A reportagem que segue é de Fabiano Ávila, publicada pelo Instituto Carbono Brasil e disponibilizada pelo IHU de hoje, dia 20 de junho. Para estimular a leitura, destaco que o Banco Mundial pouco ou nada fará em favor dos pobres que serão empurrados para a miséria por causa da mudanças climáticas se, antes, não reconhecer que foi e continua sendo uma das instituições multilaterais que tem enorme responsabilidade pelo agravamento do aquecimento da Terra e, por isso, do agravamento das mudanças climáticas. Serão de pouca serventia as ações junto à população que o próprio presidente do banco não serem responsáveis pelas mudanças climáticas, se junto com elas o Banco Mundial não fizer uma redefinição radical de toda a sua política de promoção do crescimento econômico sem fim, pois é exatamente esse crescimentismo a causa das mudanças climáticas.
Desejando que cresça a consciência em relação à responsabilidade do Banco Mundial pelos desastres socioambientais que agora reconhece e, com ela, aumente a pressão para que mude sua visão e suas prioridades, coloco à disposição o texto que segue. Não haverá como "adaptar-se às mudanças" se elas continuarem se agravando por causa do aumento da emissão de gases de efeito estufa pelos países e setores sociais consumistas, que realizam os desejos das grandes corporações globais capitalistas neoliberais - que são amadas e cuidadas pelo Banco Mundial como se fossem a única fonte de progresso para a humanidade!
Mudanças climáticas empurrarão milhões à miséria, alerta Banco Mundial
Relatório analisa os impactos já existentes e projeções futuras
do aquecimento global em algumas das regiões mais pobres do planeta e
reconhece a necessidade de medidas urgentes de adaptação.
A reportagem é de Fabiano Ávila e publicada pelo Instituto CarbonoBrasil, 19-06-2013.
Comunidades pobres na África, no Sudeste Asiático e em Ilhas do Pacífico que vinham, aos poucos, melhorando sua situação, começam a regredir devido às consequências do aumento das temperaturas médias do planeta, que tornam o acesso à água e aos alimentos cada vez mais difícil.
Essa é uma das conclusões do relatório Turn Down the Heat: Climate Extremes, Regional Impacts, and the Case for Resilience (algo como Diminua o Calor: Extremos Climáticos, Impactos Regionais e Casos para Resiliência), divulgado nesta quinta-feira (19) pelo Banco Mundial.
"Cientistas afirmam que se o planeta aquecer 2ºC – o que pode acontecer nos próximos 20 ou 30 anos – teremos escassez de alimentos generalizada, ondas de calor sem precedentes e mais ciclones intensos. As mudanças climáticas, que já estão acontecendo, podem tornar a vida ainda pior em zonas pobres e prejudicar enormemente as vidas e esperanças de indivíduos e famílias que não têm responsabilidade nenhuma sobre as causas do aumento das temperaturas", afirmou Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial.
Segundo o relatório, o planeta já está registrando um aquecimento de 0,8ºC e as temperaturas poderão subir mais 4ºC até o fim do século se nada for feito. Baseado em análises do Instituto Postdam e do Climate Analytics, o documento traça o cenário atual e futuro de algumas das regiões mais vulneráveis ao clima no mundo, destacando o risco de grande degradação da qualidade de vida e da economia mundial se as previsões forem confirmadas e se ações de adaptação não forem postas em prática.
De acordo com Rachel Kyte, vice-presidente de desenvolvimento sustentável do Banco Mundial, a inviabilidade da produção de alimentos está forçando uma regressão na qualidade de vida de cada vez mais pessoas. “Nas áreas avaliadas, milhões estão voltando a morar em favelas, colocando famílias inteiras sob o risco de doenças relacionadas a condições inadequadas de moradia.”
Na África subsaariana, por exemplo, os pesquisadores apontam que secas ficarão mais intensas e frequentes, prejudicando a já precária segurança alimentar e provocando problemas econômicos e conflitos sociais.
A estimativas são de uma queda de 80% na atual produção de alimentos na região para um aquecimento entre 1,5ºC e 2ºC, algo que pode acontecer dentro de três décadas.
No Sudeste da Ásia, considerando um cenário de inação por parte dos governos, cidades costeiras sofrerão com um aumento no nível do mar de até 30 cm em 2040. Cidades no delta do rio Mekong, no Vietnã, produtoras de arroz que é exportado para diversas partes do mundo, são especialmente vulneráveis ao avanço dos oceanos. Confirmados os 30 cm de elevação, isso significará uma imediata queda de 11% na cultura de arroz.
No Pacífico, a crescente acidez das águas já provoca a mortandade de corais e das muitas espécies de peixes recifais que são essenciais para os povos insulares. Também o acesso à água potável têm ficado mais difícil, com a salinidade crescente das reservas hídricas, causada pela subida do nível do mar.
“O resultado de nossa avaliação é um cenário dramático de um planeta sob extremos climáticos que causam devastação e sofrimento. Em muitos casos, ameaças múltiplas, como o aumento de ondas de calor, elevação do nível dos oceanos, secas e enchentes mais severas, colocam em risco justamente os mais pobres e vulneráveis”, explica o relatório.
Adaptação
“Precisamos atrair a atenção mundial para a tarefa de manter o aumento das temperaturas em 2oC. Estamos colocando nossas ideias em prática, buscando ajudar aqueles cujas vidas estão sendo particularmente afetadas pelos eventos climáticos extremos”, afirmou Kyte.
