UM BOM EXEMPLO, A SER SEGUIDO PELOS DEMAIS REGIONAIS DA CNBB.
NOTA DOS BISPOS DO MARANHÃO SOBRE A SITUAÇÃO ATUAL
Todas as vezes que fizestes isso a um destes mínimos que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes! (Mt 25,40).
O
Evangelho deixa bem claro que Jesus sempre teve um olhar de compaixão
para com os pobres, identificando-se com eles e defendendo-lhes a
dignidade (cf. Mt 25, 31-45).
Inspirados no testemunho de Jesus,
nós, bispos católicos do Regional Nordeste 5 da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil-CNBB, reunidos no Conselho Episcopal Regional, de 04 a
06 de fevereiro 2019, em Coroatá-MA, analisamos a atual conjuntura
social e política do País.
Entre outras questões, constatamos
com preocupação a extinção do Ministério do Trabalho, fato que pode
ocasionar perdas de direitos dos trabalhadores.
Preocupa-nos
também a atribuição da demarcação de terras indígenas, anteriormente sob
a responsabilidade da Fundação Nacional do Índio-FUNAI, ao Ministério
da Agricultura, cujos dirigentes têm manifestado opiniões, ao nosso ver,
contrárias aos direitos fundamentais dos povos indígenas.
Outra
preocupação provém de pronunciamentos por parte de membros do Governo
Federal, cuja intenção parece ser a de intimidar os militantes do
Conselho Indigenista Missionário-CIMI e da Comissão Pastoral da
Terra-CPT.
Tanto o CIMI como a CPT são organismos importantes na
defesa dos direitos dos povos indígenas, das comunidades quilombolas e
dos trabalhadores do campo, direitos esses que são reconhecidos pela
Constituição Federal.
No Maranhão, reafirmamos o nosso apoio aos povos indígenas que resistem com coragem à invasão de seus territórios.
Também
nos solidarizamos com as famílias atingidas pela construção de torres
para produção de energia eólica em Paulino Neves, bem como com as
famílias prejudicadas com a instalação do linhão para o transporte da
energia ali produzida.
Não deixa de ser irônico que pobres
pescadores artesanais e pobres camponeses paguem proporcionalmente uma
conta maior para a produção dessa energia considerada limpa.
A
tragédia, acontecida em Brumadinho-MG apenas três anos após aquela outra
acontecida em Mariana, nos leva a redobrar a atenção e a reflexão com
vista a possíveis tomadas de decisão a respeito das consequências e
impactos negativos provenientes da mineração, do transporte e do
embarque de minério de ferro em nossa região.
Não podemos também
nos esquecer dos tanques de lama vermelha produzidos pela Alumar, e
outros projetos, como a expansão do Porto de Itaqui e a criação de
camarão, os quais, sem trazer ganhos sociais significativos, colocam em
risco o frágil bioma da Ilha de São Luís e dos Campos de Perizes.
Reafirmamos
nosso apoio à resistência das comunidades indígenas e quilombolas, à
Teia das Comunidades Tradicionais, à ONG Justiça nos Trilhos, entre
outras.
Colocando a vida de nosso povo sob a proteção de Nossa
Senhora Aparecida e pedindo a graça para sempre imitarmos o exemplo de
Jesus Cristo, subscrevemos:
Armando Martín Gutiérrez, bispo de Bacabal
Elio Rama, bispo de Pinheiro
Esmeraldo Barreto de Farias, bispo auxiliar de São Luís
Francisco Lima Soares, bispo de Carolina
José Belisário da Silva, arcebispo de São Luís
José Spiga, administrador diocesano de Viana
José Valdeci Santos Mendes, bispo de Brejo
João Kot, bispo de Zé Doca
Rubival Cabral Brito, Bispo de Grajau
Sebastião Bandeira Coêlho, bispo de Coroatá
Sebastião Lima Duarte, bispo de Caxias
Vilsom Basso, bispo de Imperatriz
Xavier Gilles de Maupeou d'Ableiges, bispo emérito de Viana
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
CNBB - REGIONAL NE 5
Sugerimos
que, nos dias 23 e 24 de fevereiro, ao se completar um mês da tragédia
de Brumadinho e fazendo memória de suas vítimas, se faça a leitura desta
nota.
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