Você sabe o que é o fracking? Trata-se de uma tecnologia que
revela a absoluta irresponsabilidade das empresas que teimam em manter a
civilização do petróleo e outras fontes fósseis de energia. Como sabem que vão
acabar, decidiram colocar em prática, com a conivência dos governos e políticos,
uma tecnologia violentíssima para retirar o pouco de gás que está nos pequenos
espaços existentes no interior das rochas subterrâneas. É isso mesmo: estão
bombardeando, com muita água e inúmeros produtos químicos, as rochas que estão
sob os nossos pés, exprimindo-as para que entreguem o gás que escondem em seu
interior.
É incrível, mas esses empresários não dão a mínima para a
contaminação dos aquíferos, das águas de superfície, dos solos e da atmosfera,
nem ao aumento de tremores e até de terremotos que essa técnica provoca! Até
agora, só as lutas teimosas dos seres humanos no Paraná e em outros estados
conseguiram evitar todos esses desastres. Animadas pelo movimento “Não ao
Fracking no Brasil”, mobilizações sociais já conseguiram a aprovação de leis
que impedem a instalação da indústria de gás da morte liberado pelo fracking em
72 municípios.
Estas práticas foram celebradas e assumidas como uma das
prioridades de ação no Seminário de Mudanças Climáticas e Justiça Social
realizado em Umuarama, no Paraná, no último fim de semana.
Mas nós, brasileiros, temos outro grande desafio: qual o
caminho para evitar e proibir o fracking político, a tecnologia usada pelas
classes dominantes para fraturar os fundamentos da democracia?
Do espetáculo da
votação do impeachment, o que resta é a sensação de que pouco sobrou da
democracia. O principal fundamento da verdadeira democracia é o poder soberano
do povo. Quando ele se manifesta, só ele pode mudar a sua decisão. Por isso, a cassação
do mandato de uma presidente da república pelo alegado conjunto da obra, e não
por um comprovado crime de responsabilidade, como muitos dos senadores
declararam, o correto seria ou esperar a próxima eleição presidencial, ou
organizar um plebiscito. Sem isso, o ato do senado não passa de um fracking
contra os fundamentos da democracia, e torna legítimo o movimento por diretas
já.
Ivo
Poletto
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