Companheiras e companheiros
Repasso para vocês, abaixo, a declaração de Marrakech, adotada ontem na assembleia da sociedade civil, no espaço autogestionado, promovido pela Coalizão Marroquina pela Mudança Climática. O texto está em francês e ainda não foi traduzido para outras línguas, o que, esperamos, será feito em breve. Enquanto isso, podem ver usando o tradutor.
Hoje, 18 de novembro, acaba oficialmente o evento oficial. Para grande parte das organizações e dos movimentos sociais, a COP 22, a COP da implementação, da ação, como era chamada, tornou-se na realidade a COP da inação. A eleição do “climatocêtico” Donald Trump na presidência dos Estados Unidos foi o que mais dominou os debates, e colocou dúvidas sobre a real capacidade da comunidade internacional em implementar o Acordo de Paris, resultado da COP21 no ano passado. O Acordo de Paris era considerado um grande avanço pelo fato de se constituir como “convergência” internacional e de ter sido ratificado inesperadamente de forma muito rápida pela maior parte dos países, mas ao mesmo tempo bem aquém das necessidades do planeta. Uma das suas principais fragilidades é não prever nenhuma sanção para os estados, que poderão aplicar (ou não) o acordo de forma voluntária.
Nada de realmente novo surgiu na COP22, começando pela questão do financiamento. Apesar dos apelos repetidos por parte de diversos governantes e até do Banco Mundial sobre a necessidade de um maior comprometimento por parte dos Estados na implementação de medidas concretas antes de 2020 para encarar com seriedade o objetivo de não ultrapassar o aumento de 1,5°, nada indica avanços significativos nesse sentido. O discurso de John Kerry, há 2 dias atrás, foi um dos mais emblemáticos. Foi um alarme para o planeta, com um tom dramático, um alerta voltado principalmente para próxima administração americana. O fechamento do seu discurso também é significativo, porque voltou com um certo otimismo, causado pela satisfação em ver o meio empresarial agora voltado para luta contra o aquecimento global. Pois é! O mercado continua sendo considerado pelos nossos governantes como o grande e potencial salvador da humanidade. Se for continuar assim, sinceramente, estamos fritos!
Obviamente, podemos encontrar aspectos positivos ou animadores, como a voz da África que ficou mais forte, com seus governos que pediram de forma geral a reconhecimento das responsabilidades conjuntas porém diferenciadas. Ou o próprio processo de sociedade civil africana, que de certa forma fortaleceu a convergência dos movimentos sociais ambientalistas com os movimentos de direitos humanos. Isso para não ficar apenas no pessimismo!
Faço questão de ressaltar que essas considerações não se constituem propriamente dito como relatório, mas como primeiras reações. Espero poder mandar reflexões mais amadurecidas posteriormente.
Um forte abraço para tod@s
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