quinta-feira, 30 de junho de 2016

A OFENSIVA RAIVOSA NO DESMONTE DO SUS

OU NOS INFORMAMOS, TOMAMOS CONSCIÊNCIA DA GRAVIDADE DOS DESMONTES JÁ EM ANDAMENTO NO GOVERNO GOLPISTA INTERINO, OU A SEGURIDADE SOCIAL ERÁ PRO BREJO. OU MELHOR, SERÁ ENTREGUE NUMA BANDEJA DE OURO AO CAPITAL PRIVADO. E AÍ, O AUMENTO DE MORTES POR FALTA DE ASSISTÊNCIA BÁSICA À SAÚDE SERÁ, PARA ELES, OS GOLPISTAS, MAIS UM "CUSTO NATURAL" DA RETOMADA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO - CRESCIMENTO DA CONCENTRAÇÃO DA RENDA, DA RIQUEZA, DA ESPECULAÇÃO, DA PRIVATIZAÇÃO ELITISTA DOS RECURSOS PÚBLICOS. 

É INDISPENSÁVEL UMA MOBILIZAÇÃO IMEDIATA EM DEFESA DA SAÚDE COMO DIREITO.


A ofensiva raivosa no desmonte do SUS


Amélia Cohn*
Em pouco mais de três décadas o SUS mostrou-se não só viável como essencial. É um pilar da garantia dos direitos sociais em contraposição ao mercado. É responsável (até hoje) por 90 a 95% das cirurgias de coração, tratamentos oncológicos e transplantes de órgãos. Realiza um milhão de internações/mês, 3,5 bilhões de atendimentos/ano, e a assistência primária cobre 60% da população com a Estratégia de Saúde da Família.
Quando a população de um município do estado mais pobre do país – Piauí – escolhe um médico cubano da ESF para carregar a tocha olímpica, não é à toa. É a homenagem à vitória de um modelo de assistência à saúde da população que deu certo e que ela reconhece como seu direito. É isso que o mercado (diga-se, seus interesses) não pode suportar. De nada adianta manter um programa afirmando que será reforçada a presença de médicos autóctones na estrutura de atendimento se esses médicos são e continuam sendo formados para o mercado. É falaciosa a argumentação de que os médicos nacionais estão defendendo condições estruturais para sua atuação profissional, por isso não se dispõem a ir prestar serviços nos rincões mais pobres do país, se são esses mesmos médicos que têm interesses estreitos com o setor privado de prestação de serviços, diretos ou indiretos.
Se os avanços são de grande monta na construção do SUS apesar das forças contrárias a ela, os problemas para se dar conta de forma satisfatória da situação de saúde da população brasileira também não são desprezíveis. Isso não significa que o SUS fracassou. Ao contrário, significa que ele é vitorioso, e que os quadros e segmentos da sociedade que o defendem são conscientes dos avanços e aperfeiçoamentos necessários.
Também ficar somente denunciando os avanços gulosos e indiscriminados contra o SUS nesse governo interino e ilegítimo não é suficiente. Porque o desmonte que ele está promovendo não é só material (fixação do financiamento do governo federal, sem levar em conta o crescimento da população e o comportamento da sua curva etária, a presença de novas epidemias, as famigeradas parcerias público/privado, que de público não têm nada, etc), mas é sobretudo o desmonte da essência do SUS, do que o moveu e o segue movendo: o ideário da justiça social, do direito à saúde, da equidade, e do seu caráter civilizatório.
E nesse ponto a presença dos médicos cubanos tem sido uma lição exemplar de como o conteúdo social da implementação do SUS via ESF é importante, não só para mudar o modelo de atenção até então vigente, mas sobretudo para imprimir um outro tipo de relação da sociedade com os serviços públicos: uma relação marcada pelo reconhecimento do outro, pelo respeito ao outro. A ideologia política dos médicos cubanos não incomoda as elites e os donos do capital na saúde porque ela não se transmite na relação médico/usuário do SUS. O que os incomoda, e é para eles insuportável, é a quebra de um modelo de relação dos profissionais médicos e de saúde marcado pelo desprezo e pela superioridade daqueles sobre os usuários, e isso sim se transmite pela relação que se estabelece entre esses pares: exatamente o que se denomina saúde como direito, com os cidadãos sendo portadores de direitos e, portanto, de respeito. Muito distante do que se vem propondo por exemplo no absurdo de um novo perfil do programa de atenção aos usuários de droga, ou da modificação perversa no modo como se remunerar os serviços públicos municipais, por um padrão de premiação da redução da prestação de serviços, numa versão burra do parâmetro custo/efetividade. Aí o caso do Programa Bolsa Família é exemplar: o novo governo ilegítimo vai premiar municípios que diminuam o número de bolsistas, enquanto os governos anteriores premiavam a qualidade do cadastro.
Nesse assalto à alma do SUS, onde estaria a possibilidade de resistência a esse tsunami? Está na radicalização do que o SUS foi pioneiro em implementar no conjunto das políticas públicas: na sociedade, seja participando dos conselhos de gestão (com o risco de serem dizimados), seja na mobilização popular. E a essas alturas, a saúde, sem dúvida alguma, já foi apropriada pela sociedade (por aqueles que o utilizam diretamente) como um direito. A usurpação desse direito pelos governantes ilegítimos pode e deve ser barrada pela mobilização social, relembrando-se, por exemplo, no início dos anos 70 e 80 da importância dos movimentos populares por saúde.
Num momento de tanta fragmentação social, que se reflete na fragmentação das demandas sociais, a luta pela defesa dos direitos sociais e trabalhistas deve encontrar uma pauta comum, transversal, que permita que se levantem as bandeiras da seguridade social que nortearam a constituição de 1988. E sem ilusões: na radicalização atual, a luta pelos direitos sociais vai revestir-se do que no fundo é – uma luta de classes, provocada pelos setores mais retrógrados da sociedade, e que uma vez tendo usurpado o poder, estão achando agora que o queijo é pouco!
Mas de um governo que troca Paul Singer por um contador aposentado, ou que outro ministro afirme que o Brasil é um país que “qualquer programinha social onde se distribua bônus disso, bônus daquilo, se ganha eleição”, não se pode esperar a não ser o pior. Saúde não é um bônus, assim como não o é a educação, o trabalho, o Bolsa Família, os direitos trabalhistas e previdenciários. Constituem sim direitos.
Nada mais urgente que colocarmos a banda na rua, e rápido!

