Tive oportunidade de participar do Fórum Social Temático
sobre Biodiversidade, realizado em Manaus nos dias 26 e 30 de janeiro, junto
com entidades e pessoas que criticam o sistema capitalista globalizado
neoliberal e, ao mesmo tempo, lutam por outro mundo, que é possível e
urgentemente necessário.
A biodiversidade não tem vez no projeto capitalista. Basta
ver como impõe as monoculturas. Em áreas em que antes havia uma cobertura
vegetal com enorme diversidade, e um sem número de outros seres vivos, no
subsolo, no solo, nas plantas, agora só se planta um tipo produto, porque tudo
é feito em vista da venda para a indústria, e as próprias sementes já são
produzidas e vendidas por grandes laboratórios.
Se deixarmos que esse tipo de projeto de crescimento
econômico tomar conta de todos os territórios do planeta, daremos adeus à
biodiversidade. E com esse adeus, estaremos mudando tudo o que a Terra criou
para gerar o ambiente que tornou possível a existência da vida humana. Não foi
por acaso que o ser humano é um dos mais recentes seres vivos da Terra. É que
ele, por ser muito frágil, só conseguiria viver no meio de um jardim com grande
variedade de seres vivos, só vive em meio à biodiversidade, e todas as formas
de vida só se reproduzem com o calor do sol e com a proteção da atmosfera.
Devemos reconhecer, então, e agradecidos, que a Terra foi mãe generosa e
cuidadosa ao criar a biodiversidade para termos um ambiente favorável à nossa
vida.
O aquecimento do planeta e as mudanças climáticas que nos
atormentam e ameaçam nosso futuro são produtos desse sistema de produção e de
vida que declarou guerra à biodiversidade, tentando corrigir a obra da Terra e
impondo um caminho que nega a diferença, nega todas as relações que são
necessárias à vida. O que os capitalistas querem é concentração sem fim da
riqueza, mesmo se isso gera miséria e morte por fome na outra ponta da
humanidade, e se cria grande dificuldade de vida para a maioria dos seres
humanos, e mesmo se isso destrói o ambiente da vida na Terra.
O que fazer para livrar-nos dessa cegueira? Em 2015, precisamos fazer o máximo possível para que os governos do mundo, que se reunirão em Paris, em dezembro, tenham coragem de libertar-se do domínio das grandes empresas para assumir os acordos necessários para salvar a vida na e da Terra.
[texto de programa radiofônico, a ser baixado em www.fmclimaticas.org.br ]
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