domingo, 15 de setembro de 2013

POVOS INDÍGENAS E ASSEMBLEIA CONSTITUINTE EXCLUSIVA




Estive nesta semana em Lábrea, no estado do Amazonas, num Seminário sobre Créditos de Carbono e Povos Indígenas. Estiveram presentes em torno de 50 pessoas, representantes de diversos povos, com grande vontade de entender o que significam os projetos de crédito de carbono. Destaco alguns pontos que me impressionaram:

O primeiro deles foi a denúncia de todos em relação aos que apresentam esses tipos de projeto a eles. Ficou muito claro que as pessoas, empresas ou instituições públicas chegam com a proposta pronta e tentam de todas as formas convencer os indígenas de que são projetos maravilhosos, que vão melhorar a vida deles etc. Parecem mais vendedores interessados em seus ganhos do que amigos reais dos povos indígenas.

Outro ponto denunciado foi este: as pessoas não informam tudo sobre o projeto: qual sua origem, quais os objetivos reais, quem está envolvido e de que maneira, os motivos que levam empresas a se interessaram pelas conservação das florestas, sendo que muitas delas continuam derrubando e queimando florestas para instalar seus negócios de mineração, de pecuária e outras formas de agronegócio...

Ao informar a eles de que esse interesse das grandes empresas mundiais capitalistas começou quando ficou claro que elas eram as principais causadoras do aquecimento e das mudanças climáticas que desequilibram o planeta Terra, e de que querem elas manter em pé a floresta apenas porque isso pode dar a elas créditos de carbono, que servem para que possam continuar seus negócios poluidores, aí cresceu o desejo de participar, de saber mais. Seu claro desejo foi e de conhecer bem esses projetos para não serem enganados e, de modo especial, para evitar virarem prisioneiros dentro de seus territórios.

Tive clara impressão que não há diálogo transparente com os povos indígenas. O que há é preconceito e decisão de controlar os territórios preservados usando outros projetos. É por isso que voltei mais convencido do que nunca de que precisamos conquistar a possibilidade de redefinir o estado brasileiro por meio de uma Constituinte Exclusiva, reconhecendo-o plurinacional, para que cada povo venha a ser respeitado como povo mesmo, e para que estas povos contribuam com seus valores na definição e na prática de nossa democracia. Só assim eles nos ajudarão a preservar e a conviver com as florestas em todos os biomas de nosso país.

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