quarta-feira, 24 de julho de 2019

O QUE PENSAM OS BRASILEIROS/AS SOBRE OS POVOS INDÍGENAS?

VALE A PENA LER ESTE ARTIGO. ELE RESGATA A ÚLTIMA PESQUISA DE OPINIÃO SOBRE O QUE PENSA A POPULAÇÃO BRASILEIRA SOBRE OS POVOS INDÍGENAS, QUE É - PASMEM - DO ANO 2000! 

PARA QUEM PENSA QUE TODA OU QUASE TODA A POPULAÇÃO PENSA COMO OS OLIGARCAS DO AGRONEGÓCIO, SEDENTOS INVETERADOS POR MAIS PROPRIEDADES DE TERRA, VAI SE SURPREENDER COM AS INFORMAÇÕES COLHIDAS. 

ESTES DADOS DEVEM SERVIR TAMBÉM PARA APOSTAR NO MOBILIZAÇÃO SOCIAL EM FAVOR DOS DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS, JÁ QUE A MAIORIA OS RECONHECE E É A FAVOR DELES.

IHU, 23 de julho de 2019

"O sentimento contrário aos povos indígenas cresceu de fato ou foram os ruralistas que começaram a gritar mais alto? Não estaríamos ecoando o discurso da poderosa oligarquia rural e reforçando a ideia de que eles traduzem o que “a maioria do povo brasileiro quer” quando, na verdade, estão apenas veiculando seu velho discurso racista e de manutenção de privilégios?", questiona Leonardo Barros Soares, psicólogo, Mestre e Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais.

Eis o artigo. 

Às vésperas das festividades de 500 anos do “descobrimento” do Brasil, o Instituto Socioambiental (ISA), em parceria com o IBOPE, realizou a primeira e única pesquisa de opinião sobre os povos indígenas brasileiros de caráter nacional. Devido à sua singularidade temática e sobretudo aos achados surpreendentes por ela constatados, configura-se como uma pesquisa valiosa para os estudiosos do tema no país. Como se trata de uma época “pré-redes sociais” o que, portanto, significa para muitos uma época quase ágrafa, sem registros de existência, vale a pena recuperar suas principais afirmações.

No que se refere à imagem difusa que os brasileiros e brasileiras têm sobre os povos indígenas, as respostas conformaram um quadro surpreendentemente positivo: 88% dos respondentes concordaram que os índios conservam a natureza e vivem em harmonia com ela; 78% consideraram que os índios são bons, mas que aprendem coisas ruins com os brancos. Apesar dos 36% que consideram os índios violentos e perigosos, 89% concordam com a afirmação de que eles o são apenas com quem invade suas terras. Mais de 80% não considera os índios nem preguiçosos nem ignorantes, apenas com culturas distintas e formas de trabalho diferenciadas.

Incrível? Pois ainda tem mais.

No bloco de perguntas relativas aos direitos dos povos indígenas, 92% dos respondentes afirmaram concordar com a ideia de que os povos indígenas devem ter o direito de viver em suas terras de acordo com seus costumes; quando perguntados sobre a famosa expressão “muita terra para pouco índio”, apenas 22% concordaram com ela, ao passo em que os demais consideraram que há ou uma quantidade de terras razoável ou pequena para as necessidades dos povos indígenas. Além disso, 70% dos entrevistados não consideraram que os índios que “falam português e se vestem como nós” devessem perder o direito sobre as terras tradicionais. Convenhamos, são dados muito impressionantes, que demonstram claramente que a maioria dos brasileiros concordava, nos anos 2000, com a ideia de direitos territoriais indígenas.

Na sequência, no bloco de questões relativas a problemas enfrentados pelos povos indígenas e providências a serem tomadas pelo estado brasileiro, a invasão de terras indígenas pelos brancos foi considerado o principal problema, seguido do desrespeito para com seus valores e culturas e as doenças contraídas em contatos com a sociedade circundante. Para 14% dos respondentes, a “solução” (final?) para estes problemas seria deixar os índios serem extintos (massacrados, em outras palavras). Felizmente, 82% recusaram esta opção. A maioria também não achava que os índios devessem ser “preparados para viver como nós”, mas que poderiam ter uma educação que mesclasse a educação formal dos brancos com as formas tradicionais de conhecimento de cada sociedade. Implantar programas de saúde e educação, demarcação de terras e programas econômicos foram apontados como medidas importantes a serem adotas pelo estado para que os povos indígenas pudessem continuar a viver e prosperar em sua condição singular.

Por fim, no bloco das questões relativas ao futuro dos povos indígenas, 78% dos brasileiros e brasileiras tinham respondido que se interessavam muito pelo tema. 45% criam que os povos indígenas permaneceriam em suas terras no futuro e conservariam suas culturas, ao passo em que 21% consideravam que eles migrariam cada vez mais para as cidades e assimilariam os costumes dos brancos.

O quadro traçado por esta pesquisa, realizada às barbas do século XXI, apresentava um quadro da opinião pública nacional amplamente favorável aos povos indígenas brasileiros. Há uma franca desconsideração dos estereótipos coloniais seculares do índio como preguiçoso, violento e ignorante. O próprio Márcio Santilli, que apresentou a pesquisa, comenta com incredulidade os resultados.
Realmente, é algo que não deixa de impressionar os estudiosos do tema.

Seria interessante discutir a pesquisa e seus achados à luz da conjuntura da época, algo ao qual não me disporei a fazer aqui. De imediato, no entanto, se impõe a realização de uma nova pesquisa, dezenove anos depois, para aferir a variação da opinião pública a respeito dos índios desde então. Muita água rolou, nós sabemos: as inúmeras mobilizações indígenas em todo o Brasil, a construção de Belo Monte, a carta coletiva dos Guarani-Kaiowá, a morte de indígenas em situações de conflitos territoriais, a ascensão dos ruralistas, a eleição de Bolsonaro, para ficarmos em apenas alguns poucos exemplos. Enfim, todos nós temos a impressão de que o sentimento antiindígena recrudesceu no Brasil. Seria esta percepção corroborada por uma pesquisa empírica? Como aprendemos com esta pesquisa pioneira do ISA/IBOPE, nem tudo que parece é.

Por fim, cabe questionar essa própria ideia acima anunciada: o sentimento contrário aos povos indígenas cresceu de fato ou foram os ruralistas que começaram a gritar mais alto? Não estaríamos ecoando o discurso da poderosa oligarquia rural e reforçando a ideia de que eles traduzem o que “a maioria do povo brasileiro quer” quando, na verdade, estão apenas veiculando seu velho discurso racista e de manutenção de privilégios? Na esfera etnoalucinatória da grande mídia e das redes sociais, tendemos a achar que a vaca já foi para o brejo há muito tempo e nada mais pode ser feito.
Em meio ao tóxico ambiente das polêmicas midiáticas e do senso comum galopante, é muito bom poder trabalhar com dados concretos que nos confrontam com uma realidade inesperada. Conhecer pode ajudar a superar o fatalismo com que lidamos com a questão indígena no Brasil.

Agora, é trabalhar para que tenhamos outra pesquisa desta natureza em breve.

http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/591007-o-que-pensam-os-brasileiros-sobre-os-nossos-povos-indigenas 

terça-feira, 23 de julho de 2019

HÁ FOME NO BRASIL: 3 DADOS QUE BOLSONARO DEVERIA CONHECER


IHU, 22 de julho de 2019

O presidente Jair Bolsonaro declarou na manhã desta sexta-feira 19 que “passar fome no Brasil é uma grande mentira”. Projetada no horizonte, a declaração é algo que todos gostariam que fosse verdade. Para tanto, o País teria que superar o quadro de desigualdade social e econômica. Hoje é apenas um blefe descolado da realidade.

A reportagem é de Ana Luiza Basilio, publicada por CartaCapital, 19-07-2019.

