quarta-feira, 31 de outubro de 2012

PRECISAMOS SER TODOS E TODAS GUARANI-KAIOWA

REPRESENTANTES DO POVO GUARANI-KAIOWA ESTÃO EM BRASÍLIA, LUTANDO PELOS SEUS DIREITOS. PRECISAMOS ENTENDER E APOIAR SUA LUTA. PARA ISSO, ENTREM NO LINCK QUE SEGUE E, SE PUDEREM, REFORCEM OS ATOS DE APOIO QUE VÃO SENDO REALIZADOS EM MUITAS CIDADES BRASILEIRAS. E SE DESEJAREM FAZER MAIS, ORGANIZEM ATOS EM SUA COMUNIDADE, MUNICÍPIO, REGIÃO.

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/515088-somos-todos-guarani-kaiowa

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

TODO APOIO À 2ª MARCHA DO SEMIÁRIDO NO PIAUÍ



SE NÃO PUDER ESTAR PRESENTE, ENVIE SEU APOIO AOS CAMPONESES DO PIAU. ELES ENFRENTAM UM LONGO PERÍODO DE ESTIAGEM E AS POLÍTICAS PÚBLICAS SÃO INSIFICIENTES E, COMO SEMPRE, POUCO OU NADA APIOAM MEDIDAS ESTRUTURANTES, NECESSÁRIAS PARA A CONVIVÊNCIA COM O BIOMA CAATINGA.
 
Insatisfeitos com as medidas emergenciais tomadas por órgãos que atuam no enfrentamento da seca no Piauí, agricultores e agricultoras e entidades da sociedade civil vão às ruas no dia 31 de outubro de 2012, no município de Picos, para exigir do Governo medidas estruturantes para a convivência com o semiárido.

Além da caminhada, haverá uma audiência pública com os gestores do Estado, no Centro Diocesano de Picos. O objetivo é encaminhar ações de enfrentamento aos efeitos da seca, já propostas na primeira audiência realizada em São Raimundo Nonato, em agosto deste ano.

São aguardadas cerca de 1500 pessoas para o ato público. Os manifestantes irão se concentrar na Praça Félix Pacheco, a partir das 6h da manhã. De lá a marcha segue para o Centro de Treinamento Diocesano, onde será realizada a audiência pública às 10h.

Cerca de um milhão de pessoas vive no semiárido piauiense. Dados da Defesa Civil apontam que 184 dos 224 municípios do Estado estão em situação de emergência. “As cidades mais atingidas foram Oeiras, São Raimundo Nonato, Picos, Simões, Simplício Mendes. A perda da produção de alimentos é estimada em 85%”, afirma Carlos Humberto Campos, coordenador do Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido..

I Grito do Semiárido

No dia 03 de agosto, no município de São Raimundo Nonato, mais de mil pessoas de 22 municípios da região sul do Estado participaram da I Marcha do Grito do Semiárido.  Além da insatisfação com a falta de apoio governamental após longos meses de seca, os trabalhadores e trabalhadoras rurais trouxeram no peito a marca da indignação.

“Os últimos meses têm sido de muito sacrifico. Nós cobramos que o governo tenha bons olhos e enxergue as necessidades do povo, fazendo alguma coisa em benefício da população que está sofrendo”, ressalta o agricultor de São Raimundo, Nonato Félix Neres, 80 anos.

As entidades que compõem o Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido juntamente com as famílias agricultoras têm discutido soluções para o enfrentamento da seca. Por se tratar de um fenômeno climático natural da região, há a necessidade da efetivação de ações para a convivência com a região semiárida.

“O grito serve para dizer aos poderes instituídos do município, do Estado e também do governo federal que por mais que se estejam encaminhando ações emergenciais e compensatórias do problema da seca, há de haver ainda um relacionamento, uma interface das várias políticas e serviços públicos que se façam chegar às famílias em tempo hábil, com efetividade”, pontua o coordenador da Cáritas Diocesana de São 

Raimundo Nonato, Hildebrando Pires.

