ATÉ ONDE IREMOS? SE NÃO CONSEGUIRMOS MUDAR, COMO CONSTA NO ARTIGO, O QUE FARÁ A TERRA EM RELAÇÃO À ESPÉCIE HUMANA?
Dia
da Sobrecarga da Terra acontece cada vez mais cedo: 02/08/2017
"O dia 02
de agosto é o dia em que a civilização global sai do verde do
superávit ambiental para entrar no vermelho do déficit ambiental",
alerta José Eustáquio Diniz Alves,
doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População,
Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas
– ENCE/IBGE, em artigo publicado por EcoDebate, 31-07-2017.
Eis o artigo.
"Uma pessoa é
rica na proporção do número de coisas de que ela é capaz de abrir mão”
Duzentos anos do nascimento de
Henry Thoreau (1817-1862)
A cada ano, a humanidade esgota mais cedo a cota apropriada da riqueza natural do planeta. Com base em estatísticas oficiais de 150 países, a Global Footprint Network registra que entre o dia primeiro de janeiro e o segundo dia de agosto de 2017, os humanos utilizaram toda a biocapacidade anual do Planeta. Ou seja, o dia 02 de agosto de 2017 é o Dia da Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot Day), do corrente ano.
A cada ano, a humanidade esgota mais cedo a cota apropriada da riqueza natural do planeta. Com base em estatísticas oficiais de 150 países, a Global Footprint Network registra que entre o dia primeiro de janeiro e o segundo dia de agosto de 2017, os humanos utilizaram toda a biocapacidade anual do Planeta. Ou seja, o dia 02 de agosto de 2017 é o Dia da Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot Day), do corrente ano.
(Fonte: EcoDebate)
Este dia marca o
momento em que o sistema de produção e consumo absorveu todos os insumos
naturais oferecidos pelo planeta, previstos para os 12 meses do ano. Portanto,
o dia 02 de agosto é o dia em que a civilização global sai do
verde do superávit ambiental para entrar no vermelho do déficit
ambiental.
No restante do ano, a
civilização estará no cheque especial e
terá de recorrer à herança deixada por milhões de anos de evolução da natureza.
Significa que as atuais gerações dilapidarão as condições de vidas das demais
espécies vivas da Terra e comprometendo o futuro das próximas
gerações de humanos.
O cálculo da Sobrecarga é
feito a partir de duas medidas realizadas para se avaliar o impacto humano
sobre o meio ambiente e a disponibilidade de “capital natural” do mundo.
A Pegada Ecológica é
uma metodologia de contabilidade ambiental que permite avaliar a demanda humana
por recursos naturais, com a capacidade regenerativa do planeta. A Pegada
Ecológica de uma pessoa, cidade, país ou região corresponde ao tamanho das
áreas produtivas de terra e mar necessárias para gerar produtos, bens e
serviços que utilizamos. Ela mede a quantidade de recursos naturais biológicos
renováveis (grãos, vegetais, carne, peixes, madeira e fibra, energia renovável
entre outros) que estamos utilizando para manter o nosso estilo de vida.
O cálculo é feito
somando as áreas necessárias para fornecer os recursos renováveis utilizados e
para a absorção de resíduos. É utilizada uma unidade de medida, o hectare
global (gha), que é a média mundial para terras e águas produtivas em um ano.
A Pegada Ecológica serve para avaliar o impacto que o ser
humano exerce sobre a biosfera. A Biocapacidade avalia o
montante de terra e água, biologicamente produtivo, para prover bens e serviços
do ecossistema à demanda humana por consumo, sendo equivalente à capacidade
regenerativa da natureza.
A cada ano o mundo atinge mais cedo
o ponto de Sobrecarga e passa mais tempo no déficit ambiental,
como pode ser visto na tabela abaixo:
Quando o Dia
da Sobrecarga acontecer em 01 de julho é porque a humanidade utilizará
dois planetas para atender seu padrão de consumo. Os 7,5 bilhões de habitantes
já dominam e exploram o Planeta com o nível de bem-estar atual. Mas como a
população mundial está crescendo e o nível do consumo cresce ainda mais, a
sobrecarga aumenta, assim como o déficit ambiental. O gráfico acima
mostra que são os países com maiores níveis de IDH (países
mais ricos) que mais impactam a pegada ecológica.
Sabendo que,
coletivamente, o mundo está consumindo muito mais do que o planeta pode
sustentar, a Global Footprint Network (GFN) descreve quatro
prioridades para reduzir a pegada ecológica:
1. Descarbonização
O uso de energia
intensa em carbono é responsável por 60% da pegada ecológica
global. Segundo a estimativa da GFN, reduzir o componente de
carbono da Pegada Ecológica global em 50% levaria a reduzir os
recursos de 1,7 Terra para 1,2 Terra, ou mover a data do Dia da
Sobrecarga para frente em 89 dias, ou para 30 de outubro.
2. População
A GFN considera
que não podemos ignorar o crescimento da população se
estamos verdadeiramente empenhados em garantir vidas seguras em um mundo de
recursos finitos. Portanto, é preciso evitar a gravidez indesejada e
universalizar os serviços de saúde sexual e reprodutiva para viabilizar a
redução do tamanho médio global das famílias.
3. Produção e consumo de alimentos
Pelo cálculo da GFN,
o abastecimento de alimentos localmente, evitando alimentos altamente
processados, reduzindo o consumo de carne e cortando o desperdício de alimentos pela
metade reduziria a pegada ecológica e moveria o Dia da Sobrecarga para frente
em 11 dias.
4. Ambiente urbano construído
A GFN estima
que o aumento da eficiência energética do ambiente urbano
construído, adotando medidas para favorecer o transporte coletivo eficiente
poderia adiar o Dia da Sobrecarga em dois dias.
Atingindo essas
quatro prioridades, levaríamos o Dia da Sobrecarga para 13
de dezembro e quase estaríamos em equilíbrio com a capacidade da Terra
sustentar a civilização. O fato é que o rumo atual do mundo civilizado é
insustentável, pois a economia não pode ser maior do que a ecologia. O
progresso humano não pode ocorrer às custas do regresso ambiental. Ou abandonamos a mentalidade
antropocêntrica e adotamos a ética biocêntrica, ou a Terra
ficará, progressivamente, cada vez mais inóspita e inabitável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário