quarta-feira, 20 de setembro de 2017

AGROECOLOGIA É A ESPERANÇA PLANTADA NA CIÊNCIA, MOVIMENTO E PRÁTICA

BOA ESTA NOTÍCIA. ACOLHA SUA MENSAGEM E SEJA PROMOTOR DA AGROECOLOGIA E DA TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE EM QUE VIVEMOS.

'Agroecologia é a esperança plantada na ciência, movimento e prática'

         
20/09/2017
Opinión
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Agroecologia 2017
São Paulo – A agroecologia trabalha com a esperança. "Não trabalha só com a denúncia, embora a gente denuncie a perda de direitos, a invasão de territórios de povos tradicionais, os projetos de mineração que estão em andamento. Mas a gente também anuncia a esperança. E nossos anúncios não são feitos apenas a partir dos nossos sonhos, e sim a partir das nossas experiências de mais de 30 anos".

A síntese é da professora da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e atual presidenta da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Irene Maria Cardoso. Para ele, esta é a principal razão que desperta cada vez mais o interesse da sociedade pela agroecologia e um dos principais motivos do sucesso do congresso brasileiro e latino-americano que a entidade realizou em parceria com a Embrapa, além de outros apoiadores, ao longo da última semana, em Brasília.

A esperança semeada pela agroecologia a partir da articulação de movimento social, ciência e prática, de acordo com Irene, aponta o melhor caminho não só para a produção limpa de alimentos saudáveis para todos, sem o uso de agrotóxicos e transgênicos, mas também para a transformação da sociedade.

Esse aspecto, segundo ela acredita, ficou muito evidente para os mais de 4.200 participantes, entre representantes de 25 países latino-americanos e europeus, principalmente. "Muita gente com quem conversei, como estudantes, que estavam pela primeira vez em um congresso, e até mesmo quem já tinha experiência de outros, se dizia reenergizada", afirmou.

"Enquanto movimento, a agroecologia desagrada muita gente porque quer uma transformação mais profunda da sociedade"

Para ela, a possibilidade de participação de crianças, adultos e idosos nas diversas atividades que permitem o diálogo entre a diversidade de raça, gênero, gerações e de conhecimento, refletem o espírito da agroecologia.

"É assim porque a gente entende a agroecologia enquanto movimento, ciência e prática. A gente faz do congresso um palco para que essas três dimensões estejam presentes. Porque se a gente faz somente na dimensão da ciência ou da prática, ou só do movimento, não há diversidade. Então é preciso trazer essa diversidade e complexidade para o entendimento do que é agroecologia."

De acordo com Irene,  a programação, que teve 2.500 trabalhos apresentados por pesquisadores e estudantes de 20 países, entre eles Alemanha, Espanha, França, Holanda e Argentina, entre outros, dos quais 1.500 eram trabalhos científicos e 900 experiências relatadas sobre agrossistemas, agricultura orgânica e construção do conhecimento agroecológico, por meio de dezenas de palestras, rodas de conversa e exibição de documentários, foi organizada de modo a estreitar o diálogo entre a diversidade das gerações, de raça, gênero e de todos os povos ali representados. 

As matérias da RBA produzidas durante os eventos de agroecologia em Brasília foram: 

Solo fértil

Para a professora, o espírito de comunhão entre saberes e povos é justamente o que traz a boa nova da esperança. "Pode estar tudo muito ruim, mas nós estamos no caminho certo, estamos construindo o rumo para o bem viver para todos os seres dessa terra. E a gente tem força, história, memória, muitas coisas, mesmo em cenário de adversidade. Então essa mensagem de esperança está presente em todos os congressos que acolhem tão bem as pessoas."

Longe de ter "enrolado a bandeira", Irene já trabalha agenda com a direção da entidade para uma reflexão aprofundada sobre as lições do congresso com vistas ao próximo e, principalmente, à realização do Encontro Nacional de Agroecologia, em 2018. 

