Roberto Malvezzi (Gogó)
Brasil quer dizer literalmente “vermelho como brasa”. Portanto, esse
país é vermelho até no nome. Talvez o novo governo queira mudar o nome
do Brasil para “Terra de Santa Cruz”, ou “Terra de Vera Cruz”. Como os
evangélicos neopentecostais não aceitam a cruz,
talvez voltemos a ser simplesmente “Pindorama”. Mas, Pindorama é a
“terra mítica e sem males” dos Tupi-Guarani. Então, quem não gosta de
índio, também não vai aceitar.
Essa bobagem nos ajuda a entender como se desenha o novo governo. Para
as multidões vão repetir constantemente que “nossa bandeira jamais será
vermelha”, “esse país jamais será uma Venezuela ou Cuba”, “PT nunca
mais”, “os comunistas devem ir para Cuba e não
para Paris”, “Lula deve ficar preso até apodrecer na cadeia”, “somos
cristãos e contra o aborto”, assim por diante. É a cortina de fumaça que
alimenta o ódio e o dissenso das multidões pelas redes sociais. Como
dizia César: “divide et impera”.
Mas, sob essa cortina de fumaça desenrolam-se os verdadeiros interesses
do grande capital nacional e, sobretudo, internacional: as
privatizações; o corte nos direitos dos trabalhadores; a privatização da
terra, das águas, da biodiversidade, da EMBRAER, do
petróleo e outros minerais; o licenciamento ambiental sem qualquer
regra para os ruralistas; o rebaixamento dos salários; os cortes nas
verbas do SUS; o perdão das dívidas das empresas particulares de saúde,
dos ruralistas e outros ramos do empresariado. Esse
é o verdadeiro jogo do poder.
Só não sabemos qual será a capacidade de resistência e resiliência dos que se opõem ao que está em jogo.
OBS: Parafraseando
Millôr Fernandes quando o General Figueiredo deixou a presidência, quero
perguntar: “como se chamava mesmo aquele vice-presidente que deu o
golpe traidor em Dilma
Rousseff?”
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