Mais informações:
Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido
Carlos Humberto Campos (86) 8823 6761 / Hildebrando Pires (89) 9973 2666
Assessoria do Fórum:
Bruna Coimbra (86) 9949 9355 / Maria Moura (89) 9930 0473

Programação:
06h - Concentração na Praça Félix Pacheco - Picos (PI)
07h - Café comunitário
08h - Saída da marcha
09h30 - Chegada ao Centro de Treinamento Diocesano
10h - AUDIÊNCIA PÚBLICA
 Convidados para a audiência: Governador do Estado, Prefeito de Picos, Bispo de Picos, MDA, CONAB, Ministério Público, Defesa Civil, SDR, FETAG.
Virão caravanas dos municípios de Vila Nova, Campo Grande, Francisco Macedo, Santa Cruz, Paquetá, São Luís, São João da Canabrava, Bocaina, Padre Marcos, Belém, Jaicós, Pio IX, Paulistana, Queimada Nova, Simplício Mendes, São Raimundo Nonato e uma caravana de Araripina (PE).

sábado, 27 de outubro de 2012

PROJETO DE CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO



Tive a alegria de participar em mais um seminário sobre a realidade do Semi-árido brasileiro. Como se sabe, essa é a característica do bioma Caatinga, único exclusivamente brasileiro. E como não podia deixar de ser, o assunto principal foi a situação de estiagem prolongada que afeta a vida nesta região.

Quero destacar que percebi claramente que estão em disputa política dois projetos diferentes de Semiárido. Um deles, ainda dominante, assenta-se no crescimento econômico, tendo como base a propriedade privada, a exploração dos recursos naturais e do trabalho humano, a implantação de grandes projetos de infraestrutura e de produção, em boa medida voltada para a exportação. 

O outro tem como objetivo a Convivência com o Semi-árido. Em vez de combater as estiagens, busca formas criativas para conviver com elas e com tudo que caracteriza esta região semi-árida. Ela não é seca, mesmo se aumenta a área desertificada. É um dos semiáridos mais chuvosos do mundo. O que o faz semi-árido é a imprevisibilidade das chuvas, e a existência periódicas de estiagens mais prolongadas. Por isso, a água de chuva é o segredo da convivência: se nos tempos bons, com chuvas regulares e intensas, houver o cuidado de colher e guardar parte dessa água, não haverá falta dela nos tempos de estiagem.

Foi possível perceber claramente que a vida humana na Caatinga está mudando para melhor. Como parte do avanço na implantação do projeto de Convivência com o Semi-árido, já foram construídas mais de 700 mil cisternas caseiras, em que as famílias guardam com cuidados a água para beber e cozinhar. São mais de 3 milhões e quinhentas mil pessoas que contam com esse “verdadeiro hospital”, como as definiu uma senhora: com a cisterna, eu e minhas filhas não precisamos mais caminhar quilômetros para buscar água barrenta, não há mais crianças e velhos adoentados em casa, e eu já tenho tempo para visitar amigas e trabalhar em favor da comunidade.

Na verdade, a cisterna é a porta de entrada no modo de vida que é a Convivência com o Semi-árido. A partir do processo participativo da sua construção e dos diálogos que ajudam a conhecer a natureza deste bioma, as comunidades estão avançando na construção da segunda cisterna, maior, mas que exige menos cuidados, porque a água é destinada à produção básica de alimentos. Os dois tipos de cisterna são promovidos pela ASA – Articulação do Semi-Árido -, de que fazem parte mais de mil diferentes tipos de movimentos, pastorais e organizações sociais. Ela tem como meta 1 milhão de cisternas para água de beber e cozinhar – é o seu P1MC - e sabe que há necessidade de 1 milhão e quinhentos mil dos dois tipos de cisterna.

Os dois projetos disputam a hegemonia e os recursos públicos. O projeto tradicional, oligárquico e capitalista, está perdendo, aos poucos, a credibilidade popular, seja porque concentra riqueza e poder, expulsando o povo e produzindo miséria, seja porque seu modo de produção explora os recursos naturais e desequilibra o meio ambiente. Assim mesmo, contudo, é ele que continua recebendo a maior quantidade dos recursos públicos, indicando que os governantes, mesmo sabendo que são minoria, os têm como aliados por força de seu poder econômico.

