O nome de Deus está intensamente presente nessas eleições.
Um dos candidatos repete sempre: Deus acima de todos, e ele se apresenta como
se fosse um enviado deste Deus. Por causa disso, temos a necessidade de
perguntar-nos: de que deus está ele falando?
A pergunta se justifica, porque é preciso examinar qual é o
deus que o inspira para ser favorável à ditadura, para dizer que completaria o
que a ditadura deixou de fazer matando uns trinta mil, que violência se combate
com violência, que pau-de-arara funciona, que é favorável à tortura, que
liberaria a polícia para matar, que acabaria com os territórios dos povos
indígenas e quilombolas, que minoria tem que se calar, se submeter à maioria,
que índio deve comer capim para manter as suas origens, que seria incapaz de
amar um filho que fosse homossexual e preferiria que ele morresse num acidente,
que o patrão pode pagar menos pelo trabalho da mulher...
Essas e outras afirmações que nem vale a pena citar estão
sendo feitas como se fossem inspiradas no Deus dos cristãos, mas não o são. A
imagem de deus presente nesse modo de pensar e de agir não tem nada em comum
com o Deus revelado e anunciado por Jesus de Nazaré. São negação de Deus e das
práticas e palavras de Jesus. O Deus de Jesus é Amor, um Pai com coração
amoroso de mãe, misericordioso, e Jesus, para revelá-lo, se faz um dos pobres
do seu tempo, e seu mandamento é “amem-se uns ao outros como eu amei a vocês”.
Deixou claro que não se pode servir ao mesmo tempo a Deus e ao dinheiro. Tendo
feito só o bem em sua vida, foi condenado pelo sistema religioso do Templo e
pelo império romano.
Diante disso, proponho que as amigas e amigos pensem sobre a
responsabilidade de seu voto com palavras do sermão de Santo Oscar Romero dias
antes de ser assassinado por defender seu povo salvadorenho perseguido por
ditadura militar:
“quero fazer um chamado aos militares e à Guarda Nacional:
irmãos, vocês são do mesmo povo. Matam seus irmãos camponeses. Diante da ordem
de matar dada por um homem deve prevalecer a lei de Deus que diz “não matarás”.
Em nome de Deus e em nome deste sofrido povo, cujos lamentos sobem ao céu cada
dia mais fortes, lhes suplico, lhes peço, lhes ordeno: parem com a repressão”.
Que Deus nos ilumine para escolher a democracia, a vida e a
paz.
Ivo
Poletto, do Fórum MCJS
(Programa de Rádio 299 – para 22 de outubro de 2018 - vejam a gravação no site fmclimaticas.org.br)
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