Os que acompanhamos a COP 16 despertamos com um sentimento de alívio: para surpresa geral, o pior foi evitado! Meio aos trancos e barrancos, foi aprovado que o Protocolo de Kioto continua pautando as negociações sobre o controle da emissão dos gases que provocam efeito estufa. Isto significa que há a possibilidade de avançar em acordos viculantes, isto é, que obrigam os países a cumprirem o que for estabelecido para cada um. Além disso, foi aprovada a constituição de um Fundo destinado a apoiar os países mais frágeis e mais atingidos em seus esforços para adaptar-se às novas situações.
Tudo bem, não há dúvida que isso é melhor do que o abandono completo do Protocolo de Kioto, como desejavam diversos países explicitamente, e por outros que se mantinham escondidos. Mas, se lembrarmos que os Estados Unidos até hoje não o aprovou, e por isso nã está incluído entre os países que serão obrigados a realizar o que acordado, e, além disso, que mesmo em Cancum se evitou establecer qualquer meta e prazo para alcançar o consenso, não é possível sentir-se em festa. Pelo contrário, uma vez evitado o pior, o que vem pela frente continua um imenso desafio, e será necessário muito trabalho diplomático e muita pressão dos povos para que se avance rápida e efetivamente.
De toda maneira, o fato de estar no texto final de Cancum o reconhecimento de que os esforços devem concentrar-se em evitar que a temperatura ultrapasse os 2 graus Célsius, colocando como meta desafio a tentativa de ficar em 1,5 graus C, é um feito importante, especialmente quando se tem presente a falta de vontade política e os compromissos defendidos por muitos delegados dos países. Isso confirma que chegamos a um consenso em torno do aquecimento do planeta e das mundanças provocadas por ele, e que, diante disso, os que se negarem a assumir suas responsabilidades em favor das medidas necessárias para enfrentar as causas desses fenômenos deverão ser acusados de crime de genocídio, pois serão responsáveis pelos que perderem a vida por causa do agravamento das mudanças climáticas, que já causaram um número impressionante de vítimas fatais, além dos 50 milhões de migrantes climáticos...
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