segunda-feira, 22 de outubro de 2018

CONJUNTURA: PAI, VENHA A NÓS O TEU REINO


O nome de Deus está intensamente presente nessas eleições. Um dos candidatos repete sempre: Deus acima de todos, e ele se apresenta como se fosse um enviado deste Deus. Por causa disso, temos a necessidade de perguntar-nos: de que deus está ele falando?

A pergunta se justifica, porque é preciso examinar qual é o deus que o inspira para ser favorável à ditadura, para dizer que completaria o que a ditadura deixou de fazer matando uns trinta mil, que violência se combate com violência, que pau-de-arara funciona, que é favorável à tortura, que liberaria a polícia para matar, que acabaria com os territórios dos povos indígenas e quilombolas, que minoria tem que se calar, se submeter à maioria, que índio deve comer capim para manter as suas origens, que seria incapaz de amar um filho que fosse homossexual e preferiria que ele morresse num acidente, que o patrão pode pagar menos pelo trabalho da mulher...

Essas e outras afirmações que nem vale a pena citar estão sendo feitas como se fossem inspiradas no Deus dos cristãos, mas não o são. A imagem de deus presente nesse modo de pensar e de agir não tem nada em comum com o Deus revelado e anunciado por Jesus de Nazaré. São negação de Deus e das práticas e palavras de Jesus. O Deus de Jesus é Amor, um Pai com coração amoroso de mãe, misericordioso, e Jesus, para revelá-lo, se faz um dos pobres do seu tempo, e seu mandamento é “amem-se uns ao outros como eu amei a vocês”. Deixou claro que não se pode servir ao mesmo tempo a Deus e ao dinheiro. Tendo feito só o bem em sua vida, foi condenado pelo sistema religioso do Templo e pelo império romano.

Diante disso, proponho que as amigas e amigos pensem sobre a responsabilidade de seu voto com palavras do sermão de Santo Oscar Romero dias antes de ser assassinado por defender seu povo salvadorenho perseguido por ditadura militar:

“quero fazer um chamado aos militares e à Guarda Nacional: irmãos, vocês são do mesmo povo. Matam seus irmãos camponeses. Diante da ordem de matar dada por um homem deve prevalecer a lei de Deus que diz “não matarás”. Em nome de Deus e em nome deste sofrido povo, cujos lamentos sobem ao céu cada dia mais fortes, lhes suplico, lhes peço, lhes ordeno: parem com a repressão”.

Que Deus nos ilumine para escolher a democracia, a vida e a paz.
           
 Ivo Poletto, do Fórum MCJS

(Programa de Rádio 299 – para 22 de outubro de 2018 - vejam a gravação no site fmclimaticas.org.br)



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