O projeto da Convivência com o Semiárido avança e tem sua força no reconhecimento popular de que este é um caminho de desenvolvimento que favorece a população mais empobrecida e que recupera a vitalidade da Terra. Conta com apoio de recursos públicos e de iniciativas da sociedade civil. Os governos, contudo, resistem e só aprovam os projetos mediante insistente pressão; sempre que podem, criam dificuldades administrativas. Deixam claro, dessa forma, que este não o seu projeto nem aceitam que ele se torne o projeto estratégico de desenvolvimento social, cultural, econômico, político e espiritual do bioma Caatinga.

Mas o ditado popular diz: contra os fatos não há argumentos. Os fatos estão demonstrando que o projeto de Convivência com o Semi-árido é o que vai criando condições de vida digna para os sertanejos, promovendo diversificadas formas de produção solidária em cooperação com a natureza, contribuindo para que a vida, e não a desertificação, seja a marca da Caatinga. E os fatos demonstram, por outro lado, que o projeto capitalista tradicional, mesmo e especialmente quando modernizado, promove modos de produção cada vez mais agressivos e destruidores da vida da Caatinga, enriquecendo a poucos, muitos deles de fora do país.

Por isso tudo, procurem conhecer o projeto de Convivência com o Semi-árido e criem iniciativas de apoio a ele. Uma das formas desse apoio é a promoção da Convivência com o bioma em que cada leitor vive. Este é o caminho para ajudar a Terra a recuperar sua vitalidade e equilíbrio, evitando que o aquecimento, promovido pelo sistema capitalista, destrua o ambiente que torna possível a vida.


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

SALVEMOS OS ÍNDIOS GUARANI-KAIOWÁ!

DEPOIS DE LER A CARTA DA COMUNIDADE GUARANI-KAIUWÁ PUBLICADA EM SEGUIDA, CERTAMENTE TODOS E TODAS APOIARÃO A CAMPANHA E REFORÇARÃO O ABAIXO-ASSINADO ORGANIZADO PELA AVAAZ. JUNTOS SOMOS MAIS.


http://www.avaaz.org/po/petition/Salvemos_os_indios_GuaraniKaiowa_URGENTE/?tPbAKab

 


Salvemos os índios Guarani-Kaiowá - URGENTE!

Leia, abaixo, carta de socorro da comunidade Guarani-Kaiowá. Os índios da etnia Guarani-Kaiowá estão correndo sério risco de GENOCÍDIO, com total omissão da mídia local e nacional e permissão do governo. Se você tem consciência de que este sangue não pode ser derramado, assine esta petição. Exija conosco cobertura da mídia sobre o caso e ação urgente do governo DILMA e do governador ANDRÉ PUCCINELLI, para que impeçam tais matanças e junto com elas a extinção desse povo. CARTA:

"Nós (50 homens, 50 mulheres, 70 crianças) comunidades Guarani-Kaiowá originárias de tekoha Pyelito kue/Mbrakay, vimos através desta carta apresentar a nossa situação histórica e decisão definitiva diante de despacho/ordem de nossa expulsão/despejo expressado pela Justiça Federal de Navirai-MS, conforme o processo nº 0000032-87.2012.4.03.6006, em 29/09/2012.

Recebemos esta informação de que nós comunidades, logo seremos atacada, violentada e expulsa da margem do rio pela própria Justiça Federal de Navirai-MS. Assim, fica evidente para nós, que a própria ação da Justiça Federal gera e aumenta as violências contra as nossas vidas, ignorando os nossos direitos de sobreviver na margem de um rio e próximo de nosso território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay.

Assim, entendemos claramente que esta decisão da Justiça Federal de Navirai-MS é parte da ação de genocídio/extermínio histórico de povo indígena/nativo/autóctone do MS/Brasil, isto é, a própria ação da Justiça Federal está violentando e exterminado e as nossas vidas. Queremos deixar evidente ao Governo e Justiça Federal que por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo, não acreditamos mais na Justiça Brasileira.

