Estamos vivendo as emoções da Copa da FIFA. Emoções festivas
de quem gosta de futebol e torce pela seleção brasileira. Emoções menos
festivas de quem não concorda com as imposições da FIFA e a submissão do
governo brasileiro. Emoções nada positivas para as famílias atingidas por obras
da copa e que não tiveram chance de dar sua opinião sobre elas, sofreram
violências e estão sem receber indenizações justas e sem perspectivas de nova
moradia.
Uma coisa é certa: as copas da FIFA são cada vez mais
grandes negócios, busca de lucros. Por mais que governo e grande mídia tentem
insistir que o Brasil terá vantagens financeiras, os levantamentos de opinião
indicam que mais da metade da população tem dúvidas sobre isso, e lembram a
experiência da África do Sul, em que o país ficou mais endividado e continua
sem saber o que fazer com os estádios construídos. No caso do Brasil, muita
gente se pergunta sobre a utilidade que terão estádios em muitas cidades em que
não há tradição forte de futebol, e temem que os altíssimos investimentos
tenham erguido elefantes brancos de pouca ou nenhuma serventia. E mesmo os que
terão jogos de futebol, tudo indica que a imposição da FIFA os tornou espaços
de luxo, e a maioria do povo não poderá pagar os preços dos ingressos.
Há quem diga que estas questões não devem ser levantadas
agora, pois o povo está ligado à festa da copa. Mas há também muitos que
reconhecem o direito dos atingidos por obras de se manifestarem nas ruas para
exigir respeito e garantia de seus direitos, bem como o direito dos Sem Teto de
se juntarem a eles para exigir que não se diga que não há recursos públicos
para garantir moradia digna para todos. Afinal, não houve limites de recursos
públicos para as obras, e especialmente para os luxuosos estádios da copa. Só houve
falta foi para as obras que, de alguma forma, poderiam melhorar a mobilidade
nas cidades...
Para quem tenta entender as enchentes que, mais uma vez,
aumentaram de intensidade no Paraná e Santa Catarina, e nota que elas têm tudo
a ver com as mudanças climáticas que estão se agravando em todo o planeta e são
provocadas por ações humanas, fica desejando que os recursos públicos, que são
de todos, sejam aplicados em obras que melhorem o meio ambiente da vida e que
promovam os direitos básicos a uma vida simples e digna para todas as pessoas.
Que promovam, por exemplo, a produção de energia elétrica solar e eólica
descentralizada, nas casas e prédios, em vez de usinas térmicas, nucleares e
hidrelétricas, que poluem a atmosfera e agridem a vida. Andando nessa direção,
termos motivos para uma festa popular bem melhor do que a Copa de Futebol, que
é negócio da FIFA.
[texto de programa de rádio, que pode ser acessado em http://fmclimaticas.org.br/?page_id=83 ]
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