sexta-feira, 20 de junho de 2014

O FUTEBOL E A VIDA NO PLANETA



Estamos vivendo as emoções da Copa da FIFA. Emoções festivas de quem gosta de futebol e torce pela seleção brasileira. Emoções menos festivas de quem não concorda com as imposições da FIFA e a submissão do governo brasileiro. Emoções nada positivas para as famílias atingidas por obras da copa e que não tiveram chance de dar sua opinião sobre elas, sofreram violências e estão sem receber indenizações justas e sem perspectivas de nova moradia.

Uma coisa é certa: as copas da FIFA são cada vez mais grandes negócios, busca de lucros. Por mais que governo e grande mídia tentem insistir que o Brasil terá vantagens financeiras, os levantamentos de opinião indicam que mais da metade da população tem dúvidas sobre isso, e lembram a experiência da África do Sul, em que o país ficou mais endividado e continua sem saber o que fazer com os estádios construídos. No caso do Brasil, muita gente se pergunta sobre a utilidade que terão estádios em muitas cidades em que não há tradição forte de futebol, e temem que os altíssimos investimentos tenham erguido elefantes brancos de pouca ou nenhuma serventia. E mesmo os que terão jogos de futebol, tudo indica que a imposição da FIFA os tornou espaços de luxo, e a maioria do povo não poderá pagar os preços dos ingressos.

Há quem diga que estas questões não devem ser levantadas agora, pois o povo está ligado à festa da copa. Mas há também muitos que reconhecem o direito dos atingidos por obras de se manifestarem nas ruas para exigir respeito e garantia de seus direitos, bem como o direito dos Sem Teto de se juntarem a eles para exigir que não se diga que não há recursos públicos para garantir moradia digna para todos. Afinal, não houve limites de recursos públicos para as obras, e especialmente para os luxuosos estádios da copa. Só houve falta foi para as obras que, de alguma forma, poderiam melhorar a mobilidade nas cidades...

Para quem tenta entender as enchentes que, mais uma vez, aumentaram de intensidade no Paraná e Santa Catarina, e nota que elas têm tudo a ver com as mudanças climáticas que estão se agravando em todo o planeta e são provocadas por ações humanas, fica desejando que os recursos públicos, que são de todos, sejam aplicados em obras que melhorem o meio ambiente da vida e que promovam os direitos básicos a uma vida simples e digna para todas as pessoas. Que promovam, por exemplo, a produção de energia elétrica solar e eólica descentralizada, nas casas e prédios, em vez de usinas térmicas, nucleares e hidrelétricas, que poluem a atmosfera e agridem a vida. Andando nessa direção, termos motivos para uma festa popular bem melhor do que a Copa de Futebol, que é negócio da FIFA.

     [texto de programa de rádio, que pode ser acessado em http://fmclimaticas.org.br/?page_id=83 ]

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