A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas?? Para qual Justiça do Brasil?? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos mesmo em pouco tempo, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados 50 metros de rio Hovy onde já ocorreram 4 mortos, sendo 2 morreram por meio de suicídio, 2 morte em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas. Moramos na margem deste rio Hovy há mais de um (01) ano, estamos sem assistência nenhuma, isolada, cercado de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Tudo isso passamos dia-a-dia para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay.

De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários os nossos avôs e avós, bisavôs e bisavós, ali estão o cemitérios de todos nossos antepassados. Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser morto e enterrado junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao Governo e Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação/extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais.

Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal, Assim, é para decretar a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e para enterrar-nos todos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem morto e sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo de modo acelerado. Sabemos que seremos expulsas daqui da margem do rio pela justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo/indígena histórico, decidimos meramente em ser morto coletivamente aqui. Não temos outra opção, esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS.''


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

CELEBRAÇÃO DOS 90 ANOS DE DOM TOMÁS BALDUINO

A partir do dia 31 de desembro, serão, sem dúvida, 90 dedicados à vida do povo, dos mais empobrecidos especialmente. Do indígenas e camponeses, de forma privilegiada.

Foi e continua sendo um privilégio e uma graça conviver com Dom Tomás. E é muito estimulante vê-lo em plena forma, animado, animando a continuidade da luta pela justiça como fidelidade ao seguimento de Jesus de Nazaré no Brasíl e no mundo.

É sobre estas dimensões da missão de Dom Tomás que está construído coletivamente o livro SOLIDÁRIO MESTRE DA VIDA, publicado pelas Paulinas, e que tive a alegria de organizar. Artigos de gente boa, como Dom Pedro Casaldaliga, Frei Betto, Carlos Brandão, Paulo Suess, Nancy Cardoso Pereira, Nadir Rodrigues da Silva e outras e outros, são um convite à leitura. E, com isso, à participação nas celebrações dos 90 anos de solidariedade de Dom Tomás ao povo.

Quem deseja saudar Dom Tomás, pode fazê-lo pelo emeio dombalduino@cultura.com.br

Abraços e boa leitura!



quinta-feira, 18 de outubro de 2012

"CÓDIGO FLORESTAL: O QUE RESTOU?"

Cansado de escrever sobre o golpe parlamentar em favor do agronegócio que o "novo" código florestal significa, estou publicando o texto que escancara a exata realidade do que restou do código que deveria proteger o meio ambiente. Faço minhas as palavras, reflexões, denúncias de Roberto Malvezzi.

E vou repetir - e especialmente depois de ouvir o deputado Ronaldo Caiado avisar que eles, os agronegociadores, tentarão derrubar os vetos da Dilma no Congresso e, se não conseguirem, irão ao Suprema Tribunal Federal exigindo sua anulação - que estamos sendo, no mínimo, covardes ao não exigir um Referendo Nacional, para que a soberania popular decida se aceita ou não as exigências do agronegócio aceitas pela maioria dos deputados e senadores da República. Afinal, eles não ouviram a ninguém, a não ser a eles próprios e aos seus assessores, e criaram um código florestal criminoso de costas para a cidadania. Além disso, levantamentos de opinião pública confirmaram que entre 80 e 90% das pessoas são contra qualquer tipo de lei que coloque em risco o meio ambiente.

Então, o que impede os movimentos e pastorais sociais e as entidades e organizações da sociedade civil comprometidas com as causas populares e com a defesa do meio ambiente de criarem uma mobilização exigindo o Referendo? O que tenho ouvido é que seria algo perigoso, porque os agronegociadores teriam os meios de comunicação a seu favor, e poderiam vencer. Mas, quem disse que os meios de cominicação têm todo esse poder? Se assim fosse, não haveria presidente Lula nem presidente Dilma... Esse medo do poder dos meios de comunicação para não exigir um Referendo não passa da versão à esquerda da visão conservadora em relação à população brasileira: o povo não sabe decidir!

Mesmo gritando sozinho, continuarei nsistindo que o único caminho constitucional para enfrentar e anular esse golpe dos agronegocidores e do congresso nacional é a realização de um Referendo.




