AGORA, DIANTE DA PESQUISA DA Dra. ELISA PODESTÁ GOMES, O QUE DIRÃO OS TÉCNICOS, O MINISTRO E A PRÓPRIA PRESIDENTE DILMA, QUE FOI DA ÁREA E TEM A RESPONSABILIDADE DE TER DESESTRUTURADO, EM 2004, O PROJETO DE POLÍTICA ENERGÉTICA ELABORADO EM 2002 PARA O GOVERNO LULA? CERTAMENTE DIRÃO QUE OS DADOS E A CONCLUSÃO DA TESE NÃO SÃO SEGUROS, POIS SÃO CONTESTADOS PELOS ESTUDOS DAS EMPRESAS E DOS TÉCNICOS DO MME, LIGADOS ÀS EMPRESAS! E PODERÃO ATÉ ENCOMENDAR E PAGAR POR NOVAS PESQUISAS QUE "DEMONSTREM" QUE NÃO VALE A PENA REPOTENCIAR AS USINAS.
CONTUDO, A CONCLUSÃO DA TESE, BASEADA EM DETALHADA ANÁLISE DA REALIDADE DAS USINAS HIDRELÉTRICAS, É DESAFIADORA: SE HOUVESSE VONTADE POLÍTICA, EM POUCO TEMPO E COM CUSTOS BAIXOS, SERIA POSSÍVEL AUMENTAR A ENERGIA ELÉTRICA DISPONÍVEL EM 11.000 MW! SEM NENHUMA GRANDE OBRA, SEM ESTRAGAR RIOS, SEM CAUSAR CONFLITOS SOCIAIS, SEM AGREDIR O AMBIENTE VITAL, O GANHO EM ENERGIA SERIA IGUAL AO ANUNCIADO COMO PRODUÇÃO DA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE. MAS COMO SE SABE QUE, POR CAUSA DA VARIAÇÃO DO RIO XINGU, A PRODUÇÃO MÉDIA DE BELO MONTE SERÁ MUITO MAIS BAIXA, ENTRE 3 E 4 MW, A REPOTENCIAÇÃO PODE GERAR TRÊS VEZES MAIS ENERGIA DO QUE ESTA HIDRELÉTRICA!
É ISSO QUE APAVORA AS EMPRESAS CONSTRUTORAS E AS QUE GANHAM COM VENDA DE ENERGIA: QUE O POVO SAIBA QUE HÁ OUTRAS FORMAS MAIS BARATAS E RACIONAIS DE PRODUZIR ENERGIA. POR ISSO, O GOVERNO, PARA SER DEMOCRÁTICO E FAZER BOA GESTÃO DOS RECURSOS PÚBLICOS, NÃO PODE CONSULTAR AS EMPRESAS PARA DECIDIR O QUE FAZER COMO POLÍTICA ENERGÉTICA, POIS ISSO É IGUAL A CONSULTAR AS RAPOSAS SOBRE COMO ELAS QUEREM "CUIDAR" DAS GALINHAS!
JUNTO COM A REPOTENCIAÇÃO, É URGENTE UMA DECISÃO POLÍTICA DE PROMOVER A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM TODAS AS FORMAS DE USO DE ENERGIA, DESDE A PRODUÇÃO ATÉ CONSUMO, PASSANDO PELAS LINHAS DE TRANSMISSÃO, EM QUE SE PERDE ENTRE 20 E 30%, UM ÍNDICE INACEITÁVEL NO MUNDO E NO TEMPO DE HOJE. QUANTAS BELO MONTE PODERÍAMOS DEIXAR DE CONSTRUIR SE CUIDÁSSEMOS DE GASTAR O MÍNIMO DE ENERGIA EM TODAS AS ATIVIDADES DE PRODUÇÃO E DE USO PÚBLICO E DOMÉSTICO?
FINALMENTE, MAS SENDO O MAIS IMPORTANTE, POR QUE NÃO PRODUZIR A ENERGIA QUE REALMENTE PRECISAMOS, DEPOIS DE CUIDAR DA REPOTENCIAÇÃO, DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E DA REDEFINIÇÃO DA POLÍTICA MINERÁRIA E DE OUTRAS PRIORIDADES INDUSTRIAIS, UTILIZANDO O SOL QUE SE OFERECE RISONHO E GRATUITO EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL DE FORMA DESCENTRALIZADA? NÃO VALE CONSULTAR E DECIDIR COM AS EMPRESAS QUE LUCRAM COM VENDA DE ENERGIA, POIS PARA ELAS ISSO SERIA UM DESASTRE!
IHU - Quarta, 26 de fevereiro de 2014
Reforma reduz
necessidade de novas hidrelétricas, diz estudo
O Brasil poderia ganhar a capacidade de produzir mais 11.000 MW de
potência elétrica sem construir uma única nova usina, apenas reformando e
aproveitando espaços já existentes em hidrelétricas já instaladas, mostra a
dissertação de mestrado “Potencial de repotenciação de usinas
hidrelétricas no Brasil e sua viabilização”, defendida pela
engenheira Elisa de Podestá Gomes na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp.
