sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A MORTE DA FLORESTA, A MORTE DE TODOS NÓS

REPASSEM ESTA NOTA PÚBLICA PARA QUE A SOLIDARIEDADE PARA COM A FAMÍLIA DE RAIMUNDO JOSÉ DOS SANTOS E A DENÚNCIA DA FALTA DE PRESENÇA EFETIVA E EFICAZ DO ESTADO NO MARANHÃO E EM OUTRAS REGIÕES EM QUE HÁ DISPUTA POR TERRA E POR MADEIRA CHEGUEM AO MAIOR NÚMERO POSSÍVEL DE PESSOAS.

É PRECISO AUMENTAR O VOLUME E A INTENSIDADE DA INDIGNAÇÃO HUMANA E CIDADÃ.

Nota Pública sobre o assassinato de Raimundo José dos Santos
A morte da floresta, a morte de todos nós


Raimundo Santos Rodrigues, conhecido como José dos Santos, é mais uma vítima da ganância dos saqueadores, da violência impune do interior do Maranhão e da ausência do Estado.

José dos Santos era Conselheiro do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na Reserva Biológica do Gurupi, último fragmento da floresta amazônica em terras maranhenses, a área mais degradada da Amazônia Brasileira. A Rebio Gurupi é circundada por 3 áreas indígenas: Alto Turiaçú, Awá e Caru, que, como a floresta, sofrem os ataques dos madeireiros.

O Conselheiro, atuante junto ao ICMBio desde 2012, foi assassinado no 25 de agosto na cidade de Bom Jardim (MA), a 275 Km de São Luís. José dos Santos estava acompanhado por sua esposa, que foi atingida por tiros e ainda se encontra no hospital. 

Ao longo de todos esses anos, José tem denunciado os madeireiros e defendido sua comunidade, também em qualidade de membro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STTR) de Bom Jardim.

O corpo do conselheiro está em Buriticupu, a 200 km de Bom Jardim, cidade onde outro membro do STTR, Raimundo Borges “Cabeça”, tem sido assassinado três anos atrás.
José dos Santos deixa a esposa ferida e seis filhos. Em nota pública, o presidente do ICMBio, Claudio Maretti, definiu o acontecido como “um ataque covarde”. Outros conselheiros do ICMBio daquela região temem por sua própria segurança.
As comarcas de Buriticupu e de Bom Jardim frequentemente são consideradas pela população como “Terras sem lei”, onde o Estado está particularmente ausente, as instituições de defesa dos direitos coletivos são extremamente fragilizadas e a violência dita a lei do mais forte.

Nós, entidades de defesa dos direitos humanos, movimentos populares, organizações religiosas, instituições eclesiais, sindicatos, jornalistas, membros de redes e organizações atuantes em nível local, nacional e internacional, expressamos nossa solidariedade para com a família de José dos Santos, indignação pela violência sem fim que está destruindo pessoas e territórios nessa região do Maranhão e imediatas reivindicações nos seguintes sentidos:

- que a morte de José dos Santos, de Raimundo Borges e de vários outras vítimas nos municípios de Bom Jardim e Buriticupu (MA) não passem impunes; que haja investigações acuradas, identificação e punição dos assassinos e seus mandantes;

- que o Estado garanta proteção permanente às comunidades e aos defensores de direitos humanos nessa região;

- que as operações em defesa da Rebio e das terras indígenas dessa região erradiquem eficaz e definitivamente o saque de madeira e punam os empresários e políticos que se enriquecem ilegalmente através disso;

- que o Estado Brasileiro e o Governo do Maranhão reforcem as forças de segurança e as instituições de acesso à justiça nos municípios de Bom Jardim e de Buriticupu;

- que o Estado Brasileiro e o Governo do Maranhão invistam, a partir do discernimento com a população local e de mecanismos de gestão participativa, para a promoção de atividades de geração de renda alternativas ao saque e comércio de madeira.

A morte de um companheiro que lutou por justiça e a morte da floresta são a morte de todas e todos nós! Queremos viver, queremos justiça e dignidade!

28 de agosto de 2015

Rede Justiça nos Trilhos

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