* Amélia Cohn é socióloga.

http://plataformapoliticasocial.com.br/artigo-15-a-ofensiva-raivosa-no-desmonte-do-sus/ 

VEJAM ATLAS NACIONAL DIGITAL DO BRASIL 2016 E CADERNO SOBRE INDÍGENAS

IHU - Quarta, 29 de junho de 2016

IBGE lança Atlas Nacional Digital do Brasil 2016 com mapas interativos e caderno temático sobre indígenas

IBGE lançou o Atlas Nacional Digital do Brasil 2016. Trata-se de um atlas que incorpora, em ambiente interativo, as informações contidas no Atlas Nacional do Brasil Milton Santos, publicado em 2010, acrescidas de 170 mapas com informações demográficas, econômicas e sociais atualizadas e um caderno temático sobre a população indígena no Brasil. Com isso, faz um mapeamento inédito sobre a localização dessa população dentro e fora das Terras Indígenas, segundo dados do Censo Demográfico 2010.
A reportagem foi publicada por IBGE, 27-06-2016.
Este Atlas revela as profundas transformações ocorridas na geografia brasileira, acompanhando as mudanças observadas no processo de ocupação do território nacional na contemporaneidade, e se estrutura em torno de quatro grandes temas: o Brasil no mundo; Território e meio ambiente; Sociedade e economia; e Redes geográficas.
Além do recurso ao texto escrito, o Atlas utiliza mapas, tabelas e gráficos, o que permite um amplo cruzamento de dados estatísticos e feições geográficas que tornam flexível e abrangente a seleção de informações, permitindo o entendimento aproximado da diversidade demográfica, social, econômica, ambiental e cultural do imenso território brasileiro.
Este lançamento inaugura a política do IBGE de divulgação anual do Atlas Nacional Digital do Brasil.
Clique aqui para ter acesso ao Atlas Nacional Digital do Brasil 2016.
Aplicativo permite navegação em ambiente interativo
Atlas Nacional Digital do Brasil 2016 é uma aplicação de análise geográfica, voltada para usuários que desejam ter acesso somente ao conjunto de mapas e também para os que possuem um conhecimento mais avançado quanto à busca de informações geográficas on line.
Ao usuário é permitido ter acesso a todas as páginas da publicação, podendo fazer download e consultar os seus dados geográficos, estatísticos e seus metadados (informações sobre o dado). A aplicação possibilita também analisar os 780 mapas do Atlas em um ambiente interativo, que permite a navegação pelo mapa, alterar a escala de visualização, ver e exportar tabelas e arquivos gráficos, personalizar o mapa superpondo temas de várias fontes, gerar imagens, salvar o ambiente de estudo para posterior análise e abrir um ambiente personalizado de estudo.
Atlas Nacional Digital do Brasil 2016 se estrutura em quatro grandes temas
Atlas Nacional Digital do Brasil 2016 é estruturado em torno de quatro grandes questões: O Brasil no mundo; Território e meio ambiente; Sociedade e economia; e Redes geográficas.
O eixo temático O Brasil no mundo aborda questões como a desigualdade social, o acesso a informações, às redes geográficas e às fontes energéticas.
A relação entre Território e meio ambiente ressalta as diversas divisões do território brasileiro e traz mapas de relevo, clima, solos, recursos hídricos, vegetação, fauna ameaçada, além de informações sobre riscos ambientais.
O tema Sociedade e economia aborda a dinâmica geográfica, a urbanização, a desigualdade social, saúde, educação, saneamento, cidadania e espaço econômico.
O eixo das Redes geográficas considera os sistemas e as redes – geodésicas, cartográficas, viárias, aéreas, comunicação e energia – como componentes da logística territorial e, portanto, da localização geográfica das atividades econômicas no Brasil, constituindo condição básica para o escoamento da produção, a circulação humana e, hoje em dia, para o desenvolvimento sustentável, uma vez que alavancam grande parte das formas de ocupação e de uso dos recursos naturais, reestruturando continuamente o território nacional.


Caderno Temático faz mapeamento inédito sobre a população indígena
O aprimoramento do Censo Demográfico 2010, no que se refere à base territorial, permitiu a espacialização dos indígenas em escalas geográficas diferenciadas. Foram analisadas as características sociodemográficas dentro e fora das Terras Indígenas, de forma a dar maior visibilidade a esse segmento populacional, o que permitiu mapear estas informações.
Censo 2010 mostrou que 517,4 mil indígenas (57,7% do total desta população) viviam nas Terras Indígenasoficialmente reconhecidas na época de sua realização. As regiões Norte (73,5%) e Centro-Oeste (72,5%) possuíam os maiores percentuais. Roraima era o estado com o maior percentual (83,2%) e o Rio de Janeiro detinha a menor proporção (2,8%).
75,0% dos indígenas souberam informar sua etnia
No Brasil, 75,0% das pessoas que se declararam indígenas souberam informar o nome da etnia ou povo ao qual pertenciam. As etnias mais representativas, segundo as unidades da federação, revelaram características determinantes de possíveis padrões de distribuição espacial de algumas delas, como os Xavantes, que estavam entre os mais numerosos em todos os estados da região Centro-Oeste, e os Guarani Kaiowá, com penetração em toda região Sul e parte das regiões Sudeste e Centro-Oeste.


Mais de 30% dos indígenas sabiam falar sua língua de origem
Censo 2010 identificou 274 línguas indígenas. Em todo o país, 37,4% dos indígenas de 5 anos ou mais de idade falavam uma língua indígena. Dentro das Terras Indígenas esse percentual foi de 57,3%, enquanto fora delas e em áreas urbanas, 9,7% ainda eram falantes, e, nas áreas rurais, 24,6%.
As línguas indígenas eram faladas em maior porcentagem nas regiões Norte, Sul e Centro-Oeste, sendo que as Terras Indígenas localizadas nessa última região alcançaram o percentual mais elevado, 72,4%. O Guarani foi significativo no conjunto das línguas mais faladas nas regiões SudesteSul e Centro-Oeste, o mesmo ocorrendo em relação aosNhandeva e aos Mbya nas regiões Sudeste e Sul.

ATENÇÃO: 70 MILHÕES DE CRIANÇAS VÃO MORRER!

E QUEM SE IMPORTA COM ISSO? E POR QUE OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DÃO ESTA NOTÍCIA COMO SE FOSSE ALGO NATURAL? POR QUE NÃO SE MOBILIZAM CONTRA ESSE ASSASSINATO PROMOVIDO PELO SISTEMA CAPITALISTA?

