quarta-feira, 14 de setembro de 2016

INDEPENDÊNCIA OU MAIS COLONIZAÇÃO?

Vivenciamos mais uma semana da pátria, e nela sempre se lembra do passado para tentar celebrar a independência do país. Examinando com atenção esse passado, contudo, chega-se a uma dúvida: houve independência? De quem? Para quem e para quê?

No mínimo, é preciso reconhecer que foi um ato político incompleto. Primeiro porque quem assume o comando é o filho do rei colonizador. Teria ele mudado de fato de lado, assumindo a autonomia do novo país? Ou seria ele um sinal de continuidade? O fato é que o Brasil assumiu dívidas de Portugal com a Inglaterra, e pode-se dizer que o nosso Império começou endividado e devendo favores ao um novo senhor com grande poder colonizador.

Se dermos um pulo na história para examinar o que está acontecendo em nossos dias, podemos dizer que estamos mais independentes do que nos dias da primeira declaração de independência?

Se levarmos a sério os desejos e as propostas concretas do governo de fato do nosso país, fruto da cassação da presidente eleita por 54 milhões de eleitores sem crime de responsabilidade, é mais realista dar-nos conta de que estamos diminuindo nossa independência. De fato, a decisão de abrir totalmente a possibilidade de compra de terra por estrangeiros, de entregar empresas públicas a qualquer empresa, nacional ou multinacional por meio de processos de privatização, não significa que estamos sendo governados por elites que têm prazer de entregar riquezas a estrangeiros e de viver na dependência de novos poderes colonizadores?

Como é público, um dos setores que pressiona em favor dessa abertura do mercado de terras a estrangeiros são os senhores do agronegócio. Qual seu objetivo? Única e exclusivamente esquentar o mercado de terras, apostando no aumento do preço de suas propriedades. Com certeza, tendo oportunidade, venderão suas propriedades e passarão a viver na cidade e país de seus sonhos, Miami, especulando no mercado financeiro, inimigo da vida.

Engana-se quem imagina que os atores da ópera bufa do impeachment tenham algum amor ao povo brasileiro. Seus olhos estão voltados para os senhores da colonização global: o mercado financeiro e os países que repartem o poder com eles. É por isso que desejam combater e acabar com as relações com os países do Sul, sejam eles da América do Sul, da África e da Ásia. Seu desejo é reestabelecer relações com os Estados Unidos e com a Europa. Estão decididos a implantar aqui as mesmas “reformas” que geraram as crises de endividamento destes países.

Por isso tudo, a independência dos povos do Brasil continua um sonho e um projeto político a ser conquistado.

           Ivo Poletto


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