IHU - 21 Outubro 2016
No próximo dia 31 de outubro, será aberto o ano das comemorações do quinto centenário da Reforma Protestante, que se concluirá no dia 31 de outubro de 2017, exatamente 500 anos depois do início do movimento reformador.
A reportagem é publicada por Mosteiro de Bose, 20-10-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
No dia 31 de outubro de 1517, de fato, Martinho Lutero, jovem monge agostiniano e professor de Sagrada Escritura, afixava na porta da igreja do castelo de Wittenberg 95 teses que contestavam a prática das indulgências na Igreja da época.
Das batalhas que daí se seguiram surgiram práticas e estruturas eclesiais renovadas: um variado panorama de Igrejas evangélicas ou, justamente, reformadas, mas separadas de Roma.
Para abrir o ano que vai comemorar o início desse movimento de reforma, a Federação Luterana Mundial (FLM) chamou as Igrejas a se reunirem em Lund (Suécia). Com grande surpresa, porém, o Papa Francisco – confirmando as suas modalidades próprias de se comprometer com o diálogo interconfessional, principalmente através de visitas e encontros pessoais – indicou a sua intenção de participar pessoalmente da celebração do dia 31 de outubro de 2016, ao lado do bispo Munib Younan, presidente da FLM.
Comenta o pastor André Birmelé, professor emérito de teologia sistemática emEstrasburgo e antigo amigo fraterno da nossa comunidade: "Como convidado,Francisco se torna tão convidativo: ele mesmo vai presidir a liturgia com o bispo luterano de Jerusalém. O fato de o papa discursar em tal celebração é um evento extraordinário do qual ninguém ainda pode medir o verdadeiro porte eclesial. Nós só podemos agradecer a Deus e nos alegrar com esse novo passo concreto no caminho da unidade".
Esse evento maior prova que os progressos ecumênicos das últimas décadas mudaram profundamente o contexto da comemoração da Reforma. Enquanto os "jubileus" dos séculos anteriores eram ocasiões para expressar o orgulho protestante, a comemoração de 2017 ocorre pela primeira vez na era ecumênica e busca ser uma oportunidade para aprofundar a comunhão.
Registrando esse novo contexto, a Comissão Internacional de Diálogo Luterano-Católica redigiu um texto voltado ao grande público: "Do conflito à comunhão", já divulgado em 2013.
No fim de 2015, para completar tal documento, uma liturgia foi elaborada para convidar à "Oração comum para comemorar a Reforma em 2017". A cerimônia de Lundvai seguir justamente essa liturgia comum para a celebração ecumênica dos 500 anos da Reforma: levará os participantes à ação de graças pelos dons da Reforma, ao arrependimento pelas divisões que se seguiram às polêmicas teológicas e ao compromisso em favor do testemunho comum.
O professor Dirk Lange, principal redator da oração (e que já foi hóspede da nossa comunidade) explica: "O agradecimento e o arrependimento levam a assembleia ao testemunho comum, ao compromisso e ao serviço. a oração comum conclui depois das leituras com uma oração de agradecimento e uma bênção pronunciada por ambos os celebrantes. O canto depois da bênção nos envia com alegria ao mundo".
Se o evento sueco, portanto, se apresenta como o resultado, "o ápice" de um caminho que partiu de longe, algumas vozes, no entanto, se levantaram na Alemanha para lamentar o fato de que não será o país de Lutero que irá oferecer o lugar onde o papa irá participar das comemorações da Reforma e onde, talvez, ele irá anunciar algum progresso nas relações entre católicos e luteranos.
Outras vozes críticas apontam que a herança de 1517 é compartilhada pelos luteranos com muitas outras tradições protestantes, que foram menos longe no seu diálogo com aIgreja de Roma. Entre os luteranos, há até quem considere que o papa de Roma não deveria presenciar pessoalmente essa celebração, para lhe deixar a sua tonalidade propriamente protestante.
Esse encontro, entretanto, para muitos observadores, é um ponto de virada no diálogo entre a Igreja Católica e o mundo evangélico, e já é palpável uma sensação de oportunidade talvez única.
No jornal sueco Dagen, de inspiração cristã, em um artigo assinado conjuntamente porAnders Arborelius, bispo católico de Estocolmo, e Antje Jackélen, arcebispa deUppsala da Igreja Luterana da Suécia, a menos de um mês da visita do Papa Francisco a Lund, fala-se de um "evento que pode ser definido como histórico". Escrevem os dois bispos: "Pela primeira vez em absoluto, as cúpulas da Igreja Católicae da Federação Luterana Mundial vão olhar juntos para a Reforma".
Eles reconhecem nisso um "sinal concreto da vontade de reforçar os laços" e leem aí um convite para "aproveitar essa oportunidade de testemunho de Jesus Cristo, para que o mundo creia, e para rezar e trabalhar pelo bem do Evangelho", concluindo: "No caminho do ecumenismo, também existem obstáculos, mas esperamos que o encontro que já é iminente dê energia para o trabalho ecumênico no nosso país e ofereça sinais encorajadores e de esperança para todo o mundo".