No início da tarde, o presidente ensaiou um recuo. Durante evento em que o Ministério da Cidadania celebrou o Dia Nacional do Futebol, em Brasília, ele voltou a falar sobre o tema: “É um país aqui que a gente não sabe por que uma pequena parte passa fome e outros passam mal ainda”. Mas, o que dizem os dados?

1. Entre 2015 e 2017, 5,2 milhões de pessoas no Brasil estavam em estado de subalimentação

A afirmação é do relatório Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe 2018, divulgado no ano passado pela FAO (órgão da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura). O estudo aponta que no triênio entre 2015 e 2017, 5,2 milhões de pessoas no Brasil estavam em estado de subalimentação, ou seja, não contavam com alimentos suficientes para satisfazer suas necessidades energéticas.

O estudo também atesta que fome e pobreza estão diretamente associadas e que o crescimento econômico nem sempre beneficia de forma igual os lares, mais pobres, os indivíduos e os territórios. Nesse sentido, as políticas de proteção social são importantes para darem um piso de segurança, sustento e promoção para a redução da fome e da pobreza. “Do contrário, os lares em situação de pobreza se veem forçados a investir seu tempo e seus recursos em atividades pouco rentáveis ou prejudiciais, ficando, assim, imersos na pobreza, sem capacidade de aquisição de bens básicos ou de fortalecer seus meios de subsistência”, aponta o relatório.

2. O Brasil flerta com a volta ao Mapa da Fome

Em 2014, o País saiu do Mapa Mundial da Fome, como apontou o relatório global da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Na época, o indicador de Prevalência de Subalimentação, medida empregada pela FAO há 50 anos para dimensionar e acompanhar a fome em nível internacional, atingiu no Brasil nível menor que 5%, abaixo do qual a organização considera que um país superou o problema da fome.

No entanto, ainda que a fome tenha se mantido relativamente em patamar baixo desde o começo da década de 2010, a ameaça do crescimento do número de pessoas subalimentadas é real, segundo especialistas, muito por conta do quadro de estagnação econômica – após dois anos de recessão, o país voltou a crescer economicamente em 2017, mas apenas 1% – que gera desempregos e aumento de subempregos, que estão diretamente relacionados com a insegurança alimentar.

Também pesa sobre o cenário a quantidade de pessoas sem nenhuma forma de rendimento e que não estão associadas a nenhuma política social de transferência de renda, como o Bolsa Família e a aposentadoria rural. Mais de 7 milhões de pessoas estão nessa situação, segundo a FAO. Essas pessoas, se não passam fome, sobrevivem por meio de doações de instituições ou repasses de familiares.

3. Em férias escolares, crianças não têm o que comer

Uma reportagem elaborada pela BBC investigou a vida de famílias pelo Brasil que, durante o período de férias escolares e sem acesso à merenda servida pelas unidades, não têm o que dar de comer às suas crianças. Os casos são narrados em São Paulo e em Brasília. As unidades escolares convivem diariamente com crianças que vão às unidades em busca de alimentação, fator que incide negativamente sobre a aprendizagem delas.

Em 2017, ganhou a imprensa o caso de um garoto de 8 anos que desmaiou enquanto assistia aula em uma escola do Cruzeiro, no Distrito Federal. O garoto, morador do Paranoá Parque, um empreendimento do Minha Casa, Minha Vida, chegava a se deslocar 30 km para chegar à escola todos os dias. O motivo do desmaio foi fome, conforme atestou a equipe do Samu que prestou atendimento à criança.

A realidade também encontra respaldo em números. De acordo com a Fundação Abrinq, que fez cálculos a partir de dados do IBGE, 9 milhões de brasileiros entre zero e 14 anos do Brasil vivem em situação de extrema pobreza. O Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde (Sisvan) identificou, no ano retrasado, 207 mil crianças menores de cinco anos com desnutrição grave no Brasil.

http://www.ihu.unisinos.br/590949-ha-fome-no-brasil-3-dados-alarmantes-que-bolsonaro-deveria-conhecer 

BOLSONARO NÃO GOSTA DO BRASIL

Roberto Malvezzi (Gogó)
Um caso raro na história, um presidente que não gosta de seu país. Já na campanha eleitoral ele ofereceu capim aos nordestinos. Aquela propaganda já mostrava que sua estratégia eleitoral era explorar os piores sentimentos da alma brasileira, como o preconceito contra o Nordeste, os negros quilombolas, os indígenas, os pobres e a população LGBT. Como processo eleitoral deu certo. Porém, ninguém que tenha uma ética generosa faria campanha baseada em preconceitos tão medonhos. Portanto, além de uma estratégia eleitoral, havia ali um caráter, uma ética que desconhece qualquer ética.
Ao atacar novamente o Nordeste ele mostra que não gosta do Brasil como ele é, um país plural, diverso, com seis biomas, com uma população multicor, mas que continua sendo um país integrado, por mais que pareça um milagre. O normal é que tivéssemos nos dividido quando da independência - como se dividiu a América Espanhola - com tantos movimentos separatistas no Sul e no Nordeste. Até hoje prevaleceu a integridade nacional.
Porém, o atual presidente alimenta o caldo da desintegração nacional. Para ele o ideal seria destruir o Brasil como ele é, separar-nos. Porém, ele não sabe como fazê-lo. Então, alimenta o perigoso instinto do bairrismo, da classificação social e econômica, além de continuar explorando os porões macabros da alma brasileira.
É de se perguntar o que significa ele dizer que “vai governar a Amazônia com os Estados Unidos”. Será que ele pensa, inclusive, em entregar o território amazônico que está no Brasil aos Estados Unidos?
Talvez ele nunca consiga seus objetivos, mas mostra que não está só. Há muitos brasileiros que preferem viver de costa para seu país, embora rastejem para lamber os sapatos dos Estados Unidos. Nada contra aquele país e aquele povo, apenas estamos considerando a atitude humilhante de certa elite brasileira que se comporta e sustenta os ideais do atual presidente do Brasil.
O sonho do atual presidente do Brasil é viver nos Estados Unidos, com seus filhos e sua família, quem sabe um dia ser presidente daquele país. É o único país que ele efetivamente ama.
 

domingo, 21 de julho de 2019

PERU: IGREJA CATÓLICA FAZ CAMPANHA "COMPARTIR 2019" EM FAVOR DOS POVOS DA AMAZÔNIA

COMO HAVERÁ O SÍNODO DA AMAZÔNIA, NÃO SERIA BOM FAZER CAMPANHA SEMELHANTE NO BRASIL?


| Conferencia Episcopal Peruana

Campaña Compartir 2019: La diferencia cultural es riqueza “Redes de solidaridad con los pueblos originarios de la Amazonía”

  • Lanzamiento de la campaña Compartir 2019
  • Se llevará a cabo una Colecta Pública, por las calles y avenidas del país, el 23 de agosto, y la Colecta Parroquial, el 25 de agosto, durante las misas dominicales 
  • Dos propósitos: visibilizar, comprender y valorar la diversidad y situación de nuestros pueblos indígenas, y comprender que la diferencia cultural no es una amenaza. Así como alentar el comprromiso en favor de una ecología integral
El viernes 19 de julio se presentó la Campaña Compartir 2019 por medio de una conferencia de prensa encabezada por Monseñor Lino Panizza, Obispo de Carabayllo, quien, a nombre de los Obispos del Perú, indicó que este año la iniciativa de solidaridad del Episcopado Peruano está dirigida a la Amazonía: “Redes de solidaridad con los pueblos originarios de la Amazonía”.

