A presidente Dilma Rousseff,
repetindo outros presidentes, falou que, apesar
dos profetas do pessimismo, o Brasil vai bem.
Em primeiro lugar é bom
perguntar-se: vai bem para onde? Ou, vai bem para quem? Afinal, pelo que tem
acontecido com a notícia de que o Bolsa Família deixaria de funcionar, é
possível perceber que o Brasil não vai tão bem para todas as pessoas. Milhões
de pessoas se sentiram ameaçados em relação ao mínimo e básico para sua vida,
tanto que foram à Caixa Econômica Federal buscar nem que fosse a última
parcela.
Maldade ou não de quem espalhou a
notícia, ela serve como luva para mostrar a qualidade deste Programa: ele
depende da bondade, da decisão de cada governo e, por isso, por qualquer
motivo, pode, sim, ser encerrado. Em 11 anos de governo, governos que ainda se
dizem do PT, não deram passos no sentido de transformar em política de Estado esse programa de transferência de renda para os
muito empobrecidos. Para ser política de Estado, é preciso definir quais direitos
dos muito empobrecidos passam a ser reconhecidos constitucionalmente pela
sociedade brasileira, qual o valor a ser pago aos que são portadores destes
direitos e qual a fonte de recursos.
Mantido como programa de governo, a
falsa notícia de seu encerramento não poderia ser estratégia eleitoral,
passando um aviso subliminar: votem na
gente se quiserem que o programa continue!?
É por isso que o Brasil não vai tão
bem para todos os brasileiros e brasileiras. Muitos estão tão fragilizados,
marginalizados e sofrendo necessidades que entram em desespero diante da
notícia de que a ajuda de algo em torno de R$ 70,00 per cápita pode deixar de ser distribuída. Não seria o caso de
reconhecer que todos estes milhões de pessoas têm direito à Assistência Social
e são, por isso, merecedores de, no mínimo, um salário mínimo?
Por isso, vale sempre a pena
examinar a qualidade e veracidade da profecia.
No caso do governo, será que sua publicidade é profecia verdadeira ou marketing
eleitoral? E o recente programa nacional do PT, em espaço gratuito, foi
profecia verdadeira, ligada ao Brasil real, ou foi marketing como qualquer
outro marketing de empresas, bem feito para levar os telespectadores engolir a
mensagem?
Em relação à qualidade da profecia
governamental sobre o seu principal programa, o PAC, será verdadeira, geradora
de ilusões ou totalmente falsa? Afinal, com a notícia, calcada em medições
científicas, de que o planeta Terra ultrapassou o marco de 400ppm (partes por
milhão) de gases de efeito estufa na atmosfera, é possível ainda dizer que o
bom, o positivo, o caminho com futuro é estimular até o extremo a produção e
venda de automóveis, a extração sem fim de minérios, a expansão de um
agronegócio cada vez mais químico e agressivo ao ambiente, a construção de
inúmeras e imensas hidrelétricas, o aumento de usinas térmicas e nucleares de
energia? E o Pré-sal, agravado pelo colonial leilão, não tem tudo a ver com o
aumento da agressão à atmosfera, com o aquecimento e mudanças climáticas? Tudo
isso não se soma ao que, em delírio e com irresponsabilidade, continua sendo
feito nos Estados Unidos da América, na Europa e em todo o mundo rico,
consumista, e em todos os países que teimam no caminho de crescimentismo
capitalista?
Goste ou não a presidente, considere
ela ser profecia pessimista ou não, é preciso continuar advertindo: a Terra já
não suporta que a humanidade retire mais bens naturais do que ela é capaz de
repor! A Terra já não consegue manter uma temperatura favorável à vida, e não
poderá evitar que ela suba entre 3 e 5ºC até o ano 2100 se as emissões
continuarem aumentando como estão mantendo os governos do mundo, submetidos aos
desejos de absurda concentração de riqueza e de poder em todo o planeta!
O planeta está a mercê de falsas
profecias e falsos profetas. Precisa urgentemente de corajosos profetas da
verdade, custe o que custar. Sem eles, como diz Leonardo Boff, não mudaremos
profundamente e, por isso, morreremos todos!
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