Há poucos dias o secretário de planejamento e
desenvolvimento energético do ministério de minas e energia, Altino Ventura
Filho, afirmou que, quando o potencial hidrelétrico estiver esgotado, entre 2025
e 2030, a fonte nuclear, o carvão mineral e o gás natural deverão ser a base
para a produção de energia elétrica. Segundo ele, ainda, o sol, os ventos e a
biomassa serão apenas fontes complementares.
Este senhor está afirmando duas coisas terríveis: até 2030 o
potencial hidrelétrico deverá estar esgotado. Isto quer dizer que todas as
hidrelétricas, na Amazônia e fora dela, estarão construídas, aceitem ou não os
povos indígenas e ribeirinhos, aguente ou não a natureza. Por outro lado, essa
declaração deixa muito claro que, para os que mandam no planejamento
energético, o sol, os ventos e a biomassa nunca serão as fontes principais. E
mais uma coisa: para ele, não existem as águas do mar, mesmo se elas, com seu
movimento constante, são fonte natural e importante de energia.
Como isso está sendo falado por funcionário do MME,
significa que Dilma Roussef, se reeleita, caminhará nessa direção. Será por
isso que sua campanha se tornou tão agressiva quando a candidata Marina
levantou a possibilidade de mudar a política energética, assumindo o sol, os
ventos e a biomassa como fonte principal? E logo se passou a dizer que isso
levará a novo apagão? Da mesma forma que se passou a gritar que seria um crime
contra a economia nacional a possível revisão da política que dá total
importância ao pré-sal.
Precisamos perguntar-nos: serão todos estúpidos,
incompetentes e irresponsáveis os governos dos países que estão praticamente só
produzindo nova energia a partir do sol e dos ventos? Ou será a política
brasileira cega, conservadora e irresponsável? Afinal, retirar mais carvão, petróleo
e gás para produzir energia significa aumentar a emissão de gases que estão
provocando aquecimento do planeta e mudanças climáticas. E apostar em mais
energia nuclear significa aumentar a contaminação quase eterna de solos com a
extração do urânio e com o lixo atômico e, além disso, expor a humanidade a
novas ameaças de vazamentos.
Em lugar do uso dos horários gratuitos para propaganda
eleitoral, que não passa de tentativas de venda dos candidatos, este seria um
bom tema de debate político, pois permitiria aos eleitores escolherem entre
propostas diferentes de política energética, escolhendo a apoiando quem defende
o que de fato é melhor para a nação, entendida como o conjunto dos povos,
comunidades, pessoas, e como os diferentes ambientes favoráveis à vida; em
outras palavras, em favor dos direitos das pessoas e povos e dos direitos da
natureza, da Terra mãe da vida.
[procure, ouça e transmita o Programa de Rádio com este texto em www.fmclimaticas.org ]
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