En el evento, realizado en el auditorio de la Conferencia Episcopal Peruana, también participaron el Padre Jaime Regan SJ, quien habló sobre la situación de los pueblos originarios de la Amazonía, el Dr. Ismael Vega Díaz, Director del Centro Amazónico de Antropología y Aplicación Práctica (CAAAP), quien disertó sobre el territorio indígena y la Consulta Previa, y el Padre Guillermo Inca, Secretario General Adjunto de la Conferencia Episcopal.

El propósito de este año de la Campaña Compartir es visibilizar, comprender y valorar la diversidad y situación de nuestros pueblos indígenas, como una expresión de la riqueza que Dios ha puesto en el corazón de cada persona, de los pueblos y naciones. Asimismo, comprender que la diferencia cultural no es una amenaza para el desarrollo de los pueblos, sino la constatación de las enormes potencialidades y riquezas del ser humano. De igual manera, se busca despertar y alentar las reflexiones y compromisos en favor de una ecología integral que el Papa Francisco señala en todo momento.

La Colecta Pública de la Campaña Compartir se realizará a nivel nacional el 23 de agosto, en las principales calles y avenidas del país, con el apoyo de voluntarios que estarán identificados con un mandil, brazaletes amarillos y una lata color tierra, con el logo de la Campaña Compartir 2019. La Colecta Parroquial se llevará a cabo el 25 de agosto durante las misas dominicales en todo el país. 

https://www.religiondigital.org/america/Redes-solidaridad-pueblos-originarios-Amazonia-religion-papa-francisco-ecolpgia_0_2141785806.html 

sábado, 20 de julho de 2019

QUANDO SE PERDE O SENSO DE HUMANIDADE, NADA ADIANTE DIZER-SE CRITÃO

Roberto Malvezzi (Gogó)
Uma das perplexidades de nosso Brasil atual é a quantidade de pessoas que se dizem cristãs com práticas absolutamente avessas ao que significa ser cristão. Afinal, a síntese última da pertença ao Reino de Deus - ou não - é o que a pessoa faz para quem mais tem necessidades ao longo da vida. O capítulo 25 de São Mateus resume muito bem o que Jesus estabelece para seus seguidores: tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, andava nu e me vestistes, etc.
Oras, se eu devo um copo de água a quem tem sede, como vou ser contra uma política pública que abastece milhões de pessoas com água? Como posso ser contra uma política pública que coloca alimentos na mesa de milhões de pessoas? Se devo cuidar dos doentes, como vou ser contra uma política pública de saúde que cuida de milhões de pessoas que não tem como pagar um médico particular?
Agora, na reforma trabalhista e previdenciária se deu o mesmo fenômeno. Os jornais informam que de 104 deputados da chamada Bancada da Bíblia no Congresso, 100 votaram a favor da reforma da previdência. Acontece que ela retira da mesa dos mais vulneráveis até a migalha que eles precisam para sobreviver, como é o caso do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Aqueles que estão totalmente incapacitados de ganhar seu próprio pão, terão seu benefício reduzido de mil reais para quatrocentos reais.  É como se retirassem de Lázaro e do cachorro as migalhas que caiam da mesa dos poderosos. Até isso, até as migalhas disputadas pelos cães...Assim acontece com todos aqueles que se dizem cristãos e votam contra os mais necessitados. Ou não entendem nada de política, ou não entendem nada do Evangelho.
O Evangelho é o amor de Deus para cada criatura, exige amor e solidariedade de cada um de nós para com os outros, particularmente quem está mais vulnerável, o cuidado com todas as criaturas e com nossa Casa Comum, a Terra. Essa espiritualidade exige abertura, solidariedade, fraternidade, justiça, e tantas outras virtudes identificadas como sendo autenticamente cristãs.
Por isso, quando se perde o senso de humanidade, de nada adianta dizer-se cristão.

terça-feira, 9 de julho de 2019

ESCÂNDALO OU TRADIÇÃO: 176 MILHÕES DE HECTARES GRILADOS!?

JÁ SE SABIA, MAS FALTAVAM COMPROVAÇÕES. A GRANDE PROPRIEDADE NO BRASIL NASCE DA GRILAGEM. AS PROPRIEDADES PRIVADAS QUE OCUPAM 176 MILHÕES DE HECTARES ESTÃO EM TERRAS PÚBLICAS...

TIREM SUAS CONCLUSÕES. MAS COMPREENDAM A NECESSIDADE DE LUTA POPULAR PELA TERRA, E DA DENÚNCIA DA GRILAGEM COMO CRIME CONTRA O POVO BRASILEIRO E CONTRA A MÃE TERRA.

OUTRAS PALAVRAS, 8 de julho de 2019

Brasil tem 176 milhões de hectares de propriedades privadas dentro de terras públicas

In De Olho no Agronegócio, Em destaque, Latifundiários, Principal, Últimas
 
Área com sobreposição, 20% do território brasileiro, é maior do que o Irã, por sua vez maior que a área do Amazonas; levantamento foi feito pelo Imaflora, a partir da sobreposição de dezoito bases de dados públicos

Por Leonardo Fuhrmann


Um levantamento feito pelo Imaflora mostra que existem no Brasil 176 milhões de hectares de propriedades privadas dentro de áreas públicas. Este total é maior do que a área do Amazonas e de um país como o Irã. O dado é uma das conclusões do cruzamento de informações de 18 bases de dados públicos. O trabalho compilou levantamentos do Incra, Ibama, IBGE, Funai, CAR, entre outros.

O intuito principal do Imaflora é modelar o Código Florestal, mas o Atlas da Agropecuária Brasileira trouxe mais conclusões, como a de que não há dados de propriedade de um sexto do território nacional. No total, o Brasil tem 850 milhões de hectares. Desse total, há informações imprecisas sobre 354 milhões de hectares. As sobreposições entre duas terras privadas representam apenas 2% do problema e há 48% de sobreposições entre dois territórios públicos.
Atlas permite busca por municípios. (Imagem: Imaflora)
As propriedades privadas dentro de áreas públicas estão em diversas regiões do país, mas a concentração maior é na Amazônia. Além de terras devolutas, ainda sem uma utilização prevista, existem ocupações registradas em reservas florestais e territórios indígenas e quilombolas. Um dos autores do artigo, o professor Gerd Sparovek, do Geolab da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), utilizava a palavra grilagem para analisar o tema:

– Excetuando-se alguns problemas técnicos entre as bases de dados, as sobreposições de terras públicas com privadas ou de terra privadas entre si podem estar associadas a graves problemas fundiários, como grilagem de terras e corrupção de cartórios no registro da propriedade, entre outras causas associadas a conflitos ou ausência de governança adequada da gestão fundiária.

O estudo também mostra o alto grau de concentração de terras no país: 22% do território nacional é formado por latifúndios. São 182 milhões de hectares. Todas as terras indígenas e quilombolas somam 115 milhões de hectares, 13,6% do total. As unidades de conservação, 11% do território, somam 93 milhões de hectares. Os assentamentos de reforma agrária representam apenas 5%, com 41 milhões de hectares.

Claudia Azevedo-Ramos, pesquisadora do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA/UFPA) e co-autora do artigo, disse ao Imaflora que os dados demonstram a grande concentração de terras no Brasil e a apropriação de terras públicas, que pertencem a todos os brasileiros.

https://deolhonosruralistas.com.br/2019/07/02/brasil-tem-176-milhoes-de-hectares-de-propriedades-privadas-dentro-de-terras-publicas/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=8_7_poulantzas_filosofo_do_socialismo_democratico_futeboleiras_corpos_controlados_e_resistencia_o_grande_assalto_as_terras_publicas_quem_ganha_com_a_desintegracao_da_petrobras&utm_term=2019-07-09 

sexta-feira, 5 de julho de 2019

SEM DIREITOS DA NATUREZA NÃO HÁ PLENOS DIREITOS HUMANOS

COMO NA CONQUISTA DE TODOS OS DIREITOS HUMANOS, TAMBÉM OS DIREITOS DA NATUREZA PASSAM POR QUESTIONAMENTOS, LUTAS PARA INVIABILIZÁ-LOS. MAS O TEMPO DE SEU RECONHECIMENTO JÁ COMEÇOU. E É BOM QUE AVANCE MAIS RAPIDAMENRECONHECERTE PORQUE, SEM ELES, NEM OS DIREITOS HUMANOS SE CONSOLIDAM PARA VALER.

