quinta-feira, 12 de novembro de 2015

POEMA SOBRE A TRAGÉDIA DA LAMA NINEIRA


Uai - Não é alegria, não é brahma
é lama!
Pula da cama, que vem lama
Corre, voa, vem barro
Não tente salvar nada, nem o carro!

Não é barragem, é sacanagem!
Mar selvagem levando tudo...
Sonhos, vida, sem tempo para despedida!
É de deixar tudo mudo!
Num enterro profundo...

É minério, é cemitério!
É buraco fundo a troco de nada!
É mentira!
A certeza está na morte que a vida tira...
É metralhadora que milhões de lama atira
Não sei de onde vem tanta ira!

A roça, a esperança viram lama
Nas águas antes limpa do riacho
Hoje lama e barro num vermelho de sangue veloz rio abaixo!
Diacho! Não sei o que é pior:
- o bicho feio ou o homem que nos faz de otário!
E se diz grande empresário!
Com dinheiro compra até o noticiário!

O pobre cada vez mais pobre
Você grita, clama, chama
Não adianta tudo está debaixo da lama
Paga imposto
Na sua terra você vira encosto!
Só tristeza, desolação e lágrimas no rosto!

O minério foi pra China e o pro Japão
aqui ficou a destruição...
Pro político tudo, para a população nem um tostão!
A mãe tenta amamentar o filho que chora!
Do seu peito só sai lama!
Pra Deus em vão clama!
É melhor o fogo com sua chama
do que esse mar violento de lama!

Oh! Minas Gerais onde estão seus Inconfidentes ?
Que por muito menos fizeram a derrama
Hoje só choro de gente humilde
Que de tanto não viver já nem reclama!
Acorda Minas! Ainda no peito há uma chama!
Vamos à luta!
A força do inimigo é bruta!
Vamos uai!
Não vamos trocar uais por ais!
Aqui é Minas Gerais...

Roberto Coutinho
071115

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