ESSE É O GRANDE DESAFIO: DESNATURALIZAR AS MORTES POR FOME. E, JUNTO COM ISSO, IDENTIFICAR, PROCESSAR E CONDENAR OS CRIMINOSOS. 

As 70 milhões de crianças que vão morrer e o recall das cômodas assassinas

Relatório do Unicef diz ainda que 750 milhões de mulheres se casarão ainda crianças, até 2030; notícia sobre cômodas assassinas ganhou quase o mesmo espaço.
O comentário é de Alceu Luís Castilho, jornalista, publicado por Outras Palavras, 29-06-2016.
Eis o texto.
Li as duas notícias ao lado uma da outra, na home do UOL. 1) “70 milhões de crianças morrerão até 2030 se o mundo não agir, diz Unicef“. Antes de completarem 5 anos. 2) “Gigante de móveis Ikea fará recall de 29 milhões de cômodas após mortes“. (Mortes de crianças. Pelo menos seis crianças morreram desde 1989.)
E fiz a conexão singela entre elas: em que momento faremos um recall desse sistema?
As cômodas estão caindo. Elas vão cair. O sistema que permite 70 milhões de mortes de crianças e é naturalizado diariamente pelos meios de comunicação… precisa mudar. E esta não é apenas uma questão revolucionária. Pode ser uma questão para quem tem formação religiosa (mais ou menos conservadora), ou em direitos humanos – direitos humanos nasceram no capitalismo, não são coisa de comunista.
Para quem tenha compaixão. Algum código de princípios. Pois boa parte desses milhões de crianças vai morrer. Fora as que têm mais de 5 anos. Quantas, exatamente? Quantas ainda podem ser salvas? (E que editorial de jornal está tratando deste tema, hoje?)
Segundo o Unicef, 750 milhões de mulheres terão se casado ainda crianças até 2030. (Alô, feministas.) Na África subsaariana, 9 entre 10 crianças viverão, nesse ano, em pobreza extrema. (E há quem fale em meritocracia.)
Mas voltemos às cômodas – aquelas que essas crianças não terão. “As cômodas satisfazem as obrigações de estabilidade em todos os mercados onde são vendidas”, afirmou o porta-voz da Ikea, gigante sueca do setor de móveis. Ele disse que as cômodas que mataram as seis crianças são seguras se estiverem afixadas às paredes. (A empresa vendeu 147 milhões de cômodas em 13 anos, e diz que as pessoas não seguiram o manual de instruções.)
Claro. Simples. Que ideia das pessoas, não é, deixarem de fixar as cômodas nas paredes. Mas tomemos o cinismo desse senhor como metáfora. As armas são seguras se ninguém apertar o gatilho. As pessoas que vivem em áreas de risco (expulsas pelo sistema para esses lugares perigosos) só morrerão se não estiverem mesmo muito afixadas. Que não chova, portanto. Para as doenças ocasionadas por falta de saneamento, que se tenha saúde.
Qual o manual de instruções para que as populações vulneráveis não sejam executadas pela polícia (ou por algum Exército imperialista), mortas de fome, exploradas sexualmente?
“Quando olhamos para o mundo de hoje, somos confrontados com uma verdade desconfortável, mas inegável: as vidas de milhões de crianças são arruinadas pelo simples fato de terem nascido num determinado país, comunidade, gênero ou circunstância”, escreve o diretor-geral do Unicef, Anthony Lake, no prefácio do relatório.
Mas não, Unicef, não se trata de uma questão climática, física. E sim econômica. E geopolítica. De distribuição das riquezas, de divisão do mundo do trabalho, do acesso das famílias e comunidades aos bens naturais – a começar da terra, da água – e ao que deveria ser oferecido pelo Estado: como saúdesaneamentoeducação.
Como? Se essas terras foram usurpadas, se essa água vai sendo privatizada. Se os Estados (como aqueles ao sul doSaara) vão se tornando refém dos mercados e não estão estruturados para salvar essas vidas? Não adianta falar em “iniquidades”, como se elas fossem um puxadinho mal resolvido da casa. São os pilares do sistema que precisam ser questionados.
É o sistema, diretor. É o sistema. E precisamos ser honestos em relação a isso. Muito antes de Thomas Pikkety muita gente expôs as vísceras desse sistema (ele atende pelo nome de capitalismo). A desigualdade é uma questão intestina, estrutural. E não uma “circunstância”. O Estado de Bem Estar Social e os arremedos de social-democracia só têm encolhido, sob pressão diária de nossa imprensa liberal e cínica.
Corolário: a imprensa burguesa mata. Isso precisa ser dito com todas as letras. Como dissociar? Genocídios pressupõem a existência de genocidas. O mercado não salva e não alimenta. Quem o defende acima das pessoas – dos jornais e partidos políticos aos especuladores de plantão – mantém uma bala apontada para cada uma dessas 69 milhões de crianças.

MULHERES NO BRASIL: TRABALHAM MAIS TEMPO E RECEBEM MENOS

DE FATO A SUPERAÇÃO DA DIFERENÇA DE REMUNERAÇÃO NÃO DEVERIA ACONTECER SÓ NA PREVIDÊNCIA. ELA DEVERIA ACONTECER NESSA DECISÃO, E DE IMEDIATO: TEMPO E TIPO DE TRABALHO IGUAL, REMUNERAÇÃO IGUAL PARA HOMENS E MULHERES. TUDO QUE ESTIVER FORA DESSE PRINCÍPIO DE JUSTIÇA, É DISCRIMINAÇÃO. 