O processo de popularização da agroecologia é outro aspecto refletido no congresso. No entanto, se por um lado esse crescimento se reflete em um número cada vez maior de pessoas se interessando pelo tema em vários países, há preocupação com a apropriação da agroecologia por setores que têm no lucro a única razão de existir.

"A agricultura está em uma encruzilhada. Tem essa história de que não dá mais para comer alimentos com venenos, que não dá mais para a agricultura sair matando tudo quanto é seres. É por isso que está crescendo cada vez mais".

Mas conforme alertou, há o perigo da apropriação da agroecologia por setores que não têm outro objetivo senão a exploração pelo lucro. "A cooptação vem por aqueles que começam a entender a agroecologia. Primeiro, enquanto prática, em que se pode fazer uma agricultura sem venenos, que cuida bem dos seres, mas para alimentar somente o rico. O pobre não importa, mas eu estou fazendo uma agricultura limpa", destacou.

"Há aqueles que vem pela ciência. Enquanto cientista eu vou fazer isso, fazer aquilo, minhas pesquisas no laboratório e ponto."

A controvérsia, no entanto, está na agroecologia enquanto movimento – que é a busca pela transformação da sociedade, do sistema agroalimentar e também do sistema capitalista.

"Enquanto movimento, a agroecologia desagrada muita gente porque quer uma transformação mais profunda da sociedade. E esse é o risco de cooptação porque a gente sabe que as pessoas que estão envolvidas, que podem se envolver com as práticas e com o mundo cientifico, são organizações de muito dinheiro e com muito poder, enquanto os movimentos sociais constituem a parte mais frágil da questão."

Essa cooptação, para ela, é o maior temor porque um dos objetivos da agroecologia é a inclusão. "Não é só rico tendo acesso a alimento mais saudável, mas alimento saudável para todos; é o agricultor pobre trabalhando com dignidade para produzir alimentos saudáveis para todos, com igualdade, autonomia. Não queremos apenas uma agricultura limpa, mas com empresas vendendo insumos e explorando os agricultores a produzir para os ricos. Mas uma produção libertadora, como os agricultores entendem e querem que seja".

Milenar

"A agroecologia começou há 10 mil anos, com a prática dos agricultores, dos povos tradicionais, como Dona Dijé, que disse na abertura do congresso que a agroecologia deu voz aos conhecimentos do seu povo, porque eles já faziam assim, mas não canalizavam essas vozes – que foi canalizada pela agroecologia. São os agrossistemas sustentáveis feitos, desenhados e manejados pelos povos e comunidades tradicionais, pelos agricultores e camponeses desse país e do mundo todo que trazem os princípios da agroecologia enquanto ciência", destaca a professora Irene Maria Cardoso.

- Cida de Oliveira, da RBA

20/09/2017

https://www.alainet.org/es/node/188171 

ACOMPANHE O TRIBUNAL TIRADENTES SOBRE AS PRÁTICAS ESPÚRIAS DO CONGRESSO NACIONAL

VALE REALMENTE ACOMPANHAR E REPASSAR PARA TODO MUNDO A INFORMAÇÃO DE QUE PODEM ACOMPANHAR AO VIVO VIA INTERNET. PRECISAMOS CHEGAR AO PONTO DE A POPULAÇÃO COMO UM TODO COLOCAR EM JULGAMENTO AS PRÁTICAS DO CONGRESSO NACIONAL. O TRIBUNAL TIRADENTES NOS AJUDARÁ AVANÇAR NESTA DIREÇÃO.

Amigas e amigos,

Já estamos às vésperas da IV sessão do Tribunal Tiradentes, que vai julgar as práticas espúrias que estão destruindo o Congresso nacional.
Queremos contar com sua presença, às 19 horas da próxima 2ª feira 25 de setembro, no Teatro TUCARENA da PUC –SP (bairro: Perdizes, entrada pela rua Bartira esquina com Monte Alegre 1024).

O evento será transmitido ao vivo pela internet:http://www.tvt.org.br/events/tribunaltiradentes/

Isso permitirá que pessoas que não moram em São Paulo ou tenham dificuldade de vir até a PUC possam acompanhar o tribunal. E até que se organizem grupos para acompanhar a sessão pela internet.

