segunda-feira, 15 de setembro de 2014

BICICLETA, SAÚDE E AMBIENTE

COMPENSA O PODER PÚBLICO ATÉ PAGAR QUEM USA BICICLETA EM ÁREAS URBANAS. A DIFERENÇA ENTRE O QUE É GASTO NESTA MEDIDA E A ECONOMIA SÓ EM SAÚDE PÚBLICA, É IMENSA. SEM CONTAR A VANTAGEM DE ESTAR COM MELHOR SAÚDE E NUMA AMBIENTE MENOS POLUÍDO.

O EXEMPLO FRANCÊS NÃO PODERIA INSPIRAR OS CANDIDATOS A PRESIDENTE? PODERIAM FAZER DEBATES SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS DESSE TIPO NOS HORÁRIOS GRATUITOS, EM LUGAR DE SE ENTREGAREM AO MARKETING COMO MERCADORIAS MELHORES DO QUE AS CONCORRENTES...

França começa a pagar quem usa a bicicleta para ir ao trabalho

Desde o dia 2 de junho, os trabalhadores franceses de 19 empresas e instituições que optam por usar a bicicleta como meio de transporte para ir ao trabalho ganharão €$ 0,25 por quilômetro percorrido. Cerca de 10 mil pessoas podem ser beneficiadas com a medida, que é parte do Plano de Ação para o Desenvolvimento de Modos Ativos do governo francês.
A reportagem é de Enzo Bertolini e publicada pelo sítio vadebike.org, 11-09-2014.
O experimento terá duração de seis meses e tem como objetivos melhorar a saúde dos franceses, reduzir o consumo de combustíveis e, consequentemente, a poluição gerada por veículos. A expectativa é que haja um aumento de 50% no uso da bicicleta nos deslocamentos casa-trabalho. Em declaração à imprensa, o ministro dos Transportes, Frédéric Cuvillier, disse que o carro e os transportes públicos também recebem subsídios e que “trabalha para o desenvolvimento de todos os tipos de mobilidade”.
A estimativa do governo francês é de que a medida represente uma economia de €$ 5,6 bilhões na área de saúde, em contrapartida a despesas de €$ 20 milhões com o projeto. O valor gasto com a iniciativa será repassado pelas empresas em troca de isenções fiscais.
O incentivo apresentado integra um programa amplo de melhoria das condições de transporte dos usuários de bicicleta nas cidades francesas, incluindo também iniciativas como a construção de bicicletários e paraciclos em pontos estratégicos como estações de trem, bonde, e terminais de ônibus, além de medidas de segurança para coibir furtos e roubos.
Critérios
O abono não é cumulativo com o vale-transporte, a menos que seja feita intermodalidade como trem/metrô + bicicleta ou vice-versa. Durante os seis meses do projeto, informações serão coletadas de empregadores e trabalhadores sobre:
  • evolução dos deslocamentos diários de bicicleta;
  • modos de viagem abandonados em favor da bicicleta;
  • fatores favoráveis ou desfavoráveis à eficácia da medida;
  • organização física estabelecida em diferentes estruturas.
Os resultados serão divulgados no final do ano e, se bem sucedido, um segundo experimento será considerado em uma fase de maior escala.
Atualmente, 2,4% das viagens casa-trabalho são realizadas de bicicleta com uma distância percorrida média de 3,5 km por viagem. Outros países já adotaram projetos de estímulo ao uso da bicicleta como principal meio de deslocamento, como Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Holanda e Reino Unido.
Na Bélgica cerca de 8% de todos os deslocamentos são feitos por bicicleta, graças à isenção de impostos para esse modal em vigor há cinco anos (entre outros fatores). Na Holanda, país com excelente infraestrutura cicloviária, 25% dos trabalhadores utilizam a bike como meio de transporte.
Ações constantes
O ministro Mariani também apontou que outras medidas estão em estudo, como a modificação das regras de circulação para permitir que os ciclistas avancem o semáforo vermelho quando virarem à direita, além da construção de mais ciclovias. Estimativas apontam que, se cada europeu pedalar 2,6 quilômetros por dia em vez de usar um carro, haverá uma redução aproximada de 15% das emissões de gás carbônico provocadas pelo uso de veículos motorizados.
Cidades como Paris contam atualmente com uma ampla gama de serviços públicos destinados a favorecer o transporte por bicicleta. O próprio site da prefeitura parisiense tem um portal interno para esclarecer dúvidas tanto dos munícipes quanto dos turistas, com mapas, roteiros, simuladores de trajeto e dicas diversas sobre turismo e a conduta do ciclista na via.
Poluição
A Agência Europeia do Ambiente emitiu um comunicado no início do ano alertando para a existência de altos níveis de poluentes em vários países do centro da Europa, como a França, a Bélgica e a Alemanha. Em março, um terço do território francês, incluindo Paris, esteve em alerta por vários dias por causa da contaminação do ar. Medidas para mitigar o problema incluíram o uso gratuito dos transportes públicos, restrição de velocidade em algumas ruas, restrição de atividade industrial e do uso de chaminés.
Números franceses
  • 14 mil km de vias urbanas são equipadas para os ciclistas – 6 mil deles nos últimos quatro anos.
  • 300 mil viagens de bicicleta são feitas diariamente em Paris e nas 29 cidades vizinhas.
  • Dessas, 120 mil são em Vélib, sistema de compartilhamento de bikes.
  • A título de comparação, em São Paulo são 333 mil viagens diárias (OD/2012).
  • 90% das viagens para ir para a escola na França são de menos de um quilômetro
  • Mais de metade das viagens diárias na França são para distâncias inferiores a 3 km. E 3% delas são feitas de bicicleta.
  • 2% dos que viajam nos trens expressos regionais (TER) vão até a estação de bicicleta.
  • 10 mil km de ciclovias e vias verdes estão agora equipados para ciclistas, com uma meta de 20.700 km para 2020

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