Mulheres recebem menos e têm jornada maior no Brasil

Os defensores de uma idade mínima de aposentadoria para mulheres menor que a de homens argumentam que elas trabalham mais – somando as tarefas domésticas – e recebem menos ao longo da vida profissional.
A reportagem é de Fernanda Perrin, publicada por Folha de S. Paulo, 29-06-2016.
Por outro lado, a expectativa de vida delas é superior à dos homens (78,8 e 71,6, respectivamente). Logo, elas receberiam o benefício por mais tempo do que seus parceiros.
Pesquisa do IBGE mostra que, entre 2000 e 2010, a participação da mulher no mercado de trabalho e os salários pagos a elas cresceram, mas continuaram inferiores aos dos homens.
O rendimento médio real da população feminina passou de R$ 959 em 2000 para R$ 1.074 em 2010, enquanto o dos homens foi de R$ 1.471 para R$ 1.587, segundo o estudo Estatísticas de Gênero.
Já a taxa de atividade –proporção de pessoas empregadas ou procurando colocação– das mulheres subiu de 50,1% para 54,6% no período, enquanto a dos homens caiu de 79,7% para 75,7%.
Ao mesmo tempo, a jornada total de trabalho delas –incluindo as atividades domésticas– soma 56,4 horas semanais, quase cinco horas superior à masculina, de acordo com dados do IBGE.
Uma das propostas discutidas pelo governo do presidente interino, Michel Temer, com as centrais foi a a redução na diferença para aposentadoria entre homens e mulheres.
Em artigo para a Folha 2014, o atual secretário da Previdência, Marcelo Abi-Ramia Caetano, disse reconhecer os argumentos a favor de regras diferentes, mas discordar que o problema deva ser resolvido na aposentadoria.
"Afinal, o que a Previdência tem a ver com discriminação de gênero?", escreveu.

A CRISE DO CAPITALISMO VAI AO CINEMA

VEJAM SUGESTÕES DE FILMES QUE AJUDAM A FAZER ANÁLISE CRÍTICA DAS LOUCURAS DO CAPITALISMO E SUAS CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS E AMBIENTAIS. E TAMBÉM SUGESTÕES DE CAMINHOS ALTERNATIVOS.

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Fluxos incessantes de dinheiro. Desigualdade. Democracia sequestrada.Paraísos fiscais. Ambição. Rebeldia. Como os filmes ajudam a enxergar as sociedades dominadas pelo mercado – e as possíveis saídas
Por Juliana Cavalcanti, da campanha TTF Brasil
O atual processo de crise econômica pelo qual atravessam os mercados globais desde 2008, já pode ser considerado um dos mais graves da história. Os mercados, cada vez mais interligados pelas TIC – tecnologias de informação e comunicação –, sofrem em cascata com repercussões que antes seriam localizadas. Iniciada nos Estados Unidos, ancorada no mercado imobiliário norte-americano, a crise ganhou proporção gigantesca – afetando mercados dependentes de fluxos internacionais de capital.
Entender uma crise global não é tarefa fácil, mesmo para especialistas. Com o mercado financeiro funcionando cada vez mais no campo virtual da informação contábil – o dinheiro circulante, muitas vezes, parece não existir “de verdade”. Uma das formas de buscar uma melhor compreensão para tal crise, com repercussões que parecem longe de terminar, é o audiovisual. O cinema tem apresentado de forma brilhante e divertida muitas histórias sobre a economia e suas repercussões. A ideia aqui não é abordar todos os filmes que falam sobre economia e mercado financeiro, mas indicar algumas boas obras sobre o tema.
A crise atual
Entre os mais conhecidos e com roteiro bem costurado está Wall Street – o dinheiro nunca dorme (2010), do diretor Oliver Stone. O filme é uma continuação do roteiro dos anos 1980 e mostra o personagem Gordon Gekko (Michael Douglas) após sair da prisão por negociar ações com informações privilegiadas. Ao deixar a cadeia, Gekko volta a negociar no mercado financeiro no início da crise do subprime e retoma discussões sobre a ética do mercado e a manipulação de informações – algo com efeito devastador na era da globalização.
Na trama, além de entender como funciona o jogo especulativo da bolsa de valores, também é possível ter uma pequena aula sobre “como esconder grandes somas de dinheiro em paraísos financeiros” e também sobre “como tornar estes recursos novamente legalizados e atuantes do mercado”. Apesar de o foco da história estar no intricado jogo especulativo, existe também um debate ético permeando o roteiro.
Outro filme de 2010, desta vez dirigido por John Wells e protagonizado por Ben Affleck, Kevin Costner e Tommy Lee Jones é A Grande Virada (“The Company Men”). Afetados pela crise financeira, num ambiente de demissões e fechamento de empresas que abala a classe média norte-americana, é possível ver como o mercado financeiro, muitas vezes imaginado “virtual”, está bastante interligado com a produção real. Os empregos e a produção são afetados pela falta de reação dos “papéis” na Bolsa de Valores. A história mostra os executivos tentando driblar o clima de terror que se instaura no mercado, com ameaça de colapso financeiro.
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Cenas do filme A Grande Virada (“The Company Men”)
Como investidores também podem lucrar com a destruição do sistema?Este é o argumento de A grande aposta (“The big short”, 2015). Dirigido por Adam McKay, o roteiro, baseado no livro homônimo de Michael Lewis, aborda como um grupo de investidores com acesso privilegiado a informações consegue utilizá-las de modo eficiente para lucrar com a quebra do mercado de instrumentos financeiros baseados em débitos imobiliários – CDO, ou Obrigação Colateral de Dívidas. Na trama, os “apostadores” conseguem prever que o sistema não se sustentará e apostam, através da criação de um novo instrumento de seguro financeiro, os CDS – Credit Default Swaps, ou Trocas de Créditos de Falências – que os CDOs perderiam valor por causa da inadimplência que apareceria com o aumento das taxas de juros flutuantes dos empréstimos para compra de casa própria. Estes empréstimos eram a base para a pirâmide de derivativos financeiros comercializados entre as instituições financeiras.
As consequências reais das crises financeiras
Fugindo dos roteiros norte-americanos, a trilogia As mil e uma noites, do cineasta português Miguel Gomes, mistura documentário e ficção para falar dos efeitos da crise econômica no país. A partir da lenda de Sherazade – que precisava contar uma história por noite para não ser degolada por seu marido e algoz – Gomes passa a contar como o período de “austeridade” provocado pela crise nos anos de 2013 e 2014 afetou o dia a dia dos portugueses. A história é dividida em três volumes (“O Inquieto”, “O Desolado” e “O Encantado”) e apresenta de forma bastante sensível e inusitada as repercussões da recessão no cotidiano das pessoas.
Para quem quer entender a crise financeira a fundo, dois documentários podem ser úteis. Inside Job (“Trabalho Interno”), vencedor do Oscar em 2011, traz relatos sobre a crise e investiga suas causas. A obra é dividida em cinco partes: “Como chegamos até aqui”, “A bolha”, “A crise” e duas partes sobre os desdobramentos da crise. O filme é dirigido pelo cineasta Charles Ferguson.
Já o diretor Michael Moore aborda a transição entre os governos de George Bush e Barack Obama dentro do espectro da crise em Capitalismo: uma história de amor (“Capitalism: a love story”). No documentário é possível perceber como o poder do mercado influencia as decisões governamentais e do parlamento e como esta interligação muitas vezes imperceptível está na base de um sistema injusto.
Desobediências e experimentos
Mais antigo, o filme alemão Edukators (2003) não fala sobre a crise recente, mas aborda a crueldade e as contradições do sistema capitalista. A obra critica duramente o sistema econômico, ao mostrar um grupo de jovens que invade casas desocupadas durante a madrugada para deixar mensagens contra o capitalismo. Junta-se ao grupo uma jovem cuja dívidatornou-se impagável, devido às taxas de juros; e que, por isso, foi à falência pessoal de forma irremediável. A história desenvolve-se de um modo inesperado para os jovens, que acabam sequestrando um empresário. O filme tem diálogos fortes e um final surpreendente. Questiona, de forma dura e sensível, os valores do sistema capitalista. Indaga: que tipo de sociedade poderíamos construir, sob uma lógica diferente?
Correndo o risco de cometer uma heresia em relação à seriedade do tema, mas mantendo em mente o funcionamento do mercado e um pouco de diversão (por que não?!) vem à cabeça a comédia escrachada Trocando as bolas (“Trading Places”, 1983) – um queridinho da “Sessão da Tarde” nas décadas de 1980 e 1990. Com Eddie Murphy, Dan Aykroyd e Jamie Lee Curtis, o roteiro envolve a aposta entre dois milionários sobre o que seria mais importante: a genética ou o meio social? A partir daí, eles começam a interferir na vida de um mendigo (Murphy) e de um milionário (Aykroyd), trocando as vidas dos dois. De forma divertida, o filme mostra como funciona o jogo do mercado financeiro e como pode ser uma roleta a operação em bolsa de valores.
Como tornou-se um provérbio, cinema é a maior diversão. E no lado da economia, pode ser um forte aliado para o entendimento do sistema que opera ao nosso redor.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

A TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO E O GOLPE

A Transposição e o Golpe.
Roberto Malvezzi (Gogó)
Sabíamos, desde o início, que muitas águas turvas rolariam na obra da Transposição de Águas do São Francisco para o chamado Nordeste Setentrional.  Aos poucos elas vão se revelando, incluindo até mortes.
A primeira denúncia de corrupção aconteceu quando o Exército era o responsável exclusivo por ela. Caiu no silêncio.
A segunda, na Operação Vidas Secas, em 2015, envolveu empresas a partir da Lava-Jato na ordem de R$ 200 milhões.
Agora a terceira, na Operação Turbulência, desdobramento da Lava-Jato, fala-se no desvio de R$ 18,8 milhões de uma terraplanagem contratada. O detalhe é que o pagamento foi feito pela OAS e o receptor uma empresa de um empresário citado na referida operação, encontrado morto no quarto de um motel em Recife alguns dias depois da deflagração referida operação.
O caso ficou ainda mais grave porque a própria polícia estaria denunciando que foi proibida de fazer a perícia dessa morte por ordem do Secretário de Segurança Pública de Pernambuco. Assuntos secundários merecem mais destaque na mídia corporativa que essa morte suspeita.
O enredo é ainda mais complicado porque essas corrupções aconteceram quando Fernando Bezerra Filho era ministro da Integração, portanto, governos Lula-Dilma e irrigado a campanha de Eduardo Campo, morto num acidente de avião.
Quando Lula propôs a Transposição no seu primeiro mandato, os movimentos sociais articulados do São Francisco foram contra esse tipo de obra. Já havia a proposta do Atlas do Nordeste elaborado pela Agência Nacional de Águas (ANA) para fazer múltiplas obras, de porte médio, por tubulação, abastecendo praticamente todas as cidades do Nordeste. Prevaleceu a grande obra. Hoje fica mais claro o porquê, embora já soubéssemos o que acontecia por conversas de bastidores.
A Transposição não está concluída. Dilma já disse que, para cada real investido nesses grandes canais, serão necessários dois para fazer as obras de distribuição para os municípios. Portanto, se os canais estão na ordem de R$ 8,2 bilhões, seriam necessários mais 16 bilhões para que a água chegue mesmo à população.
Mas, agora o governo mudou, com apoio do PSB do Pernambuco e daquele que foi ministro de Lula-Dilma. Ontem amigos, no golpe inimigos.
Qual o interesse de um governo golpista em fazer a distribuição dessa água? Sem chances. Ela ficará concentrada nos grandes açudes, utilizada pelos grandes empreendimentos de irrigação? Mais uma vez o povo do Nordeste Setentrional poderá ver a grande obra, sem ver a cor da água.
Finalmente, o São Francisco está com apenas 800 m3/s de vazão. Já falta água na bacia para seus múltiplos usos, inclusive para a vazão ecológica, que deveria ser de 1200 m3/s. Nem sabemos quanta água teremos no rio até que ela transponha o divisor e caia no Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Mas, agora, há corrupção e até mortes nos canais dessa obra.
Por caminhos tortuosos a Transposição desaguou no golpe e o golpe na Transposição.

I MINUTO DE SILÊNCIO NA ABERTURA DAS OLIMPÍADAS

Participem desta mobilização, nos dois links, para que não tenhamos mais bombas atômicas e zeremos a produção de energia nuclear.

Abr.
Ivo

https://secure.avaaz.org/po/petition/Comite_Olimpico_Internacional_Um_minuto_de_silencio_ao_ataque_de_Hiroshima/?sKNnqib


https://www.change.org/p/1-min-de-sil%C3%AAncio-para-paz-em-homenagem-as-v%C3%ADtimas-de-hiroshima-e-nagasaki-na-abertura-das-olimp%C3%ADadas-2016?recruiter=40604170&utm_source=petitions_share&utm_medium=copylink