Código Florestal: o que restou?
Roberto Malvezzi (Gogó)
O Código Florestal brasileiro nasceu em 1934. Ali está seu nervo central. Mas, já nasceu pela preocupação de tantos naturalistas que, já naquela época, sabiam perfeitamente da interface das florestas com ciclo das águas, inclusive de sua agressividade a terrenos e territórios desprovidos de vegetação, provocando enchentes e erosões. Era também a manifestação do cuidado com as florestas, já em processo de dizimação.
Mas, quando os militares chegaram ao poder, eles fizeram uma nova e profunda modificação no Código (LEI Nº 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965), estabelecendo uma série de referenciais agora derrubados pela Ditadura Ruralista. Foi a lei que demarcou a proteção das matas ciliares, nascentes, encostas, etc.
Essa lei não veio por acaso. Os militares queriam implantar a ferro e fogo o capitalismo no campo, através de grandes empresas, entrando pela Amazônia – depois o Cerrado – e sabiam que alguma proteção aos mananciais e às florestas tinha que ser implementada.
Então, o capital devorou o Cerrado e as franjas da Amazônia. Pior, entrou pelas áreas de proteção que garantem a água e a biodiversidade necessárias à natureza e ao povo brasileiro para plantar cana, soja e pôr as patas do gado. Com o avanço da consciência ambiental veio a cobrança dos crimes ambientais. Então, para não pagar, os ruralistas mudaram a lei.
O que restou dessa batalha? Não muito, se formos olhar em termos efetivos de preservação de nascentes, rios, água de qualidade, biodiversidade para as gerações futuras. O grande pulo do gato foi estabelecer uma nova gradação, particularmente nos rios maiores, onde a necessidade proteção caiu de 500 metros para rios com mais de 600 metros de largura, para apenas 100 metros. Vejam com um exemplo.
O São Francisco tem 2700 km de comprimento. Hoje não tem mais que 5% de matas ciliares. Se fosse para ser recomposto em sua totalidade, com uma extensão de 500 metros em cada margem, seria necessária a recomposição de 2700 km2 de matas ciliares. Com a nova lei cai em 80% essa exigência, ficando a exigência legal de apenas 540 km2.  O problema não é somente a vegetação: ai estão chácaras, mansões, clubes, tudo que faz a vida da burguesia. Aí cada um pode tirar as suas conclusões.
Os tais vetos de Dilma, no apagar das luzes, tem sua importância para os rios menores, também para os pequenos agricultores, mas está longe de sustentar uma visão científica e moderna do que seja riqueza natural e sua importância para um povo. Depois de torturarem o Código, o veto funciona como uma espécie de salmora. Aquele sorriso amarelo de quem levou uma goleada de 10 x 1, mas ficou feliz por fazer um gol de honra ao final do jogo.
Para evitar novamente falsas interpretações, reafirmo que estou fazendo a comparação com o regime militar no que toca ao Código Florestal. Então, repito a frase que causou polêmica no texto anterior “Código Florestal: derrota humilhante”: “nem no Regime Militar sofremos uma derrota tão humilhante”.
 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

PERTO DOS POBRES... PERTO DE DEUS

É com alegria que coloco em suas mãos o documento final do Congresso Continental de Teologia da Libertação. Vejam porque ela continua e é fonte de energia espiritual para todos e todas que amam os empobrecidos da sociedade do desperdício e lutam com eles por sua libertação. A melhor das boas notícias de Jesus de Nazaré é esta: só está com Deus e é amado por Ele quem ama os empobrecidos como seu próximo.




Adital - 15.10.12 - América Latina
Perto de Deus... perto dos pobres – Documento final do Congresso Continental de Teologia


Participaram 750 pessoas entre jovens e adultos, laicas e laicos, religiosas e religiosos, sacerdotes e bispos e irmãs e irmãos de outras denominações cristãs. Provenientes dos diferentes países da América Latina e do Caribe, da América do Norte e da Europa. Temos vivenciado um verdadeiro kairós e mobilizado a comunidade teológica do Continente.

Primeiramente queremos comunicar que saímos fortalecidos em nossa esperança, uma esperança que nos impulsiona a colocar nossa vida a serviço do Reino de Deus. Oramos evocando a caminhada eclesial desde o início do Concílio Vaticano II e dos 40 anos de teologia da libertação. Refletimos criativamente em painéis e oficinas sobre aspectos importantes do povo de Deus e que desafiam a nossa tarefa teológica e pastoral.

