Ao ouvir o que está acontecendo com as pessoas e com os
demais seres vivos no Seminário sobre Mudanças Climáticas na Região Sudeste do
país, realizado no Rio de Janeiro nos dias 15 a 17 deste mês, os participantes
ficaram muito preocupados. E não é para menos. Nada indica que tenham sido
levadas a sério, pelo menos pelas autoridades públicas, as causas da crise de
água em toda a região e do crime ambiental da SAMARCO no vale do Rio Doce. Da
mesma forma, de nada adiantou o Acordo de Paris, da COP 21, ter reconhecido que
se deve evitar que a temperatura média da Terra ultrapasse 2ºC em relação à que
existia antes da revolução industrial, e que se deve fazer todo o possível para
que não ultrapasse 1 grau e meio, já que a indústria do petróleo continua
fazendo festa nesta região, tanto na exploração tradicional, como na do
pré-sal, e mais ainda com a introdução do faturamento de rochas, o fraking.
A vida dos milhões de seres humanos e outros seres vivos desta
região está em risco. Basta lembrar que todas as atividades empresariais
ligadas ao sistema de produção capitalista dominante usam quantidades
crescentes de água, e isso tem tudo a ver com a crise de água para beber e
viver com saúde. A sistema do agronegócio é consumidor inveterado de água, para
a irrigação e para a criação de bois, pois sem muita água as sementes não
vingam nem os bois engordam; e para completar, os eucaliptos vão secando
córregos e rios. A produção de energia é feita com a transformação dos rios em
canais de interligação de barragens, ou com o consumo de muita água em
termelétricas e usinas nucleares, e ao aplicar o fraking, são necessários 30
milhões de litros para cada poço de extração do gás de xisto.
A teimosia das grandes empresas e dos governantes de
continuar com esse sistema de produção não passa de cegueira e surdez, já que
ele gera lucros para poucos e pobreza para a maioria, e explora e contamina a
natureza. Só mesmo os empresários e os políticos que fazem o jogo deles não
querem reconhecer o crime contra todas as formas de vida cometido pelas
empresas donas da Samarco. O Rio Doce e afluentes estão mortos, e mortos estão
os seres vivos das águas e das margens, e muitas pessoas estão morrendo ao
beber águas envenenadas.
Quem luta pela vida precisa apoiar e participar da geração
de formas alternativas de produzir e de consumir o que precisamos para viver.
Ivo
Poletto, do Fórum MCJS
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