CONTRARIANDO O MATERIALISMO QUE DOMINA A VISÃO E AS RELAÇÕES DE MUITOS CATÓLICOS, E ATÉ MEMBROS DA HIERARQUIA, COM A TERRA, O PAPA FRANCISCO AVANÇA NA AFIRMAÇÃO DE QUE OS SERES HUMANOS SÃO NATUREZA E FAZEM PARTE DO CONJUNTO DOS SERES DA TERRA. E ELE DESENVOLVE, A PARTIR DAÍ, UMA NOVA ESPIRITUALIDADE, FRUTO DA CONVERSÃO ECOLÓGICA, E QUE SE CONSOLIDA PELA VIVÊNCIA DA ECOLOGIA INTEGRAL. 

RECONHECER, PROMOVER E DEFENDER OS DIREITOS DA NATUREZA NOS FAZ MAIS HUMANOS, E FAZ A NATUREZA TER SEU STATUS DE SER VIVO E FONTE DE VIDA FINALMENTE RECONHECIDO PELA CULTURA OCIDENTAL, UMA VEZ QUE OS POVOS DE LONGA HISTÓRIA, ORIGINÁRIOS, COM ELA SE RELACIONA COMO MÃE TERRA, PAI SOL, MARAVILHOSO UNIVERSO.

Sin Derechos de la Naturaleza no hay plenos Derechos Humanos


Alberto Acosta
 

Economista ecuatoriano. Profesor universitario. Exministro de Energía y Minas. Expresidente de la Asamblea Constituyente. Autor de varios libros. Correo: alacosta48@yahoo.com

Romper las tradiciones puede ser más complejo que saltar sobre la sombra de uno. Aceptar a la Naturaleza como sujeto de derechos recae en tales complejidades. Se tolera reconocer derechos casi humanos a personas jurídicas, pero no a la vida no humana.

            A lo largo de la historia, cada ampliación de derechos fue antes impensable. La emancipación de los esclavos o la extensión de los derechos a los afroamericanos, a las mujeres y a los niños y niñas fueron rechazadas por considerarse absurdas. Incluso la aceptación de los Derechos Humanos ha demandado y demanda aún una permanente lucha. En suma, el reconocimiento  del “derecho a tener derechos” se ha conseguido siempre con luchas políticas para cambiar aquellas visiones, costumbres y leyes que negaban esos derechos; luchas que devienen en fuente pedagógica potente que exigen claridad conceptual y voluntad de cambio.

Así emerge, con fuerza, el desafío transformador de reconocer los Derechos de la Naturaleza, pasando de un mero enfoque antropocéntrico a uno socio-biocéntrico que reconozca la indivisibilidad e interdependencia de todas las formas de vida y que, además, mantenga la fuerza de las obligaciones y normas propias de los Derechos Humanos. El fin es fortalecer y ampliar el régimen de los Derechos Humanos, complementándolos y profundizándolos con nuevas generaciones de derechos, en este caso los Derechos de la Naturaleza, como parte de la permanente emancipación de los pueblos.

El disfrute de los Derechos Humanos no puede separarse de un medio ambiente sano. La degradación ambiental induce a graves violaciones de los Derechos Humanos, del derecho a la salud, comida, agua, vivienda, trabajo. Por ejemplo, la expansión de la frontera extractivista atropella a personas y comunidades que defienden la tierra y el medio ambiente, afectando cuerpos, subjetividades y territorios. Los más afectados son los Guardianes de la Madre Tierra, sobre todo los pueblos indígenas que viven en una interdependencia indisoluble con la Naturaleza y reconocen en su vida el valor intrínseco de la Madre Tierra.

Una importante opinión de la Corte Interamericana de Derechos Humanos confirma explícitamente la relación intrínseca entre el disfrute de los Derechos de Humanos y un medio ambiente sano y va más allá al especificar que “el derecho a un medio ambiente sano como derecho autónomo, a diferencia de otros derechos, protege componentes del medio ambiente, como bosques, ríos, mares y otros, como intereses legales en sí mismos, incluso en la falta de certeza o evidencia sobre el riesgo para las personas individuales. Se trata de proteger la naturaleza y el medio ambiente no solo por su conexión con una utilidad para el ser humano o por los efectos que su degradación podría causar sobre los derechos de otras personas, como la salud, la vida o la integridad personal, sino por su importancia para los otros organismos vivos con quienes se comparte el planeta, que también merecen protección en sí mismo”

Esto demanda fortalecer el principio de responsabilidad de los seres humanos para preservar los ciclos naturales de la Naturaleza y reconocer su relevancia. Pero hay que ir más allá. Debemos entender y aceptar, en la práctica, que los seres humanos somos Naturaleza. No podemos seguir explotándola y destruyéndola. La Naturaleza pueda existir sin seres humanos, pero nosotros no podemos vivir sin nuestra Madre Tierra. Al respecto es clara la Encíclica Laudato Si: “Nosotros mismos somos tierra. Nuestro propio cuerpo está constituido por los elementos del planeta” Y va más allá el Papa Francisco, cuando afirma que “Estamos incluidos en la Naturaleza, somos parte de ella y estamos interpenetrados.

A los Derechos de la Naturaleza se los considera como derechos ecológicos, a diferencia de los derechos ambientales, que surgen desde los Derechos Humanos. Estos derechos ecológicos buscan proteger ciclos vitales y procesos evolutivos, no sólo las especies amenazadas o las áreas naturales. Se fijan en los ecosistemas, en las colectividades, no en los individuos. La justicia ecológica pretende asegurar la persistencia y sobrevivencia de las especies y sus ecosistemas, como conjuntos, como redes de vida. Más allá de indemnizar a los humanos por el daño ambiental, busca restaurar los ecosistemas afectados. En realidad, se deben aplicar simultáneamente las dos justicias: la ambiental para las personas, y la ecológica para la Naturaleza; son justicias estructural y estratégicamente vinculadas.

El tránsito de la “Naturaleza objeto” a la “Naturaleza sujeto” ha empezado. Noción que vive en las percepciones de los pueblos indígenas desde hace mucho tiempo atrás. Incluso podemos hablar de un “derecho salvaje”, propio de la Madre Tierra. Eso sí, tenemos que destacar el gran impulso dado en la Asamblea Constituyente de Montecristi en Ecuador, cuando se constitucionalizaron por primera vez los Derechos de la Naturaleza.
 
Entendiendo que el colapso ambiental es una cuestión global, es hora de impulsar la Declaración Universal de los Derechos de la Naturaleza, desde la propuesta formulada en la Cumbre de la Tierra de Tikipaya, en Bolivia, en 2010. Igualmente urge establecer un tribunal internacional para sancionar los delitos ambientales, contra las personas y la Naturaleza como se propuso en la misma Cumbre.            

En síntesis, los Derechos de la Naturaleza no se oponen para nada a los Derechos Humanos. Es más, sin duda que ambos grupos de derechos se complementan y potencian. Pronto llegará el día para construir una declaración conjunta de derechos para la Humanidad y la Naturaleza, en tanto ambos son derechos para la vida.-
 

quinta-feira, 4 de julho de 2019

AS 15 PROPOSTAS MAIS AUDACIOSAS PARA O SÍNODO DA aMAZÔNIA



IHU, 4 de julho de 2019

Diferente dos documentos preparatórios para outros fóruns vaticanos, o Instrumentum laboris da Assembleia Especial para a Região Panamazônica do Sínodo dos bispos, que acontecerá de 6 a 27 de outubro, em Roma, foge de qualquer generalidade e aterrissa em medidas concretas e diretas para que sejam debatidas pelos padres sinodais.