Pedimos que divulguem ao máximo este link.

O Tribunal Tiradentes pretende estimular, através desta sua VI edição, um processo de tomada de consciência da importância do Poder Legislativo,como instituição fundamental da democracia, bem como do poder que está nas mãos dos cidadãos e cidadãs, como eleitores, para que nosso Poder Legislativo passe a representar efetivamente os interesses do povo brasileiro e seu trabalho resulte em benefício para todos.
Cordialmente,

Grupo Executivo do Tribunal Tiradentes (www.tribunaltiradentes.org)

terça-feira, 12 de setembro de 2017

O QUE VOCÊ FARIA SE SOUBESSE O QUE SEI?

VISITEM O BLOG QUE TEM O NOME DO TÍTULO ACIMA. 

É DO CIENTISTA ALEXANDRE COSTA, DE FORTALEZA.

SOBRE O FURACÃO IRMA E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS, VEJAM TEXTO DE HOJE EM
http://oquevocefariasesoubesse.blogspot.com.br/2017/09/a-resposta-meu-amigo-esta-soprando-ao.html


OS POBRES SUSTENTAM OS RICOS

ELES VIVEM FALANDO DE SUAS CRISES, E DE FATO ESTÃO COBRANDO DOS SEUS TRABALHADORES O "SACRIFÍCIO" EM FAVOR DA MEIA DÚZIA DOS SUPER-RICOS. MAS ESSES POUCOS RICOS, DONOS E JOGADORES DO CASSINO FINANCEIRO GLOBAL SÃO INSACIÁVEIS, COMO ESTÁ DEMONSTRADO NO ARTIGO QUE SEGUE. EM TRINTA ANOS, ELES ESTÃO SUGANDO DOS PAÍSES EMPOBRECIDOS NADA MENOS DO QUE 10 TRILHÕES E SEISSENTOS BILHÕES DE DÓLARES!!!

COMO SE SABE QUE ESTES PAÍSES ESTÃO ASSENTADOS SOBRE ESTRUTURAS DE INJUSTIÇA E DESIGUALDADE, ESTAS TRANSFERÊNCIAS TÊM TUDO A VER COM O AUMENTO DA POBREZA E DA MISÉRIA; DA MORTE POR FOME, AFINAL. 

POR ISSO, É CORRETO AFIRMAR QUE OS DONOS E JOGADORES DO CASSINO FINANCEIRO GLOBAL ADORAM UM ÍDOLO INSACIÁVEL POR SANGUE E VIDA DE PESSOAS HUMANAS, E INSACIÁVEL SUGADOR DAS ENERGIAS VITAIS DA TERRA. ELES SE TORNAM, SÃO ELES, NA VERDADE, QUE NUNCA SE SATISFAZEM COM O SANGUE HUMANO E COM AS ENERGIAS DA TERRA QUE EXIGEM PARA CONCENTRAR RIQUEZA E PODER SEM FIM. O ÍDOLO É CRIAÇÃO DELES, SERVE APENAS COMO JUSTIFICATIVA IDEOLÓGICA. 
   