No dia 31 de outubro de 1517, de fato, Martinho Lutero, jovem monge agostiniano e professor de Sagrada Escritura, afixava na porta da igreja do castelo de Wittenberg 95 teses que contestavam a prática das indulgências na Igreja da época.
Das batalhas que daí se seguiram surgiram práticas e estruturas eclesiais renovadas: um variado panorama de Igrejas evangélicas ou, justamente, reformadas, mas separadas de Roma.
Para abrir o ano que vai comemorar o início desse movimento de reforma, a Federação Luterana Mundial (FLM) chamou as Igrejas a se reunirem em Lund (Suécia). Com grande surpresa, porém, o Papa Francisco – confirmando as suas modalidades próprias de se comprometer com o diálogo interconfessional, principalmente através de visitas e encontros pessoais – indicou a sua intenção de participar pessoalmente da celebração do dia 31 de outubro de 2016, ao lado do bispo Munib Younan, presidente da FLM.
Comenta o pastor André Birmelé, professor emérito de teologia sistemática emEstrasburgo e antigo amigo fraterno da nossa comunidade: "Como convidado,Francisco se torna tão convidativo: ele mesmo vai presidir a liturgia com o bispo luterano de Jerusalém. O fato de o papa discursar em tal celebração é um evento extraordinário do qual ninguém ainda pode medir o verdadeiro porte eclesial. Nós só podemos agradecer a Deus e nos alegrar com esse novo passo concreto no caminho da unidade".
Esse evento maior prova que os progressos ecumênicos das últimas décadas mudaram profundamente o contexto da comemoração da Reforma. Enquanto os "jubileus" dos séculos anteriores eram ocasiões para expressar o orgulho protestante, a comemoração de 2017 ocorre pela primeira vez na era ecumênica e busca ser uma oportunidade para aprofundar a comunhão.
Registrando esse novo contexto, a Comissão Internacional de Diálogo Luterano-Católica redigiu um texto voltado ao grande público: "Do conflito à comunhão", já divulgado em 2013.
No fim de 2015, para completar tal documento, uma liturgia foi elaborada para convidar à "Oração comum para comemorar a Reforma em 2017". A cerimônia de Lundvai seguir justamente essa liturgia comum para a celebração ecumênica dos 500 anos da Reforma: levará os participantes à ação de graças pelos dons da Reforma, ao arrependimento pelas divisões que se seguiram às polêmicas teológicas e ao compromisso em favor do testemunho comum.
O professor Dirk Lange, principal redator da oração (e que já foi hóspede da nossa comunidade) explica: "O agradecimento e o arrependimento levam a assembleia ao testemunho comum, ao compromisso e ao serviço. a oração comum conclui depois das leituras com uma oração de agradecimento e uma bênção pronunciada por ambos os celebrantes. O canto depois da bênção nos envia com alegria ao mundo".
Se o evento sueco, portanto, se apresenta como o resultado, "o ápice" de um caminho que partiu de longe, algumas vozes, no entanto, se levantaram na Alemanha para lamentar o fato de que não será o país de Lutero que irá oferecer o lugar onde o papa irá participar das comemorações da Reforma e onde, talvez, ele irá anunciar algum progresso nas relações entre católicos e luteranos.
Outras vozes críticas apontam que a herança de 1517 é compartilhada pelos luteranos com muitas outras tradições protestantes, que foram menos longe no seu diálogo com aIgreja de Roma. Entre os luteranos, há até quem considere que o papa de Roma não deveria presenciar pessoalmente essa celebração, para lhe deixar a sua tonalidade propriamente protestante.
Esse encontro, entretanto, para muitos observadores, é um ponto de virada no diálogo entre a Igreja Católica e o mundo evangélico, e já é palpável uma sensação de oportunidade talvez única.
No jornal sueco Dagen, de inspiração cristã, em um artigo assinado conjuntamente porAnders Arborelius, bispo católico de Estocolmo, e Antje Jackélen, arcebispa deUppsala da Igreja Luterana da Suécia, a menos de um mês da visita do Papa Francisco a Lund, fala-se de um "evento que pode ser definido como histórico". Escrevem os dois bispos: "Pela primeira vez em absoluto, as cúpulas da Igreja Católicae da Federação Luterana Mundial vão olhar juntos para a Reforma".
Eles reconhecem nisso um "sinal concreto da vontade de reforçar os laços" e leem aí um convite para "aproveitar essa oportunidade de testemunho de Jesus Cristo, para que o mundo creia, e para rezar e trabalhar pelo bem do Evangelho", concluindo: "No caminho do ecumenismo, também existem obstáculos, mas esperamos que o encontro que já é iminente dê energia para o trabalho ecumênico no nosso país e ofereça sinais encorajadores e de esperança para todo o mundo".
http://www.ihu.unisinos.br/561423-lund-celebrara-a-reforma-na-presenca-de-um-papa-pela-primeira-vez
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