNIPOP Brasil
  109. UNMP – União Nacional por Moradia Popular
  110. Via Campesina Brasil/CLOC

Entidades América Latina:
  1. Acción Ecológica – Equador
  2. Central de los Trabajadores de la Argentina – Autónoma – CTA A
  3. Confederación Sindical de Trabajadores/as  de las Américas  – CSA
  4. DIÁLOGO 2000 – JUIBLEO SUR / ARGENTINA
  5. Instituto de Estudios Ecologistas del Tercer Mundo IEETM – Equador
  6. Jubileo Sur Américas
  7. Emancipación Sur – Argentina
Militantes:
– Adriano Van de Vem, Dourados/MS
– André Lima Sousa, economista, doutorando em Geografia e professor universitário. Fortaleza-Ceará.
– Bruno Gasparini, Coordenador do Curso de Direito do Instituto Superior do Litoral do Paraná – Isulpar
– Clayton Mendonça Cunha Filho, professor-adjunto do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará/UFC
– Demerson Dias.
– Elisabeth Niglio de Figueiredo, professora da Unifesp
– João Alfredo Telles, ambientalista, advogado e professor, Fortaleza/Ceará.
– Nadine Borges, advogada, mestre, coordenadora de relações externas da UFRJ e ex-presidente da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro.
– Quinto Piazza, educador popular.
– Teresinha P. Prado, professora aposentada.
– Thiago Pizzo Scatena, cientista social e membro do SASP.
– Walkes Jacques Vargas, dirigente do Sindicato dos Psicólogos de Mato
Grosso do Sul
– Guilherme Simões Reis – professor de Ciência Política da UNIRIO
– Heliane Groff, psicóloga em saúde publica.
– Alfredo José Lopes Costa, jornalista e professor assistente do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Goiás.