Ontem foi um dia dedicado a manifestações públicas em Cancun. Os movimentos sociais realizaram duas passeatas, uma mais no centro da cidade e outra tentando chegar ao local da Conferência oficial da ONU. A do centro contou com uma diversidade de movimentos e entidades, sendo que a maioria dos participantes eram mexicanos/as. A outra foi liderada pela Via Campesina.
Um dos gritos mais fortes teve esse conteúdo: A terra não se vende, se ama e se defende. Está aí, na visão popular, o motivo que deve levar a humanidade a rever sua relação com a Terra: ela é mãe da vida e deve ser amada e defendida, e não esquartejada em propriedades para ser explorada.
Os povos ainda não têm lugar nos espaços das reuniões oficiais; a democracia continua uma palavra vazia na boca dos políticos, pois, ao mesmo tempo que se afirmam representantes da cidadania, evitam a presença ativa e direta dela. O resultado disso é um fosso entre o que é proposto, sugerido, exigido nas ruas, e o que está sendo feito e elaborado na COP 16. Se ouvissem o grito que vem das ruas e, mais ainda, se ouvissem o grito da Terra e de todos os seres vivos, deveriam envergonhar-se de continuar protelando indefinidamente decisões que todos sabemos ser necessárias e urgentes.
Como não temos outro planeta para viver, só nos resta continuar teimando na busca de saídas dos impasses e desastres provocados pela ação de uma pequena parte da humanidade que, para enriquecer e dominar sobre os demais, organizaou-se para explorar a Terra, levando-a ao desequilíbrio em que se encontra. Precisamos encontrar maneiras de superar o que ainda divide os movimentos e organizações sociais para que possamos ser um eco estridente dos gritos da mãe terra, capaz de forçar o avanço nos acordos e medidas necessárias para que a Terra não despense a humanidade de seu ambiente vital.
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