CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora.
MENSAGEM DOS BISPOS DAS PASTORAIS SOCIAIS
“Eu vi... e ouvi o clamor do meu povo” (Ex 3,7)
Nós, Bispos da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora e
Referenciais das Pastorais Sociais, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
reunidos em Brasília, na sede das Pontifícias Obras Missionárias, nos dias 31 de julho e 1º de
agosto de 2017, procuramos luzes para a atuação da Igreja no Brasil frente aos novos
desafios da nossa realidade, hoje.
Contando com a magnífica assessoria do Pe. José Oscar Beozzo, inspiramo-nos no Concílio
Vaticano II, particularmente na Constituição Pastoral Gaudium et Spes (Alegria e Esperança),
resgatando sua aplicação na América Latina e no Caribe, a partir da 2a. Conferência
Episcopal deste Continente, em Medellín, cujo aniversário de 50 anos celebraremos em
2018, reavivando e atualizando suas intuições e compromissos fundamentais no contexto da
atual transformação social.
Reconhecendo que não há realidade alguma, verdadeiramente humana, que não encontre
eco no coração de Cristo (cf. Gaudium et Spes, nº 1), entendemos que a Igreja tem por
missão pastoral atuar frente à globalidade da realidade, particularmente as situações que
geram sofrimentos humanos, com a mesma compaixão de Jesus Cristo.
“Para levar a cabo esta missão, é dever da Igreja estar atenta a todo momento aos sinais dos
tempos, e interpretá-los à luz do Evangelho; para que assim possa responder, de modo
adaptado em cada geração, às eternas perguntas dos homens acerca do sentido da vida
presente e futura, e da relação entre ambas. É, por isso, necessário conhecer e compreender
o mundo em que vivemos, as suas esperanças e aspirações, e o seu carácter tantas vezes
dramático” (Gaudium et Spes, nº 4).
Clamam aos céus, hoje, as muitas situações angustiantes do Brasil, entre as quais o
desemprego colossal, o rompimento da ordem democrática e o desmonte da legislação
trabalhista e social. O governo, em lugar de fortalecer o papel do Estado para atender as
necessidades e os direitos dos mais fragilizados, favorece os interesses do grande capital,
sobretudo financeiro especulativo, penalizando os mais pobres, por exemplo com a reforma
da previdência, falsamente justificada.
Não seremos um país diferente sem superarmos a ingenuidade, a passividade e a
indiferença. Urge-nos, portanto, como Igreja, realizar nossa missão pastoral em profunda
comunhão, com coragem profética, promovendo e fortalecendo ações comuns com todos os
setores democráticos deste país, em favor de novos rumos para a sociedade brasileira,
fundados na dignidade humana de todos os cidadãos e cidadãs e no bem comum.
Interpelados pelo Espírito do Senhor, convidamos nossas comunidades eclesiais, os
organismos do Povo de Deus e todas as pessoas de boa vontade a implementar ações que
transformem em esperança as apatias e frustrações da sociedade brasileira, afinal, como diz
o Papa Franscisco, o coração de Deus é e continuará incandescente por amor a seu povo (cf.
Audiência Geral, 26 de abril de 2017). Assim, também, estejam, hoje e sempre, os nossos
corações!
Que Nossa Senhora Aparecida, a quem expressamos nosso louvor especial neste Ano
Mariano, nos inspire a revelar o rosto misericordioso de Deus, defensor da justiça em favor
dos empobrecidos, sendo sinais e intrumentos da ação libertadora e humanizadora de
Cristo, frente às novas formas de escravidão dos tempos atuais.
Brasília, 1º de agosto de 2017.
Dom Guilherme Antonio Werlang, Msf
Bispo de Ipameri/GO
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora
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