sábado, 25 de junho de 2016

CPT, AQUELA QUE NÃO DEVERIA EXISTIR

Roberto Malvezzi (Gogó)
Por que um país que diz ter mais de 500 anos ainda arrasta ao longo da história seu pecado original, sem redenção?
O traço fundamental da história brasileira é o trato com a natureza e os povos originários, depois também os negros. Para controlar as riquezas e esses povos sempre foi preciso controlar seus territórios. A Lei de Terras de 1850 apenas consolidou o que estava gestado desde o princípio.
A disputa pelos territórios indígenas, de negros – despois seus remanescentes –, comunidades tradicionais, uma multidão de sem-terra num pais de 8,5 milhões de k2, atingidos por barragens, por mineração, além de pequenos agricultores sempre agredidos por latifundiários – agora pelo agronegócio -, fazem com que a CPT permaneça há mais de 40 anos no cenário brasileiro. Não é só o passado, é o presente que se projeta para o futuro.
Num país civilizado a CPT não teria razão de existir, pelo menos na configuração que tem. Sua existência é a prova dos nove do atraso, do genocídio, da injustiça estrutural da terra que amarra o Brasil.
Em tempos de golpe a realidade se torna ainda mais obscura. O sonho senhorial de Brasil é extinguir essas populações. Quase conseguiram, mas a resiliência tem sido mais poderosa que os poderes da morte, embora as mortes ainda sejam tantas.
Papa Francisco nos pede que sejamos capazes de ver e celebrar também as pequenas conquistas. Muitas vezes precisamos de lupa para visualizá-las. Mas, a agroecologia, a organização de tantos movimentos pela terra, a resistência dos pequenos agricultores, a insurgência atual dos indígenas – aqui o CIMI tem a palavra por excelência -, dos pescadores – onde o CPP tem também a excelência -, a conquista da água no Nordeste, a conquista de tantos territórios, ainda que não tenham mudado as estruturas, ao menos ajudam tanta gente a viver melhor. A CPT, de alguma forma, está presente nessas conquistas.
O melhor seria que a CPT tivesse vida curta e desaparecesse, tendo cumprido sua missão, desde que as razões que provocam sua existência desaparecessem do Brasil. Nem olhando o horizonte conseguimos vislumbrar essa possibilidade.
Que as Igrejas – particularmente a Católica -, a sociedade civil organizada, os que tem fome e sede de justiça – inclusive a Cooperação Internacional – consigam ter visão histórica e ajudem a Pastoral a cumprir sua missão enquanto for necessário.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

CORRUPÇÃO GLOBAL DAS GRANDES CORPORAÇÕES

O avanço das delações premiadas está revelando que a corrupção é quase a regra geral nas relações entre grandes empresas e políticos. E a sensação geral é de que a cúpula do PMDB, o governo e o próprio interino Temer, estão todos envolvidos na corrupção. Mas há políticos de quase todos os partidos metidos no mesmo tipo de prática.

Outra coisa que está assustando a população é a quantidade de milhões desviados, usados diretamente dentro do país ou depositados em contas no exterior. E como foram usados em eleições, a corrupção está ajudando a entender por que foram eleitos tantos políticos ligados ao agronegócio, às empresas de armas, aos clubes de futebol, bem como pastores que gostam de enriquecer e acham que isso seria sinal da bênção de algum tipo de deus. Assim sendo, é a própria democracia que está sendo afetada por corrupção.

Esta corrupção brasileira que não tem fim tem sido motivo de comentários e críticas em muitas partes do mundo, de modo especial nos Estados Unidos e na Europa. Isso é bom porque ajuda a cobrar a condenação dos criminosos apesar da humilhação imposta ao povo brasileiro, que não é corrupto e sofre as consequências da bandalheira dos ricos e políticos. Mas seria muito bom que se identificasse o que existe de corrupção também nos países ricos.

É de grandes bancos e empresas de lá que se alimentam os paraísos fiscais, e até as pedras sabem que essa montanha de dinheiro está lá para fugir do pagamento de impostos, e que a maior parte dele foi gerado em negócios ilegais e criminosos, como contrabandos, tráfico de drogas, de pessoas e de órgãos humanos, e precisa, por isso, ser lavado para aparecer nos bancos como dinheiro limpo e legal. São bancos também os donos de todo tipo de títulos de dívida, de modo especial das dívidas dos estados, que servem como cabresto e poder de controle dos governos do mundo, que abandonam a garantia e proteção dos direitos humanos para dar conta de pagar os altos juros.

Além disso, as mesmas grandes empresas que comandaram o progresso usando e levando as pessoas a usarem fontes fósseis de energia e se tornarem consumistas, querem agora ganhar ainda mais dinheiro e poder fazendo negócios com o dióxido de carbono que ameaça a nossa vida. Isso não é uma corrupção que afeta a Terra e todos os seus filhos e filhas?

A necessidade e urgência de acabar com todas as formas de corrupção é brasileira e mundial.

