segunda-feira, 19 de setembro de 2016

A VIDA AMEAÇADA NA REGIÃO SUDESTE

Ao ouvir o que está acontecendo com as pessoas e com os demais seres vivos no Seminário sobre Mudanças Climáticas na Região Sudeste do país, realizado no Rio de Janeiro nos dias 15 a 17 deste mês, os participantes ficaram muito preocupados. E não é para menos. Nada indica que tenham sido levadas a sério, pelo menos pelas autoridades públicas, as causas da crise de água em toda a região e do crime ambiental da SAMARCO no vale do Rio Doce. Da mesma forma, de nada adiantou o Acordo de Paris, da COP 21, ter reconhecido que se deve evitar que a temperatura média da Terra ultrapasse 2ºC em relação à que existia antes da revolução industrial, e que se deve fazer todo o possível para que não ultrapasse 1 grau e meio, já que a indústria do petróleo continua fazendo festa nesta região, tanto na exploração tradicional, como na do pré-sal, e mais ainda com a introdução do faturamento de rochas, o fraking.

A vida dos milhões de seres humanos e outros seres vivos desta região está em risco. Basta lembrar que todas as atividades empresariais ligadas ao sistema de produção capitalista dominante usam quantidades crescentes de água, e isso tem tudo a ver com a crise de água para beber e viver com saúde. A sistema do agronegócio é consumidor inveterado de água, para a irrigação e para a criação de bois, pois sem muita água as sementes não vingam nem os bois engordam; e para completar, os eucaliptos vão secando córregos e rios. A produção de energia é feita com a transformação dos rios em canais de interligação de barragens, ou com o consumo de muita água em termelétricas e usinas nucleares, e ao aplicar o fraking, são necessários 30 milhões de litros para cada poço de extração do gás de xisto.

A teimosia das grandes empresas e dos governantes de continuar com esse sistema de produção não passa de cegueira e surdez, já que ele gera lucros para poucos e pobreza para a maioria, e explora e contamina a natureza. Só mesmo os empresários e os políticos que fazem o jogo deles não querem reconhecer o crime contra todas as formas de vida cometido pelas empresas donas da Samarco. O Rio Doce e afluentes estão mortos, e mortos estão os seres vivos das águas e das margens, e muitas pessoas estão morrendo ao beber águas envenenadas.

Quem luta pela vida precisa apoiar e participar da geração de formas alternativas de produzir e de consumir o que precisamos para viver.

           Ivo Poletto, do Fórum MCJS


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