Ainda bem que Lula não é o único intérprete da nossa democracia. É sem dúvida um gênio político, mas isso não o torna de forma garantida o melhor intérprete sequer das mobilizações democratizantes das ruas.
Ao irritar-se e definir como "barbeiragem" a proposta de Constituinte, Lula deixou claro que prefere decidir em espaços mais "seguros" o que é melhor para o Brasil. Ou para o PT e para ele próprio, de modo especial em relação ao tempo de mandato da presidência...
Lula, não é o que você gosta ou não gosta que muda a realidade, e ela indica que a população mobilizada, e claramente apoiada por quem não vai ou não pode ir às ruas, perdeu a paciência com a política feita por cima, mediada por partidos claramente controlados por minorias e favoráveis aos privilégios de uma minoria que nunca se cansa de concentrar riqueza, renda e poder. E está cansada do faz de conta de participação, em espaços cujas conclusões não são levadas a sério.
Se não for feita uma séria reforma política, e através de Assembleia com participação realmente popular, com candidatos independentes dos partidos, apresentados por outras organizações sociais, a cidadania, que é o único poder soberano, terá razões de sobra para desconfiar da "boa vontade" dos congressistas para fazer uma reforma sob controle, e se firmará na convicção de que só lhe resta mesmo a pressão domocratizante das ruas.
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