A entidade informou que aumentou de US$ 4,6 bilhões para US$ 7,1 bilhões os recursos que destinará para medidas de adaptação e mitigação das mudanças climáticas. O Banco também lançou o Plano de Ação de Gerenciamento Climático, que tem como objetivo alavancar novos recursos para lidar com o aquecimento global.
Entre as metas do novo plano estão: ajudar os países a desenvolverem estratégias que levem em conta os riscos e oportunidades das mudanças climáticas; fornecer ferramentas para a adaptação; criar novas práticas e padrões para aumentar a resiliência da sociedade; estimular os investimentos em tecnologias de baixo carbono e em energias alternativas.
“Não acredito que os pobres já estejam condenados ao futuro descrito nesse relatório. Estamos determinados a trabalhar junto aos países para encontrar soluções”, concluiu Kim.
A reportagem é de Fabiano Ávila e publicada pelo Instituto CarbonoBrasil, 19-06-2013.
Comunidades pobres na África, no Sudeste Asiático e em Ilhas do Pacífico que vinham, aos poucos, melhorando sua situação, começam a regredir devido às consequências do aumento das temperaturas médias do planeta, que tornam o acesso à água e aos alimentos cada vez mais difícil.
Essa é uma das conclusões do relatório Turn Down the Heat: Climate Extremes, Regional Impacts, and the Case for Resilience (algo como Diminua o Calor: Extremos Climáticos, Impactos Regionais e Casos para Resiliência), divulgado nesta quinta-feira (19) pelo Banco Mundial.
"Cientistas afirmam que se o planeta aquecer 2ºC – o que pode acontecer nos próximos 20 ou 30 anos – teremos escassez de alimentos generalizada, ondas de calor sem precedentes e mais ciclones intensos. As mudanças climáticas, que já estão acontecendo, podem tornar a vida ainda pior em zonas pobres e prejudicar enormemente as vidas e esperanças de indivíduos e famílias que não têm responsabilidade nenhuma sobre as causas do aumento das temperaturas", afirmou Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial.
Segundo o relatório, o planeta já está registrando um aquecimento de 0,8ºC e as temperaturas poderão subir mais 4ºC até o fim do século se nada for feito. Baseado em análises do Instituto Postdam e do Climate Analytics, o documento traça o cenário atual e futuro de algumas das regiões mais vulneráveis ao clima no mundo, destacando o risco de grande degradação da qualidade de vida e da economia mundial se as previsões forem confirmadas e se ações de adaptação não forem postas em prática.
De acordo com Rachel Kyte, vice-presidente de desenvolvimento sustentável do Banco Mundial, a inviabilidade da produção de alimentos está forçando uma regressão na qualidade de vida de cada vez mais pessoas. “Nas áreas avaliadas, milhões estão voltando a morar em favelas, colocando famílias inteiras sob o risco de doenças relacionadas a condições inadequadas de moradia.”
Na África subsaariana, por exemplo, os pesquisadores apontam que secas ficarão mais intensas e frequentes, prejudicando a já precária segurança alimentar e provocando problemas econômicos e conflitos sociais.
A estimativas são de uma queda de 80% na atual produção de alimentos na região para um aquecimento entre 1,5ºC e 2ºC, algo que pode acontecer dentro de três décadas.
No Sudeste da Ásia, considerando um cenário de inação por parte dos governos, cidades costeiras sofrerão com um aumento no nível do mar de até 30 cm em 2040. Cidades no delta do rio Mekong, no Vietnã, produtoras de arroz que é exportado para diversas partes do mundo, são especialmente vulneráveis ao avanço dos oceanos. Confirmados os 30 cm de elevação, isso significará uma imediata queda de 11% na cultura de arroz.
No Pacífico, a crescente acidez das águas já provoca a mortandade de corais e das muitas espécies de peixes recifais que são essenciais para os povos insulares. Também o acesso à água potável têm ficado mais difícil, com a salinidade crescente das reservas hídricas, causada pela subida do nível do mar.
“O resultado de nossa avaliação é um cenário dramático de um planeta sob extremos climáticos que causam devastação e sofrimento. Em muitos casos, ameaças múltiplas, como o aumento de ondas de calor, elevação do nível dos oceanos, secas e enchentes mais severas, colocam em risco justamente os mais pobres e vulneráveis”, explica o relatório.
Adaptação
“Precisamos atrair a atenção mundial para a tarefa de manter o aumento das temperaturas em 2oC. Estamos colocando nossas ideias em prática, buscando ajudar aqueles cujas vidas estão sendo particularmente afetadas pelos eventos climáticos extremos”, afirmou Kyte.
A entidade informou que aumentou de US$ 4,6 bilhões para US$ 7,1 bilhões os recursos que destinará para medidas de adaptação e mitigação das mudanças climáticas. O Banco também lançou o Plano de Ação de Gerenciamento Climático, que tem como objetivo alavancar novos recursos para lidar com o aquecimento global.
Entre as metas do novo plano estão: ajudar os países a desenvolverem estratégias que levem em conta os riscos e oportunidades das mudanças climáticas; fornecer ferramentas para a adaptação; criar novas práticas e padrões para aumentar a resiliência da sociedade; estimular os investimentos em tecnologias de baixo carbono e em energias alternativas.
“Não acredito que os pobres já estejam condenados ao futuro descrito nesse relatório. Estamos determinados a trabalhar junto aos países para encontrar soluções”, concluiu Kim.
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