IHU, 10 abril de 2019
Governos precisam parar de brincar com palavras e adotar medidas de adaptação, avalia Observatório do Clima em seu portal, 09-04-2019.
O Observatório do Clima se solidariza com a população do Rio de Janeiro,
em especial com os parentes e amigos das vítimas do temporal que
despencou sobre a cidade entre a noite de ontem (8) e hoje (9), deixando
até a tarde desta terça-feira oito pessoas mortas.
Em alguns bairros, choveu em quatro horas mais de uma vez e meia o esperado para o mês inteiro, segundo a Climatempo. De acordo com medições do Cemaden (Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), em duas estações da cidade a chuva acumulada em 24 horas passou de 300 milímetros. É quase o triplo da média para o mês.
Este é o terceiro episódio de chuva extrema no Rio
apenas este ano. Entre 6 e 7 de fevereiro, sete pessoas morreram num
temporal também atípico, mas mais leve que o deste outono. Entre as
razões do grande volume de água fora de época, segundo os
meteorologistas, está o aquecimento anormal das águas do Atlântico no litoral do Sudeste, que também nos brindou com a tempestade tropical Iba, no mês passado. Ainda na semana passada, quatro pessoas morreram no Piauí após tempestades.
Todos esses extremos climáticos, cada vez mais graves e frequentes,
mostram que o clima do Brasil mudou e atingiu um novo normal, em que o
que era raro ficou comum. Autoridades como o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB),
parecem ainda não ter entendido isso, e seguem atribuindo desastres a
“condições atípicas” do tempo. No governo federal, luminares como os
ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Novo-SP) e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, insistem em que a mudança climática é uma mera discussão acadêmica ou uma conspiração esquerdista.
Passa da hora de os representantes eleitos dos brasileiros pararem de brincar com palavras e de tergiversar sobre o tempo. A adaptação às mudanças climáticas é urgente
para salvar vidas e proteger patrimônio. Deixar gente morrer em
decorrência do clima por situações evitáveis é, cada vez mais, dolo
eventual.
http://www.ihu.unisinos.br/588267-tempestade-no-rio-autoridades-ainda-nao-entenderam-que-clima-do-pais-mudou
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