Ouvir por horas os discursos dos delegados oficiais - presidentes, ministros ou outros funcionários - à COP 16 é algo que, num primeiro momento, impressiona. Percebe-se um aparente consenso em torno da realidade trágica do aquecimento global e seus efeitos em todos os continentes e ilhas e da necessidade da implementação imediadta de medidas que enfrentem as suas causas. Para isso, cada representante ocupa a tribuna e fala, em média, em torno de sete minutos, sendo que alguns ultrapassam doze minutos. Muita repetição, numa linguagem e tratamentos claramente diplomáticos.
Dessa forma, o penúltimo dia da COP foi ocupado com discursos, declaração de intensões. Quando iniciarão as negociações sobre os termos dos acordos que foram sendo elaborados em tantos dias de nogociações de representantes de segundo escalão, e que contaram com insumos provindos de debates promovidos por governos e/ou por entidades da sociedade civil, em que cabem tanto ONGs quanto entidades empresariais? Quando e como aparecerão os reais interesses em jogo, uns tentando avançar, outros fazendo de tudo para impedir que algo concreto seja decidido? Tudo ficará para o último dia. Haverá, mais uma vez, um grupo de países que tentarão fazer passar um texto de última hora, de forma antidemocrática, ou haverá disposição e cooperação para avançar em acordos efetivos?
Pelo que se percebe, a tendência será a repetição do que tem caracterizado essas Conferências: protelar decisões, sempre em nome de que ainda não se chegou ao consenso. Um dos sinais dessa tendência estava mais do que clara nos discursos de ontem: a referência constante à COP 17, a ser realizada na África do Sul, e à preparatória, que acontecerá em outro país aficano. A conclusão, até prova em contário - absolutamente desejavel -, é a de que se continua com o jogo de irresponsabilidades, pois a resposta ao reconhecimento do desastre limita-se à organização de outra conferência, repetindo gastos impressionantes, como os que mantiveram a COP 16 numa cidade turística como Cancún.
Enquanto isso, a Colômbia está quase submersa em enchentes nunca vistas, segundo o depoimento do represnetante deste país...
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