segunda-feira, 12 de maio de 2014

DOM TOMÁS BALDUINO, BISPO DA LIBERTAÇÃO



Faleceu, aos 91 anos, Dom Tomás Balduino, bispo emérito da diocese de Goiás. Toda sua longa vida foi dedicada aos empobrecidos e injustiçados, apoiando e participando de suas lutas por libertação de tudo que os força a sobreviver em condições desumanas. Seu horizonte tem sido, sempre, o Reino de Deus proposto e cultivado apaixonadamente por Jesus de Nazaré, vendo a igreja como servidora da humanidade a caminho do Reino.

Tomás tem sido, por isso, um religioso dominicano de primeira linha. Teve muitos mestres em sua congregação, desde São Domingos até os teólogos do Concílio Vaticano II, passando por Las Casas, convertido a partir do testemunho e da palavra profética da primeira comunidade dominicana, coordenada por Frei Montesinos, colocando em questão a colonização espanhola do século XVI e apoiando os direitos dos povos indígenas; Las Casas tornou-se incansável defensor dos direitos do povos indígenas, enfrentando a Casa Real e mesmo irmãos de sua ordem.

Bispo de Goiás, Tomás sempre manteve seu coração e sua missão abertos para os grandes desafios dos empobrecidos do Brasil e do mundo. Participou, por isso, da criação do Conselho Indigenista Missionário, em 1972, e coordenou sua redefinição e regionalização nos anos 1974 e 75. Neste mesmo período, animou e participou ativamente do “grupo não grupo” de bispos, que se articularam para defender os agentes pastorais e educadores populares perseguidos pela ditadura; foi a atividade deste Grupo que tornou possível o nascimento da Comissão Pastoral da Terra e, em seguida, de muitas outras pastorais sociais. Participante direto das coordenações dessas mediações pastorais ou não, Tomás sempre esteve ao lado e em ação em defesa dos direitos dos Povos Indígenas e dos Povos da Terra e das Águas. Até o último momento, mesmo cada vez mais fragilizado, ele desejava contribuir na elaboração do documento da CNBB sobre a igreja e a luta pela democratização da terra e da água, finalmente aprovado.

Por isso tudo, representantes dos Povos Indígenas e dos Povos da Terra e da Água estiveram presentes em sua despedida, fizeram suas homenagens, assumiram o compromisso de dar continuidade à sua missão e o consagraram como seu santo defensor e protetor. Para os indígenas, ele foi um deus em vida e agora continua com eles como um Encantado; para os camponeses, ele continua luz e força para aprofundar suas lutas. E todos eles insistiram: que a igreja católica e as demais igrejas cristãs que Tomás tanto amou deem continuidade à sua missão, que é a de Jesus, e que, por isso, continuem firmes ao lado e comprometidas com os povos que lutam por sua libertação.

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