A reportagem é de José Beltrán, publicada por Vida Nueva Digital, 17-06-2019. A tradução é do Cepat.

Distribuído em três partes, em todos os capítulos da segunda e terceira parte dos textos é destacada, de forma pormenorizada, uma bateria de sugestões a ser adotada pela Igreja com a finalidade de tornar realidade o convite a uma ecologia integral que acolha “o clamor da terra e dos pobres”, conforme a encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco solicita.

Junto à midiática proposta da ordenação sacerdotal de anciãos com uma família estável, se somam outras iniciativas não menos comprometedoras para a Igreja, não só internamente, como também para uma “nova consciência ecológica” e um ativismo em matéria social, política e econômica para “desmascarar as novas formas de colonialismo presente na Amazônia”.

O documento sentencia que a Igreja é chamada a “escutar o grito da Mãe Terra, agredida e gravemente ferida pelo modelo econômico de desenvolvimento depredador e ecocida, que mata e saqueia, destrói e despeja, expulsa e descarta, pensado e imposto de fora e a serviço de poderosos interesses externos”.

Para isso, desafia os padres sinodais a “assumir sem medo a implementação da opção preferencial pelos pobres na luta dos povos indígenas, comunidades tradicionais, migrantes e jovens, para configurar a fisionomia da Igreja amazônica”.

1. Denunciar a violação aos direitos humanos e a destruição extrativista

Reiteradamente, o Instrumentum laboris enumera todas as ameaças que a Amazônia padece frente à atual “degradação neocolonialista”, que atenta tanto contra a natureza como aos que habitam nela. Frente a isto, reivindica à Igreja um compromisso permanente em denunciar “a violação aos direitos humanos e a destruição extrativista”, além de promover “linhas de ação institucionais que promovam o respeito ao meio ambiente” e programas de formação.

2. Criar uma agenda de justiça com outros movimentos sociais

Assim, considera uma urgência assumir a denúncia “contra modelos extrativistas” e projetos que danificam o território, violam os direitos das comunidades “e promovem a morte”. Para isso, faz um chamado a trabalhar em rede para “se aliar aos movimentos sociais de base, para anunciar profeticamente uma agenda de justiça”.

3. Exigir dos governos que protejam os povos indígenas isolados

O texto sai em defesa de todas as comunidades nativas, mas dedica um capítulo especial àquelas que decidiram viver à margem da sociedade. A Igreja é chamada a velar por elas, exigindo dos governos que facilitem “os recursos necessários para a proteção efetiva”, como a criação de um censo e de reservas naturais.
Além disso, pede à Igreja uma pastoral específica para estes povos que incida na formação, para que conheçam e façam reconhecer seus direitos. Assim, convoca a “rejeitar a aliança com a cultura dominante”, para promover as culturas e os direitos dos indígenas, dos pobres e do território.

4. Promover hábitos de consumo Laudato Si’

O texto destaca em vários momentos como a Igreja deve ser caracterizada na hora de promover “hábitos de comportamento, de produção e de consumo, de reciclagem e de reutilização de resíduos”. Neste sentido, propõe criar não apenas itinerários pastorais sobre ecologia integral, como também o “reconhecimento formal, por parte da Igreja particular, como ministério especial, ao agente pastoral promotor do cuidado da Casa Comum”.

5. Criar serviços de acolhida a migrantes indígenas

Conscientes do êxodo migratório em todo o continente, que também atinge os povos indígenas, o Instrumentum laboris pede uma maior coordenação para a acolhida nas Igrejas de fronteiras, nas cidades, assim como a promoção da integração, respeitando sua identidade cultural. Mais uma vez, insta a “pressionar, como comunidade eclesial, os poderes públicos” para que defendam, neste caso, os direitos dos migrantes. Nas cidades, propõe-se uma pastoral específica para os indígenas, com novas estruturas eclesiais que favoreçam a integração.

6. Uma Igreja inculturada frente ao colonialismo

O texto vaticano reflete uma Igreja que valorize e respeite as entidades culturais, o modo próprio de organização comunitária, através de uma pastoral familiar que, a partir das coordenadas da Amoris Laetitia, “acompanhe, integre e não exclua ninguém”, onde a família seja “sujeito e protagonista”.
Desta maneira, se promove uma Igreja inculturada e mais participativa, de tal maneira que se supere “qualquer clericalismo para viver a fraternidade e o serviço como valores evangélicos que animam a relação entre a autoridade e os membros da comunidade”. “Dado que ainda persiste uma mentalidade colonial e patriarcal, é necessário aprofundar um processo de conversão e reconciliação”, destaca.

7. Reconhecer a espiritualidade indígena como fonte de riqueza cristã

Valoriza “a espiritualidade indígena como fonte de riqueza para a experiência cristã” para, a partir daí, reivindicar uma catequese que considera a linguagem e sentido das narrativas das culturas locais em sintonia com as narrativas bíblicas, uma pregação homilética vinculada com a sua realidade.

8. Celebrações litúrgicas com danças indígenas e tradução da Bíblia

Nesta linha, sugere-se que as celebrações litúrgicas acolham “a própria música e dança, em línguas e com vestimentas autóctones, em comunhão com a natureza e com a comunidade”. Além disso, “pede-se para superar a rigidez de uma disciplina que exclui e distancia, por uma sensibilidade pastoral que acompanha e integra”. Por isso, reivindica-se às Conferências Episcopais que adaptem o ritual eucarístico às culturas, assim como a tradução da Bíblia às línguas originais da Amazônia.

9. Ordenação sacerdotal de anciãos com uma família estável

O Instrumentum laboris sugere que estudem “a possibilidade da ordenação sacerdotal para pessoas anciãs, preferencialmente indígenas, respeitadas e acolhidas por sua comunidade, ainda que já tenham uma família constituída e estável”. A proposta se une a uma maior responsabilidade e formação dos leigos como dinamizadores da comunidade.

10. O diaconato feminino nascerá na América?

Justamente após levar em conta a ordenação dos viri probati, o documento também abre a possibilidade de se “identificar o tipo de ministério que possa ser conferido à mulher, levando em conta o papel central que hoje desempenha na Igreja panamazônica”. A Igreja entoa um “mea culpa”, na medida em que, “no campo eclesial, a presença feminina nas comunidades nem sempre é valorizada”.

11. Por um organismo e uma “luta” para tornar o Sínodo realidade

Embora já existam organismos efetivos como a REPAM, o documento sinodal estabelece “considerar a necessidade de uma estrutura episcopal amazônica que concretize a aplicação do Sínodo”. Sendo assim, também pede a criação de “um fundo econômico de apoio à evangelização, promoção humana e ecologia integral”.

12. Criação de meios de comunicação católicos indígenas

O Instrumentum laboris deseja que a Igreja seja alto-falante dos direitos e da cultura indígena, por meio da criação de novos meios de comunicação, como emissoras radiofônicas e televisivas, o aumento da presença na internet e outros meios de comunicação de massa.

13. Formação e protocolo para evitar cair na corrupção

O Instrumentum laboris reúne as dificuldades econômicas das Igrejas da Amazônia, advertindo que se “deve prestar uma especial atenção à procedência das doações”, bem como ao objeto de seus investimentos. Por isso, reivindica às Conferências Episcopais formação e assessoramento para evitar “uma corrupção generalizada”, especialmente frente ao narcotráfico.
O documento é especialmente incisivo ao reivindicar “uma cultura da honestidade”, a formação de leigos para a liderança econômica e política, assim como acompanhar, lado a lado, os povos para evitar que sejam enganados. Nesta linha, também convida a Igreja a buscar aliados “para exigir que as empresas assumam responsabilidades sobre os impactos socioambientais de suas ações”.

