Uma verdadeira tragédia foi noticiada pela ONU: uma pesquisa
sobre trabalho forçado – isto é, em condições análogas a trabalho escravo –
revelou que as empresas que exploram pessoas nessas condições ganham 150
bilhões de dólares, algo perto de 331 bilhões de reais por ano! Há trabalho
forçado em muitos setores da economia e em todas as regiões do planeta,
explorando 21 milhões de pessoas, sendo que 90% delas por empresas privadas. E
os lucros são maiores nas economias desenvolvidas, que incluem Estados Unidos,
União Europeia e Japão: nelas, cada trabalhador vítima de trabalho forçado gera
um lucro de quase 35 mil dólares por ano. Já em nossa América Latina, o
conjunto do trabalho forçado gera um lucro de 12 bilhões de dólares por ano e
cada trabalhador forçado gera lucro de 7 mil e quinhentos dólares.
Esses dados nos levam a refletir: a que tipo de mundo e de
humanidade nos levará a economia capitalista, com sua paixão idolátrica de
busca de lucros e mais lucros, passando por cima de tudo, inclusive da
dignidade da pessoa humana e da natureza?
Mas temos, por outro lado, uma notícia positiva, um tanto
desafiadora para nosso país. É que a Índia e a China estão avançando rapidamente
na produção de energia solar. Vejam os dados: em 2010 a China produzia 5 GW,
mas no ano passado ela alcançou a marca de 20 GW, e ela tem a meta de produzir
70 GW já no ano de 2017, multiplicando a produção por três em três anos. Para
comparar e entender esses números, o recorde de consumo, no Brasil, foi batido
em janeiro deste ano, e foi de pouco mais de 80 GW, apenas 10 a mais do que a
China produzirá de energia solar em 2017.
Já a Índia produz atualmente 2,6 GW, mas está decidida a
elevar esta marca para 20 GW ou mais até 2022. Enquanto isso, o Brasil produz,
hoje, segundo dados da ANEEL, 13 MW, isto é, 0,013 GW, ou quase nada de energia
solar.
É ou não uma vergonha e algo que não dá para entender e
aceitar essa falta da valorização da energia solar na política energética
brasileira? Afinal, temos uma das melhores insolações do mundo em todo o nosso
território, mas continuamos insistindo em hidrelétricas e termelétricas, com
todos os desastres socioambientais que provocam. É por isso que está lançado e será
realizado o Fórum Social Temático “energia para quê? para quem? como?” nos dias
7 a 10 de agosto deste ano em Brasília. Informem-se e inscrevam-se no Site
fst-energia.org.
[conteúdo de Programa de Rádio para a RCR]
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