terça-feira, 9 de setembro de 2014

SENHORES CANDIDATOS/AS: É MELHOR NÃO APOSTAR TUDO NO PETRÓLEO!

VEJAM OS DADOS, AS REFLEXÕES E AS PROPOSTAS APRESENTADAS POR DOIS MEMBROS DO GREENPEACE: HÁ MUITAS VANTAGENS EM INVESTIR EM ENERGIA GERADA COM FONTES ALTERNATIVAS, ESPECIALMENTE A SOLAR. LEIAM E, SE FOR O CASO, REVISEM PARA MELHOR SUAS CONVICÇÕES. VALE A PENA NÃO DAR OUVIDOS SÓ AOS TÉCNICOS E POLÍTICOS DO GOVERNO ATUAL, JÁ QUE DEFENDEM UMA OPÇÃO TOMADA SEM LEVAR EM CONTA OS GRANDES DESAFIOS DO SÉCULO XXI, DE MODO ESPECIAL POR CAUSA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS PROVOCADAS, EM PRIMEIRO LUGAR, PELO USO DE FONTES FÓSSEIS PARA PRODUZIR ENERGIA.

O petróleo não é a única solução

Desenvolvimento do Brasil tem mais chance de
ser assegurado se nós diversificarmos os nossos investimentos em energia

É bastante oportuno que o debate sobre os impactos do pré-sal esteja no auge durante esta campanha eleitoral. O Plano Decenal de Energia do governo Dilma Rousseff prevê que, entre 2013 e 2022, seja investido R$ 1,15 trilhão no setor energético: 72,5% vão para o setor de petróleo e gás; 4,9% serão direcionados a biocombustíveis; e 3%, para as fontes chamadas de novas renováveis, como eólica, solar e biomassa. Por mais que o petróleo ainda seja necessário no mundo, cabe questionar se o Brasil deve concentrar tão maciçamente seus investimentos nessa área. Há riscos estratégicos em termos econômicos, sociais e ambientais.

Em 2012, o pré-sal arrecadou R$ 31,5 bilhões em royalties. Estima-se que esse volume totalize aproximadamente R$ 87 bilhões até 2022. Mas as perdas ocasionadas pelo uso de combustíveis fósseis, sobretudo quando utilizados como insumo para usinas térmicas de geração de eletricidade, têm custado R$ 30 bilhões ao ano e devem custar mais de R$ 450 bilhões entre 2015 e 2030.

Se o país investisse mais em fontes renováveis, ampliando a participação das fontes eólica, solar e biomassa para 30GW na matriz elétrica nos próximos quatro anos (representando 20% do total), geraria 200 mil empregos e movimentaria mais de R$ 33 bilhões. Se estendermos o prazo para 2030, instalando 60GW dessas fontes, seria possível movimentar R$ 300 bilhões, ou 6% do PIB atual. Assim, a substituição do petróleo por energias renováveis redundaria em benefícios econômicos, ambientais e sociais e colocaria o Brasil em uma posição de destaque no cenário global, que, cada vez mais, inclui a superação do petróleo como grande fonte energética — e poluidora — do planeta.

Uma outra conta reforça esse raciocínio: como nossos veículos bebem muito combustível por quilômetro rodado em relação aos equivalentes fabricados na Europa, devemos desperdiçar 114 bilhões de litros até 2030. Isso representa uma perda de R$ 287 bilhões até 2030, de acordo com estudo realizado pelos economistas Amir Khair e Luiz Afonso Simoens. Ou seja, a tecnologia deve reduzir em alguns anos nossa demanda por petróleo, e teríamos mais recursos para investir em outras fontes de energia.

Por esses e outros motivos, pensamos ser equivocado qualificar o pré-sal como a “bala de prata” que vai solucionar os imensos problemas sociais do país. Não é possível que a melhoria da educação e da saúde dependa sempre de uma solução futura.

O desenvolvimento do Brasil tem mais chance de ser assegurado se diversificarmos os nossos investimentos em energia. Afinal, a prudência recomenda não colocar todos os ovos numa cesta só. Quem ganhar a eleição para a Presidência da República deve destinar mais recursos para o incremento das fontes renováveis, trazendo benefícios palpáveis para garantir um futuro melhor para o povo brasileiro.

Sérgio Leitão é diretor de Políticas Públicas, e Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil


http://oglobo.globo.com/opiniao/o-petroleo-nao-a-unica-solucao-13873073

Nenhum comentário:

Postar um comentário