14. Seminaristas integrados às comunidades

O documento reivindica a reformulação das “estruturas dos seminários para favorecer a integração dos candidatos ao sacerdócio nas comunidades”, bem como planos de formação que respondam “a uma cultura filosófica-teológica adaptada às culturas amazônicas”.

15. A necessidade de uma teologia indígena panamazônica

O Instrumentum laboris pede o aprofundamento em uma teologia indígena panamazônica. “Pede-se, por exemplo, levar em conta os mitos, tradições, símbolos, saberes, ritos e celebrações originários, que incluem as dimensões transcendentes, comunitárias e ecológicas”, aponta o documento.

http://www.ihu.unisinos.br/590572-as-15-propostas-mais-audaciosas-do-instrumentum-laboris-do-sinodo-da-amazonia 

ÁGUA: ENTREVISTA COM MARTINHO MACUXI FILHO

BELEZA: ESTA ENTREVISTA JÁ FAZ PARTE DA REDE DE COMUNICADORES POPULARES CONSTRUÍDA ATRAVÉS DO PROCESSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA E MULTIPLICADORA, PROMOVIDA PELO FÓRUM MUDANÇAS CLIMÁTICAS E JUSTIÇA SOCIAL. 

VEJAM COMO TODAS E TODOS SOMOS E PODEMOS SER MAIS COMUNICADORES POPULARES.

Entrevista com Martinho Macuxi Filho, como os indígenas Macuxi preservam a água

Martinho Macuxi de Souza Filho (arquivo pessoal)
Essa maravilhosa entrevista foi feita pela nossa participante do Processo de Formação Multiplicadora e Continuada, a comunicadora popular Neide Ribeiro dos Santos. 

Martinho Macuxi de Souza Filho,17 anos é estudante do curso Técnico em Agropecuária do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima/Campus Amajari. Ele também é Presidente do Grêmio Estudantil EDSON LUIZ. Martinho pertence a Etnia Macuxi da comunidade Indígena Maturuca localizada na fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana, no município de Uiramutã, a nordeste de Roraima, sendo o município mais setentrional (ao norte) do Brasil. O lugar possui belezas naturais exuberantes e quase intactas. O jovem Macuxi é neto de Jacir José de Souza, a liderança indígena de maior prestígio na luta em favor da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, sua maior fonte de inspiração. Nesta entrevista, o jovem relatou como é a sua relação e a de seu povo com a natureza, em especial com a água.

NEIDE: Qual a água da sua infância? 

A água de minha infância são as águas de Uiramutã em especial a do Igarapé Irimi localizado na minha comunidade indígena Maturuca.

NEIDE: Quais lembranças você tem desse igarapé? 

Como o igarapé ficava perto da minha casa, o mesmo se tornou uma fonte de diversão para mim, meus primos e amigos. Lembro do dia em que estava completando 10 anos de idade. Aquele igarapé virou praticamente uma piscina cheia de crianças alegres comemorando o dom da minha vida.

NEIDE: Como você e sua comunidade se relaciona com a Natureza? 

A minha comunidade respeita acima de tudo a natureza, faz uso racional dela. Quando um pai de família vai fazer a sua plantação (Roça), a primeira coisa que se faz é consultar o líder da comunidade para ter a liberação. Assim como as demais atividades que envolvam a natureza que os membros da comunidade irão realizar. Sempre respeitando os rios, igarapés, bem como os animais.

NEIDE: Há alguma interferência nesse igarapé que você notou com o decorrer dos anos? 

Não. Sempre foi nos ensinado a preservação do nosso bem comum que é a natureza, por isso hoje o igarapé é super protegido.

NEIDE: Em meio à crise ambiental que o mundo vivencia e sendo a água um bem comum de todos. Para você qual a importância de preservar a Água? 

A água é fonte de vida. Então é de suma importância a preservação da mesma, é dela que vem todo sustento da natureza, é dela que todos os seres vivos se mantem. Hoje estamos presenciando em toda parte do mundo uma crise ambiental muito forte. Vemos muitas poluições em rios, lagos e igarapés e ainda assim a sociedade em geral não tem essa consciência de estar preservando estas fontes.
Presenciamos isso nas grandes cidades, onde a poluição é muito forte. Nas áreas indígenas há questão da mineração ilegal e isso afeta toda a parte do ecossistema, trazendo prejuízo para o mundo. Então, é de suma importância a discussão relacionada ao tema, pois é a água que sacia a nossa sede, auxilia para saciar a fome. Sem ela não há como se produzir nem manter os animais e as florestas.

NEIDE: O que tua comunidade tem feito que possa inspirar outros locais em relação a vivência ecólogica, como a agroecologia? 

A minha comunidade tem uma educação diferenciada, trabalhamos de modo sustentável. Não usamos agrotóxicos, respeitamos os ciclos da natureza, respeitamos os rios os igarapés e lagos. Desde quando nascemos na comunidade somos ensinados a ter um olhar diferente sobre a natureza. Sabemos qual árvore pode ser cortada e qual árvore não pode, qual rio pode ser usado para pescar e qual não pode, a comunidade trabalha de modo sustentável. Plantamos não para ficar rico, mas apenas para sobrevivência e de modo sustentável.

NEIDE: Por fim quando você se formar técnico agropecuário de que forma você poderá ajudar tua comunidade? 

Irei levar mais conhecimento para a comunidade, trabalhando mais com produção de forma agroecológica, introduzindo formas mais adequadas para as plantações. Irei formar grupos de jovens para trabalhar na área em que irei me formar. E irei, de forma voluntária, dar aula para a comunidade. Sempre ressaltando a importância da preservação de nossos rios e igarapés.

https://fmclimaticas.org.br/entrevista-com-martinho-macuxi-filho-como-os-indigenas-macuxi-preservam-a-agua/ 

AGROTÓXICOS: REDE DE SUPERMERCADOS DA SUÉCIA FAZ E PEDE BIOCOTE A ALIMENTOS BRASILEIROS

DEMOROU, MAS COMEÇOU O BOICOTE A ALIMENTOS BRASILEIROS. E TOMARA QUE ISSO LEVANTE A RESPONSABILIDADE CRIMINOSA DAS EMPRESAS EUROPEIAS QUE PRODUZEM OS AGROTÓXICOS LIBERADOS CRIMINOSAMENTE NO BRASIL.

ESSA GUERRA TEM QUE SER GLOBAL, COMO É GLOBAL A REDE DE CRIMINOSOS QUE PROMOVEM O NEOLIBERALISMO RADICAL: ELES SÃO CRIMINOSOS PORQUE, COMO DECLARA O PAPA FRANCISCO, A ECONOMIA DELES MATA.

IHU, 4 DE JULHO DE 2019 

Na Suécia, uma cadeia de supermercados lançou um boicote a todos os produtos agrícolas brasileiros, em consequência dos cerca de 250 pesticidas que foram liberados no país desde a eleição de Jair Bolsonaro. Uma iniciativa que está ganhando força nas redes sociais.

A reportagem é de Alice Pouyat, publicada por We Demain, 03-07-2019. A tradução é de André Langer.

Nem café, nem manga, nem água de coco. Na Suécia, o dono da maior cadeia de supermercados ecológicos tomou uma decisão radical: no dia 3 de junho, o diretor da rede de supermercados Paradiset pediu aos seus funcionários que retirassem todos os produtos brasileiros das prateleiras. Além disso, Johannes Cullberg pede um boicote global a esses produtos, relata Novethic.
Uma iniciativa sueca que está progressivamente ganhando força, especialmente nas redes sociais, através da hashtag #boycottbrazilianfood.