E os pobres sutentam o cassino financeiro global

 
170906-Pobres
Em três décadas, países periféricos transferiram, para nações capitalistas centrais, US$ 10,6 trilhões — trezentas vezes o PIB da Nicarágua. Paraísos fiscais são principal sangria. Só China escapou
Um trabalho do Inesc
Qual impacto que a fuga não-registrada de capitais pode ter no desenvolvimento de um país, principalmente nos mais vulneráveis e pobres? Qual o papel dos paraísos fiscais na facilitação desse fluxo financeiro, que drena importantes recursos de regiões inteiras do mundo? Para tentar responder a essas questões, o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), em parceria com o Centro de Pesquisa Aplicada da Escola de Economia da Noruega (SNF), a Global Financial Integrity (GFI), Universidade Jawaharlal Nehru e o Instituto Nigeriano de Pesquisa Social e Econômica, produziu o estudo “Fluxos Financeiros e Paraísos Fiscais: Uma combinação para limitar a vida de bilhões de pessoas“, um extenso relatório em três partes que avalia o fluxo líquido de recursos de entrada e saída de países em desenvolvimento, durante o período de 1980-2012.
Entre as descobertas do estudo, uma impressiona: os países em desenvolvimento, excetuando-se a China (que é um ponto fora da curva), perderam um total de quase US$ 1,1 trilhões em transferências registradas e US$ 10,6 trilhões a partir de fuga não-registradas de capitais — desse último valor, mais de 80% (cerca de US$ 7 trilhões) saíram por meios ilegais.
O relatório (clique aqui para baixá-lo) conclui, entre outros pontos, que a redução dos fluxos financeiros ilícitos e regulação firme dos paraísos fiscais melhoraria a efetividade das políticas macroeconômicas adotadas nos países em desenvolvimento e contribuiria significativamente para reduzir a desigualdade socioeconômica.
A grande fuga de capitais dos países em desenvolvimento diminui sua capacidade de crescimento, porque boa parte desses recursos poderia ser usada em atividades econômicas destinadas à melhoria do padrão de vida e à redução de desigualdades.
Uma das principais descobertas do estudo é que na década de 1990 os países em desenvolvimento acabaram financiando mais os países desenvolvidos do que o contrário — e isso justamente por conta dos fluxos financeiros ilícitos e paraísos fiscais. “O fluxo de recursos dos países mais vulneráveis para países ricos claramente confronta a eficiência alocativa, que demanda fluxos em direção oposta. Em escala global, essas alocações de recursos incorretas constituem custos sociais consideráveis que seriam, neste caso, incorridos aos cidadãos de países em desenvolvimento.”
Um estudo recente do Fundo Monetário Internacional (FMI) descobriu que o fluxo de entrada de capitais impacta positivamente o investimento doméstico em maior grau que fatores como a qualidade institucional e o crédito doméstico. E como a fuga de capitais drena recursos, é razoável pensar que tais fluxos de saída reduziriam o efeito benéfico de fluxos de entrada sobre os investimentos domésticos. Nossas descobertas, baseadas em dados limitados do FMI são consistentes com as descobertas do Fundo em que mostramos que os fluxos de entrada de capital têm impacto positivo no consumo, e que fluxos de saída ilícitos reduziriam os impactos benéficos sobre o consumo e sobre o padrão de vida em países em desenvolvimento pobres.
http://outraspalavras.net/destaques/e-os-pobres-sutentam-o-cassino-financeiro-global/ 

LUTANDO POR JUSTIÇA CLIMÁTICA

VALE A PENA LER ESTE ARTIGO PARA TER PRESENTE COMO ANDA A RELAÇÃO ENTRE O AGRAVAMENTO DOS DESASTRES SOCIOAMBIENTAIS, AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E O EMPOBRECIMENTO DA POPULAÇÃO. COMO TUDO É APRESENTADO COM CRITÉRIOS DE ESPETÁCULO PALA MÍDIA TELEVISIVA, E COMO AUMENTA EM NÚMERO E INTENSIDADE A INCIDÊNCIA DE DESASTRES, O PERIGO É ACOSTUMAR-NOS COM ELES, NATURALIZÁ-LOS.

ELES SÃO UMA DAS FORMAS DE EXPRESSÃO DO GRITO DA TERRA CONTRA AS VIOLÊNCIAS E A IMPIEDADE COM QUE É TRATADA. É CERTO QUE O NÚMERO DE ÍMPIOS TENDE A DIMINUIR, MAS A TERRA NÃO TEM COMO NÃO AFETAR A TODAS AS PESSOAS QUE ESTÃO NAS ÁREAS ATINGIDAS POR EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS. CABE A NÓS, HUMANIDADE, OUVIR OS CLAMORES DA MÃE TERRA E EXIGIR AS MUDANÇAS ESTRUTURAIS E DAS FORMAS DE VIDA NECESSÁRIAS PARA RECUPERAR RELAÇÕES HARMONIOSAS COM ELA. 


por Phil Hearse*, publicado no The Bullet e traduzido por Thiago Ávila.
11/09/2017 – Publicado no Subverta.org


Mentiras, malditas mentiras e estatísticas, certo? Nem sempre – às vezes estatísticas dramatizam a realidade social de uma forma gráfica. Um ano antes das enchentes devastadoras na Índia, Bangladesh e Texas, um discreto relatório da ONU revelou dados extraordinários sobre os efeitos das mudanças climáticas no mundo. Catástrofes relacionadas ao clima já não são um perigo adicional para os pobres do mundo, mas um fator central na opressão e pobreza. E isso eventualmente levará a um efeito cascata de milhões de refugiados climáticos, um processo que já está se iniciando.

Isso não é reconhecido universalmente. Um site socialista de grande visitação publicou recentemente um artigo sobre como os pobres foram deixados sozinhos para lidar com os estragos das inundações em Houston mas que em nenhum momento sequer menciona “mudanças climáticas” ou “aquecimento global”.


Desastres relacionados com o clima
O relatório da ONU e acontecimentos mundiais este ano apontam a um número crescente de conclusões evidentes, apesar delas não serem aceitas pelos negacionistas climáticos da direita:

- O número e extensão das catástrofes relacionadas ao clima está subindo vertiginosamente, assim como a quantidade de pessoas afetadas – veja as alarmantes figuras abaixo. Obviamente, isto é causado pelo aquecimento global, elevando o nível dos oceanos e causando tempestades mais severas.

- Catástrofes relacionadas ao clima atingiram aos pobres de maneira desproporcional, tanto em relação aos países atingidos como em relação às pessoas atingidas dentro dos próprios países. Eventos de escala similar tiveram efeitos consideravelmente mais danosos em países mais pobres.

- Enquanto o maior número de mortes em países pobres vem de inundações e tempestades, em países mais ricos as pessoas morrem por incêndios florestais e ondas de calor.

- A parte do mundo mais afetada por tempestades e inundações é a Ásia. É lá que o nível das chuvas é mais alto, mas também é onde existe uma vasta concentração de pessoas em localizações expostas com pouca infraestrutura ou serviços de resgate para os defender. No entanto, o número de comunidades atingidas por inundações e tempestades na África e na América Latina também está crescendo.
[Nos últimos três anos houve inundações massivas em Uganda e Malauí, enquanto na América do Sul, por exemplo, uma média de 560 mil pessoas foram afetadas pelas enchentes entre 1995 e 2004. Na década seguinte (2005 – 2014) este número disparou para 2,2 milhões de pessoas (quase quatro vezes mais). Nos primeiros oito meses de 2015, outras 820 mil pessoas foram afetadas por enchentes na região.]

O documento da ONU, Custo Humano de Desastres Relacionados ao Clima (Human Cost of Weather Relates Disasters), que cobre o período de 1995-2015, mostra no total 6,457 desastres relacionados ao clima registrados no mundo entre estas datas. Estes eventos ceifaram aproximadamente 606 mil vidas, uma média de 30 mil por ano, com um adicional de 4,1 bilhões de pessoas feridas, que precisaram de assistência de emergência ou que perderam suas casas.

Em outras palavras, a maioria da população do mundo sofreu consequências negativas severas como resultado de desastres relacionados ao clima. Das 606 mil mortes, 202 mil são relacionadas a tempestades e 157 mil por conta de inundações.

Desastres climáticos intensificam e prolongam a pobreza existente, especialmente destruindo colheitas e tornando a produção de alimentos mais difícil ou impossível. Inundações recorrentes estão tornando áreas densamente povoadas em regiões inabitáveis.

Na parte rural da Índia, o relatório explica, crianças em moradias expostas a inundações recorrentes são mais desnutridas e abaixo do peso que aquelas que vivem em regiões não inundadas. Crianças expostas a inundações em seu primeiro ano de vida também sofrem dos mais altos índices de desnutrição crônica devido à perda da produção de alimentos e interrupção de suprimentos de comida.


