Roberto Malvezzi (Gogó)
Na
seca de 82 a estimativa foi que pelo menos 1 milhão de Nordestinos ainda
morreram de inanição, isto é, fome ou sede. Nessa seca que vem de 2012
até 2016, não há registros de mortes por inanição,
nem o fenômeno das grandes migrações, nem frentes de emergência e muito
menos saques nas cidades do sertão.
O IX
ENCONASA – Encontro da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) -,
acontecido entre 21 e 25 de novembro, em Mossoró, constatou que passamos
de 1 milhão de mortos para 1 milhão de cisternas.
Além do mais, houve 200 mil replicações de tecnologias para armazenar
água para produção. Enquanto as cidades passam grande necessidade no
Semiárido - por falta das adutoras - e o gado da “classe média rural
Nordestina” morre por falta de água e ração, o povo
que sempre foi vítima das tragédias humanitárias das secas está bem
melhor que os demais. Aprendeu com a captação da água de chuva, o manejo
da caatinga, a criação de animais resistentes à seca, assim por diante.
Mas, o
governo atual voltou com o discurso do “combate à seca”, eliminou os
programas de convivência com o Semiárido e despejou novamente os
recursos no Departamento Nacional de Obras Contra
as Secas (DENOCS), sob comando do PMDB. O raciocínio dispensa
comentários e o redirecionamento das verbas o mesmo.
Os
tempos brasileiros são de retrocesso generalizado, o Nordeste não iria
ficar de fora. Foi-se o tempo dos investimentos por aqui, ainda que
tantas vezes equivocados, mas parte foi corretamente
direcionada ao novo paradigma da convivência, produziu frutos e
garantiu vidas.
Foi pouco dinheiro, prazo de 15 anos, mas suficientes para melhorar a vida do povo do que em 500 anos das oligarquias.
Sabemos
que quem está no poder não tem interesse algum no povo do Semiárido. O
jogo de compadrio entre o STF e Renan, Moro e Aécio, Temer e coronéis é
tipo sexo explícito. Não há o que esconder.
Esse
governo tem cara de 200 anos atrás, mas nós vamos manter vivo o
paradigma da convivência com o Semiárido. Quem já nasceu velho, não tem
futuro. A convivência é o novo, portanto, o presente
e o futuro.
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