PRECISAMOS EVITAR QUE A CEGUEIRA DE SENADORES E DEPUTADOS FEDERAIS, PROVOCADA PELAS PROPOSTAS LOUCAS DO AGRONEGÓCIO, AUMENTE AS AMEAÇAS DE DESTRUIÇÃO DA AMAZÔNIA. NÃO PRECISAMOS DA CANA-DE-AÇÚCAR NA AMAZÔNIA, E NEM EM OUTROS BIOMAS, JÁ QUE O CAMINHO DO TRANSPORTE SERÁ EM BREVE TAMBÉM NO BRASIL O DOS MOTORES A ELETRICIDADE, E ELETRICIDADE PRODUZIDA ESPECIALMENTE COM OS RAIOS DO SUL, DISPONÍVEIS E MARAVILHOSOS EM TODAS AS REGIÕES.
PRESSIONE O SENADOR/A QUE AJUDOU A ELEGER EM FAVOR DA VIDA QUE A AMAZÔNIA GARANTE EM TODO O PAÍS E NA AMÉRICA DO SUL.
Cana-de-Açúcar da Amazônia: Uma Ameaça à Floresta
Amazônia Real |
26/03/2018 às 15:07
Por Lucas Ferrante e Philip M. Fearnside
Na Quinta-Feira passada o Senado Federal surpreendeu pautando para Terça-Feira 27 de março a votação em plenário do projeto de lei que propõe abrir a Amazônia para plantio de cana-de-açúcar. Segue abaixo uma tradução da nossa carta que já estava aceita para publicação na revista Science em 30 de Março (1). Face à votação iminente, a Science publicou a carta online hoje , assim possibilitando a sua divulgação na Amazônia Real . Uma versão atualizada será publicada na revista impressa no dia 30. A Science é a segunda revista científica do mundo em termos de impacto, apenas superada pela revista Nature. Segue a tradução em português do texto original:
A vegetação da Amazônia varia de florestas densas a áreas de savana, e as florestas da região e sua biodiversidade são vulneráveis ao avanço contínuo das mudanças no uso da terra para agricultura e pecuária (2). No Brasil, o cultivo de cana-de-açúcar é atualmente proibido nos Biomas do Pantanal e Amazônia (3). A cana-de-açúcar está entre as culturas com os maiores aumentos de produção na última década, e o Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura-FAO (4).
As plantações de cana estão projetadas para aumentar devido à demanda por biocombustíveis (5). Já têm demonstrado que as plantações de cana-de-açúcar ameaçam a biodiversidade, com seus efeitos se estendendo além das áreas cultivadas até as florestas adjacentes (6).
O Senado Federal agendou uma decisão para 2018 sobre um projeto de lei que propõe a abertura da região amazônica à cana-de-açúcar (7). Essa cultura seria supostamente plantada em áreas degradadas, em pastagens naturais da Amazônia e nos “hotspots” de biodiversidade no Cerrado. Devido aos possíveis efeitos catastróficos sobre a floresta amazônica e sobre a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos da América do Sul e a produtividade agrícola do Brasil, instamos o Senado a não aprovar esse projeto.
Plantação de cana de açúcar da indústria Jayoro, em Presidente Figueiredo, no Amazonas (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real/2013)
A ameaça da cana-de-açúcar é apenas uma das muitas causas de destruição da Amazônia (5). As florestas amazônicas desempenham um papel importante no clima da América do Sul, com contribuições substanciais de precipitação para a agricultura no sudeste do Brasil (8–9). Em médio e longo prazo, a perda florestal ameaçaria a própria produção agrícola e de biocombustíveis do Brasil, sendo a área com maior produção agrícola localizada no sul e sudeste do País (10), que depende do vapor de água da região amazônica (8–9).
Os tomadores de decisão políticos e as instituições nacionais e internacionais que financiam grandes empresas agrícolas não devem ser enganados pelo doce sabor de uma nova fronteira agrícola a ser explorada. Eles devem ser orientados pela necessidade de evitar a perda da biodiversidade da Amazônia, do patrimônio genético e dos valiosos serviços ecossistêmicos, incluindo a regulamentação climática para a área com a maior população e produção agrícola da América do Sul (10–11).
Notas:
3. Brasil, Presidência da República, Decreto Nº 6.961, DE (17 de setembro de 2009).
5. P. M. Fearnside, in
Biofuels and Neotropical Forests: Trends, Implications, and Emerging Alternatives , E.J. Garen, J. Mateo-Vega, Eds., (Environmental Leadership & Training Initiative, Yale University, New Haven, CT, 2009), p. 29–36.
6. L. Ferrante et al ., J. Biogeogr. 44 , 1911 (2017).
7. Brasil, Senado Federal, Projeto de Lei do Senado N° 626 (2011).
8. P. M. Fearnside. Ciênc. Hoje. 34 , 63 (2004).
9. D. C. Zemp et al . Atmosp. Chem. Phys. 14 , 13337 (2014).
A fotografia que ilustra este artigo é da queima de cana de açúcar da indústria Jayoro, em Presidente Figueiredo, no Amazonas (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real/2013). Leia mais aqui.
Lucas Ferrante é biólogo e doutorando em Ecologia no estuda do impacto da mudança climática sobre biodiversidade, tendo como professor Philip Fearnside, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Na instituição fez também o mestrado em Ecologia. Formado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL), é pesquisador associado ao Centro de Estudos Integrados da Biodiversidade Amazônica (CENBAM), ao Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), e ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Serviços Ambientais da Amazônia (INCT-SERVAMB).
Leia mais aqui.
Philip Martin Fearnside é doutor pelo Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade de Michigan (EUA) e pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus (AM), onde vive desde 1978. É membro da Academia Brasileira de Ciências e também coordena o INCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia) dos Serviços Ambientais da Amazônia. Recebeu o Prêmio Nobel da Paz pelo Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), em 2007. Tem mais de 500 publicações científicas e mais de 200 textos de divulgação de sua autoria que estão disponíveis neste
link .
http://amazoniareal.com.br/cana-de-acucar-da-amazonia-uma-ameaca-floresta/
Nenhum comentário:
Postar um comentário