Um relatório de Bengala do Oeste sobre as inundações recentes na Índia/Bangladesh demonstra como os países mais pobres e menos desenvolvidos falham em lidar com a catástrofe climática. Aditi Roy Ghatak diz:

“Comparações são amplamente redundantes diante de uma tragédia tão aterradora, mas a discrepância entre a quantidade de vidas perdidas aqui e nos Estados Unidos nos diz algo. Os países em desenvolvimento permanecem profundamente expostos face ao clima extremo, sendo que prevemos que tal clima extremo se torne cada vez mais frequente com as mudanças climáticas. Como coincidência destes dois desastres, temos as avaliações que chegam até o próprio painel de ciência do clima da ONU, de que as mudanças climáticas serão sentidas nos países pobres de forma desproporcional.

Isto acontece por muitas razões, mas em sua essência trata-se de pobreza e governança. A Autoridade Nacional para Gerenciamento de Desastres da índia possui um orçamento de 100 milhões de dólares para 2016-2017. Nos Estados Unidos, um país com um quarto da população da Índia, o orçamento da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências tinha um orçamento de 15,5 bilhões de dólares para 2016. No sudeste asiático, tempestades matam regularmente dezenas de pessoas. Quando vem uma inundação grande, as pessoas morrem aos milhares.”

O artigo explica como a infraestrutura local de água é tragicamente inadequada, assim como a resposta de governos locais e nacionais. Um professor local explica:

“Havia poucos barcos de resgate, não havia água nos tanques e poucas evidências de equipes de gerenciamento de desastres. Apenas ONG´s vinham com comida, remédios e outros materiais de ajuda humanitária.”


Inabitável
As inundações recorrentes estão tornando algumas das áreas mais pobres inabitáveis. Em nenhum lugar isto é mais verdade que em Bangladesh. De acordo com Gardiner Harris:

“O delta dos rios do mundo são particularmente vulneráveis diante dos efeitos da elevação do nível do mar, e cidades mais ricas como Londres, Veneza e Nova Orleans também possuem futuros incertos. Mas são os países mais pobres que serão mais fortemente atingidos, e nenhum mais que Bangladesh, uma das nações do mundo mais densamente povoadas. No delta do rio Ganges, formato por 230 grandes rios e afluentes, 160 milhões de pessoas vivem em um local com um quinto do tamanho da França e plano como os pães servidos a cada refeição no país.”

Partes de Bangladesh já são inabitáveis e é muito tarde para reverter este quadro.

“Apesar de Bangladesh ter contribuído pouco com a poluição atmosférica da indústria, outros tipos de degradação ambiental o deixaram especialmente vulnerável.

Bangladesh conta quase que inteiramente com água de lençóis freáticos para beber porque os rios são poluídos. O bombeamento resultante disso faz com que a terra se assente, então, enquanto o nível dos oceanos se eleva, as cidades de Bangladesh estão afundando, aumentando os riscos de inundação. Diques de contenção precários no mar adiam o problema.

Os cientistas do clima no país e políticos concordam que em 2050, o aumento do nível dos oceanos vai inundar 17 porcento do território e desalojar cerca de 18 milhões de pessoas.

Cientistas no país afirmam que o povo de Bangladesh já está começando a se mover para longe das vilas mais baixas nos deltas dos rios da Baía de Bengala. As pessoas se movem por muitas razões, e a urbanização está crescendo no sul asiático, mas as marés crescentes são um grande fator para isso. O grupo de pesquisa do Dr. Rahman estima a partir de pequenas pesquisas que 1,5 milhões dos 5 milhões de moradores de favelas em Dhaka, a capital do país, saíram de seus vilarejos próximos à Baía de Bengala.”

Eles ainda acrescentam que “os oceanos elevados estão gradativamente entrando nos rios, tornando água doce em salobra. Mesmo inundações cotidianas podem começar a depositar sal na terra, podendo torna-la seca”.

A crise no delta do rio Ganges terá grandes efeitos sociais. É estimado que, seguindo esta elevação no nível dos oceanos, 50 milhões de pessoas de Bangladesh deixarão o país até 2050. Em outras palavras, elas se tornarão refugiadas climáticas.


