Os moradores do estado menos desenvolvido do Brasil temem que os planos governamentais para a soja e o petróleo destruam a floresta e seus meios de subsistência. A Comissão Pastoral da Terra levantou o registro por empresas e especuladores de mais de 828.000 hectares em apenas três anos. Estas áreas haviam sido destinadas pelo governo federal a pequenos proprietários, mas nunca registradas. A CPT teme que a violência e as disputas sigam a ocupação das terras, assim como ocorreu no vizinho estado do Pará quando as florestas foram derrubadas e o agronegócio avançou.
Antropólogos e acadêmicos dizem que o Amapá enfrenta outras ameaças: embora 70% da sua área seja protegida por terras indígenas e unidades de conservação, as florestas estão sendo abertas a barragens, mineração de ouro e megaprojetos de desenvolvimento.
E tem mais: é possível que nos próximos 18 meses as petroleiras estrangeiras BP e Total, junto com empresas brasileiras, iniciem perfurações no litoral do Amapá. Lá foi identificado um novo e possivelmente vasto campo petrolífero, que pode conter entre 15 e 20 bilhões de barris. A perspectiva de exploração de petróleo assusta os 4 mil pescadores do Amapá e muitos grupos indígenas, que dependem da água limpa para sobrevivência e alimentação.
As empresas afirmam que a perfuração não terá qualquer impacto sobre o estado, e que qualquer poluição será levada por correntes para mar aberto, mas os moradores discordam. O Greenpeace, que está neste momento desafiando as petroleiras, diz que "a perfuração de petróleo perto do recife de corais recém descoberto afetará todo o estado do Amapá e a própria região amazônica. Qualquer derramamento porá em perigo a pesca, as florestas e os povos indígenas. Usar o óleo aumentará a mudança do clima e ameaçará a floresta".
Grupos sociais e ambientais alertam que o Amapá é extremamente vulnerável ao caos social. A pobreza já é alta: mais de 55 mil dos 750 mil moradores do Amapá vivem em extrema pobreza. "Se petróleo e soja forem desenvolvidos no estado, os problemas só crescerão. Esta é a nova fronteira do petróleo e do agronegócio. Ambas as indústrias ameaçam a vida, destroem o mundo natural e empobrecem as pessoas. Nenhum delas é sustentável". É o que diz Paulo Adário, do Greenpeace.
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