E por um bom motivo: a iniciativa ocorre enquanto o governo do presidente Jair Bolsonaro aprovou, desde que assumiu em janeiro, 239 novos agrotóxicos, a maioria proibido na Europa.
Na página de uma campanha intitulada “We don’t have time” [“Não temos tempo”] o dono do supermercado escreve: “Como pai e dono, não posso aceitar essa atitude que põe em perigo a saúde da população brasileira, do meio ambiente e do nosso planeta em seu conjunto!”

Sua iniciativa encontra também um eco particular em pleno debate sobre os polêmicos acordos de livre comércio que poderiam abrir ainda mais o mercado europeu aos produtos do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai). O Greenpeace, por sua vez, acaba de tentar bloquear o descarregamento de uma carga de soja brasileira na França...

Corrida aos pesticidas no Brasil

Assim que chegou aos ouvidos da embaixada do Brasil na Suécia, a iniciativa foi condenada por esta última, antes que a ministra da Agricultura, Teresa Cristina, denunciasse uma “campanha de difamação” na imprensa de seu país.

Mas esse contrafogo é difícil de convencer. A ministra, apelidada em seu país de “musa do veneno”, destacou-se na Câmara dos Deputados, na época em que era deputada, a favor de um projeto de lei, o pacote dos agrotóxicos, que facilita a liberação de agrotóxicos.

Os pesticidas, e especialmente o glifosato, foram amplamente difundidos no país com o desenvolvimento dos organismos geneticamente modificados (OGMs) nos anos 2000. Eles são jogados de avião sobre as plantações e, às vezes, sobre as casas vizinhas. Com a eleição do cético em clima Jair Bolsonaro para presidente, esta corrida aos pesticidas se acelerou ainda mais.
E isso acontece justo quando o país já é o maior consumidor mundial de produtos fitossanitários.

Responsabilidade europeia

Com consequências perturbadoras. Vários estudos já relatam um aumento significativo de cânceres e malformações em regiões agrícolas brasileiras. No longo prazo, esse modelo agrícola também esgota solos, ecossistemas e contribui para o desmatamento da Amazônia.

Um problema do qual o Brasil não é o único responsável: “Ele é uma vítima das grandes empresas ocidentais. Os agrotóxicos são cada vez mais proibidos nas economias desenvolvidas, por isso as indústrias estão realocando os riscos para as economias periféricas!”, denuncia a pesquisadora Aline Gurgel no Le Monde.

Para mudar a situação, o fundador do Paradiset convoca cada consumidor para imitá-lo. “Assim como nós interrompemos o apartheid há vários anos, tomando uma posição contra o governo sul-africano, podemos fazer o mesmo agora”, acredita Cullberg.

Difícil, mas a ação tem o mérito de alertar sobre essa louca disputa por agrotóxicos.

http://www.ihu.unisinos.br/590594-agrotoxicos-rede-de-supermercados-sueca-pede-boicote-para-os-alimentos-brasileiros 

LANÇADO NA EUROPA MAPA DO ENVENENAMENTO DE ALIMENTOS NO BRASIL

DÁ NISSO QUANDO AS ELITES ECONÔMICAS E POLÍTICAS GOSTAM DE MANTER O PAÍS COMO COLÔNIA.

QUANDO CONSEGUIREMOS UMA INDIGNAÇÃO E UMA REVOLTA CAPAZ DE MUDAR PROFUNDAMENTE O PODER POLÍTICO E ECONÔMICO NO BRASIL?

E NINGUÉM PODE DIZER QUE NÃO SABE. AFINAL, TEMOS ATÉ CALCULADAS AS DIFERENÇAS ENTRE O BRASIL E A EUROPA. POR AQUI, IRRESPONSABILIDADE, CRIME DE LESA HUMANIDADE.

Lançado na Europa mapa do envenenamento de alimentos no Brasil

Em exposição crônica aos agrotóxicos, brasileiro corre mais risco de morte e desenvolvimento de doenças

O atlas de envenenamento foi lançado em Berlim, Alemanha, país que sedia as maiores empresas agroquímicas do mundo: a Bayer/Monsanto (incorporada pelo grupo Bayer) e a Basf, que dominam a produção de toda a cadeia alimentar – sementes, fertilizantes e agrotóxicos – Fotomontagem: Moisés Dorado
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Um ousado trabalho de geografia que mapeou o nível de envenenamento dos alimentos produzidos no Brasil foi lançado em maio, em Berlim, na Alemanha, país que contraditoriamente sedia as maiores empresas agroquímicas do mundo. Quem estava presente no lançamento do atlas Geografia do uso de agrotóxicos no Brasil e conexões com a União Europeia ficou perplexo com a informação sobre o elevado índice de resíduos agrotóxicos permitidos em alimentos, na água potável, e que, potencialmente, contamina o solo, provoca doenças e mata pessoas. A obra, que já foi publicada no Brasil, é de autoria da geógrafa Larissa Mies Bombardi, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
O Brasil é campeão mundial no uso de pesticidas na agricultura, alternando a posição dependendo da ocasião apenas com os Estados Unidos. O feijão, a base da alimentação brasileira, tem um nível permitido de resíduo de malationa (inseticida) que é 400 vezes maior do que aquele permitido pela União Europeia; na água potável brasileira permite-se 5 mil vezes mais resíduo de glifosato (herbicida); na soja, 200 vezes mais resíduos de glifosato, de acordo com o estudo, que é rico em imagens, gráficos e infográficos. “E como se não bastasse o Brasil liderar este perverso ranking, tramita no Congresso nacional leis que flexibilizam as atuais regras para registro, produção, comercialização e utilização de agrotóxicos”, relata Larissa.
A pesquisadora explica que o lançamento do atlas na Europa se deu pelo fato de a Alemanha sediar a Bayer/Monsanto e a Basf, indústrias agroquímicas que respondem por cerca de 34% do mercado mundial de agrotóxicos. A Monsanto, recentemente incorporada ao grupo Bayer, é a líder mundial de vendas do glifosato, cujos subprodutos têm sido associados a inúmeras doenças, incluindo o câncer e o Alzheimer. “Queríamos promover discussão sobre a contradição de sediarem indústrias que controlam toda a cadeia alimentar agrícola – das sementes, agrotóxicos e fertilizantes – e serem rigorosos quanto ao uso de mais de um terço dos pesticidas que são permitidos no Brasil. Eles são corresponsáveis pelos problemas gerados à população porque vendem e exportam substâncias sabidamente perigosas, porém, proibidas em seu território”, diz.

Geógrafa Larissa Bombardi, autora da pesquisa que deu origem ao atlas da Geografia do uso de agrotóxicos no Brasil – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens

Intoxicação e suicídios

Segundo a geógrafa, as perdas não se limitam à contaminação de alimentos e dos cursos d’água. O atlas traz informações de que, depois de extensa exposição aos agrotóxicos, ocorrem também casos de mortes e suicídios associados ao contato ou à ingestão dessas substâncias.

