segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

COMO ENFRENTAR TRAGÉDIAS?

Muitas pessoas sofreram com a terrível notícia da morte da maioria dos jogadores de futebol da Chapecoense, junto com dirigentes e jornalistas, no dia 29 de novembro na Colômbia. E a dor aumentou quando se soube que a causa mais provável do desastre teria sido a falta de combustível. Isso fez o desastre virar tragédia.

O que certamente ajudou os familiares e amigas e amigos a enfrentarem a dor dessa tragédia foi a solidariedade, muito significativa por parte dos colombianos, intensa em todo o nosso país e com manifestações vindas de muitas partes do planeta. Essa presença solidamente amiga, como é toda solidariedade, ajudou, com certeza, a amenizar um pouco a dor da perda das pessoas queridas, de modo especial quando havia motivos para esperar a sua volta com chances de vencer a primeira competição internacional de seu time.

Um dos que se pronunciaram no velório coletivo lembrou que a chuva intensa indicava que Deus também tinha o direito de chorar, e outro afirmava que, agora, Deus já conta com um time campeão perto dele.

Acho necessário ligar essa tragédia com outra, a da Amazônia. Já estávamos recebendo avisos de que o desmatamento da floresta estava aumentado, mas agora os dados oficiais confirmam: a área de floresta derrubada e queimada foi 29% maior do que no ano anterior. Em outras palavras, o que já era péssima notícia virou anúncio de tragédia. E tragédia para o próprio bioma e seus povos, e também para todo o Brasil, com destaque para as regiões Sudeste e Centro Oeste. Ela anuncia que seres humanos estão agravando de forma terrível a crise hídrica que já foi experimentada nos dois últimos anos, de modo particular pela população de São Paulo.

Quem nos ajudará a enfrentar as dores provocadas por essa tragédia que não tem fim? As chuvas que caíram nos últimos dias nos lembram que Deus e a Mãe Terra têm motivos para chorar, mas, ao mesmo tempo, lembram que continuam amando a criação toda, incluindo seus filhos e filhas. A Amazônia precisa da solidariedade que se manifestou na tragédia da Chapecoense, já que nem Deus nem a Terra gostam de substituir a nossa ação livre e responsável. Se a tragédia está sendo provocada por seres humanos, cabe à humanidade dar resposta. O primeiro passo é impedir que o crime do desmatamento continue sendo praticado, e para isso precisamos cobrar dos políticos e governantes a sua responsabilidade. Mas para chegar ao desmatamento zero e para começar a recriação da floresta já destruída, precisamos da mobilização solidária dos povos amazônicos, dos povos do Brasil e de todo o Planeta.
            
Ivo Poletto

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