          
Ivo Poletto

POR UMA IGREJA COM ROSTO E ESPÍRITO AMAZÔNICO

 
TabatingaTabatinga, Brasil, 19-06-2016 (REPAM).- Con el objetivo de construir una agenda común en defensa de la Amazonía y de sus pueblos, 91 personas entre líderes indígenas y miembros de la Iglesia Católica de la triple frontera de Brasil, Colombia y Perú, se reunieron, convocados por la Red Eclesial Panamazónica -REPAM-, del 7 al 10 de junio, en la ciudad de Tabatinga, estado de Marañón en Brasil.
Producto del intercambio de informaciones y de propuestas, no sólo se fijaron algunos puntos clave para la posible agenda común sino que este encuentro aportó también muchos elementos para seguir construyendo una iglesia encarnada en la realidad Panamazónica, o como diría el papa Francisco: una Iglesia con rostro y con espíritu amazónico.
En la Carta de Compromiso, elaborada al finalizar el Encuentro de Pueblos Indígenas con la REPAM, los miembros de la iglesia católica presentes se comprometen a: “Ser una Iglesia con una presencia cercana, que conoce la realidad, que comprende a los pueblos indígenas, que camina junto a las comunidades, que contribuye con la conservación y valorización de la propia cultura, que apoya la formación social y política, que sea espacio de interacción y participación, compañera, aliada y solidaria, que esté cultural y espiritualmente encarnada y no impuesta y a espaldas del pueblo, que sea transgresora del orden opresor, con valentía y compromiso. Una Iglesia con rostro Amazónico”.
Con relación a los desafíos de la compleja realidad Panamazónica, el Encuentro constató la necesidad de asumir la “defensa del territorio frente a las leyes que amenazan los derechos de los pueblos, los megaproyectos de infraestructura y explotación económica como las hidroeléctricas, hidrovías, carreteras, minería, extracción de gas, petróleo y madera, deforestación para emprendimientos de monocultivo agrícola y la crianza de ganado, así como también frente a los impactos sociales provocados por actividades ilícitas como el tráfico humano y el narcotráfico”.
Tabatinga2De igual manera es fundamental responder al desafío del “fortalecimiento cultural considerando la reproducción de formas de dominación, emigración de los jóvenes, prácticas productivas inadecuadas, las dificultades económicas, la pérdida del uso de la lengua materna, y otras expresiones culturales, los cambios en los hábitos cotidianos, uso inadecuado de las tecnologías, alcoholismo, la discriminación en general, presencia negativa de algunas expresiones de iglesias y sectas, impactos negativos por los modelos de atención en salud y educación que no respetan la identidad cultural”. Ante lo cual, los pueblos amazónicos tienen el compromiso de “fortalecer los proyectos de vida alternativos ante los grandes intereses económicos y políticos, y de autonomía de los pueblos indígenas, esto a través de procesos de formación social y política”.
El encuentro de Pueblos Indígenas de la triple frontera con la REPAM, estableció algunos criterios y mecanismos de coordinación y de trabajo conjunto entorno a algunos de los temas claves abordados. Destacando la creación de una comisión de articulación con la activa participación de líderes jóvenes. Así mismo el impulso de procesos formativos en materias de políticas públicas, derechos de los pueblos indígenas, legislación y estrategias de incidencia pública a nivel nacional e internacional.
En el aspecto cultural, el compromiso es promover acciones para incorporar en el sistema de educación escolar indígena los elementos de su identidad cultural, y fortalecer lo que ya está siendo exitoso en perspectiva de tiple frontera. Ejemplo: calendario escolar con calendario de la comunidad
Favorecer encuentros de pueblos indígenas divididos por las fronteras (Ejemplo Tikuna, Kokama y Yawua). Incentivar los encuentros de jóvenes de las tres fronteras para discutir los impactos culturales y la pérdida de identidad que los están afectando (migración, tecnología, música, prácticas productivas, etc.). Igualmente, el desarrollo de estrategias concretas para fortalecer los conocimientos tradicionales en salud (medicina tradicional) e identidad cultural – encuentro de espiritualidades indígenas respetando las culturas.
tabatinga1Finalmente, se subrayó, que frente al modelo consumista y al sistema de producción depredador, los pueblos amazónicos deben fortalecer sus propios planes de vida: “Promover la autonomía económica de los pueblos desde la continuidad de tradiciones sustentables en la pesca y caza para superar el paternalismo. Incentivar, ampliar y dar a conocer la propuesta de trabajo de las aulas vivas de (alimentación, proyecto de vida, salud, etc.)”.
Participaron los pueblos Kambeba, Miranha, Kaixana, Kokama, Ticuna, Matis, Mayoruna, Kulina, Kanamari, Marubo, Yagua, Uitoto, Bora y Kichwa. Los delegados del Vicariato de San José del Amazonas en Perú, del Vicariato de Leticia de Colombia, y de la Diócesis del Alto Solimoes de Brasil, del CIMI, del Equipo Itinerante, proyecto misionero de la CRB, de las Congregaciones Religiosas (Maristas, Franciscanas, Ursulinas, Lauritas, Capuchinos, OFM, Cónegas y Jesuitas), de las Cáritas (Brasil, Norte I, Colombia, Ecuador y España) y de la Red Eclesial Panamazónica REPAM (ejes: Pueblos indígenas, métodos pastorales, DDHH, Iglesias Fronterizas, Formación, Redes internacionales, Comunicación), REPAM Nacionales de Brasil, Colombia y Ecuador. Fue muy positiva la participación de los Obispos de Leticia y del Alto Solimoes. Estuvieron presentes líderes indígenas de Río Negro/Brasil de los pueblos Baniwa y Arapazo representando a las organizaciones Foreeia y la Umiab, y profesores de las universidades brasileñas Federal de Amazonas y la Estatal de Amazonas.

http://redamazonica.org/2016/06/repam-hacia-una-iglesia-rostro-espiritu-amazonico/ 

Cáritas Brasileira lança carta: “Nenhum direito a menos!”

Cáritas Brasileira lança carta: “Nenhum direito a menos!”

CUIDADO: ESTÃO CHEGANDO AS BACTÉRIAS INVENCÍVEIS

PRIMEIRO FOI O USO DOS PRODUTOS QUÍMICOS E VENENOS USADOS NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL NA AGRICULTURA, GERANDO A "REVOLUÇÃO VERDE", COM PRODUÇÃO CADA VEZ MAIS PADRONIZADA E DISTRIBUIDORA DE VENENOS AOS CONSUMIDORES. 

DEPOIS, COM A FOME INSACIÁVEL DE LUCROS, FOI GENERALIZADO O USO DE ANTIBIÓTICOS PARA APRESSAR O CRESCIMENTO DOS ANIMAIS DESTINADOS AO MERCADO, E ELES ESTÃO RAPIDAMENTE TORNANDO INÚTEIS OS PRÓPRIOS ANTIBIÓTICOS PARA O COMBATE DE INFECÇÕES NOS SERES HUMANOS.

QUAL O FUTURO DESEJADO POR TANTAS TECNOLOGIAS INDUTORAS DE PRODUTIVISMO, CONSUMISMO E CONCENTRAÇÃO DE RIQUEZA? PARECE SER A DESTRUIÇÃO DA VIDA, OU MELHOR, DAS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS À VIDA. ISSO VALE A PENA? 

URGÊNCIA: AUMENTAR NOSSA PRESSÃO EM FAVOR DA PROIBIÇÃO DOS PRODUTOS QUÍMICOS, DOS VENENOS E DOS ANTIBIÓTICOS NA AGRICULTURA E NA CRIAÇÃO DE ANIMAIS. E EXIGIR DOS GOVERNOS QUE OLHEM MAIS PARA A VIDA DO QUE PARA OS LUCROS DOS CAPITALISTAS.