Constatamos e assumimos nossas diferenças e diversidades históricas, geográficas, culturais, de processos sociais e eclesiais. Nos enriquecemos com elas, muito especialmente quando lembramos e celebramos o testemunho de martírio de quem nas últimas décadas tem dado amostras extraordinárias de fidelidade ao Deus da vida, dentro de nosso povo, sobretudo entre os pobres.

Recordamos especialmente a figura iluminada e cativante do Papa João XXIII, de quem evocamos o gesto de abrir portas e janelas para que a Igreja católica aprendesse que para ser mãe e mestra necessitava tornar-se filha e discípula. 

Recordamos, também, a Paulo VI que acertou em colocar lucidez e audácia nos trabalhos do Concílio e na caminhada do povo de Deus do imediato pós-concílio. Esta recordação nos transmitiu com emoção e força Mons. José M. Pires de 94 anos; ele foi padre conciliar.

Reafirmamos nossa convicção de que o caminho que iniciamos em Medellín, continuará sendo nosso caminho neste tempo. Tomamos consciência, também, das exigências que supõe o novo contexto cultural, social, político, econômico, ecológico, religioso e eclesial, agora globalizado, depredado e excludente.

Confirmamos que a Teologia da Libertação está viva e continua inspirando as buscas e os compromissos das novas gerações de teólogos. Mas às vezes as brasas se escondem por debaixo das cinzas. Neste sentido, esse congresso se converteu em um sopro que se reacendeu o fogo desta teologia que quer continuar sendo fogo que acende outros fogos na Igreja e na sociedade.

Conscientes de que a "Igreja deve escutar os signos dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho” (GS 4), queremos passar aos tempos dos signos e fazer um processo de construção coletiva que articule nosso pensar, sentir e atuar. Este processo supõe um esforço de escuta atenta de diferentes testemunhos e experiências, convicções e olhares, em uma ação que nos desafia hoje de nossos diferentes contextos e nos leva a apostar por um presente que tenha futuro.

Os tempos mudaram. Isto nos levou a fazer uma pausa e articular nossa teologia latino-americana com realidades e saberes que não estiveram presentes nos trabalhos do Vaticano II, nem nos primeiros momentos da Teologia da Libertação. Para nós são novos clamores que vêm dos migrantes, das mulheres, dos povos originários e afro-descendentes, das novas gerações e de todos os novos rostos de exclusão que emergem desde a invisibilidade.

Estes gemidos são frutos de um sofrimento, que buscamos compartilhar com paixão com os que são privados de uma vida digna, de um "bem viver” (Sumakausai) como Deus quer.

Acreditamos que este Congresso marque o começo de uma nova etapa. Para isso está sendo organizado. Algo novo está brotando e cada vez nos damos mais conta (Is. 43,13). Queremos que esse futuro esteja marcado pela fidelidade, fecundidade, a criatividade e a alegria. Na nossa tarefa teológica deve acertar a assumir os novos desafios em plena sintonia com a Palavra de Deus, sob a ação do Espírito e em profunda comunhão com os pobres que para nós são os preferidos de Jesus. Tem que ser assim já que "todo o que tem a ver com Cristo, tem a ver com os pobres e tudo o que é relacionado com os pobres chama a Jesus Cristo” (DA 393).

Durante o congresso olhamos para adiante e olhamos distantes, até o futuro; nos deixa com sonhos e com vontade de torná-los realidade. Um dos mais importantes é estimular teólogos e teólogas jovens que amparam a herança dos teólogos da primeira geração da Teologia da Libertação. Esta herança transmitiu Gustavo Gutiérrez ao lembrar com emoção aos teólogos jovens que em sua tarefa teológica sejam rigorosos, profundos, próximos das comunidades inseridas no mundo e que deem sua vida pelos pobres. Com sua frase "Perto de Deus, perto dos pobres” evocou a todos os participantes o melhor da teologia latino-americana. Com isso reunimos o melhor deste Congresso.