Esse número se aproxima da potência instalada total prevista para a Usina de Belo Monte, no Rio Xingu, de 11.233 MW.
A reportagem é de Carlos Orsi,
publicada pelo Jornal da Unicamp, 24-02-2014.
“Na realidade brasileira ainda há
espaço para a instalação de novas usinas hidrelétricas, sujeitas,
evidentemente, a pressões e exigências socioambientais crescentes. Por outro
lado, a repotenciação de usinas hidrelétricas existentes tem sido muito pouco
explorada até o momento. Tratam-se de duas abordagens alternativas, porém
complementares, no atual contexto brasileiro. É claro que, quanto mais obras de
repotenciação forem realizadas, mais se posterga a necessidade de construção de
algumas novas usinas”, escreve a autora na conclusão de seu trabalho.
“Repotenciação” é uma reforma
da estrutura de geração energética de uma usina hidrelétrica, com a substituição
de tecnologias ultrapassadas por alternativas modernas. “Quando uma usina opera
há muitos anos, mais de 20, 30, 40 anos em funcionamento, seus componentes se
desgastam”, explicou Elisa ao Jornal da Unicamp. Depois de algum tempo, é preciso
trocar os principais componentes da usina, e pelo fato de a tecnologia atual
ser mais desenvolvida do que quando a usina foi construída, em vez de apenas
fazer uma manutenção, é possível aprimorar seu desempenho. “O objetivo é sempre
conseguir condições melhores. Tornar a usina melhor do que era, em questões
técnicas e na produção de potência e/ou energia para o Sistema Interligado Nacional”.
O processo, nota a autora, é mais
barato que a construção de mais usinas, já que não envolve novas obras de
construção civil. Além disso, tem menos impacto ambiental e social, uma vez que
toda a fase traumática de instalação da estrutura – a formação do lago, o
deslocamento de populações – já ocorreu no passado. “A repotenciação é, sem
dúvida, uma das melhores e mais econômicas formas de aumentar a capacidade de
geração em um curto espaço de tempo sem impactos ambientais significativos”,
diz a dissertação.
Para realizar sua análise, Elisa seleciona
43 usinas hidrelétricas brasileiras com mais de 30 anos e com unidades de
geração de energia de 15 MW ou superior. Essas usinas representam quase 20% de
toda a potência instalada no país. Ela simula três tipos de repotenciação:
mínima, leve e pesada. A primeira apenas recupera a capacidade original da
usina, enquanto que a última envolve a troca de componentes essenciais da
unidade. A dissertação afirma que, se todas as 43 usinas passassem por
processos de repotenciação pesada, o aumento da capacidade instalada no Brasil
seria de mais de 6.000 MW.
Poços
Outros 5.000 MW poderiam ser ganhos, afirma o trabalho, com o
aproveitamento dos “poços” de usinas existentes – “poço”, no caso, é o nome
dado ao espaço deixado na estrutura da usina para a instalação de equipamentos
geradores de energia que, por vários motivos, nunca chegaram. “Eram obras de
concessionárias estatais, que depois de alguns anos não tinham dinheiro para
completar a obra, por exemplo”, disse Elisa. A dissertação
identificou 12 usinas como “poços” por todo o Brasil, do Paraná ao Pará.
Para fazerem sentido econômico para as concessionárias que assumiram a
tarefa de produzir energia no Brasil, após a reorganização do setor elétrico e
as privatizações realizadas no governo Fernando Henrique Cardoso,
as estratégias defendidas na dissertação requerem mudanças no sistema
regulatório atual, diz Elisa.
“Após este período de privatizações, o governo brasileiro esperava que a
iniciativa privada investisse no setor elétrico. Contudo, por diferentes
motivos, como a falta de um marco regulatório bem definido, planejamento
energético e regras para o setor, e um cenário institucional incerto, o
investimento ocorrido não foi o esperado e nem suficiente”, diz o texto, que recorda
a crise do “apagão” de 2001.
“Com o racionamento que ocorreu em
2001, as paradas de máquinas para manutenção ou a suspensão de obras teriam que
ser muito bem planejadas, pois causam queda na produção de energia”, lembra a
dissertação. “O custo de indisponibilidade das máquinas geradoras foi
encarecido, aumentando os valores de uma obra de repotenciação, a ponto, até,
de inviabilizar este tipo de projeto”.
No governo Lula, uma segunda reforma do setor elétrico entrou
em curso. “No novo modelo institucional do setor elétrico brasileiro, a geração
compete pelo mercado através dos leilões de energia. As empresas
concessionárias distribuidoras devem contratar seu suprimento com cinco anos de
antecipação, para sinalizar aos geradores seu aumento de demanda com a devida
antecedência para que os geradores possam executar a tempo suas eventuais obras
de expansão”, descreve o trabalho.
“O problema que existe é com a regulação da energia”, explicou a autora,
sobre os obstáculos atuais à repotenciação e ao aproveitamento dos “poços”.