Atlas: Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, de Larissa Mies Bombardi – Laboratório de Geografia Agrária da FFLCH – USP, São Paulo, 2017

Entre 2007 e 2014, o Ministério da Saúde teve cerca de 25 mil ocorrências de intoxicações por agrotóxicos. O atlas mapeia as regiões mais afetadas: dos Estados brasileiros, durante o período da pesquisa, o Paraná ficou em primeiro lugar, com mais de 3.700 casos de intoxicação. São Paulo e Minas Gerais ficaram na segunda colocação, com 2 mil. Das 3.723 intoxicações registradas no Paraná, 1.631 casos eram de tentativas de suicídio, ou seja, 40% do total. Em São Paulo e Minas gerais o porcentual foi o mesmo. No Ceará, houve 1.086 casos notificados, dos quais 861 correspondiam a tentativas de suicídio, cerca de 79,2%. Os mapas de faixa etária mostram que 20% da população afetada era composta de crianças e jovens com idade até 19 anos. Segundo Larissa, no Brasil, há relação direta entre o uso de agrotóxicos e o agronegócio. Em 2015, soja, milho e cana de açúcar consumiram 72% dos pesticidas comercializados no País.
O atlas Geografia do uso de agrotóxicos no Brasil e conexões com a União Europeia, em português, foi lançado no Brasil em 2017 e traz um conjunto de mais de 150 imagens entre mapas, gráficos e infográficos que abordam a realidade do uso de agrotóxicos no Brasil e os impactos diretos deste uso no País. A pesquisa que deu origem à publicação teve o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Em Berlim, o lançamento aconteceu na sede do ENSSER (European Network of Scientists for Social and Environmental Responsability), rede europeia sem fins lucrativos que reúne cientistas ativistas responsáveis ambiental e socialmente, em Glasgow, Escócia. O suporte financeiro para o lançamento do atlas na Europa foi da FFLCH e da Pró-Reitoria de Pesquisa da USP.
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Entre 2000 e 2010, o Brasil aumentou em 200% o consumo de agrotóxicos. A soja foi a cultura que mais consumiu pesticidas
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Mapa de intoxicação por agrotóxicos de uso agrícola (2007-2014)
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Uso de malationa (inseticida) na cultura do feijão – Limite máximo de resíduos permitido no Brasil e nos países da comunidade europeia


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Mais informações: Larissa Mies Bombardi, larissab@usp.br ou pelo telefone (11) 3091-3769. Atlas versão em portuguêsAtlas versão inglês

terça-feira, 2 de julho de 2019

SEM PRECEDENTES: O PAPA CELEBRARÁ MISSA EM SÃO PEDRO COM MIGRANTES E SOCORRISTAS


ESTA PRÁTICA DO PAPA É MAIS UM SINAL DADO AOS IRMÃOS E IRMÃS DA IGREJA CATÓLICA DE QUE OS MIGRANTES SÃO A PRESENÇA DO HOMEM CAÍDO À BEIRA DA ESTRADA, E OS SOCORRISTAS - E UM DELES É O PRÓPRIO PAPA - SÃO O SAMARITANO DOS DIAS ATUAIS. QUEM DESEJAR SABER "QUEM É O SEU PRÓXIMO?", NESTA MISSA ESTÁ ATUALIZADA A PARÁBOLA DE JESUS DE NAZARÉ.

MAS COMO NA PARÁBOLA, A MENSAGEM É UNIVERSAL, VISTO QUE JESUS NÃO DEU DETALHES DA VIDA RELIGIOSA DO SAMARITANO, E COM ISSO ANUNCIOU A TODAS AS PESSOAS, A COMEÇAR DO DOUTOR DA LEI QUE O PROVOCAVA "PARA SE JUSTIFICAR", QUE ESTÃO E ESTARÃO MUITO PERTO DE DEUS AS PESSOAS QUE PARAM, MINISTRAM OS PRIMEIROS SOCORROS POPULARES, LEVAM O CAÍDO EM SEU JUMENTO ATÉ A HOSPEDARIA, E AINDA SE COMPROMETEM A COBRIR OS GASTOS NECESSÁRIOS PARA QUE ELE SE RECUPERE. UM AVISO DESAFIADOR PARA AS PESSOAS QUE, COMO OS MEMBROS DO SISTEMA DO TEMPLO, PRIMAM PELA INDIFERENÇA EM NOME DAS SUAS TRADIÇÕES E LEIS: POR NÃO AMAREM O PRÓXIMO, MENTEM AO AFIRMAR QUE AMAM A DEUS.

IHU, 02 DE JULHO DE 2019

A celebração está marcada para a manhã de 8 de julho. Convidadas 250 pessoas.

A reportagem é de Maria Antonietta Calabrò, publicada por Huffington Post, 01-07-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.

A iniciativa do Papa, comunicada na manhã desta segunda-feira pelo porta-voz interino da Sala de Imprensa do Vaticano, Alessandro Gisotti, é sem precedentes.

Na manhã da próxima segunda-feira, 8 de julho, no sexto aniversário de sua visita a Lampedusa (um dos primeiros gestos marcantes do Pontificado), Francisco celebrará uma missa para os migrantes que morreram nos últimos anos, para refugiados e para todos aqueles que estão engajados em salvar suas vidas. Ao todo, 250 pessoas convidadas pela seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento humano integral, ao qual o Pontífice confiou a organização do evento. Como se sabe, o Papa reservou o direito de presidir diretamente esta seção da Cúria Romana (outro evento sem precedentes).

Pela lógica, entre os convidados à Missa do Papa também poderia estar a capitã Carola Rackete, do SeaWatch3, caso já estivesse livre, mesmo que respondendo processo.

Mas a coisa extraordinária que deve ser imediatamente ressaltada é que a Missa presidida por Francisco acontecerá em São Pedro, no Altar da Cátedra, o Altar central da Basílica construída sobre a Tumba daquele que foi escolhido pelo próprio Cristo como "pedra" sobre a qual edificar a sua igreja.

O Altar, conhecido em todo o mundo, dominado pelo grandioso baldaquino barroco de bronze de Bernini (uma das obras-primas da arte mundial), é um monumento encomendado por Urbano VIII na abside da basílica vaticana, para mostrar “urbi et orbi” ("Para a cidade de Roma e para o mundo") qual é o poder pastoral e magistral de Pedro e dos seus sucessores. Para honrar a autoridade que Cristo conferiu a Pedro, é chamado justamente de Altar da Cátedra ou Cadeira. E é nesse Altar que os Papas presidem os momentos litúrgicos mais importantes da vida da Igreja, como os da véspera de Natal e da Páscoa.

Celebrar ali a missa para os migrantes tem quase o significado de dizer que, nas circunstâncias históricas atuais, a causa dos migrantes deve ser considerada dentro do perímetro da definição de ser católico, por avaliação e decisão do próprio Papa.

A Igreja, exceto por algumas exceções esporádicas, "bate" em uníssono sobre esse ponto. Não só em termos gerais e abstratos, mas também em casos específicos. Como o do SeaWatch3. Tanto que no sábado à noite o cardeal Pietro Parolin declarou: "Acredito que a vida humana deve ser preservada de todas as maneiras. Esta deve ser a estrela guia que nos orienta, todo o resto é secundário”.

É fácil imaginar que poderia estar presente à missa também o médico de Lampedusa, Pietro Bartolo, eleito para o novo Parlamento Europeu como independente na lista do Partido Democrático com muitas preferências, sob a bandeira da "Democracia Solidária", uma formação cívica que remete à experiência da Comunidade de Sant'Egidio.

Bartolo em 2017 declarou: "Em mais de 25 anos de atividade de campo em Lampedusa visitei mais de 300 mil migrantes e infelizmente cheguei ao recorde mundial de um médico na inspeções de cadáveres, alguns realmente arrasadores como no caso dos corpos sem vida de mulheres grávidas e crianças".

Naturalmente Francisco não pensa apenas na Itália e no Mediterrâneo.
Data de poucos dias a foto dramática do pai e do filho afogados no Rio Grande, na fronteira entre o México e os Estados Unidos, uma foto que horrorizou o mundo inteiro e entristeceu profundamente o Papa.

"O Santo Padre" - explicou Gisotti - deseja que o dia 8 de julho seja "um momento de máximo recolhimento". Imprensa e meios de comunicação não serão permitidos na Basílica. Mas haverá um streaming ao vivo do portal do Vaticano "Vatican Media". O mundo inteiro e todos os poderosos do mundo (de Trump a Salvini) poderão ver com seus próprios olhos.

http://www.ihu.unisinos.br/590523-o-papa-celebrara-uma-missa-em-sao-pedro-para-migrantes-e-socorristas-estara-presente-tambem-a-capita-carola