Muitas pessoas sofreram com a terrível notícia da morte da
maioria dos jogadores de futebol da Chapecoense, junto com dirigentes e
jornalistas, no dia 29 de novembro na Colômbia. E a dor aumentou quando se
soube que a causa mais provável do desastre teria sido a falta de combustível. Isso
fez o desastre virar tragédia.
O que certamente ajudou os familiares e amigas e amigos a
enfrentarem a dor dessa tragédia foi a solidariedade, muito significativa por
parte dos colombianos, intensa em todo o nosso país e com manifestações vindas
de muitas partes do planeta. Essa presença solidamente amiga, como é toda
solidariedade, ajudou, com certeza, a amenizar um pouco a dor da perda das
pessoas queridas, de modo especial quando havia motivos para esperar a sua
volta com chances de vencer a primeira competição internacional de seu time.
Um dos que se pronunciaram no velório coletivo lembrou que a
chuva intensa indicava que Deus também tinha o direito de chorar, e outro
afirmava que, agora, Deus já conta com um time campeão perto dele.
Acho necessário ligar essa tragédia com outra, a da
Amazônia. Já estávamos recebendo avisos de que o desmatamento da floresta estava
aumentado, mas agora os dados oficiais confirmam: a área de floresta derrubada
e queimada foi 29% maior do que no ano anterior. Em outras palavras, o que já
era péssima notícia virou anúncio de tragédia. E tragédia para o próprio bioma
e seus povos, e também para todo o Brasil, com destaque para as regiões Sudeste
e Centro Oeste. Ela anuncia que seres humanos estão agravando de forma terrível
a crise hídrica que já foi experimentada nos dois últimos anos, de modo
particular pela população de São Paulo.
Quem nos ajudará a enfrentar as dores provocadas por essa
tragédia que não tem fim? As chuvas que caíram nos últimos dias nos lembram que
Deus e a Mãe Terra têm motivos para chorar, mas, ao mesmo tempo, lembram que
continuam amando a criação toda, incluindo seus filhos e filhas. A Amazônia
precisa da solidariedade que se manifestou na tragédia da Chapecoense, já que
nem Deus nem a Terra gostam de substituir a nossa ação livre e responsável. Se
a tragédia está sendo provocada por seres humanos, cabe à humanidade dar
resposta. O primeiro passo é impedir que o crime do desmatamento continue sendo
praticado, e para isso precisamos cobrar dos políticos e governantes a sua
responsabilidade. Mas para chegar ao desmatamento zero e para começar a
recriação da floresta já destruída, precisamos da mobilização solidária dos
povos amazônicos, dos povos do Brasil e de todo o Planeta.
Ivo Poletto
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