O teólogo Jon Sobrino passou por Bilbao, na Espanha, a caminho de Bruxelas. Ele nasceu em Barcelona "por circunstâncias da guerra", mas seus pais viviam em Barrika, onde passou boa parte dos verões da sua infância. NomeadoVasco Universal por divulgar positivamente a imagem de Euskadi no exterior, ele também se sente, além de vasco, salvadorenho.
A reportagem é de José Manuel Vidal, publicada no sítio Religión Digital, 17-02-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Ele viveu muito de perto os assassinatos de Dom Romero, de Ignacio Ellacuría e de tantos milhares de civis que perderam a vida naquela guerra que "se repete em muitos lugares hoje". Ele mostra a sua alegria pela decisão do papa de beatificar Romero, porque humaniza e "temos muita necessidade".
"Quando estou em Bilbao ou na Espanha me sinto aturdido, e há coisas que me deixam indignado como o quanto custo para contratar um jogador de futebol, por exemplo. No domingo, estive em San Mamés e gostei do campo, também do ambiente de animação. As pessoas cantavam em uníssono, mas eu gostaria que também se fizesse isso na fronteira de Melilla e fôssemos em grupo para cantar com eles. No mundo e na Igreja, precisamos de gente boa como Dom Romero e tantos outros e outras que morreram por dizer a verdade."
Eis a entrevista.
Quem foi Dom Romero?
Foi um homem dos pobres, homem do seu povo sofrido, homem de Deus. Condenou a idolatria da riqueza, que é como um fio de alta tensão que quem o toca se queima. Outra idolatria, no caso de El Salvador, era a doutrina da segurança nacional. E, por último, ele dizia que também podia idolatria a absolutização das organizações populares. Dom Romero falava de Deus de uma forma muito clara.
Passaram-se 35 anos, mas ainda continua sendo lembrada a sua última homilia na catedral.
São muito conhecidas suas últimas palavras, nas quais ele pedia que cessasse a repressão. Ele exigiu que os soldados deixassem de matar os seus irmãos. Ele recebeu um aplauso ensurdecedor, espontâneo, como quando o nosso time faz o gol.
Para que pode servir a beatificação de Dom Romero hoje em dia?
Se convocar muitos seres humanos, eu me alegro muito. Não porque seja uma coisa que funcione mecanicamente, como um pastel que eu como e gosto. Que seja algo que se embeba um pouco nas pessoas, sejam crentes ou não, e que possam ver que há uma realidade que é anti-Deus, que é antivida.
Alguns dias em Bilbao e depois o senhor se dirige para Bruxelas, continua "na luta".
Sim, depois de passar alguns dias de descanso na casa da minha irmã e escrever algumas coisas que me pediram, irei para a Bélgica para falar sobre Dom Romero. Depois, para Paris, para apresentar um livro. Como dizia o padre Arrupe, ser jesuíta é lutar pela fé e pela justiça, e seguimos nisso.
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