DIVULGUEM AO MÁXIMO, POIS É RECEITA INDISPENSÁVEL PARA A SAÚDE DA MÃE TERRA.
OILWATCH LATINOAMERICA
Dia da
Terra, 22 de abril de 2020
COVID19 E
CRISE PETROLEIRA
No dia da
Terra, o Covid19 se alastra como pandemia. Por todo planeta, ameaça seus povos,
adoece cidades, infecta milhões de comunidades e famílias, leva ao óbito centenas
de milhares de pessoas.
Antes mais
concentrado na China, Europa e nos EUA, o vírus se expandiu na velocidade e nos
caminhos dos negócios, atingindo em dois meses boa parte do Sul global: África,
Ásia, América Latina.
Como
pandemia, o vírus cruzou os oceanos, aterrissou em aeroportos, desembarcou em terminais
portuários, viajou por rodovias e ferrovias. Agora se expande em direção às
periferias urbanas mais empobrecidas e já atinge comunidades de povos
tradicionais: camponesas, afroquilombolas, pescadoras artesanais, povos
indígenas em situação de isolamento. Uma tragédia.
A origem e a
expansão pandêmica do novo coronavírus está diretamente associada à destruição
da Terra: à devastação de suas florestas e substituição por monoculturas de
árvores, à destruição de seus ecossistemas, solos e fontes de água, pela
mineração e pela expansão petroleira, à extinção de suas espécies e introdução
de organismos geneticamente modificados, à contaminação de seus rios e mares
por agroquímicos e plásticos, e ao colapso de seu clima, pela extração e queima
de combustíveis fósseis. Uma tragédia anunciada.
O
capitalismo e sua civilização petroleira, por caminhos suicidas, explora os
recursos, destrói os vínculos e esgota os sentidos da Terra. Não permite
alternativas. Por um lado, desdenha das tecnologias e apaga a memória dos povos
ancestrais, que sempre souberam cuidar e zelar a Terra. Por outro, inviabilizam
o debate significativo do futuro, as alternativas de transição, os modos de
vida em paz com a Terra.
A pandemia
do Covid19 reflete o dia Terra em 2020, e grita pelo fim da civilização
petroleira, socialmente injusta e genocida, ambientalmente irresponsável e
economicamente inviável. O desenvolvimento capitalista, e seus modos de vida e
produção petrodependentes, não garantem nenhuma proteção frente às pandemias,
que serão cada vez mais frequentes, com novas viroses como o coronavírus, a
gripe aviária e suína, e ainda novas bactérias e vírus que estão congeladas no
subsolo da Terra há centenas de milhões de anos e que poderiam se libertar com
o degelo devido ao aquecimento global.
Para
enfrentar a pandemia da Covid19 está claro que são necessários Estados
democráticos, que garantam e aprofundem direitos, investimentos maciços em políticas
públicas de saúde e soberania alimentar, renda mínima para os mais
vulnerabillizados, alternativas de transição energética desde os povos, proteção
dos territórios coletivos e valorização dos saberes tradicionais, respeito aos Direitos
da Natureza. Para enfrentar as novas pandemias é necessária uma trégua com a
Terra. Enquanto a saúde da Terra estiver ameaçada, também a saúde das pessoas
estará sob risco. É insano aprofundar a
civilização petroleira e sua guerra contra a ela. A cura, ao contrário, vem do
cuidado com a Terra e as pessoas.
Com o
covid19 e as necessárias políticas de isolamento físico, a civilização
petroleira agoniza. Com a queda brusca do consumo de petróleo e derivados, pela
primeira vez na história, o preço do barril fechou o dia 20 de Abril negativo
em U$37,63, em uma queda livre de 289,4%, no mercado futuro dos EUA. Os
tanques, terminais e navios estão no limite de suas capacidades de
armazenamento. A indústria petroleira
internacional planeja redução de mais de 20% da produção. A Terra obtém uma curta
trégua. Mas segue gritando que se
detenha a extração, e por uma desintoxicação da petrodependência. Não faz mais
sentido extrair mais petróleo para fazer girar a velha roda, em seu círculo
viciado e decadente.
Diante da
mortandade da Covid19, a Terra também silencia. Desde seu abrigo, nos indica os
caminhos de saúde. Plena de paz, nos
abre os sentidos da transição para sociedades emancipadas dos combustíveis
fósseis.
Em 22 de
Abril de 2020, no Dia da Terra, nos despedimos dos mortos, e deixamos ecoar seu
grito entre os vivos:
“Lugar de petróleo
é no subsolo!”
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