O Conselho Indigenista Missionário publicou o relatório
anual “Violência contra os Povos Indígenas do Brasil”, e nele está a prova de
que continua em ato o decreto de extermínio destes povos que vivem no
território deste país muito antes da chegada dos colonizadores europeus. O
Brasil dos não indígenas, quase sempre comandado pelos senhores de terras, de
escravos indígenas e africanos, de riqueza e de poder concentrados, passou pela
chamada independência, virou império, passou a ser república velha e nova, numa
história de tempos de democracia eleitoral e golpes militares, e os povos
indígenas continuaram sendo tratados como inimigos.
O relatório do Cimi registra 110 indígenas vítimas de
homicídio em 2017. Quase a totalidade deles não recebeu atenção dos meios de
comunicação, e não foram identificados nem punidos os responsáveis por esses
crimes.
Qual o motivo para tanta violência contra povos pacíficos,
muitas vezes constituídos por um número reduzido de pessoas por causa das
perseguições seculares?
Os relatos não deixam dúvidas: os agressores são grileiros e
fazendeiros, empresas de mineração e madeireiras, e todos querem tomar os
territórios dos povos indígenas. Continua a exigência de que os povos indígenas
devem entregar suas terras para que sejam destinadas à produção de riquezas por
quem sabe explorá-las. Em outras palavras, continua a negação do direito de
cada povo viver segundo sua cultura, e o direito de ter um território que torne
possível a sua vida. É por isso que, ainda hoje, mesmo os territórios
demarcados não são de cada povo que neles vive, e sim um território público, de
responsabilidade do Estado brasileiro.
Nessa situação, faz parte da continuidade do decreto de
extermínio o sucateamento dos órgãos públicos que deveriam zelar pela saúde e
pela integridade da vida e dos territórios indígenas. Com menor presença desses
órgãos, aumenta a agressão direta dos que desejam destruir as florestas
preservadas pelos povos indígenas e aumentar seus negócios. E aumenta também a
impunidade dos agressores criminosos, acobertados pela ausência ou lentidão de
todas as instâncias do estado brasileiro.
Não podemos esquecer que os povos indígenas são os guardiões
do que resta de florestas no Brasil e no mundo. E sem floretas, nós e todos os
seres vivos estamos com a vida ameaçada. Precisamos, por isso, defender a vida
e os direitos dos povos indígenas do nosso país e de todo o Planeta.
Ivo
Poletto, do Fórum MCJS
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