Novo alerta sobre as bactérias “invencíveis”
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Administração “preventiva” de antibióticos em animais saudáveis é uma das práticas irresponsáveis que propiciam o surgimento de superbactérias. Sede de lucros pode privar humanidade de medicamentos que, segundo alguns cálculos, aumentaram expectativa média de vida em vinte anos
Mutações genéticas podem tornar ineficazes até mesmo os antibióticos de “último recurso”. Por que o uso irresponsável destes medicamentos – inclusive para alimentação do gado – tem de ser proibido sem demora
Por Martin Khor | Tradução: Cauê Ameni
A resistência aos antibióticos – um processo em que eles perdem o efeito, porque as bactérias tornaram-se resistente – está ganhando nova importância na agenda global, devido à crescente consciência da imensa ameaça que representa à saúde e a sobrevivência humanas. No entanto, ainda não há ações suficiente para enfrentar tal crise, que foi debatida no encontro dos ministros da Saúde na ONU, entre  23 e 28 de maio.
O encontro foi precedido por uma noticia recente e perturbadora. Cientistas descobriram um gene, o MCR-1, que cria resistência à colistina, um poderoso antibiótico usado como último recurso para tratar de infecções quando outros medicamentos não funcionam.
Ainda mais preocupante: o gene tem a característica de ser capaz de mover-se facilmente de uma cepa de bactérias a outras espécies. Isto produz uma ameça: muitas infeccções podem tornar-se intratáveis, o que nos aproximaria do pesadelo de uma era sem antibióticos efetivos. A Malásia foi um dos primeiros países em que os cientistas encontraram o gene MCR-1. Por isso, e preciso tomar providências ainda mais serias, incluive a possivel proibição do uso de colistina na alimentação animal.
O gene foi descoberto durante um estudo realizado na China. Em novembro de 2015, Yi-Yun Liu e seus colegas publicaram um artigo na revista The Lancet Infectious Diseases, em que revelaram ter encontrado o MCR-1 em 166 de 804 suínos em abate que haviam testado; em 78 de 523 amostras de carne de frango de porco a venda no varejo; e em 16 de 1.322 pacientes hospitalares.
O estudo indica que há uma cadeia na disseminação da resistência. Ela começa a partir do uso de colistina na alimentação animal e propaga-se para os animais abatidos, os alimentos e os seres humanos.
Um dos autores, o professor Jian-Hua Liu, da Universidade de Agrilcutura do Sul da China, foi citado em matéria no Guardian. Afirmou que os resultados eram extremamente preocupantes, por revelarem o surgimento do primeiro gene de resistência à polimixina, que é facilmente transmitida entre bactérias comuns, tais como E. coli e K. pneumonia.
Este resultado sugere que “a progressão da resistência extensiva a drogas — que se da quando uma bactéria é resistente a diversos fármacos – para a resistência generalizada a drogas [pandrug resistence] é inevitável”, acrescentou Liu.
A colistina pertence a uma categoria de antibióticos conhecida como polimixinas. No passado, não eram utilizados largamente, por terem efeitos tóxicos. Mas, agora, são empregados como um último recurso, quando outros antibióticos não funcionam devido a resistência.
“Todos os principais elementos estão agora reunidos, para que um mundo sem antibióticos efetivos tornese uma realidade”, disse outro co-autor do estudo, o professor Timonthy Walsh da Universidade de Cardiff, ao site da BBC News. Ele pressegue: “Se o MCR-1 tornar-se global — o que parece mais uma questão de quando que de se — e se o gene se alinhar com outros genes de resistência a antibióticos, o que sera inevitável, teremos atingido, provavelmente, o início da era sem antibióticos. Neste ponto, se um paciente estiver gravemente doente — digamos que com E. coli –, não haverá nada que se possa fazer”.
Suspeita-se que a principal razão para o surgimento e a propagação do gene seja seu o descomedido de colistina para alimentar o gado e induzir seu crescimento. De acordo com o artigo de Liu e seus colegas, grande parte do uso mundial anual do antibiótico na alimentação animal — cerca de 12 mil toneladas — está concentrado na China.
O documento menciona que, além da China, o gene MCR-1 também foi encontrado na Malásia e Dinamarca. Cientistas malasianos chegaram ao sequenciamento do DNA da bactéria em dezembro de 2014, utilizando genes que parecem ao MCR-1. A possibilidade de que o E. coli com o gene MCR-1 tenha se espalhado pelo Sudeste Asiático é “profundamente preocupante”, disseram os autores.
Depois que o documento foi publicado, novas informações revelaram que o gene MCR-1 foi encontrado em amostras de bactérias em muitos outros países: Tailândia, Laos, Brasil, Egito, Itália, Espanha, Inglaterra, País de Gales, Holanda, Argélia, Portugal e Canadá.
O aspecto mais assustador sobre o MCR-1 é a facilidade com que pode propagar sua resistência a outras espécies de bactérias por meio de um processo conhecido como transferência horizontal de genes.
Alguns anos atrás, houve um susto semelhante sobre NDM-1, um gene capaz de saltar de uma bactéria para outras espécies, tornando-as altamente resistentes a todas as drogas conhecidas — exceto duas, entre elas colistina.
Se o MCR-1 resistente a colistina se combinasse com a NDM-1, a bactéria com os genes combinados seria resistente a quase todos os fármacos.
Em 2010, foram encontrados apenas dois tipos de bactérias com o gene NDM-1 – E. coli e Klebsiella pneumonia. Apos alguns anos, o NDM-1 foi encontrado em mais de vinte espécies diferentes de bactéria.
A descoberta do NDM-1 e agora do MCR-1 acende o alerta vermelho para a tarefa de enfrentar a resistência anti-microbial.
Em 2012, a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, alertou que todos os antibióticos já desenvolvidos estavam em risco de se tornarem inúteis. “Uma era sem antibióticos significa um ponto final na medicina moderna como a conhecemos. Doenças comuns como faringite estreptocócica ou um ferimento profundo no joelho de uma criança poderiam matar novamente”.
Uma ação imediatamente necessária a ser tomada é proibir o uso de colistina na almimentação do gado. A conceituada revista Lancetpublicou um comentário em fevereiro de 2016, segundo o qual é prciso exigir das autoridade políticas a restrição ao uso de polimixinas (incluindo a colistina) na pecuária — ou estaremos diante de um número cada vez maior pacientes aos quais será preciso dizer: “Desculpe, mas não há nada que eu possa fazer para curar sua infecção”.
Outros antibióticos que são usados pelos seres humanos também deveriam ser proibidos ou rigidamente restritos para a pecuária, especialmente se são usados como indutores de crescimento.
Um Plano de Ação Global contra o risco do colapso dos antibióticos deve incluir cinco objetivos: usar medicamente apropriados na saúde humana e animal; reduzir as infecções por meio de medidas de saneamento, higiene e prevenção; reforçar a vigilância e estimular as pesquisas; educar o público tão bem quanto os médicos, veterinários e fazendeiros, sobre o uso adequado de antibióticos; e aumentar o investimento no desenvolvimento da novos remédios, ferramentas de diagnósticos e vacinas.