segunda-feira, 1 de outubro de 2018

CIMI: VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS INDÍGENAS


O Conselho Indigenista Missionário publicou o relatório anual “Violência contra os Povos Indígenas do Brasil”, e nele está a prova de que continua em ato o decreto de extermínio destes povos que vivem no território deste país muito antes da chegada dos colonizadores europeus. O Brasil dos não indígenas, quase sempre comandado pelos senhores de terras, de escravos indígenas e africanos, de riqueza e de poder concentrados, passou pela chamada independência, virou império, passou a ser república velha e nova, numa história de tempos de democracia eleitoral e golpes militares, e os povos indígenas continuaram sendo tratados como inimigos.

O relatório do Cimi registra 110 indígenas vítimas de homicídio em 2017. Quase a totalidade deles não recebeu atenção dos meios de comunicação, e não foram identificados nem punidos os responsáveis por esses crimes.

Qual o motivo para tanta violência contra povos pacíficos, muitas vezes constituídos por um número reduzido de pessoas por causa das perseguições seculares?

Os relatos não deixam dúvidas: os agressores são grileiros e fazendeiros, empresas de mineração e madeireiras, e todos querem tomar os territórios dos povos indígenas. Continua a exigência de que os povos indígenas devem entregar suas terras para que sejam destinadas à produção de riquezas por quem sabe explorá-las. Em outras palavras, continua a negação do direito de cada povo viver segundo sua cultura, e o direito de ter um território que torne possível a sua vida. É por isso que, ainda hoje, mesmo os territórios demarcados não são de cada povo que neles vive, e sim um território público, de responsabilidade do Estado brasileiro.

Nessa situação, faz parte da continuidade do decreto de extermínio o sucateamento dos órgãos públicos que deveriam zelar pela saúde e pela integridade da vida e dos territórios indígenas. Com menor presença desses órgãos, aumenta a agressão direta dos que desejam destruir as florestas preservadas pelos povos indígenas e aumentar seus negócios. E aumenta também a impunidade dos agressores criminosos, acobertados pela ausência ou lentidão de todas as instâncias do estado brasileiro.

Não podemos esquecer que os povos indígenas são os guardiões do que resta de florestas no Brasil e no mundo. E sem floretas, nós e todos os seres vivos estamos com a vida ameaçada. Precisamos, por isso, defender a vida e os direitos dos povos indígenas do nosso país e de todo o Planeta.

            Ivo Poletto, do Fórum MCJS 

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