sexta-feira, 26 de junho de 2015

PAIXÃO E MORTE DE AMARILDO

SÓ QUERO ACRESCENTAR AO TEXTO DO ROBERTO O SEGUINTE: É SANGUINÁRIO O DNA DE NOSSA POLÍTICA APENAS APARENTEMENTE DEMOCRÁTICA, NA REALIDADE OLIGÁRQUICA. TEMOS COMO TAREFA HISTÓRICA ENCONTRAR CAMINHOS PARA FAZER A REVOLUÇÃO CULTURAL SUGERIDA PELO PAPA FRANCISCO NA "LAUDATO SI´", SOBRE O CUIDADO DA CASA COMUM. QUE A O BRASIL SEJA CASA COMUM, DE E PARA TODOS OS BRASILEIROS E BRASILEIRAS, E NÃO PARA MEIA DÚZIA DE PROPRIETÁRIOS DO AGRONEGÓCIO, DA MINERAÇÃO E DO CAPITAL FINANCEIRO. 

Paixão e morte de Amarildo.
- O DNA do Brasil sanguinário -
Roberto Malvezzi (Gogó)

A descrição do assassinado do pedreiro Amarildo, feita por representantes do Ministério Público no Jornal Nacional (22/06/2014) com tantos detalhes, me levou à comparação inevitável com Jesus na cruz pelas mãos das autoridades judaicas. Como não vi nenhuma reação a tanta perversidade, decidi reescrever sobre o assunto.
O fato de ser aprisionado, levado à UPP, sofrer torturas com sacos plásticos na cabeça, afogamentos e outras coisas que nem a representante do MP teve coragem de publicar, mostra um cenário de perversidades cabal por parte dos policiais.
Depois do crime, a ocultação do cadáver, com participação do BOPE, aquele mesmo de heróis como o Capitão Nascimento, consuma a cena.
Qual é mesmo o crime cometido por esse pedreiro? Dizem que ele ou a família ocultava alguma droga em sua pobre casa na favela e que não queria entregar o esquema, ou qualquer coisa assim, pouco importa. Por isso ele foi preso, torturado e morto.
Até hoje não sabemos exatamente de quem era o helicóptero preso com 450 kg de cocaína em Minas Gerais, muito menos quem era o dono da droga. Certamente, não era de alguém parecido com Amarildo, o pobre, o negro, o favelado.
Esses dias prenderam outro avião no Ceará, com 350 kg de cocaína. Até não sabemos de quem era o avião e muito menos de quem era a droga.
O Brasil não tem apenas um problema de segurança pública, mas o DNA de uma sociedade violenta, para parafrasear Barack Obama, quando dizia que os americanos do norte carregam o escravagismo em seu DNA. Não são apenas eles.
O Brasil é o país mais violento do mundo – mais do que aqueles que estão em guerra – com 50 mil assassinatos por ano. A grande maioria cometido por policiais. A grande maioria das vítimas tem a cara do Amarildo.
No campo ainda se mata trabalhadores rurais e indígenas como nos tempos dos bandeirantes. Basta conferir os relatórios da Pastoral da Terra e do CIMI.
A bancada da bala, junto com a da Bíblia e do boi, quer tornar – ou já tornou? – assassinato de policial um crime hediondo. Por que os crimes cometidos por policiais, como esse do Amarildo, também não são hediondos?
A sociedade brasileira é violenta e sanguinária. Porém, nos acostumamos a ela, como nos acostumamos ao fedor do Tietê e do Pinheiros, à destruição de nossas florestas e rios, à uma sociedade cujos 50% dos lares nem tem acesso à rede de esgoto.
Mas, não nos preocupemos. Vamos reduzir a maioridade penal e todos os problemas de violência da sociedade brasileira serão resolvidos. Pelo menos é o que acha a bancada BBB e 87% da população brasileira segundo o Datafolha.

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