Temperatura escaldante e incêndios florestais
Quase todos os turistas de centros de veraneio no Mediterrâneo como Espanha, Portugal, Itália e o sul da França afirmam que as temperaturas tornaram impossível ficar a maior parte do dia fora de uma sombra. Quase todo o Mar Mediterrâneo viu temperaturas acima de 40 graus neste ano, acompanhadas de diversos incêndios florestais.

Este ano (2017) houve incêndios particularmente desastrosos em Portugal, onde 70 pessoas foram mortas por um incêndio gigante no centro do país em junho. De fato, nos países mais desenvolvidos há muito mais mortes por conta de incêndios florestais que por inundações.

Chris Harris reporta que os incêndios florestais dispararam em 2017:

“O número de incêndios florestais na Europa disparou neste ano, de acordo com dados obtidos pela Euronews, afetando uma área próxima ao dobro do tamanho de Luxemburgo. Houve 1.068 focos em 2017 – um grande crescimento comparado à média anual de 404 focos nos últimos oito anos.

Especialistas culparam a mudança climática pelo aumento, dizendo que por conta das mudanças alongou a temporada de incêndios e aumentou a frequência dos focos. Eles alertam que os incêndios florestais na Europa vão se intensificar no futuro e atingir novas áreas.”

A Europa está longe de ser a única região afetada por incêndios florestais. No momento da escrita deste artigo (setembro de 2017), foi declarado estado de emergência em Los Angeles e um céu de fumaça negra cobre uma grande parte da Califórnia (dados recentes falam até de mais de 90 focos de incêndio foram de controle no Canadá, de acordo com o Sistema Canadense de Informação sobre Incêndios Florestais). O motivo dos incêndios, de acordo com artigo do jornalista local Patrick May, é a alta temperatura:

“Temperaturas elevadíssimas atingiram a região de Bay Area neste final de semana de forma desproporcional, alcançando ou superando recordes desde Santa Rosa a Livermore, deixando San Francisco e a costa como relativos oásis do calor que atingiu o resto da região no domingo... Após Santa Rosa atingir seu recorde histórico de 1988 este sábado, assim como regiões no Tri-Valley. No domingo Santa Rosa quase atingiu a mesma temperatura recorde, enquanto Livermore quase alcançou a alta histórica do ano de 1944.”

Obviamente, as populações pobres são normalmente as vítimas das mudanças climáticas em países avançados também. Isto foi amplamente ilustrado no furacão Katrina de 2005 que inundou Nova Orleans. O mesmo aconteceu durante o furacão Harvey em Houston e áreas próximas. Como Wen Stephenson colocou:

“Décadas de negligência, desigualdade e desinvestimento – isso para não falar do inexistente desenvolvimento e a falta de planejamento contra inundações, que se aproximam de uma cumplicidade criminosa – significaram que a população de Houston de todas as classes, mas principalmente as comunidades mais vulneráveis, primariamente comunidades negras e pardas, foram abandonadas sem apoio.”

Isso nos leva a uma evidente conclusão da estratégia. Precisamos lutar por uma estratégia internacional realista para limitar as mudanças climáticas, mas também precisamos lutar pelas vítimas das mudanças climáticas e refugiados, assim como prevenir que milhões mais se tornem vítimas e refugiados.

Como Wen Stephenson diz:
“Assim como a catástrofe em Houston não deve ser vista isoladamente, como mais um mero exemplo de eventos de clima extremo, é tempo de reconhecer que nossa realidade climática mudou – e é o momento da luta climática mudar com ela. Quero dizer a mudança de um mundo no qual lutamos para prevenir as catástrofes climáticas para o mundo onde vivemos hoje, onde somos forçados a viver, ou lutar para viver – sendo que os que mais lutam são os pobres e marginalizados. A medida em que a emergência climática converge com a emergência na política nacional, nada ilustra a mudança de forma mais evidente, nos Estados Unidos, que o caso de Houston. As lutas por igualdade e democracia, tão imediatas e urgentes nestes tempos obscuros, não estão separadas da luta por justiça climática – porque esta nunca será alcançada sem as primeiras.”