“Todo o sistema elétrico é interligado, e para fazer parte dele, é preciso
participar de leilões de energia . O preço que vence o leilão – o mais baixo –
é a remuneração daquela usina pelo período de concessão. Você sempre vai ganhar
aquele valor, para gerar o tanto que for solicitado pelo ONS. Não há incentivo para gerar mais. Eu fiquei muito
inconformada quando descobri isso”, disse ela à reportagem. “Não há incentivo
para produzir além do contratado. Hoje não há nenhuma lei que diga que a
concessionária será reembolsada se investir para aumentar sua potência.”
Elisa argumenta,
ainda, que tanto a repotenciação quanto o uso dos “poços” reduziriam as
dificuldades de logística, como a construção de novas linhas de transmissão, e
também os riscos do sistema, já que longas linhas, como as que deverão ligar as
futuras usinas da região amazônica ao Centro-Sul do
país, ficam expostas a intempéries.
“O governo divulgou que quer antecipar o leilão da usina de Tapajós, uma usina nova, também na região
norte, e de algumas linhas de transmissão no norte, depois de mais um blackout
ocorrido em fevereiro“, disse Elisa.
“Contudo, novamente, não se pensa em outras possibilidades, como a
repotenciação. Como já foi dito, a construção de uma nova usina demora muito
mais tempo do que uma obra de repotenciação”.
A pesquisadora lembra ainda que, conforme aumenta a participação de
usinas termelétricas, usinas hidrelétricas sem reservatório de acumulação – as
chamadas “usinas de fio d’água”, como Belo Monte – e
outras geradoras que utilizam fontes de energia com grande variabilidade e
baixa previsibilidade, como as eólicas, aumenta também a necessidade de opções
para garantir o atendimento dos momentos de demanda máxima do setor elétrico, a
chamada ponta de carga. “A supermotorização de usinas hidrelétricas possibilita
isto”, disse Elisa. “Mas as atuais regras de funcionamento do setor
elétrico brasileiro não provêm estímulos econômicos para tal. Não existem, por
exemplo, leilões de capacidade adicional para atendimento de ponta, como ocorre
em diversos países. Isto precisa mudar logo, para se evitar blackouts
recorrentes no futuro”.
História
Repotenciações são comuns em países
que adotaram a energia hidrelétrica antes do Brasil, e que já têm quase todo
seu potencial de geração hídrica aproveitado. “Países como a Áustria, Canadá,
Estados Unidos da América, Finlândia, Noruega e Rússia, dentre outros, possuem
um parque hidrelétrico mais antigo que o brasileiro. Por já terem utilizado
quase todo o seu potencial hidráulico e as outras fontes de energia serem mais
caras e, muitas vezes, poluentes, a repotenciação de usinas hidrelétricas antigas
tem sido comum nestas nações”, afirma a dissertação. “Nos Estados Unidos, por
exemplo, mais de 110 usinas hidrelétricas já tinham sido repotenciadas até
2006”.
Embora a maior parte da eletricidade consumida no Brasil seja gerada em
usinas hidrelétricas, com uma participação de mais de 83% em 2009, o país ainda
conta com um grande potencial inexplorado, mas quase todo ele – quase 90% –
concentrado na região Norte, nas bacias dos rios Amazonas e Tocantins.
Por conta disso, “boa parte do potencial hidrelétrico remanescente
possui um custo de transmissão elevado, devido às longas distâncias envolvidas
e inúmeros problemas socioambientais, associados, muitos deles, à localização
da maioria deste potencial remanescente na Amazônia”, lembra o
texto.
Algumas usinas brasileiras já foram repotenciadas. O primeiro caso,
citado na dissertação, foi o da usina de Rasgão, noRio Tietê, propriedade da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE).
Localizada em Pirapora do Bom Jesus, a usina viu suas primeiras unidades
entrarem em operação em 1925. Desativada em 1961, foi repotenciada em 1989, com
aumento de 50% na capacidade instalada, e opera até hoje.
A dissertação registra 18 usinas
brasileiras que já passaram por processos de repotenciação, modernização ou
grandes reparos, totalizando 94 unidades geradoras de energia. As unidades
afetadas tinham idade média de 35,7 anos e obtiveram um aumento médio de
potência de 17,8%.
Depois da usina de Rasgão, a mais antiga unidade repotenciada foi a Pequena Central Hidrelétrica (PHC) de
Dourados, da CPFL, no Rio Sapucaí-Mirim. Construída em 1926, ela foi
reformada em 2000, com um ganho de 68% no potencial instalado, chegando a 10,8
MW.
As primeiras repotenciações no Brasil, após a de Rasgão, ocorreram em 1996, afetando as usinas de Jupiá (de 1969) e de Ilha Solteira (de
1973). Os ganhos de potência instalada foram de 9,9% e 6,6%, respectivamente.
Já a mais recente foi a da usina de Três Marias, no Rio São Francisco. Suas operações tiveram início em
1962, e a instalação passou pelo processo em 2011, com ganho de potência de
1,5%
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