“Nós não
somos contra o desenvolvimento: nós somos contra apenas o desenvolvimento que
vocês, brancos, querem empurrar para cima de nós [..].Nós, Yanomami, temos
outras riquezas deixadas pelos nossos antigos que vocês, brancos, não conseguem
enxergar: a terra que nos dá vida, a água limpa que tomamos, nossas crianças
satisfeitas”.
Esta afirmação do cacique
Davi Kopenawua Yanomami, citada na recente mensagem da Diocese de Roraima sobre
Mineração e Hidrelétricas em Terras Indígenas, é desafiadora para todas as
pessoas que se deixam iludir com as promessas do Programa de Aceleração do
Crescimento. Ele lembra que, para os Yanomami, há riquezas que nós, brancos,
não conseguimos enxergar: a terra que nos dá vida, a água limpa que tomamos,
nossas crianças satisfeitas. E essas riquezas foram cuidadas e preservadas
pelos seus antepassados.
Com isso, Davi levanta o
seguinte desafio aos brancos que querem empurrar o seu desenvolvimento pra cima
dos povos indígenas: o que vocês deixarão para seus filhos, netos, bisnetos? A
busca de riqueza com a aceleração da extração de minérios, com a construção de
barragens e hidrelétricas, o que deixará para as futuras gerações? Tudo indica
que não deixará nem terra que dá vida, nem minérios, nem rios com águas limpas,
nem crianças satisfeitas.
Se não criarão um mundo de
maior felicidade para as próximas gerações, para que servem os grandes projetos
de mineração e hidrelétricas, que governo, empresas e políticos querem
construir em grande quantidade em territórios dos povos indígenas, sem
respeitar seu direito de serem bem informados e de decidirem?
Não há como fugir ou
fingir: o que se busca é garantir a satisfação do desejo incontrolável de
lucros das empresas, junto com a ilusão de manter credibilidade internacional
por meio dos dólares que servem para pagar os custos da dívida pública. A
verdade é que nem mesmo a pequena melhora financeira dos muito empobrecidos
veio dos impostos da mineração e da hidroeletricidade; ela teve origem na
distribuição forçada dos trabalhadores da classe média. A riqueza natural,
exportada na forma de minérios, água, florestas e eletricidade, só enriquece
ainda mais quem já é muito rico, e deixa os povos indígenas e todo o povo brasileiro
com um futuro sem as verdadeiras riquezas que a vida precisa, que as crianças precisam
para serem felizes.
Por isso, todo nosso apoio
à mensagem profética da igreja seguidora de Jesus de Nazaré de Roraima,
encabeçada pelo seu bispo dom Roque Paloschi, pois é preciso tornar pública a
ameaça à vida da Terra e de todas as formas de vida que a mineração e a
hidroeletricidade significam na Amazônia e em todo o país. Há fontes mais
limpas de energia e podemos andar por outros caminhos de geração de renda em
favor da vida.
[Texto de programa de Rádio, disponível em http://fmclimaticas.org.br/?page_id=83]
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