*Phil Hearse é editor de www.marxsite.com, onde este artigo foi publicado pela primeira vez. Também foi publicado pelo Left Unity e pelo Socialist Project.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

MAIS UMA LOUCURA: LEVAR ÁGUA DO TOCANTINS PARA O SÃO FRANCISCO!

Transposição do Tocantins para o São Francisco
- Entrevista ao site pretonobranco.org -
Roberto Malvezzi (Gogó)

O que está por detrás da transposição do Tocantins para o São Francisco?

Em primeiro, é preciso dizer que essa proposta é mais insana, mais louca que a transposição do São Francisco para outros estados da forma como ela foi feita.
Na verdade, os movimentos socioambientais sempre disseram que o São Francisco tinha pouca água para suportar uma transposição. Era um anêmico que não podia doar sangue. Agora, essa proposta de transpor o Tocantins para o São Francisco só comprova o que sempre dissemos. Está faltando água no São Francisco não só para as comunidades beiradeiras, mas a falta de água inviabilizou a hidrovia do São Francisco, diminuiu a geração de energia e está faltando água até para os perímetros irrigados já instalados. Então, começou a bater o desespero também no setor econômico, naqueles que mais ganham com as águas do Velho Chico. Daí a proposta doida de transpor o Tocantins para aumentar o volume de água do São Francisco, água que ele já teve, mas agora não tem mais.

Essa transposição do Tocantins para o São Francisco é viável?

As pessoas propõem certas obras e com isso mostram todo desconhecimento que tem da realidade. O aquífero que abastece o Tocantins é um dos mesmos que abastece o São Francisco, isto é, o aquífero Urucuia. E esse é um dos aquíferos que está perdendo forças no Cerrado brasileiro. Portanto, sem o aquífero Urucuia morre o Tocantins e morre o São Francisco.
Acontece que a devastação da Amazônia que gera os rios voadores que fazem chover em todo território brasileiro, inclusive até na Argentina, está prejudicando a formação dos rios voadores. E o Cerrado brasileiro, onde estão os três maiores aquíferos do Brasil e da América Latina – Urucuia, Bambui e Guarani -, está sendo devastado para plantação de soja e criação de gado. Com seus solos compactados, perdeu a capacidade de alimentar seus aquíferos, ou pelo menos está perdendo essa capacidade. Portanto, nossa caixa d’água está cada vez mais seca.
Então, esses dias andei em Miracema do Norte, no Tocantins, e o rio Tocantins de lá estava mais seco que o São Francisco aqui. Andei no Bico do Papagaio, em Marabá, onde o Tocantins se encontra com o Araguaia e vi mais pedras que água no leito do Araguaia.
Portanto, não é fazendo obras gigantescas que vamos resolver os problemas de nossos rios, pelo contrário, elas podem tornar a situação ainda mais grave.

O que fazer?

Sem uma revitalização séria e sem respeito ao nosso ciclo das águas não há tecnologia que resolva nossos dramas hídricos. Primeiro, respeitar a Amazônia, que o ministro de Petrolina agora quer entregar para as mineradoras.
Segundo, preservar o que há no Cerrado, para que a área não seja totalmente impermeabilizada e evitar que nossos aquíferos que distribuem a água para todo território nacional sejam extintos. Sem esses aquíferos morre o São Francisco e o Tocantins.
Terceiro, investir seriamente na revitalização do rio São Francisco, que pressupõe parar por hora com novos projetos de irrigação e uso da água; recompor as matas do território da bacia, principalmente as ciliares, encostas e áreas de recarga dos aquíferos; parar com o desmatamento do Cerrado mineiro e baiano.
Cada um de nós também pode contribuir no cotidiano, no jeito de lidar com a água, o rio e cobrando dos responsáveis que a revitalização seja séria e eficaz.
Perdemos muitas batalhas a cada dia na luta pelo São Francisco, mas ainda não perdemos essa guerra.