Vejam, amigas e amigos, a carta publicada pelos que ocupam a área da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Eles deixam claro que não aceitam mais que o governo minta em relação a eles. E exigem que o diálogo seja verdadeiro e feito com quem vai disposto e com poder de decidir. O direito e a lei estão a seu favor. E o governo, em nome de quem e para quem está impondo mais esta grande hidrelétrica? Quando os direitos dos povos indígenas e ribeirinhos serão respeitados e garantidos?
O governo
perdeu o juízo
Nós lemos a
nota da Secretaria Geral da Presidência da República. O governo
perdeu o juízo. Gilberto Carvalho está mentindo. O governo está completamente
desesperado. Não sabe o que fazer com a gente.
Os bandidos,
os violadores, os manipuladores, os insinceros e desonestos são vocês. E ainda
assim, nós permanecemos calmos e pacíficos. Vocês não.
Vocês
proibiram jornalistas e advogados de entrar no canteiro, e até deputados do seu
próprio partido.
Vocês
mandaram a Força Nacional dizer que o governo não irá dialogar com a gente.
Mandaram gente pedindo listas de pedidos. Vocês militarizaram a área da
ocupação, revistam as pessoas que passam e vem, a nossa comida, tiram fotos,
intimidam e dão ordens.
Entendemos
que é mais fácil nos chamar de bandidos, nos tratar como bandidos. Assim o
discurso do Gilberto Carvalho pode fazer algum sentido.
Mas nós não
somos bandidos e vocês vão ter que lidar com isso. Nossas
reivindicações são baseadas em direitos constitucionais. Na Constituição
Federal, nas legislações internacionais. E temos o apoio da sociedade e até
dos trabalhadores que trabalham para vocês.
O governo
está ficando mais violento. Nas palavras na imprensa, e também aqui no canteiro
com seu exército.
É o governo
que não quer cooperar com a lei. E faz manobra para tentar desqualificar nossa
luta, inventando histórias para a imprensa.
Hoje fazem
seis meses que vocês assassinaram Adenilson Munduruku. Nós sabemos bem como
vocês agem quando querem alguma coisa.
A má-fé é do
Gilberto Carvalho. E apesar de tudo, nós queremos que ele venha no canteiro
dialogar conosco. Estamos esperando por você, Gilberto. Pare de mandar
policiais com armas na mão para entregar propostas vazias. Pare de tentar nos
humilhar na imprensa.
Nós estamos
em seu canteiro e não iremos sair enquanto vocês não saírem das nossas aldeias.
Belo Monte,
Canteiro de obras, Vitória do Xingu, 7 de maio de 2013
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