terça-feira, 16 de setembro de 2014

ENERGIA E CAMPANHA ELEITORAL



Há poucos dias o secretário de planejamento e desenvolvimento energético do ministério de minas e energia, Altino Ventura Filho, afirmou que, quando o potencial hidrelétrico estiver esgotado, entre 2025 e 2030, a fonte nuclear, o carvão mineral e o gás natural deverão ser a base para a produção de energia elétrica. Segundo ele, ainda, o sol, os ventos e a biomassa serão apenas fontes complementares.

Este senhor está afirmando duas coisas terríveis: até 2030 o potencial hidrelétrico deverá estar esgotado. Isto quer dizer que todas as hidrelétricas, na Amazônia e fora dela, estarão construídas, aceitem ou não os povos indígenas e ribeirinhos, aguente ou não a natureza. Por outro lado, essa declaração deixa muito claro que, para os que mandam no planejamento energético, o sol, os ventos e a biomassa nunca serão as fontes principais. E mais uma coisa: para ele, não existem as águas do mar, mesmo se elas, com seu movimento constante, são fonte natural e importante de energia.

Como isso está sendo falado por funcionário do MME, significa que Dilma Roussef, se reeleita, caminhará nessa direção. Será por isso que sua campanha se tornou tão agressiva quando a candidata Marina levantou a possibilidade de mudar a política energética, assumindo o sol, os ventos e a biomassa como fonte principal? E logo se passou a dizer que isso levará a novo apagão? Da mesma forma que se passou a gritar que seria um crime contra a economia nacional a possível revisão da política que dá total importância ao pré-sal.

Precisamos perguntar-nos: serão todos estúpidos, incompetentes e irresponsáveis os governos dos países que estão praticamente só produzindo nova energia a partir do sol e dos ventos? Ou será a política brasileira cega, conservadora e irresponsável? Afinal, retirar mais carvão, petróleo e gás para produzir energia significa aumentar a emissão de gases que estão provocando aquecimento do planeta e mudanças climáticas. E apostar em mais energia nuclear significa aumentar a contaminação quase eterna de solos com a extração do urânio e com o lixo atômico e, além disso, expor a humanidade a novas ameaças de vazamentos.

Em lugar do uso dos horários gratuitos para propaganda eleitoral, que não passa de tentativas de venda dos candidatos, este seria um bom tema de debate político, pois permitiria aos eleitores escolherem entre propostas diferentes de política energética, escolhendo a apoiando quem defende o que de fato é melhor para a nação, entendida como o conjunto dos povos, comunidades, pessoas, e como os diferentes ambientes favoráveis à vida; em outras palavras, em favor dos direitos das pessoas e povos e dos direitos da natureza, da Terra mãe da vida. 

[procure, ouça e transmita o Programa de Rádio com este texto em www.fmclimaticas.org ]

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