segunda-feira, 30 de junho de 2014

CUIDADO COM A VIDA DA TERRA

Nós não somos contra o desenvolvimento: nós somos contra apenas o desenvolvimento que vocês, brancos, querem empurrar para cima de nós [..].Nós, Yanomami, temos outras riquezas deixadas pelos nossos antigos que vocês, brancos, não conseguem enxergar: a terra que nos dá vida, a água limpa que tomamos, nossas crianças satisfeitas”.

Esta afirmação do cacique Davi Kopenawua Yanomami, citada na recente mensagem da Diocese de Roraima sobre Mineração e Hidrelétricas em Terras Indígenas, é desafiadora para todas as pessoas que se deixam iludir com as promessas do Programa de Aceleração do Crescimento. Ele lembra que, para os Yanomami, há riquezas que nós, brancos, não conseguimos enxergar: a terra que nos dá vida, a água limpa que tomamos, nossas crianças satisfeitas. E essas riquezas foram cuidadas e preservadas pelos seus antepassados.

Com isso, Davi levanta o seguinte desafio aos brancos que querem empurrar o seu desenvolvimento pra cima dos povos indígenas: o que vocês deixarão para seus filhos, netos, bisnetos? A busca de riqueza com a aceleração da extração de minérios, com a construção de barragens e hidrelétricas, o que deixará para as futuras gerações? Tudo indica que não deixará nem terra que dá vida, nem minérios, nem rios com águas limpas, nem crianças satisfeitas.

Se não criarão um mundo de maior felicidade para as próximas gerações, para que servem os grandes projetos de mineração e hidrelétricas, que governo, empresas e políticos querem construir em grande quantidade em territórios dos povos indígenas, sem respeitar seu direito de serem bem informados e de decidirem?

Não há como fugir ou fingir: o que se busca é garantir a satisfação do desejo incontrolável de lucros das empresas, junto com a ilusão de manter credibilidade internacional por meio dos dólares que servem para pagar os custos da dívida pública. A verdade é que nem mesmo a pequena melhora financeira dos muito empobrecidos veio dos impostos da mineração e da hidroeletricidade; ela teve origem na distribuição forçada dos trabalhadores da classe média. A riqueza natural, exportada na forma de minérios, água, florestas e eletricidade, só enriquece ainda mais quem já é muito rico, e deixa os povos indígenas e todo o povo brasileiro com um futuro sem as verdadeiras riquezas que a vida precisa, que as crianças precisam para serem felizes.

Por isso, todo nosso apoio à mensagem profética da igreja seguidora de Jesus de Nazaré de Roraima, encabeçada pelo seu bispo dom Roque Paloschi, pois é preciso tornar pública a ameaça à vida da Terra e de todas as formas de vida que a mineração e a hidroeletricidade significam na Amazônia e em todo o país. Há fontes mais limpas de energia e podemos andar por outros caminhos de geração de renda em favor da vida.
          
 [Texto de programa de Rádio, disponível em http://fmclimaticas.org.br/?page_id=83]

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